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O quê ele era? O Superman?

Melissa Tompson

Por um lado eu não entendi o motivo pelo qual Theo se ofendeu tanto com aquela brincadeira, ainda assim fiquei quieta com meus próprios pensamentos.

Algumas coisas é melhor guardar para si mesmo, apesar de ser um tanto tarde agora poderia ao menos tentar não é mesmo?

— Não. — Respondeu me entregando a embalagem de pizza, dava para ver que a pouca paciência que o rapa tinha foi embora em poucos segundos, o que me fez ficar um tanto chateada, não achava que levaria a minha brincadeirinha tão a sério.

Com a embalagem agora em mãos, eu abaixei a cabeça e disse, — Desculpe.

Não houve resposta, muito menos uma frase engraçadinha, o loiro apenas limitou se em virar seu rosto na minha direção, o olhar dele me causou calafrios na espinha e o sorriso de canto me fez repensar minhas ações.

Fiquei olhando o por mais um tempo até que sumisse do meu campo de visão, quando a porta se fechou então respirei fundo com uma única conclusão em minha mente: A minha convivência com ele seria tudo, menos pacífica.

É engraçado como de uma hora para outra sua vida acaba querendo ou não virando de cabeça para baixo.

Há um tempo eu estava procurando desculpas esfarrapadas para não fazer o que me motivaria a crescer, agora? Bom estou aqui onde eu sempre quis ou quase isso, só sei que estou no caminho certo para ter um futuro brilhante lá na frente.

Posso dizer com orgulho que consegui, sou independente e tenho a minha própria casa como também pago as minhas próprias contas, eu não dependo de ninguém.

O que fazia crescer um sorriso enorme no meu rosto.

Porém, por mais lindo que fosse esse sonho, nem tudo era mágico como em um conto de fadas que lia quando era mais nova.

Existia claro as dificuldades de ser uma pessoa adulta e responsável,  só não contava que teria que lidar com um ser humano realmente insuportável ou como gosto de chamar — tão carinhosamente — meu querido vizinho Theo Fernandes.

Era quase três da madrugada e a música estava alta, não duvido que pessoas de fora do prédio conseguiam ouvir aquilo.

Era um absurdo uma música tão alta naquele momento do dia onde normalmente as pessoas procuram por descanso depois de um dia tão cheio e cansativo, totalmente um desrespeito sem igual.

Não que eu Melissa Tompson fosse uma espécie da inimiga da diversão ou coisa assim, só imaginava existir um horário para tudo, inclusive para isso.

Como sempre já havia me deitado, o meu corpo rolava para os lados em busca de conseguir achar uma posição favorável para que então pudesse dormir um pouco, quando achei que conseguiria fui totalmente surpreendida pelo barulho irritante da música invadindo o terreno de maneira absurdamente alta ao ponto das paredes tremerem.

Arregalei os olhos e resmunguei em voz baixa, decidi inicialmente ignorar e isso foi lá por volta da meia-noite.

 Período em que eu achava que bastava colocar um travesseiro no meu ouvido e o barulho se tornaria menos incômodo ou talvez quem sabe, com muita sorte, o meu tão amado vizinho iria enfim ter o bom senso de desligar o rádio e ir dormir.

Quando deu mais ou menos uma e meia da manhã pude sorrir largo, pois, meus pedidos foram atendidos ou pareciam ter sido, afinal de contas por mais de dois minutos um silêncio se fez presente naquele ambiente caótico que era ali ao lado.

Um suspiro de alívio saiu da minha boca, tirei o travesseiro de cima do rosto na mais pura inocência de que teria paz.

Ah! Se eu soubesse...

Nos próximos minutos tive a total certeza de que Theo não era um ser bonzinho, apenas deu a falsa esperança de que era.

Se antes eu achava que estava alto, agora então? As paredes chegavam a tremer com o som do rock pesado e meu corpo tremeu consequentemente assustado pelo susto que levei.

Meu coração disparou no peito, levei uma das mãos até ali para tentar me acalmar e mesmo assim pude sentir com clareza o meu coração disparar.

 Não precisava nem ao menos colocar meu dedos nos fios de cabelo para saber que estavam arrepiados, ri de nervoso.

Afinal de contas, o quê ele queria com aquilo tudo?

Me enlouquecer? Se fosse isso, sem sombra de dúvidas estava conseguindo realizar isso com uma facilidade um tanto assustadora.

E pensar que era um dia qualquer da semana, pessoas trabalhariam cedo e infelizmente graças ao meu tão querido vizinho resolveu dar uma festinha na madrugada com música bem alta ao ponto de levantar qualquer corpo morto, literalmente.

Mesmo que não estivesse no ambiente, eu me sentia diretamente afetada pela música; negativamente.

Tentei ser adulta e ignorar, já era bem tarde, então possivelmente o bom senso iria cair e ele consequentemente iria desligar tudo e ir dormir como uma pessoa normal ou quase isso.

Ri, Theo era tudo menos normal.

Depois de alguns minutos enrolando na cama pedindo para deus que aquela tortura parasse, eu Melissa desisti de tudo.

Sai furiosa dos lençóis, não me importei nem um pouco com a minha aparência e nem com a camiseta larga da hello kitty que vestia ou as pantufas fofas que meus pés tiveram a sorte de vestir naquela curta caminhada até o apartamento do meu querido — ironicamente falando — vizinho.

Vesti um roupão cor de rosa que deu contraste na minha pele devido ao tom "cheguei" do tecido, abri a porta e caminhei até a porta do lado batendo a mão com violência na madeira.

Por alguns segundos cheguei a achar que talvez fosse quebrar a porta de tanta força que colocava nos dedos, parei de fazer aquilo somente quando ouvi e vi o movimento da porta, mesmo com a música alta fui capaz de ouvir o ranger da madeira para logo então ter o privilégio de ver a cara de sínico do meu tão amado vizinho.

A mão que antes batia com fúria na madeira da porta permanecia levantada, perto da minha cabeça fechada como se estivesse pronta para dar um soco em alguém caso precisasse.

Quando Theo apareceu, a música gradualmente foi abaixando, dando espaço para que outros barulhos surgissem no meio daquela bagunça toda.

O corpo masculino então se encostou na porta e sorriu de maneira descarada quando colocou seus olhos em mim, para no fim soltar uma risada debochada no momento exato em que seus olhos terminaram de me avaliar.

Como primeira reação me afastei um pouco, algo que apenas provocou o aumento daquele riso que mexeu com meus nervos e não no sentido bom da coisa. Agora olhando com mais atenção pude perceber a diferença gigantesca de altura entre a gente, me senti um minion perto de Theo que passava um pouco do tamanho da porta, ele estava sem camisa — como sempre — agraciando as pessoas com aquele abdômen malhado e os cabelos presos em um coque relaxado deixava alguns fios saírem, a barba por fazer dava um ar de sexy no rosto.

É claro que efeitos "positivos", só eram causados em outras mulheres em mim... Nada daquilo funcionava.

Assumo que Theo não era feio, estava muito longe disso, ainda assim não deixava de jeito algum de ser a cria de lúcifer que perturbava meus dias e aparentemente minhas noites também.

— Isso aqui não é uma festa do pijama, então pode ir dormir vovozinha.

A voz provocativa causou um sorriso de canto no rosto masculino, ele cruzou os braços um pouco abaixo do peito e me olhou de maneira fixa aguardando pacientemente por alguma reação.

— Eu não sou uma velha. — Argumentei colocando um de meus dedos no meio da cara bonitinha daquela criatura, Theo assustou se com o ato e deu um passo na direção oposta, ver aquilo me fez sorrir de canto um tanto mais confiante do que anteriormente. — Segundo, quem faz uma festa tão tarde da noite?

Com calma e uma paciência sem igual, o loiro retirou o dedo da cara aos pouquinhos e devagar aproximou se de mim.

— Pessoas que sabem curtir, e não pessoas que gostam de comer pizza no silêncio de suas casas.

Ouvir aquilo foi como cair em um chão cheio de pedras, doeu.

Afinal de contas, ele tocou bem na ferida.

Engoli em seco, ainda confiante em expor minhas ideias e não seria o tamanho de Theo que me colocaria para correr na direção oposta, não mesmo, afinal de contas eu tinha um objetivo em mente e aquele brutamontes não iria me assustar.

— Pessoas chatas que gostam de incomodar fazem o que você está fazendo. — Falei dando uma pausa entre as falas e um sorriso largo foi nasceu no meu rosto pouco a pouco, uma sensação maravilhosa de se experimentar. — Sabe o quê você parece com isso? — perguntei, porém, não dei espaço para uma resposta já que fui logo atropelando o com palavras. — Uma pessoa carente, que está pedindo por atenção e por isso provoca tanto os outros.

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