Melissa Tompson
Vi mesmo com a pouca luz, Theo arregalar os olhos, um tanto surpreso pela resposta ousada, eu diria.Porém, aquela expressão em seu rosto rapidamente mudou para uma furiosa e então a pouca distância que tinha entre nossos corpos tornou se algo esquecido pelo tempo, já que o loiro fez toda a questão do universo de se aproximar mais.Por consequência, meu corpo foi andando até a outra parede do corredor, encurralada e presa entre os braços de Theo.Engoli em seco.Ele por sua vez riu debochado com a situação.Droga! Eu não queria que aquele satanás se divertisse com aquilo, afinal estava expondo as minhas ideias e não desejava que elas fossem ridicularizadas daquela maneira.Como forma de protesto pelo novo “lugar” que entrei, usei as mãos para bater em seu abdômen, obrigando o — tentando — a me soltar.O riso de antes apenas aumentou com aquilo, por mais forte que bastasse não tinha efeito nenhum no corpo masculino. O quê ele era? O Superman?— Me solta. — Falei em voz alta, minhas mãos não pararam nenhum minuto de trabalhar naquela situação, continuei batendo no corpo dele até me soltar. — Me solta. — Repeti, não iria de forma alguma mudar de ideia.Como uma forma de tentar me calar ou quem sabe chamar a minha atenção senti os dedos do loiro indo até o meu queixo, obrigando que o olhasse por uma fração pequena de segundos.Ele sorriu de canto, aproximando se até que seus lábios estivessem perto o suficiente dos meus ouvidos, para sussurrar em voz rouca.— Blusa da hello kitty e penteado de louca, que sexy Tompson.A aproximação dele causou um arrepio em meu corpo, algo que sinceramente não gostei.A maneira que ele me olhava foi capaz de roubar meu fôlego por alguns segundos e então quando recuperei a consciência empurrei o corpo masculino para longe que surpreso com a reação me olhou como se eu fosse doida de rejeita ló.Qualé, você nem está surpreso de verdade com isso Theo eu pensei.Respirei fundo e me coloquei perto dele novamente, naquele joguinho de ver quem comanda quem ou quem seria a peça dominante, eu não iria sair perdendo de maneira alguma.— Você não ouse encostar em mim novamente, Theo. — Falei sendo o mais clara o possível para que entrasse naquela cabecinha de vento dele.
Ele riu com a provocação.— Ou o quê? — perguntou.— Ou eu... Eu vou… — Meu peito subiu e desceu, por alguns poucos segundos as batidas do meu coração erraram o passo e grunhi com raiva indo direto para o apartamento dele, em um momento de pura loucura misturado com raiva fechei a porta e o deixei lá.Poderia dizer com toda a certeza que não estava pensando direito, porém eu só queria deixar aquela criatura com tanta raiva quanto eu estava sentindo.Eu queria me vingar nem que fosse só um pouco, poderia estar sendo bastante infantil, ainda assim não iria de forma alguma recuar naquela ideia maluca, afinal de contas eu já estava no ninho do capeta, agora não tinha mais volta nem mesmo se quisesse isso e acredite não quero.Poderia muito bem ser uma pessoa madura e lidar com isso da melhor forma possível, por exemplo, chamar a polícia e ser a vizinha chata que acabou com a festinha noturna de algumas pessoas.Só que, aparentemente, adoro seguir pelo caminho mais complicado.O caminho que vai me trazer algumas dores de cabeça ou qualquer coisa do gênero.Mais do que depressa ouvi as batidas na porta e ri um tanto alto e amarga, ouvindo também os protestos dele para entrar em sua casa.— Você tá doida Melissa? — perguntou tentando destrancar a porta. — Anda, abre isso logo Tompson.— Não mesmo. — Devolvi. — Se não pode com eles, então se junte a eles.Agora eu tinha certeza, eu estava doida.Conviver com Theo Fernandes por tanto tempo como convivo talvez deixe sequelas, como a loucura, por exemplo.Sinceramente falando eu não sabia muito bem o que estava fazendo, meu corpo estava totalmente tomado pela adrenalina do momento como também pela fúria que estava gradualmente invadindo cada partezinha minha.Deixei o loiro lá, batendo na porta e chamando por ajuda enquanto distraída com tudo foi lentamente me envolvendo naquele ambiente caótico que era o apartamento de Theo Fernandes.Em todo aquele tempo em que morava ali nunca fui muito a pessoa que vivia de comunicando com os vizinhos, na verdade, eu era a pessoa que falava o mínimo apenas e somente para não passar de chata ou antissocial com um sério risco de se suicidar.Bom, agora essa era a primeira vez em que eu colocava meus pés naquele lugar e não gostei nem um pouquinho de ter toda aquela atenção só para mim.As pessoas que estavam curtindo a festa diminuíram o som até que não se tornasse algo tão irritante, seus olhos estavam atentos em mim e eu, como uma boa pessoa tímida que sou, ri de maneira fraca e envergonhada.Olhei todos ali e também reparei nos detalhes do lugar, era algo bem Theo Fernandes.Parades de cores escuras, decoradas com pôsteres de bandas de rock que sinceramente falando nem ao menos tinha o conhecimento que existiam, ri.Um sofá espaçoso de cor preta cobria quase toda a sala, junto dele uma TV tão grande que daria para chamar de tela de cinema.Algumas flores apenas para dizer que o lugar tinha alguma cor.Sendo sincera, eu imaginava outra coisa, imagina um quarto sujo com embalagens no chão e pôsteres de revistas impróprias para uma criança ver. Confesso que estava razoavelmente surpresa por obter um resultado inesperado para isso.Comecei a fazer passos de dança para quem sabe com isso tornar aquele momento menos constrangedor do que já estava sendo.As pessoas ainda me olhavam, como se eu fosse doida e bom não poderia julga las.Se por acaso fosse o oposto eu estaria da mesma maneira, olhando e julgando.O ser humano é terrível não é mesmo?Felizmente as coisas logo mudaram, a música alta voltou a tocar e a perturbar os ouvidos com seu volume mais alto do que o recomendável.E o grupo que me olhava parou, voltou a prestar atenção no que antes fazia, uma vez que a conversa que estavam tendo era mais interessante do que olhar uma doida com cabelos desarrumados com um roupão tão rosa cheguei que se destacava a cada passo que dava.Entre os convidados alguns ganhavam destaque, carregando algumas bandejas com drinks que eu nunca ouvi falar. Não era uma pessoa que bebia álcool, na verdade, estava mais para pessoa que evitava beber álcool com todas as forças possíveis.Para tentar me misturar um pouco resolvi entrar no clima, já que estava ali ao menos iria realizar aquilo direito. Peguei um drink de cor azul, virando o em minha garganta sem pensar ou só menos perguntar o que era.Deixei as regras que estava tão acostumada a seguir para trás, durante umas horas eu iria esquecer do padrão de vida que construí para então começar um novo mesmo que temporariamente.O gosto amargo da bebida me fez fazer uma careta de desgosto, que logo sumiu quando bebi outro líquido, agora de cor rosa.Melissa TompsonConfesso que achei um pouco interessante as cores diferentes, aquilo chamava a atenção no meio da penumbra que estava o apartamento.Meu corpo foi lentamente se misturando com os outros, eu agora não era mais a doida com roupão pink e cabelos bagunçados, era apenas mais uma no meio daquela multidão festeira.Depois de um tempo me acostumando com o volume da música aquilo não se tornou mais um incômodo, afinal de contas o álcool já estava fazendo muito bem o seu trabalho, me deixando me um pouco mais alegre.Sorria, gritava com as outras pessoas sem me importar com as consequências que isso poderia ou não trazer.Balançava o corpo no ritmo da música ou pelo menos tentava fazer isso, pois, dançar não era o meu forte, então digamos que pelo ritmo nada organizado que meus quadris se mexiam acabei chamando mais atenção do que eu desejava.Acho que em toda a minha vida esse foi um dos momentos em que me senti leve de verdade.Quero dizer, sem preocupações.Isso me fez pensar
Melissa Tompson— Estou te ajudando a não fazer nada que vá de arrepender, Tompson. — Falou o dono dos cabelos loiros.Ri de maneira amarga.— Me deixa passar, Fernandes. — Ordenei, não ligava de maneira alguma para as palavras que ele lançava, tampouco para o tom preocupado que ouvia sair da sua boca.— Não. — Falou o dono dos cabelos loiros. — Você não vai sair desse quarto, acredite, eu estou te ajudando a não fazer nada que vai de arrepender depois.Me distanciei um pouco após ouvir aquelas coisas, bufei de raiva colocando os dedos em meus cabelos puxando levemente os fios, um grito baixo morreu na minha garganta quando os lábios estavam tão unidos que parecia que alguém tinha passado cola.Voltei meu olhar na direção dele, rindo alto.Ele só poderia estar louco, com toda a certeza Theo Fernandes havia chegado ao seu ápice de loucura para fazer uma coisa daquelas.Não existia outra explicação.Mesmo assim, um lado meu quis então ouvir a desculpa esfarrapada que ele iria inventar,
Melissa TompsonAfinal de contas, o quê diabos havia acontecido na noite passada depois do meu incrível momento épico? Quando cheguei em casa larguei as coisas em algum canto qualquer, limpeza por agora não era uma preocupação.Me sentei no sofá e fechei os olhos, procurando amenizar um pouco a dor de cabeça que sentia.Talvez se ficasse de olhos fechados a dor iria embora ou quem sabe com muita mais muita sorte aquela sensação também.Eu estava querendo sumir, não queria falar com ninguém, muito menos ver alguém.Só desejava entender o que aconteceu na noite anterior.Deitei meu corpo no sofá, abraçando uma das almofadas com um pouco de força, talvez quem sabe assim eu parasse de sentir o que estava sentindo.Os meus olhos então se fecharam devagar até que caísse em uma onda de pensamentos, tentei com todas as forças me lembrar de algo, infelizmente não conseguia já que todas às vezes que tentei não deu muito certo, na verdade, eu apenas consegui aumentar a minha dor de cabeça.Desist
Melissa TompsonNão sei como descrever as últimas horas, nem mesmo como poderia falar sobre elas caso me perguntassem, coisa que eu sinceramente espero que não façam.Não sou a pessoa mais falante quando as coisas acontecem comigo, ainda mais quando me deixam tão tensa como havia me deixado, eu não parava nem por um único minuto de pensar nessas coisas, era como uma tortura que não tinha fim.Por qual motivo estamos sempre destinados a pensar demais? Pensei em voz baixa, às vezes eu só queria viver na mais pura ignorância.Não seria uma coisa ruim, ao menos, eu acho que não.Viver sem pensar, sem se preocupar com as consequências das coisas.Seria esse o mundo perfeito?Um riso nervoso saia dos meus lábios, agora enfiada no trabalho atrás da cozinha no canto reservado para os funcionários ou também conhecido como" o canto do choro” por alguns deles.Praticamente um pequeno cubículo, paredes já estragadas devido ao tempo, sem muitos detalhes, tampouco espaço para algo elaborado como um
Melissa Tompson Eu poderia facilmente resumir o meu estado em uma única palavra, tanto físico como mental. Morta, completamente morta. Não estava nem ao menos conseguindo andar direito de tão cansada que estava, por um lado me sentia até feliz, pois, sabia o motivo pelo qual meu corpo e a minha mente se encontravam assim e por outro também acabava ficando um pouco aliviada, afinal de contas com o trabalho me esqueci das coisas ruins que atormentavam tão cruelmente a minha mente nesses últimos dias, de certa forma foi um completo alívio e por outro quem sabe até mesmo uma dadiva dada pelos deuses. Ri com aquele pensamento, às vezes eu era um pouco boba demais. Com o fim de ano chegando era comum que alguns lugares da cidade ficassem mais cheios do que o normal, isso inclui em especial os restaurantes e alguns outros pontos turísticos que por agora não vem ao caso. Eu só não imaginei que iria sair do trabalho tão tarde como acabei saindo, era exatamente três da madrugada e agora pr
Melissa TompsonQueria um buraco bem fundo e grande para então me enfiar nele, virei meu rosto na direção contraria e lentamente então fui arrumando meu corpo até que pudesse ter uma visão melhor de ambos.Um sorriso constrangedor foi gradualmente se alongou no meu rosto, eu não gostava de estar em situações como aquela, afinal de contas eu nunca soube lidar muito bem com a sensação de nervosismo e a vergonha que vinha com isso.Por conta da porta aberta, a luz do meu apartamento me chamava silenciosamente para dentro.Ergui uma das mãos para cumprimentar as duas pessoas ali na minha frente.— Olá! — Falei em voz baixa.Vi Theo franzir o cenho, um tanto confuso em relação a minha recém-aparição ali.Se ele estava confuso, imagine só a minha pessoa que só queria desesperadamente sair dali e ir dormir.— O quê faz tão tarde aqui? — perguntou o rapaz um pouco curioso, em sua voz também carregava um pouquinho de preocupação, algo que uma parte minha até achou fofo, porém acabei ignorando
Melissa TompsonAquele dia começava devagar, os raios de sol gradualmente iam entrando pelos pequenos buracos da janela. O dia estava tão preguiçoso quanto eu naquele momento, por mim, ficaria na cama e dali não sairia de maneira alguma. Estava um dia tão bom para simplesmente não fazer nada que era até um tanto inacreditável para falar a verdade e olha que não era nem domingo, o dia que pela maioria é considerado o dia nacional da preguiça pela grande maioria das pessoas.O clima frio vinha junto dos raios de sol, fazendo com que consequentemente meu corpo tremesse, mesmo que estivesse com cobertas. O sol só veio mesmo para anunciar que um novo dia havia começado, pois, não estava cumprindo com sua missão de esquentar. Aquele dia, seria um dia frio.Ou melhor dizendo, seria um dia totalmente perfeito para não fazer nada além de ficar na cama e comer um monte de porcaria enquanto ao mesmo tempo acabaria algum filme que comecei que por falta de tempo não tive o prazer de termin
Melissa TompsonIgnorei as ações do loiro.Se ele não queria falar o que era, como eu poderia adivinhar o quê estava acontecendo, afinal? Infelizmente eu não tinha nenhuma bola de cristal, muito menos poderes que poderiam consequentemente me dizer o que aconteceria no futuro. Quando ousei em dar mais um passo na direção da porta, senti o meu corpo ser levado para outro cômodo com uma rapidez surpreendente. Se antes essa situação toda estava confusa, agora estava mais ainda.Abri a boca para falar, e Theo consequentemente levou uma de suas mãos até o meu rosto, tampando o.Então o silêncio foi quebrado por uma terceira voz, uma voz que eu sinceramente não imaginava ouvir nem tão cedo.— Theozinho, eu tô morrendo de saudades de você. — Chamou a voz feminina do outro lado daquele lugar. O tom era carregado de dengo, carência que precisava logo ser morta de alguma forma.Seja por carícias mais quentes ou apenas alguns beijos trocados entre os dois. Logo que ela chegou até os meus ouvido