Melissa Tompson
— Estou te ajudando a não fazer nada que vá de arrepender, Tompson. — Falou o dono dos cabelos loiros.
Ri de maneira amarga.— Me deixa passar, Fernandes. — Ordenei, não ligava de maneira alguma para as palavras que ele lançava, tampouco para o tom preocupado que ouvia sair da sua boca.— Não. — Falou o dono dos cabelos loiros. — Você não vai sair desse quarto, acredite, eu estou te ajudando a não fazer nada que vai de arrepender depois.Me distanciei um pouco após ouvir aquelas coisas, bufei de raiva colocando os dedos em meus cabelos puxando levemente os fios, um grito baixo morreu na minha garganta quando os lábios estavam tão unidos que parecia que alguém tinha passado cola.Voltei meu olhar na direção dele, rindo alto.Ele só poderia estar louco, com toda a certeza Theo Fernandes havia chegado ao seu ápice de loucura para fazer uma coisa daquelas.Não existia outra explicação.Mesmo assim, um lado meu quis então ouvir a desculpa esfarrapada que ele iria inventar, quem sabe ao menos fosse algo convincente.— Quem você pensa que é? — perguntei, o dedo do meio da minha mão esquerda estava levantada apontado na direção do loiro como se fosse uma espécie de espada que se o homem desse um passo em falso iria ser cortado. Theo não me metia medo naquele momento, na verdade, ele causava o oposto disso. — Você não manda em mim e muito menos temos uma relação amigável. — Falei enquanto assistia Theo perder lentamente a paciência, algo que sinceramente falando me fez sorrir de canto com isso. — Anda, me deixa passar Fernandes. — Mandei.Com a mão esquerda, o loiro passou os dedos em seu rosto, afastando ou tentando afastar qualquer sensação negativa que estava rondando seu corpo.Não disse, permaneceu quieto pensando no que falar para aquela pergunta.Os olhos dele novamente se cruzaram com os meus e mesmo com o arrepio que apareceu naquele momento eu não dei para trás.Theo Fernandes não me assustava.— Não. — Ele falou, tão teimoso como uma mula.Ao ouvir tal coisa, digamos que enlouqueci um pouco, parti para cima dele com minhas mãos fechadas em punhos batendo em seu abdômen, ou melhor dizendo, fazendo cócegas nele.Não tinha tanta força quanto eu gostaria, quem dirá bêbada.Os soquinhos que dava faziam com que o homem risse, algo abafado visto que seus lábios estavam próximos um do outro.Depois de um tempo me deixando agir como uma criança de cinco anos, Theo então pegou com gentileza minhas mãos, afastando as de seu corpo.Tal ato me fez encara ló, tão seria como antes.Ficamos em silêncio por mais ou menos um minuto, minha respiração fora do normal e as batidas erradas do meu coração faziam com que me sentisse tensa.Cansada daquela calmaria e querendo voltar para o clima caótico de antes abri a boca para manifestar o que estava sentindo, o único problema disso era que não esperava que ao fazer isso iria receber algum sermão ou algo do gênero, porém o que recebi fez com que meus olhos ficassem arregalados por alguns instantes surpresa pela atitude repentina.O loiro havia levado sua boca até a minha, de modo que começasse um beijo lento e desajeitado.Não correspondi, não fechei os olhos e muito menos senti que estava em um momento mágico com Theo, o meu arqui-inimigo.Em choque pela atitude dele, eu o empurrei para longe já pronta para falar poucas e boas, principalmente que ele não deveria sair beijando sem o consentimento da outra pessoa.Porra! Aquele havia sido o meu primeiro beijo após anos.Beijei Theo Fernandes, o vizinho gostoso que todas as mulheres do prédio querem arrancar um pedaço.Eu deveria estar com a autoestima lá em cima, porém o que sentia era o inverso.O olhei e levantei a mão, apontando na direção dele de maneira acusatória ou quase isso.Ao fazer isso, infelizmente fiz com que uma onda de vômito caísse para fora, terminando a noite com chave de ouro.Ou quase isso.Com toda a certeza do mundo aquele momento entraria facilmente para o livro de momentos mais constrangedores, se é que existe algo do gênero.Que belo jeito de beijar, pensei quando a lembrança atingiu a minha menteSó sei que a partir de agora iria tomar mais cuidado com bebida ou pelo menos não beber em exagero.Depois disso minha mente era um completo borrão.Mesmo fazendo esforço para me lembrar nada vinha, apenas uma longa e dolorosa dor de cabeça me lembrando que beber demais é ruim.**Fim da lembrança**Desesperada me levantei do lugar em que estava.O quê eu havia feito? Com toda a certeza havia perdido a cabeça e agora só queria estar em outro lugar que não fosse ali.Devido à minha movimentação nada discreta o corpo que dormia ao meu lado começou a se mover, quando vi me assustei e automaticamente gritei.Mais do que depressa o homem se levantou de onde estava, mais assustado do que eu por ser acordado daquela maneira tão inovadora; ironicamente falando, é claro.Tampou a minha boca com a mão e pediu silêncio com a outra.Ao ver Theo ali de pé bem na minha frente, fiquei por alguns segundos imóvel, até então pisar em um de seus pés com força o suficiente para me soltar.Como primeira reação, ele gritou de dor, me olhando com o olhar um pouco arregalados enquanto dizia coisas como: você é doida?— Vai se foder Tompson. — Disse ele.— Vai você. — Retruquei mostrando o dedo do meio na direção do loiro.Não fiquei ali para assistir aquela palhaçada, só queria ir embora o mais rápido possível e foi exatamente isso que fiz.Abri a porta com rapidez já que a chave estava ali em cima da cabeceira ao lado, corri em direção a entrada do apartamento indo até o meu para que pudesse me trancar lá e nunca mais sair.Melissa TompsonAfinal de contas, o quê diabos havia acontecido na noite passada depois do meu incrível momento épico? Quando cheguei em casa larguei as coisas em algum canto qualquer, limpeza por agora não era uma preocupação.Me sentei no sofá e fechei os olhos, procurando amenizar um pouco a dor de cabeça que sentia.Talvez se ficasse de olhos fechados a dor iria embora ou quem sabe com muita mais muita sorte aquela sensação também.Eu estava querendo sumir, não queria falar com ninguém, muito menos ver alguém.Só desejava entender o que aconteceu na noite anterior.Deitei meu corpo no sofá, abraçando uma das almofadas com um pouco de força, talvez quem sabe assim eu parasse de sentir o que estava sentindo.Os meus olhos então se fecharam devagar até que caísse em uma onda de pensamentos, tentei com todas as forças me lembrar de algo, infelizmente não conseguia já que todas às vezes que tentei não deu muito certo, na verdade, eu apenas consegui aumentar a minha dor de cabeça.Desist
Melissa TompsonNão sei como descrever as últimas horas, nem mesmo como poderia falar sobre elas caso me perguntassem, coisa que eu sinceramente espero que não façam.Não sou a pessoa mais falante quando as coisas acontecem comigo, ainda mais quando me deixam tão tensa como havia me deixado, eu não parava nem por um único minuto de pensar nessas coisas, era como uma tortura que não tinha fim.Por qual motivo estamos sempre destinados a pensar demais? Pensei em voz baixa, às vezes eu só queria viver na mais pura ignorância.Não seria uma coisa ruim, ao menos, eu acho que não.Viver sem pensar, sem se preocupar com as consequências das coisas.Seria esse o mundo perfeito?Um riso nervoso saia dos meus lábios, agora enfiada no trabalho atrás da cozinha no canto reservado para os funcionários ou também conhecido como" o canto do choro” por alguns deles.Praticamente um pequeno cubículo, paredes já estragadas devido ao tempo, sem muitos detalhes, tampouco espaço para algo elaborado como um
Melissa Tompson Eu poderia facilmente resumir o meu estado em uma única palavra, tanto físico como mental. Morta, completamente morta. Não estava nem ao menos conseguindo andar direito de tão cansada que estava, por um lado me sentia até feliz, pois, sabia o motivo pelo qual meu corpo e a minha mente se encontravam assim e por outro também acabava ficando um pouco aliviada, afinal de contas com o trabalho me esqueci das coisas ruins que atormentavam tão cruelmente a minha mente nesses últimos dias, de certa forma foi um completo alívio e por outro quem sabe até mesmo uma dadiva dada pelos deuses. Ri com aquele pensamento, às vezes eu era um pouco boba demais. Com o fim de ano chegando era comum que alguns lugares da cidade ficassem mais cheios do que o normal, isso inclui em especial os restaurantes e alguns outros pontos turísticos que por agora não vem ao caso. Eu só não imaginei que iria sair do trabalho tão tarde como acabei saindo, era exatamente três da madrugada e agora pr
Melissa TompsonQueria um buraco bem fundo e grande para então me enfiar nele, virei meu rosto na direção contraria e lentamente então fui arrumando meu corpo até que pudesse ter uma visão melhor de ambos.Um sorriso constrangedor foi gradualmente se alongou no meu rosto, eu não gostava de estar em situações como aquela, afinal de contas eu nunca soube lidar muito bem com a sensação de nervosismo e a vergonha que vinha com isso.Por conta da porta aberta, a luz do meu apartamento me chamava silenciosamente para dentro.Ergui uma das mãos para cumprimentar as duas pessoas ali na minha frente.— Olá! — Falei em voz baixa.Vi Theo franzir o cenho, um tanto confuso em relação a minha recém-aparição ali.Se ele estava confuso, imagine só a minha pessoa que só queria desesperadamente sair dali e ir dormir.— O quê faz tão tarde aqui? — perguntou o rapaz um pouco curioso, em sua voz também carregava um pouquinho de preocupação, algo que uma parte minha até achou fofo, porém acabei ignorando
Melissa TompsonAquele dia começava devagar, os raios de sol gradualmente iam entrando pelos pequenos buracos da janela. O dia estava tão preguiçoso quanto eu naquele momento, por mim, ficaria na cama e dali não sairia de maneira alguma. Estava um dia tão bom para simplesmente não fazer nada que era até um tanto inacreditável para falar a verdade e olha que não era nem domingo, o dia que pela maioria é considerado o dia nacional da preguiça pela grande maioria das pessoas.O clima frio vinha junto dos raios de sol, fazendo com que consequentemente meu corpo tremesse, mesmo que estivesse com cobertas. O sol só veio mesmo para anunciar que um novo dia havia começado, pois, não estava cumprindo com sua missão de esquentar. Aquele dia, seria um dia frio.Ou melhor dizendo, seria um dia totalmente perfeito para não fazer nada além de ficar na cama e comer um monte de porcaria enquanto ao mesmo tempo acabaria algum filme que comecei que por falta de tempo não tive o prazer de termin
Melissa TompsonIgnorei as ações do loiro.Se ele não queria falar o que era, como eu poderia adivinhar o quê estava acontecendo, afinal? Infelizmente eu não tinha nenhuma bola de cristal, muito menos poderes que poderiam consequentemente me dizer o que aconteceria no futuro. Quando ousei em dar mais um passo na direção da porta, senti o meu corpo ser levado para outro cômodo com uma rapidez surpreendente. Se antes essa situação toda estava confusa, agora estava mais ainda.Abri a boca para falar, e Theo consequentemente levou uma de suas mãos até o meu rosto, tampando o.Então o silêncio foi quebrado por uma terceira voz, uma voz que eu sinceramente não imaginava ouvir nem tão cedo.— Theozinho, eu tô morrendo de saudades de você. — Chamou a voz feminina do outro lado daquele lugar. O tom era carregado de dengo, carência que precisava logo ser morta de alguma forma.Seja por carícias mais quentes ou apenas alguns beijos trocados entre os dois. Logo que ela chegou até os meus ouvido
Melissa Tompson Com toda certeza eu havia perdido a cabeça, havia pirado, chegado ao meu momento de loucura. Onde raios eu estava com a cabeça quando fiz aquela proposta para Theo Fernandes? Ri de maneira amarga. Agora não adiantava mais, já estava feito, a única parte boa dessa pequena confusão que aos poucos estava se formando era que teria boas coisas disso.Por exemplo, eu não seria a pessoa que estaria sentada na mesa das crianças nesse ano simplesmente por não ter ninguém. Após me despedir de Theo consegui uma pequena carona com ele até o trabalho, estava muito mais muito atrasada, então acabei não recusando a gentileza. Sai na velocidade da luz, indo até o meu local de trabalho que como sempre estava uma completa bagunça, pelo menos na parte da cozinha e eu não estou necessariamente falando da parte dos pratos sujos ou coisa parecida, e sim da parte onde ouvia se muita barulheira saindo dos dois lados da moeda. Era o som de panelas batendo, as chamas do fogo se destacando
Melissa Tompson O lugar que iríamos não era algo tão chique, era um restaurante pequeno próximo do lugar em que trabalhávamos. Um clima agradável, o céu limpo sem resquícios de chuva ou algo parecido as mesas do lado de fora com pessoas conversando e luzes iluminando o local tornava tudo mais lindo de se olhar. A verdade era que por conta da minha rotina não tinha tido tempo para explorar alguns pontos da cidade. O máximo que eu sabia era qual pizzaria compensava pedir e não ficar com nenhuma espécie de arrependimento. O que eu odiava com todas as forças é gastar dinheiro com comida ruim, tanto como a pessoa que consome como também a pessoa que prepara.A medida em que fui andando até o local pude ter mais clareza de como era sua decoração, algo simples ainda assim o bastante para motivar um sorriso em meu rosto.Paredes de madeira decoradas com alguns quadros de paisagens e outros de flores, assim como o piso tendo mesas circulares por todo o lugar trazendo consigo um pequeno