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O canalha do 205
O canalha do 205
Por: Moonroe
Prazer, independência

Melissa Tompson

Oi! Eu me chamo Mel, ou melhor dizendo Melissa Tompson e peço por gentileza que me chame apenas de Mel durante todo o nosso tempo juntos ok?

Caso contrário não criaremos um laço de amizade e sim o contrário disso, acredite em mim quando digo você em hipótese alguma desejará uma coisa dessas.

É, como aquele ditado, não queira como inimigo a pessoa que você pode ter como amigo.

E no caso, realmente você não me quer ter como inimiga, apesar da minha aparência “fofa” e tudo mais posso dizer com toda a certeza que não sou uma pessoa calma quando se irrita, na verdade, estou muito ao contrário disso, mesmo que algumas pessoas pensem que é puro exagero da minha parte devo admitir que não é.

Voltando ao assunto que realmente interessa… Bom, eu acabei de completar meus vinte e cinco anos e posso dizer que não é assim tão maravilhoso ser adulto como viviam espalhando por aí quando era mais nova, na verdade, me sinto completamente enganada por essas pessoas que nem ao menos tiveram a decência de me dizer como seria quando chegasse essa nova fase da vida.

Poxa, eu gostaria muito de ter recebido algum conselho ou coisa do gênero, iria ser menos traumatizante se por acaso isso tivesse acontecido, ao menos é o que eu acho.

Gostaria muito que alguém tivesse me avisado sobre essas coisas quando era mais nova, talvez assim quem sabe eu achasse uma maneira de ficar na idade em que estava, seria muito melhor continuar criança e não ter nenhuma conta para pagar ou se preocupar com aluguel ou se preocupar em encher a geladeira de casa ou pior, decidir se como miojo pela décima quinta vez na semana ou se passo fome e consequentemente pago alguma conta atrasada para então no dia seguinte ter um teto em minha cabeça.

Ri de maneira amarga, só de pensar nas mil e uma coisas que já passei em tão pouco tempo.

Aparentemente estava naquela fase onde os humilhados são humilhados e não exaltados.

Mônica Green do seriado de TV americana FRIENDS estava totalmente certa quando disse a seguinte frase: Welcome to the real World, it sucks, you're gonna love it! (Bem-vindo(a) ao mundo real, É uma porcaria, você vai adorar).

Quando criança acreditava fortemente que iria ser uma mulher linda, independente, e principalmente uma mulher poderosa que não abaixaria a cabeça para ninguém, que não levaria desaforo para casa.

Certas coisas dessa lista realmente se realizaram, já outras nem tanto assim… Infelizmente.

Ainda assim vivo todos os dias — pelo menos tento viver — com um sorriso no rosto e sempre com a cabeça erguida, conquistando lentamente minhas coisas, eu tento pensar positivo, mesmo que às vezes seja algo tão impossível de se fazer no mundo de hoje.

Tento ver que o dia seguinte pode ser muito melhor do que o anterior, assim como também tento mudar algumas coisinhas em mim para que consequentemente consiga me desenvolver como pessoa e me tornar ainda melhor do que já sou, por exemplo, cortar hábitos ruins como dormir muito tarde ou parar de beber refrigerante com uma frequência absurda.

Infelizmente quanto ao primeiro hábito pelo menos vou pecar um pouco para conseguir fazer, por mais que me deite cedo e tudo mais no momento em que a minha cabeça deita no travesseiro, sou submetida a uma onda de pensamentos ruins que não quero nem ao menos entrar em detalhes e, além disso, aqui também entra o fator trabalho onde infelizmente vez ou outra eu acabo dormindo quando o dia está começando, não é nem de longe a rotina mais saudável do mundo ainda assim eu tenho que fazer isso caso queira realizar o meu sonho de infância que é ser uma chefe conhecida por toda LA.

Bom quero com isso conseguir dar uma melhoria para a minha vida.

A primeira coisa após conseguir meu diploma em gastronomia foi adquirir um espaço só meu, afinal de contas não dá para morar na casa dos pais a vida toda certo?

Não me entenda mal, eu realmente amo os dois, só que... Em alguns momentos da minha vida gostaria muito que nem meu pai e muito menos a minha mãe estivesse presente, tem horas que os filhos (a) precisam de espaço para voar sabe? Crescer.

Quando você é filha de pais rígidos e religiosos você tende a sofrer um pouquinho quando faz algumas coisas erradas, infelizmente para ambos isso não foi o bastante para conter o meu lado rebelde, foi o oposto, mesmo depois de tantos castigos que me colocavam eu voltava cada vez pior, inovando em minhas pequenas peripécias por aí.

Felizmente não sou assim mais e hoje quando encontro meus pais peço desculpas de uma maneira diferente, fazendo algum almoço ou doce que gostam ou em meus tempos de folga ajuda a organizar a igreja que meu pai até hoje em dia prega.

Depois de um tempinho juntando dinheiro, finalmente consegui a minha casinha, o meu espaço que eu poderia orgulhosamente chamar de meu.

Era um pequeno apartamento no centro de LA, próximo ao meu local de trabalho.

O que era ótimo, visto que talvez agora parasse de chegar atrasada e também talvez com isso acabasse limpando a minha ficha com o meu - gostoso para caralho - chefe e pudesse enfim causar uma boa impressão na pessoa que fazia com que meu coração batesse de maneira errada toda vez em que colocava meus olhos naquela beldade.

Só digo uma coisa, Deus caprichou e muito na hora de fazer esse homem.

Um metro de noventa, praticamente do tamanho da minha geladeira - provavelmente maior que ela - pele morena que me fazia ficar olhando o por horas, o cabelo preto era um charme assim como também o queixo e a barba por fazer e para fechar tudo isso com chave de ouro também tinha o maldito - sexy - sotaque inglês que com a voz rouca e grossa dele causava arrepios no meu corpo.

É, eu tenho uma quedinha por ele assim como as outras funcionárias como também tenho o total conhecimento que isso é um clichê dos mais antigos, ainda mais que ele parece nem ao menos saber que eu existo, deixando a situação toda ainda mais clichê do que ela já é.

Me chame de masoquista se quiser, eu não ligo.

Uma das outras coisas que tinha em mente para fazer também era procurar uma academia e quem sabe com isso começar — recomeçar — um projeto antigo que tinha quando mais nova, sempre fui a favor da boa forma para adquirir saúde e consequentemente um corpo saudável, porém sempre fui muito preguiçosa para ir à academia malhar e às vezes sinceramente falando, devido à rotina acabava consequentemente querendo desistir de tudo pelas coisas que aconteciam no meu dia a dia, deixando me totalmente desmotivada a fazer qualquer tipo de coisa que não fosse é claro me enfiar na minha cama com um pote de sorvete de chocolate e uma garrafa enorme de coca cola.

Eu visto GG e não tenho vergonha disso, pelo contrário uma das coisas que eu mais amo fazer é valorizar o meu corpo, ainda assim mantenho a ideia de fazer exercícios para me manter saudável, para agradar unicamente uma pessoa que sou eu e mais ninguém.

Tenho um certo ódio, por assim dizer, de pessoas que querem mudar os próprios corpos apenas e unicamente por conta de outra pessoa, poxa, você é uma mulher maravilhosa, então se quer fazer alguma mudança faça pensando em si ou no seu futuro e não no que outra pessoa vai pensar a respeito disso.

Sou uma mulher que possui curvas, uma mulher com seios grandes e bunda farta, não sou aquela pessoa que vai sentar na mesa de um restaurante e pedir uma salada para fingir que não come nada para quem sabe assim causar uma boa impressão, quando, na verdade, não é bem assim a história.

Eu sou a pessoa que faria o completo oposto disso, iria pedir o que tivesse vontade de comer e se por acaso a pessoa com quem estou saindo naquele momento tiver alguma espécie de problema com isso... Bom, existem formas de resolver isso e a primeira é nunca mais ver a cara dela(e).

Admito que por muito tempo eu fui a garota que tentava se encaixar para que outras pessoas então a aceitassem, pois, na minha mente da época, assim era a melhor maneira de acabar com o triste vazio que eu sentia; tola.

Anos mais tarde eu percebi que não precisava tentar me encaixar em copos pequenos, eu não precisava aceitar o pouco que me davam, sendo que eu poderia muito bem encontrar algo grandioso e se por acaso não encontrasse nada não tinha problema algum, afinal de contas eu tinha a melhor companhia que poderia pedir a minha.

Bom, tirando tudo isso e o fato que todos os meses eu sofro de um relacionamento abusivo com as contas minha vida é até agradável em partes em outras gostaria sinceramente de poder aniquilar o chato do meu vizinho.

Demônio, Satanás, cria de Lúcifer, entre outros nomes tão fofos, era dessa forma que me referia ao meu vizinho de corredor Theo Fernandes

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