Henrique
Eu gostava de trabalhar. Mantinha minha mente focada e funcionando. Sentimentos são complicados, por isso sempre tentei a todo custo me manter distante.
Foi por isso que minha noiva me deixou. Não que eu não gostasse dela, mas Anastácia era uma mulher muito sentimental e pegajosa.
Eu adorava a sua classe e inteligência, porém, tinha as minhas manias e preferia ficar só.
Muitos diziam que eu era frio e arrogante e, na verdade, sou. Acredito que vários fatores ocorreram na minha vida para que eu tivesse me tornado isso.
No passado eu era mais aberto e compreensivo, mas tudo mudou quando a mulher que eu amava jogou na minha cara que não era isso que ela queria.
Depois de uma tragédia em minha família, pensei que era melhor mudar de atitude e me preservar mais.
Foquei-me mais no trabalho e esqueci o resto. Quando pedi a mão de Anastásia em casamento, não queria amor, queria uma esposa e filhos.
Entretanto, acredito que não deixei isso bem claro e a mulher começou a exigir coisas. Se ela não tivesse terminado, quem teria feito isso seria eu.
Não desejava viver a minha vida, muito corrida, ao lado de alguém que me exigisse tanto.
Isso poderia me tornar alguém frio e solitário, mas não queria viver de mentiras.
Eu não sabia se algum dia algo me faria mudar, mas pretendo achar alguém que me dê um herdeiro. Não sou filho único, mas meu irmão não gosta de arquitetura como eu. Sentia a necessidade de fazer o melhor por essa empresa, e criar meu substituto era uma dessas coisas.
Voltando ao trabalho, eu ainda tinha que me preocupar com a nossa nova contratação. A empresa precisava de uma paisagista, e essa pessoa seria uma assistente para mim, trabalhando em meus projetos.
Gosto de saber e controlar tudo ao meu redor, às vezes, as pessoas consideram isso como arrogância minha. Para se ter sucesso, tudo tem que estar organizado e tranquilo. Se o local de trabalho não for assim, não trará benefício algum.
— Quem será responsável pelas entrevistas? — Perguntei a mulher de cabelos curtos assustada que estava a minha frente, segurando uma pilha de papel.
Ela pensou por alguns minutos antes de responder. Essa era a coisa que mais odiava na Judi, minha secretária. Quando eu fazia uma pergunta, gostava de ser respondido logo, tempo era muito precioso para mim.
— Serena. — Finalmente respondeu.
— Ok. — Falei voltando a prestar atenção nos documentos a minha frente. — Diga a Serena que quero a melhor e a mais responsável de todas.
***
Assim que cheguei em casa, coloquei um pouco de bebida no copo e tomei. Como sempre, cheguei bem tarde.
Minha família sempre reclamava sobre a minha rotina de trabalho, porém, fazia o que gostava e isso não me incomodava nem me cansava.
Tenho poucos amigos e os conheço desde a infância, no entanto, não saímos muito, confesso que era minha culpa, pois sempre afastei todos de perto de mim.
Eles vivem reclamando sobre esse meu comportamento, mas não me incomodo com isso.
Sempre que estou a fim de sair com algumas pessoas para beber ou jantar, era eu que os convidava, porém, eram raros esses momentos.
Meu celular tocou em cima do sofá e já ao longe vi que era a minha mãe. Desde que Anastácia e eu terminamos, a mulher vivia me importunando.
Catarina Vilella sempre desejou que eu me casasse com uma mulher fina, linda e delicada. Sempre que tinha a oportunidade, ela arrumava maneiras de jogar algumas das filhas de suas amigas para cima de mim. Foi assim com Anastácia Alencar, entretanto, não tomarei decisões erradas novamente.
— Mãe. — Falei ao atender o telefone.
Eu já estava cansado e conversar com a minha mãe iria acabar com o resto da minha paciência do dia.
— Querido, como você está? — Perguntou começando a buscar pistas sobre meu humor.
Se eu não a conhecesse, diria que essa era uma reação normal de uma mãe para com o seu filho, no entanto, sei que Catarina estava aprontando algo.
— Bem… por enquanto. — Respondi bebendo o último gole e passando a mão pela minha têmpora. — O que deseja desta vez, mãe?
— Ah, Henrique, até parece que não posso ligar para saber como está meu filho. — Reclamou fingindo estar ofendida. — Mas também queria lhe informar sobre um jantar beneficente.
Eu já adivinhava que poderia haver algo que ela iria me propor.
Jantares beneficentes serviam para dois propósitos: o primeiro, era para esbanjar dinheiro e dizer que os ricos eram benevolentes. O segundo motivo, era para que homens como eu, fossem apresentados a mulheres em busca de maridos.
— Sinto muito, mãe, mas estarei ocupado. — Falei rápido antes que ela continuasse.
— Henrique você tem…
— Quem sabe na próxima. — A cortei. — Amo você, boa noite.
Desliguei o celular antes que ela tentasse me convencer de mais coisas.
Não gosto de ser rude com ela. Sei que a mulher vivia muito deprimida devido ao meu pai, mas não suportava quando minha mãe tentava arranjar uma mulher para mim.
Já cometi esse erro e não pretendo repetir. Sei que já tenho 35 anos e que deveria me casar logo, porém, não queria que essa fosse a função da minha mãe.
Se pretendia arranjar alguém que ficaria ao meu lado para sempre e ser a mãe dos meus filhos, farei isso sozinho, pois sei exatamente o que quero.
***
Quando cheguei à empresa, todos estavam concentrados em seu trabalho e afazeres. Sei que só faziam isso quando estava por perto.
— Que bom que chegou, amigo, temos a reunião com o grupo que está planejando a revitalização dos hotéis no litoral. — Falou Roberto, me acompanhando até a sala de reuniões.
Nos conhecemos no colegial. Ele sempre foi um bom companheiro e muito inteligente. Durante o meu período mais difícil, foi ele que esteva ao meu lado.
Hoje trabalhamos juntos e fico feliz por isso, pois meu amigo era um dos mais criativos.
— Ótimo. — Falei procurando a minha secretária. — Judi! — A chamei em voz alta e todos se assustaram. — Venha!
A mulher minúscula correu em minha direção segurando o seu bloquinho de anotações.
Pedi um café e entramos na sala de reunião onde já estavam à nossa espera.
Uma loira alta com vestido branco que se ajustava ao seu corpo, sorriu ao me ver. Ela era responsável pelos hotéis que seriam reformados.
Assim que começamos, todos se animaram. Eleonor nos contou o que seu chefe desejava para a reforma. Além disso, seriam construídas novas áreas e depois disso, também teríamos que dar uma repaginada, transformando tudo em um local moderno e confortável.
Os hotéis não ficavam muito longe da capital e tinha o privilégio de ficar a poucos metros da praia, onde muitos turistas se hospedariam para a temporada de verão.
Programamos uma visita ao local, onde a mulher disse que o próprio proprietário dos hotéis iria nos receber e nos contar todos os detalhes sobre o que ele desejava. Eu esperava que até lá eu já tivesse a minha assistente, pois segundo Serena, achar a pessoa perfeita para o cargo seria difícil.
ElisabeteFoi realmente decepcionante descobrir que meu namorado e minha amiga estavam me traindo. Por incrível que pareça, não me importei em perder o Miguel, pois penso que lá no fundo eu só gostava dele e não o amava. Porém, descobrir que foi traída era algo horrível, agora estava difícil seguir sem saber em quem confiar.Naquela noite que os peguei juntos, fiz questão de colocar tudo para fora. Disse o que se passava pela minha cabeça e não me arrependia de nada.Na verdade, estava arrependida por não ter cortado o pau dele fora e feito a vadia o comer.Conheci Ângela na faculdade e a achei muito legal na época. Eu mal sabia que seria apunhalada pelas costas e ter que arrumar um lugar para morar.Tenho sorte por ter uma irmã maravilhosa, pois quando liguei para ela, rapidamente Mariana veio ao meu socorro. Eu ficaria com ela até achar um novo emprego, já que não bastava o meu dia ter sido conturbado, ainda descobri que fui traída e não tinha onde morar.Seu apartamento não era mui
Henrique Prezo por duas coisas quando estou trabalhando: concentração e dedicação, porém, já faz dois dias que minha mente estava distraída, e por quê? Pelo simples fato de ter esbarrado em uma mulher de cabelos escuros e olhos castanhos que tinha uma boca incrível e uma língua solta. Não sei quem era ela ou o seu nome, no entanto, não consegui parar de pensar naquela ocasionalidade. Resolvi que já era hora de expulsar aquela estranha da minha cabeça e me concentrar no trabalho. Finalmente achamos uma pessoa que possa trabalhar comigo. Serena não disse muito sobre a mulher, só que ela era perfeita para o cargo, pois sua personalidade batia com a minha — Ela começa amanhã, mas Henrique, não faça com que a mulher queira se demitir no mesmo dia, por favor. — Pediu com um sorrisinho no rosto. — Ela é bonita e inteligente. Tem desejo de crescer, e com certeza poderá resistir por um tempo ao seu lado. Continuei desenhando o esboço do nosso último proj
Elisabete Quando me ligaram para dar a notícia de que eu fui a escolhida, quase surtei. No dia em que fui até a empresa vi tantas candidatas que até pensei que eu não seria selecionada. Graças a Deus obtive uma resposta positiva. Agora eu trabalharia em uma grande empresa e numa função maravilhosa no qual esperei tanto. A partir deste dia teria mais responsabilidade e não deixaria nada e nem ninguém atrapalhar o meu objetivo. Na verdade, uma das perguntas foi bem estranha, pois não sabia se era habitual ou era um teste. A mulher me perguntou se eu tinha capacidade de trabalhar sob pressão e constante estresse, e quase nem soube responder, mas como já havia trabalhado com uma chefe muito irritante, já estava preparada para tudo. Assim que cheguei pela manhã, a mulher que me entrevistou, Serena, mostrou-me a minha sala e o que eu teria que fazer. Ela também disse que o meu novo chefe era um homem concentrado e que odiava atrasos ou distrações, ma
Henrique Eu não queria acreditar que Serena havia feito isso comigo. Ela era uma mulher experiente e de minha confiança, eu só queria saber por que ela contrataria uma mulher sem experiência para trabalhar ao meu lado. As palavras de Elisabete ainda estavam pairando sobre a minha cabeça quando a minha amiga adentrou a sala me olhando com espanto. Eu não era conhecido por ser uma pessoa boa ou que tivesse muita paciência, por isso a necessidade de alguém com experiência e que pudesse suportar a minha oscilação de humor. Não posso negar que Elisabete era uma mulher determinada e com personalidade forte, que poderia até suportar um pouco a minha, mas ela era petulante e me irritava constantemente, isso somado a sua falta de experiência no ramo da arquitetura era inaceitável para mim. Entretanto, algo em seu olhar me fazia querer ficar com ela, mesmo estando muito chateado pela situação. A mulher me desafiava e já fazia muito tempo que eu não encont
Elisabete Eu tentava me convencer de que não existia essa coisa de que pessoas nasciam com azar, mas os acontecimentos recentes comprovavam o contrário, e estava quase acreditando que realmente poderia ter nascido com a vida azarada. Henrique Vilella era mesmo um homem insuportável e irritante que faria de tudo para que eu perdesse o emprego. O problema era que o cretino não sabia com quem ele estava brincando e eu teria que mostrá-lo que nada do que ele pudesse fazer, iria me fazer desistir do meu sonho. Eu queria dar o troco e fazer com que ele provasse do seu próprio veneno, porém, o homem era meu chefe e eu teria que suportar até não aguentar mais. Mas sei que em algum momento, Henrique irá ter o troco e eu estaria na arquibancada apreciando esta ocasião. Não importava qual tarefa ele me mandasse fazer, sempre concluía com maestria. Sentia pena de todos que trabalham ao redor desse homem, pois ele mal chegava no escritório e esbravejava com
ElisabeteEu não sabia por que cometi a loucura de dizer que Elisa era minha namorada. Eu poderia ter inventado qualquer outra desculpa ou simplesmente ter ficado calado e aguentado a presença de Amanda, mas não, algo dentro de mim quis se vingar pelo passado, e quando notei a raiva e a inveja nos olhos da mulher, senti uma satisfação inexplicável. Quando estava conversando com o Rodolfo, o dono da rede de hotéis, ele me contou sobre sua noiva que trabalhava ao seu lado na administração, e quando percebi quem ela era, uma raiva descomunal tomou posse de mim. Eu sempre fui focado nos estudos e era um dos melhores na faculdade, nunca namorei sério na vida até Amanda aparecer e roubar meu coração. Achei que ela me amava, apesar das suas exigências e chiliques. Eu fazia tudo que ela queria, era como um cachorrinho, no entanto, um dia ela terminou comigo sem me dar muitas explicações, apenas disse que eu não era o que ela desejava. Não tive uma infância muito
Elisabete Em um único mês fui demitida, corneada e ganhei o status de namorada de mentira do meu novo chefe. Posso saber um pouco mais o porquê Henrique estava fazendo isso, mas ele ainda era um arrogante, e mesmo se esforçando para melhorar comigo, eu ainda tinha que suportar suas mudanças de humor. Está certo que o homem era lindo de morrer, no entanto, era como um robô de última geração que não tinha sentimentos. A não ser a raiva, claro. Agora, tínhamos que ir a um noivado da sua ex, e ainda tínhamos que fingir que estávamos apaixonados. Henrique me trouxe a uma das lojas de vestidos de luxo mais caros da cidade e eu não sabia como me comportar em um lugar assim. Não sei o porquê tanto exagero para ir a um noivado que ele odiaria, porém, acho que era só para provocar a ira da sua ex. confesso que se fosse eu, faria o mesmo. — Henrique, esse já é o sexto, acho que já basta! Você tem que escolher um. — Falei bufan
Henrique Eu realmente estava tentando entender o que se passava na cabeça de Elisabete Medeiros. Decidimos pegar leve e nos tratar com cordialidade, mas agora ela parecia estar estranha e esquecido do nosso acordo. A mulher estava linda no vestido vermelho que escolhi. Quando me pediu para escolher o vestido que usaria não pensei muito, odiava compras ou ter que esperar, mas quando toquei no tecido macio de cor vermelho eu sabia que era o escolhido. Ela realmente estava linda. Nunca havia imaginado que ficaria admirado com a beleza de alguém, porém, Elisa estava me surpreendendo. Não sou de demostrar o que penso ou sinto, mas senti o desejo de elogia-la, no entanto, a mulher não me deu bola, simplesmente me ignorou e entrou no carro. Eu também estava tentando entender o porquê de ter que aceitar o convite de Amanda para comparecer ao seu noivado idiota, já que não tínhamos uma boa relação. A suportava enquanto estávamos no mesmo ambien