Elisabete Desde que conheci Henrique, tentei imaginar o que poderia ter acontecido para que um homem como ele, que tem tudo, poderia se tornar alguém tão odiável e agora eu sabia. Claro que ele não deveria deixar que uma mulher o mudasse tanto, ao ponto de se tornar uma pessoa tão amarga e arrogante, mas era compreensível quando se pensava que ele a amava e ela o fez pensar que o seu modo de ser era horrível, o que não é verdade. Acredito que ser tão distante das pessoas seja um modo de defesa dele, para que ninguém possa o magoar de novo, então ele decidiu que seria ele a magoar. Minha irmã diria que eu estava fantasiando ao pensar que eu poderia fazê-lo enxergar o contrário, mas pelo meu bem e o bem de todos, eu teria que tentar. Ouvi-lo falar sobre o seu relacionamento conturbado com Amanda me fez sentir compreensão e fiquei ainda mais chateada com a vadia. Por isso que quando a avistei sobre os ombros dele, se aproximando de nós, t
Elisabete Eu queria me bater por ter passado tempo demais pensando no beijo que dei no meu chefe ontem à noite. Depois que botei a cabeça no travesseiro, tudo passou novamente pela minha mente, alguns suspiros e sorrisos bobos abandonaram a minha boca. Nunca imaginei que o melhor beijo que já dei na vida seria com alguém que me fazia tanta raiva, mas tenho que confessar que nos últimos dias, Henrique estava sendo menos irritante. A forma como ele me defendeu ontem foi surpreendente, e isso lhe deu alguns pontos positivos. Não que eu apoie a violência, porém, Miguel procurou sarna para se coçar quando praticamente me chamou de vadia. Eu não fazia ideia de como ele descobriu sobre mim e o delicia do meu chefe, e hoje eu tentaria descobrir. Assim que levantei, fiz um café bem forte e comi algumas torradas. Mariana abriu um sorriso que ia de orelha a orelha quando passou por mim na cozinha e sentou-se à mesa. — Como foi sua noite
Enrique A noite de ontem foi surpreendente e confusa. Eu não poderia imaginar que gostaria tanto de um beijo, e foi justamente o dela. Elisabete me surpreende a cada dia, e mesmo tendo um início bem conturbado, ela realmente pode ser uma boa assistente. Apesar de que a mulher adorava me provocar e ser irritante. Acredito que ela faz isso de propósito, só para discutirmos. Confesso que quando não brigamos até sinto falta e isso era confuso. Foi difícil dormir na noite passada, pois minha cabeça, idiota, não parava de imaginar a linda morena provocante e sua boca macia. Somos muito diferentes, mas algo fazia com que nos sentisse atraídos um pelo outro, mesmo que a danada tentasse negar a todo custo. Graças a sua ajuda, todos sabiam sobre nós. Claro que isso me ajudava, o problema era ela que agora parecia que teria um surto só porque todos sabiam sobre nosso relacionamento. Assim que passamos pela porta, os olhares curiosos nos
Elisabete Eu não fazia ideia de por que surtei daquela forma, mas ouvi-lo dizer que tudo estava acabado, me bateu uma insegurança e medo irracional. Ele iria fazer o que eu queria, era para ter aceitado, porém, esses sentimentos tomaram conta do meu ser e confundiram o meu cérebro. Não sei como tive coragem de dizer “não”, já que estava claro para nós dois que isso não daria certo. A questão era que eu queria conhece-lo mais. Era loucura, já que sempre discutíamos, mesmo tendo concordado que isso não aconteceria mais. Assim que cheguei em casa, um desejo incessante de querer me bater tomou o meu corpo e corri para o sofá onde Mariana estava para lhe contar tudo. Ela ouviu a minha história sem falar nada. Eu estava desabafando, mas também me autocriticando por todas as merdas que fiz no dia. No fim, perguntei a ela a sua opinião. — Você ainda quer se bater? — Ela perguntou e achei estranho. — Sim, acredito
EnriqueNão sabia se estava fazendo a coisa certa em leva-la para minha casa de praia e passar o dia conversando sobre mim. Particularmente, odiava conversar sobre meus sentimentos, por isso me reservava bastante, e os que sabiam de algo sobre mim, eram muito próximos ou estavam lá quando aconteceu. Eu ainda não sabia o porquê Elisabete não aceitou terminar logo com tudo isso, mas posso dizer que fiquei feliz. Agora estava parado esperando a morena que me garantiu que já estava pronta, e quando finalmente a avistei saindo pela portaria, o tempo pareceu diminuir a cada passo que ela dava. A mulher estava com um cropped simples, um short e um cardigã floral, solto. Seus cabelos escuros estavam soltos, voando com o vento e ela usava óculos que cobriam seus olhos castanhos. Mas o sorriso em seus belos lábios fazia tudo ficar mais lindo. — Não me diga que está chateado só porque atrasei cinco milésimos? — Perguntou bem-humorada. —
Elisabete Eu sabia que havia um motivo para que esse homem fosse dessa forma e acreditei que poderia realmente ter sido devido a Amanda, mas agora descobri que algo, além disso, aconteceu. Não sei se foi outro amor ou não, porém tinha que admitir que estava curiosa. Claro que eu não insistiria em continuar falando sobre algo que o fazia se sentir mal, por isso resolvi mudar de assunto. — Então, o que mais gosta de fazer? — Perguntei tentando mudar o clima que ficou no ar. Henrique franziu o cenho me analisando. — Não gosto de muitas coisas. — Falou. — Mas deve ter algo que goste. — Insisti. — Por exemplo, eu amo sorvete e um belo jardim de flores. — Ok. — Disse desconfiado. Ele me encarou enquanto eu ainda esperava a sua resposta. Acredito que ele notou que eu não me sentiria satisfeita enquanto ele não falasse, então respirou fundo. — Gosto de bolo de cenoura com chocolate. — Disse e abri um sorriso de al
ElisabetePor incrível que pareça, tivemos uma tarde excelente e animada. Eu não sabia o porquê de ele ter mudado de ideia e vindo me acompanhar, porém, gostei disso. Eu realmente estava gostando de conhecer aquele homem misterioso. Entretanto, antes de sair da sua casa senti algo inexplicável. Ele estava bem, no entanto era como se eu não quisesse deixá-lo. Era óbvio que quanto mais o conhecia, mais me apegava a ele. Não sei por que era desse jeito e sabia que tinha que lembrar o que estava fazendo. Henrique era meu chefe, tudo isso era uma mentira, e assim que o prazo acabasse ele me dispensaria. Não queria nada além da sua amizade, e se ele visse que não era boa o bastante para continuar a trabalhar ao seu lado, entenderia e acharia outro emprego. A questão era que eu não o tiraria da mente tão rápido, e se cometesse a besteira de confundir tudo poderia sair dessa com um problema, já que o homem tem uma grossa camada de gelo que o protege de tudo, inclu
Elisabete Acordei com a minha cabeça doendo e sem lembrar de quase nada. Meu corpo estava em um lugar muito confortável e macio. Assim que abri os olhos, a claridade que entrava por uma pequena brecha da cortina, ajudou-me a ver o ambiente em que estava e não era o meu quarto. Aos poucos consegui reconhecer o lugar e essa constatação me deixou um pouco assustada, pois ainda não conseguia lembrar como cheguei aqui. Levantei-me do colchão macio, rápido, e abri a cortina que me deu uma vista maravilhosa da praia. Olhei para mim no reflexo do vidro e vi que não usava as minhas roupas, mas sim uma grande camiseta que parecia mais uma camisola. — O que aconteceu ontem? — Perguntei a mim mesma. Vasculhei o lugar à procura dos meus pertences e os achei não muito longe de onde eu dormia. Não trouxe tanta roupa, porém, ainda havia uma que ainda não tinha colocado. Ainda bem que sempre ando precavida. Mariana sempre dizia que isso era um grande e