Elisabete Eu não deveria tê-lo deixado só. Nem demorei tanto no banheiro, mas foi o suficiente para algo de ruim acontecer e deixar Henrique transtornado. Pensei que ele estava bem, mas quando o vi praticamente correr para fora do salão, notei estar errada. Era para ser uma noite incrível, pois estávamos homenageando alguém que ele amava, porém parece que os pais do meu namorado não facilitavam as coisas. — O que falou para ele sair daquele jeito? — Perguntei a Catarina. Eu não estava com paciência e não me importei com a forma ríspida que fiz minha pergunta. — O que fez? Ela me olhou surpresa e ofendida. Não tinham muitas pessoas onde estávamos, mas as que tinham foram atraídas pela nossa conversa. — Acredita que eu faria algo que fizesse meu filho sair daquela forma? — Desculpe duvidar, mas não tive boas impressões desde que nos conhecemos. — Respondi no mesmo tom de antes. — Posso não gostar de você, no entanto,
Enrique Eu poderia deixar que as palavras do meu pai me levassem novamente para o meu estado de amargura e consequentemente perder Elisabete. O antigo eu com certeza deixaria ser levado por isso, mas o Henrique de agora, que provou da felicidade ao lado da mulher que amava, não poderia deixar isso acontecer. Sabia que teria que melhorar bastante para ser a pessoa digna que ela merecia, e isso não era um problema, pois faria aquilo que pudesse para lhe dar toda a paz e felicidade que ela me dava, apenas por existir em minha vida. O dia começou muito bem. Tomamos café juntos e depois seguimos para mais um dia de trabalho. Senti haver algo que estava a deixando estranha e sabia que ela queria fazer perguntas. — Pode fazer as perguntas que deseja. — Falei não tirando a atenção dos carros à minha frente. — Não quero aborrece-lo tão cedo. — Disse com um meio sorriso. — Não vou me aborrecer. Você está aqui, só isso me ajud
Um mês depois Tivemos certo prejuízo com o roubo das peças e venda ilegal, mas, felizmente conseguimos contornar a situação e refazemos tudo. Hoje seria a exposição das peças decorativas que tive o prazer de desenhar com Roberto. Éramos os únicos que desenhávamos tais coisas, e ficamos felizes de participar de todos os processos. Nunca imaginei que estaria tão bem. Há alguns meses atrás, eu estava em um emprego qualquer, fazendo algo que odiava só para pagar as contas. Também estava com um homem que não me valorizava em nada, e que aproveitava toda oportunidade para me diminuir, pois não queria que a mulher fosse melhor que ele em algo, nem que ganhasse mais que ele. Henrique tinha muitos defeitos. Ele não era o príncipe encantado dos contos de fadas e às vezes fazia coisas que me chateava. Porém, sabia assumir seus erros e sempre que podia me levantava o astral. Não podia pedir por alguém melhor, pois ele era perfeito para mim.
Enrique Desde que conheci Elisabete, venho fazendo e sentindo coisas que nunca senti ou fiz com ninguém. Eu ainda estava surpreso com o fato da mulher me suportar e me amar, porque eu sabia que isso era difícil. Ela me ajudou a superar os meus medos, e não desistiu quando minha família quis interferir na nossa relação. Ainda existia a questão com o meu pai, porém, não podíamos forçar ninguém a gostar de ninguém e eu esperava que algum dia meu pai melhorasse, assim como, surpreendentemente, a minha mãe. Catarina era a minha mãe, e os filhos tinham que amar e ser grato só por esse fato. Eu entendia suas dificuldades, e mesmo não aceitando seus preconceitos, não podia exigir que a mulher mudasse muito rapidamente, porém, Elisa fez algo que ninguém esperava. Ela conseguiu amolecer o coração de gelo dela, assim como fez com o meu. Eu não fazia ideia de como ou o que essa mulher tinha para ser tão especial, só sabia que tinha sorte por tê-la em minha
ElisabeteNão vou mentir, senti um pouco de receio quando chegamos à casa de Henrique. Eu não sabia o que estaria por vir e se algo aconteceria para que tudo desse errado. Eu sabia que isso era novo para ele e que o homem sentia certa dificuldade em conhecer pessoas. Minha mãe era um amor. Sempre foi simpática com todos e saber disso me tranquilizava um pouco. Claro que ela nunca gostou do Miguel, mas agora eu entendia o porquê. Fiquei surpresa com o bom humor dele assim que abriu a porta. Certamente Henrique queria passar uma boa impressão. Estávamos na transição para morarmos juntos, e tudo isso parecia maluquice. Senti que Dominic, assim como a minha irmã, estava apreensivo. Provavelmente também não passou pela experiência de ser apresentado a mãe da namorada. Acredito que os irmãos Vilella não tenham tido muitas namoradas ou que nunca avançaram na relação como agora. A noite estava alegre e muito tranquila, até a campainha tocar e Catarina V
EnriqueDois anos depois Tudo isso parecia mentira e que a qualquer momento eu acordaria e nada disso seria real. Não era o que eu desejava, pois em muito tempo não era tão feliz. Todos os dias ao acordar, via seu rosto lindo e seu sorriso matutino que fazia o meu dia valer apena. Como pude fugir disso por tanto tempo? Sim, existia uma pessoa específica para cada um, pois se não fosse isso, penso que não estaria tão ansioso para hoje. Em dois anos aconteceram muitas coisas surpreendentes. Coisas que poderiam nunca ter acontecido da forma como aconteceu, se eu não tivesse mudado e deixado de lado a minha frieza e meu receio. Dizem que o medo é um instinto que nos protege de coisas ruins da vida. Porém, em algumas situações ele nos impede de muita coisa. Claro que hoje sou muito mais forte e decidido do que há três anos atrás. Elisabete e eu somos muito felizes. Há um ano conhecemos um garoto que estava passando
Elisabete Não dava para acreditar que isso estava acontecendo. Não conseguia sair do pequeno banco de madeira em frente a linda penteadeira do quarto porque estava nervosa. Já fiquei nervosa antes, como no dia do meu casamento com Henrique, quando recebemos a guarda do Lucas e depois, quando estava dando à luz a nossa filha, Estela. Porém, parecia que meu coração estava entrando em modo turbo e minhas pernas estavam bambas. Talvez fosse pelo fato de que eu teria que discursar na frente de muitas pessoas, e poderia ter um tique na voz quando estava sob pressão. Eu já imaginava todos rindo da minha cara quando não saísse palavras pela minha boca, justamente porque estava gaguejando. O pior era que essa premiação caiu justamente na véspera de natal. Quem marca uma premiação na véspera de natal? Todos estavam viajando para as suas casas e as famílias se preparavam para a ceia. Eu estava a ponto de gritar e dizer a Henr
ElisabeteEu não era de acreditar em superstições e mau agouro, porém hoje estava sendo um daqueles dias em que tudo dava errado.A sorte nem sempre estava a meu favor, no início pensava que era coisa da minha cabeça, que tinha que me esforçar mais para conseguir as coisas, mas com o tempo, tive que admitir que havia algo errado.Mesmo que ainda negasse que alguém podia carregar esse mal, alguns fatos ainda me faziam ficar em dúvida.Hoje era um desses dias. Não sei o porquê, mas meu celular alarmou muito cedo.Muito adiantado!Duas horas adiantado!Quando olhei no aparelho, achei que estava atrasada, pois as horas marcavam duas horas a mais do que eu esperava. Quando olhei no espelho, meu rosto parecia ter sido amassado por um trator e o pior de tudo era que eu achava que não tinha tempo para tomar café.Eu era uma pessoa simpática e bem-humorada, mas de barriga vazia as coisas mudavam, pois uma substituta mal-humorada possuía o meu corpo e me dava dor de cabeça.Como o dia estava s