Henrique
Eu não queria acreditar que Serena havia feito isso comigo. Ela era uma mulher experiente e de minha confiança, eu só queria saber por que ela contrataria uma mulher sem experiência para trabalhar ao meu lado.
As palavras de Elisabete ainda estavam pairando sobre a minha cabeça quando a minha amiga adentrou a sala me olhando com espanto.
Eu não era conhecido por ser uma pessoa boa ou que tivesse muita paciência, por isso a necessidade de alguém com experiência e que pudesse suportar a minha oscilação de humor. Não posso negar que Elisabete era uma mulher determinada e com personalidade forte, que poderia até suportar um pouco a minha, mas ela era petulante e me irritava constantemente, isso somado a sua falta de experiência no ramo da arquitetura era inaceitável para mim.
Entretanto, algo em seu olhar me fazia querer ficar com ela, mesmo estando muito chateado pela situação. A mulher me desafiava e já fazia muito tempo que eu não encontrava ninguém a altura para fazer tal coisa. Não poderia negar que isso me excitava um pouco. Sei o quanto isso era confuso, o que me deixava ainda mais puto com a situação.
Elisabete saiu assim que Serena entrou. Era nítida a sua preocupação quanto ao trabalhar comigo, e mesmo não querendo de jeito algum ter alguém tão… Irritante ao meu lado, algo dentro de mim desejava mantê-la no emprego.
Isso já está me irritando.
Serena sentou-se à minha frente e respirei fundo várias vezes antes de começar os meus questionamentos. Sou conhecido por ser muito exigente, no entanto, também muito arrogante, era verdade que muitas vezes eu me arrependia das coisas que falava, mesmo não demonstrando isso.
Aprendi a ser mais duro para obter resultados positivos. Ser bonzinho não me trouxe resultados bons no passado e eu não queria nada fora do lugar dentro do meu local de trabalho.
— Henrique, pedi para você não ser tão… Você. Sabe como foi difícil achar alguém que pudesse trabalhar ao seu lado todos os dias e não se demitir? — Falou ela com o cenho franzido.
— Então teve que contratar alguém inexperiente para isso? — Perguntei bastante irritado.
A mulher à minha frente respirou fundo e se encostou na cadeira como se o assunto abordado não fosse tão grave quanto era.
— Eu sabia que isso seria um problema para você. — Disse ao cruzar as pernas. — Mas não faria isso se não soubesse que essa mulher pode trabalhar ao seu lado e ser eficiente no trabalho.
Era verdade que Serena era uma mulher responsável e não cometia erros. Porém, esta era minha empresa e odiava ter que explicar ou responder perguntas a qualquer um.
— Pelo amor de Deus, Serena, será que não consegue ver um problema aqui? — A questionei mais firmemente. — Sabe quantas vezes ela me respondeu desde o momento que entrou por aquela porta?
— E não teve medo disso? — Perguntou com um sorriso orgulhoso.
— Acha isso engraçado? — Perguntei achando isso estranho.
— Desculpe, Henrique, mas você não é o homem mais correto e bonzinho que conheço. Você enlouquece todos dessa empresa. Pergunte a sua secretária! — Disse ainda parecendo se divertir com a minha situação.
— Eu exijo 100% das pessoas que trabalham para mim. Isso me faz ser um tirano? — Questionei ficando ainda mais furioso. — Talvez eu devesse demitir mais pessoas.
— O que Elisabete fez de tão errado para que você queira demiti-la no primeiro dia? — Perguntou, recostando e me encarando. — Danificou algo, errou algum documento ou simplesmente não foi com a cara dela?
— Se ela tivesse feito qualquer uma dessa coisas eu não precisaria ter chamado você. Além do mais, não tenho que gostar de alguém só porque irá trabalhar para mim, mas isso não vem ao caso. Eu só não desejo quebrar a cabeça com uma menina sem experiência.
Mesmo ouvindo coisas tão negativas, parecia que Serena estava se divertindo com a situação. Isso também estava me chateando.
— Então seria só mais um que não deu a ela uma oportunidade para que ela provasse seu valor. — Falou me provocando.
Era verdade que nós somos amigos há muito tempo. Eu respeitava Serena como uma profissional e como pessoa, mas às vezes ela passava dos limites.
— Interessante como todos hoje querem me provocar. — Falei a reprovando.
— Desculpe, passei dos limites. — Disse arrependida. — Porém, não pode demiti-la sem uma razão. A mulher não cometeu um erro e você não tem um motivo.
Ela tinha razão, mas como ficaria com alguém que pode não acompanhar o meu ritmo?
Eu estava sendo imparcial e minha consciência estava gritando na minha cabeça. Minha amiga tinha razão em dizer que eu seria como os outros que não deram uma oportunidade. O pior era que eu odiava ser comparado a qualquer outro.
— Não preciso de desculpas para demitir alguém, essa é minha empresa. – Falei encostando-me na cadeira. – Porém, não serei tão duro e darei 3 meses. — Falei após pensar um pouco. — Se ela estragar qualquer coisa será demitida na hora. Darei 3 meses como experiência, se ela for boa, permanece.
— Ótimo. — Ela disse com um sorriso largo.
— Não fique felizinha, você sabe que não sou fácil, penso que ela mesma vá se demitir.
— Só se você der motivos, querido amigo. — Falou irônica.
— Mande que a novata entre, já perdi muito tempo. Tenho uma reunião em poucos minutos. — Falei arrumando os papéis em minha frente.
Satisfeita, Serena levantou-se e saiu. Minha cabeça já ameaçava doer antes mesmo de estarmos na metade do dia. A porta foi aberta novamente, e um par de pernas bronzeadas entrou me hipnotizando. Tinha que confessar que Elisabete Medeiros era linda. Eu diria de tirar o fôlego. Sabia que isso também seria um problema.
— O que decidiu, irá me demitir? — Questiona-me ansiosa e levemente irritada.
Esse era outro motivo para a minha preocupação. Ela era quente e petulante, e no mesmo nível que me irritava, me atraía.
— Não serei tão malvado com você. — Falei com um sorriso no rosto. Foi engraçado ver seu rosto surpreso. — Darei um período de experiência de 3 meses, se você cometer um deslize sairá antes desse prazo, se for boa ficará na posição. Porém, acredito que você vai pedir para ir embora.
— Isso é um desafio, senhor Vilella? — Perguntou cerrando os olhos. — Eu não gosto de ser desafiada.
Foi impossível não ficar animado com a situação. Não podia negar que eu adorava desafios, e mesmo não querendo fazer disso uma competição, meu instinto pedia para fazer.
— Trate isso do jeito que quiser. Mas sei que estou certo e que você não vai durar muito tempo aqui. — Afirmei.
— Serei a assistente mais prestativa e eficiente que o senhor já teve na vida, e no final irei mostrar que não se brinca com uma Medeiros. — Provocou a morena de olhos castanhos. — Quando isso acabar, será o senhor que me pedirá desculpas por toda essa sua grosseria.
Isso era perigoso. Não sabia o porquê de estar tão excitado com a conversa, mas Elisabete era diferente das demais mulheres. Ela me desafiava e isso era novo
Elisabete Eu tentava me convencer de que não existia essa coisa de que pessoas nasciam com azar, mas os acontecimentos recentes comprovavam o contrário, e estava quase acreditando que realmente poderia ter nascido com a vida azarada. Henrique Vilella era mesmo um homem insuportável e irritante que faria de tudo para que eu perdesse o emprego. O problema era que o cretino não sabia com quem ele estava brincando e eu teria que mostrá-lo que nada do que ele pudesse fazer, iria me fazer desistir do meu sonho. Eu queria dar o troco e fazer com que ele provasse do seu próprio veneno, porém, o homem era meu chefe e eu teria que suportar até não aguentar mais. Mas sei que em algum momento, Henrique irá ter o troco e eu estaria na arquibancada apreciando esta ocasião. Não importava qual tarefa ele me mandasse fazer, sempre concluía com maestria. Sentia pena de todos que trabalham ao redor desse homem, pois ele mal chegava no escritório e esbravejava com
ElisabeteEu não sabia por que cometi a loucura de dizer que Elisa era minha namorada. Eu poderia ter inventado qualquer outra desculpa ou simplesmente ter ficado calado e aguentado a presença de Amanda, mas não, algo dentro de mim quis se vingar pelo passado, e quando notei a raiva e a inveja nos olhos da mulher, senti uma satisfação inexplicável. Quando estava conversando com o Rodolfo, o dono da rede de hotéis, ele me contou sobre sua noiva que trabalhava ao seu lado na administração, e quando percebi quem ela era, uma raiva descomunal tomou posse de mim. Eu sempre fui focado nos estudos e era um dos melhores na faculdade, nunca namorei sério na vida até Amanda aparecer e roubar meu coração. Achei que ela me amava, apesar das suas exigências e chiliques. Eu fazia tudo que ela queria, era como um cachorrinho, no entanto, um dia ela terminou comigo sem me dar muitas explicações, apenas disse que eu não era o que ela desejava. Não tive uma infância muito
Elisabete Em um único mês fui demitida, corneada e ganhei o status de namorada de mentira do meu novo chefe. Posso saber um pouco mais o porquê Henrique estava fazendo isso, mas ele ainda era um arrogante, e mesmo se esforçando para melhorar comigo, eu ainda tinha que suportar suas mudanças de humor. Está certo que o homem era lindo de morrer, no entanto, era como um robô de última geração que não tinha sentimentos. A não ser a raiva, claro. Agora, tínhamos que ir a um noivado da sua ex, e ainda tínhamos que fingir que estávamos apaixonados. Henrique me trouxe a uma das lojas de vestidos de luxo mais caros da cidade e eu não sabia como me comportar em um lugar assim. Não sei o porquê tanto exagero para ir a um noivado que ele odiaria, porém, acho que era só para provocar a ira da sua ex. confesso que se fosse eu, faria o mesmo. — Henrique, esse já é o sexto, acho que já basta! Você tem que escolher um. — Falei bufan
Henrique Eu realmente estava tentando entender o que se passava na cabeça de Elisabete Medeiros. Decidimos pegar leve e nos tratar com cordialidade, mas agora ela parecia estar estranha e esquecido do nosso acordo. A mulher estava linda no vestido vermelho que escolhi. Quando me pediu para escolher o vestido que usaria não pensei muito, odiava compras ou ter que esperar, mas quando toquei no tecido macio de cor vermelho eu sabia que era o escolhido. Ela realmente estava linda. Nunca havia imaginado que ficaria admirado com a beleza de alguém, porém, Elisa estava me surpreendendo. Não sou de demostrar o que penso ou sinto, mas senti o desejo de elogia-la, no entanto, a mulher não me deu bola, simplesmente me ignorou e entrou no carro. Eu também estava tentando entender o porquê de ter que aceitar o convite de Amanda para comparecer ao seu noivado idiota, já que não tínhamos uma boa relação. A suportava enquanto estávamos no mesmo ambien
Elisabete Desde que conheci Henrique, tentei imaginar o que poderia ter acontecido para que um homem como ele, que tem tudo, poderia se tornar alguém tão odiável e agora eu sabia. Claro que ele não deveria deixar que uma mulher o mudasse tanto, ao ponto de se tornar uma pessoa tão amarga e arrogante, mas era compreensível quando se pensava que ele a amava e ela o fez pensar que o seu modo de ser era horrível, o que não é verdade. Acredito que ser tão distante das pessoas seja um modo de defesa dele, para que ninguém possa o magoar de novo, então ele decidiu que seria ele a magoar. Minha irmã diria que eu estava fantasiando ao pensar que eu poderia fazê-lo enxergar o contrário, mas pelo meu bem e o bem de todos, eu teria que tentar. Ouvi-lo falar sobre o seu relacionamento conturbado com Amanda me fez sentir compreensão e fiquei ainda mais chateada com a vadia. Por isso que quando a avistei sobre os ombros dele, se aproximando de nós, t
Elisabete Eu queria me bater por ter passado tempo demais pensando no beijo que dei no meu chefe ontem à noite. Depois que botei a cabeça no travesseiro, tudo passou novamente pela minha mente, alguns suspiros e sorrisos bobos abandonaram a minha boca. Nunca imaginei que o melhor beijo que já dei na vida seria com alguém que me fazia tanta raiva, mas tenho que confessar que nos últimos dias, Henrique estava sendo menos irritante. A forma como ele me defendeu ontem foi surpreendente, e isso lhe deu alguns pontos positivos. Não que eu apoie a violência, porém, Miguel procurou sarna para se coçar quando praticamente me chamou de vadia. Eu não fazia ideia de como ele descobriu sobre mim e o delicia do meu chefe, e hoje eu tentaria descobrir. Assim que levantei, fiz um café bem forte e comi algumas torradas. Mariana abriu um sorriso que ia de orelha a orelha quando passou por mim na cozinha e sentou-se à mesa. — Como foi sua noite
Enrique A noite de ontem foi surpreendente e confusa. Eu não poderia imaginar que gostaria tanto de um beijo, e foi justamente o dela. Elisabete me surpreende a cada dia, e mesmo tendo um início bem conturbado, ela realmente pode ser uma boa assistente. Apesar de que a mulher adorava me provocar e ser irritante. Acredito que ela faz isso de propósito, só para discutirmos. Confesso que quando não brigamos até sinto falta e isso era confuso. Foi difícil dormir na noite passada, pois minha cabeça, idiota, não parava de imaginar a linda morena provocante e sua boca macia. Somos muito diferentes, mas algo fazia com que nos sentisse atraídos um pelo outro, mesmo que a danada tentasse negar a todo custo. Graças a sua ajuda, todos sabiam sobre nós. Claro que isso me ajudava, o problema era ela que agora parecia que teria um surto só porque todos sabiam sobre nosso relacionamento. Assim que passamos pela porta, os olhares curiosos nos
Elisabete Eu não fazia ideia de por que surtei daquela forma, mas ouvi-lo dizer que tudo estava acabado, me bateu uma insegurança e medo irracional. Ele iria fazer o que eu queria, era para ter aceitado, porém, esses sentimentos tomaram conta do meu ser e confundiram o meu cérebro. Não sei como tive coragem de dizer “não”, já que estava claro para nós dois que isso não daria certo. A questão era que eu queria conhece-lo mais. Era loucura, já que sempre discutíamos, mesmo tendo concordado que isso não aconteceria mais. Assim que cheguei em casa, um desejo incessante de querer me bater tomou o meu corpo e corri para o sofá onde Mariana estava para lhe contar tudo. Ela ouviu a minha história sem falar nada. Eu estava desabafando, mas também me autocriticando por todas as merdas que fiz no dia. No fim, perguntei a ela a sua opinião. — Você ainda quer se bater? — Ela perguntou e achei estranho. — Sim, acredito