Anthonella Fagundes Lancaster Deitada na cama com Joyce ao meu lado, a escuridão do quarto parecia refletir a tempestade que se formava dentro de mim. O peso da incerteza e da impotência me sufocava, e cada segundo que passava sem notícias de Maria Fernanda e Ana Fernanda parecia uma eternidade. Fechei os olhos, mas as imagens da última vez que vi as meninas me perseguiam como sombras. Não podia mais esperar que a polícia resolvesse algo. — Joyce — murmurei, virando-me para a amiga. — Não posso mais esperar. Ela se virou para mim, o olhar preocupado. — O que você está dizendo? O que tem em mente? — Vou atrás delas. Não posso ficar aqui parada enquanto elas estão em perigo. Vou à última localização que temos e vou caçar tudo até encontrá-las. Joyce me encarou, os olhos arregalados. — Anthonella, isso é uma maluquice! Você sabe que é perigoso. E se algo acontecer com você? — Se você não quiser ir, não precisa. Mas eu não posso simplesmente ficar aqui. Ela hesitou, mas a dete
O barulho ecoou na minha mente como um chamado. Meu coração disparou, e toda a esperança que estava se esvaindo acendeu novamente. Corri na direção do som, sem pensar, sem hesitar, certa de que finalmente tinha encontrado Maria Fernanda ou Ana Fernanda. A respiração pesada e os batimentos acelerados eram os únicos sons que eu conseguia identificar. Cada passo que dava, mais forte ficava a certeza de que estava prestes a encontrá-las.— Maria Fernanda! — Gritei o nome da minha filha, implorando para que ela me respondesse. — Ana Fernanda!Corri, o coração martelando no peito, até que cheguei a um pequeno espaço aberto. O som havia parado, mas eu ainda podia ouvir meu próprio coração, esperançoso, batendo com força. Olhei ao redor, os olhos varrendo a área escura e úmida. Mas não havia ninguém. Nem sinal das meninas.Meu coração se afundou. Aquele barulho... era apenas o vento ou algum animal se escondendo entre as árvores. Tudo o que senti foi o peso esmagador da decepção.— Não... — s
Camila OlivasEstava decidida. O celular pesava em minha mão como uma bomba prestes a explodir. O número de Priscila, que eu conhecia de cor, parecia brilhar na tela, quase zombando da minha hesitação. Estávamos em uma situação desesperadora, e a única pessoa que sabia o paradeiro de Maria Fernanda e Ana Fernanda era Priscila. Ela as havia sequestrado, e agora era minha única chance de encontrá-las.Anthonella e Joyce me observavam em silêncio, ambas ainda desconfiadas das minhas intenções. Sabia que elas não confiavam totalmente em mim, e com razão. Já fiz coisas terríveis no passado, e não as culpo por isso.Respirei fundo, deixando que meus dedos deslizassem sobre o número. Toquei para chamar. Os primeiros toques soaram como tambores de guerra em minha cabeça, cada um mais pesado que o anterior. Priscila demorou a atender, e já estava quase acreditando que ignoraria minha ligação quando ouvi um clique na linha.— Mas quem diria... — A voz de Priscila veio carregada de veneno e debo
Jhonathan LancasterPedro e eu estávamos sentados no meu escritório, tentando resolver a questão do sequestro de MaFê e AnaFê. Ele estava tão apreensivo quanto eu. Sinto que Pedro realmente ama minha filha e fico feliz que ele não seja um babaca que só queria usá-la.— Senhor Jhonathan, estou muito preocupado com as meninas, principalmente com MaFê, que ainda está em recuperação.— Estou tão preocupado quanto você, Pedro. A polícia está investigando, mas não encontrou nada até agora. Os investigadores que contratei seguiram uma pista, mas era fria.— Acho que dona Anthonella tem razão quando diz que a polícia não está fazendo nada.Antes que eu pudesse responder, o celular em cima da mesa vibrou. Peguei o aparelho rapidamente, imaginando que fosse a polícia ou os investigadores com alguma novidade. Estranhamente, era uma mensagem de Anthonella. Será que ela queria que eu subisse para ficar com ela? Assim que li a mensagem, senti o chão desaparecer sob meus pés."Amor, não fica bravo c
Maria Fernanda Fagundes LancasterO gosto metálico do sangue escorria pelo canto da minha boca. Priscila se aproximava lentamente, como um predador prestes a dar o bote. Seus olhos me analisavam com desprezo, e havia um brilho cruel em seus lábios enquanto ela sorria, vitoriosa. A dor pulsava em meu corpo, os ferimentos latejavam, mas eu não cederia. Não agora. Não diante dela.— Eu devia ter acabado com você antes — Priscila sibilou, se inclinando para ficar mais perto. Seu hálito quente batia no meu rosto, me fazendo querer recuar, mas mantive a postura firme, não lhe daria o prazer de me ver enfraquecida.Revirei os olhos, ignorando a dor que dominava todo o meu corpo. — Você não cansa desse disco arranhado, Priscila? — respondi, tentando manter a voz firme, mesmo com cada palavra rasgando minha garganta.O sorriso dela se alargou, e sem aviso, desferiu outro golpe no meu rosto. A dor veio rápida e ardente, mas segurei o grito. Não lhe daria essa satisfação. Ela se afastou, observa
Anthonella Fagundes Lancaster O carro parou em frente ao galpão abandonado que Priscila havia indicado. O local era sombrio, sem janelas e o ar cheirando a mofo e abandono. O silêncio pesado no ar era opressor, e só o som do motor desligado quebrava o vazio que cercava o lugar. Meu coração batia acelerado, como se estivesse prestes a sair do peito, e meus olhos se voltaram para Camila no banco do motorista. — Chegamos — disse Camila, sua voz baixa. Havia uma tensão clara em seu rosto, uma determinação que eu não via há muito tempo. Joyce, ao meu lado, já estava com o celular na mão, digitando rapidamente. Ela terminou a mensagem e olhou para mim, seus olhos cheios de preocupação. — Vou enviar a localização para o Marinho — disse ela, com a voz entrecortada. Ela engoliu seco e apertou o botão de envio. — Eles precisam saber onde estamos. Se algo der errado, eles virão. Assenti, minhas mãos suadas tremiam levemente. Joyce tinha razão. Tudo podia dar errado. Estávamos entrando
Anthonella Fagundes Lancaster O galpão parecia maior por dentro do que do lado de fora, com corredores escuros e paredes descascadas, impregnados pelo cheiro de mofo. Mas nada disso importava. A única coisa que me importava naquele momento era MaFê. Onde estava minha filhinha? O que Priscila tinha feito com ela?Meus passos ecoavam pelo chão sujo, o som se misturando à minha respiração acelerada. Virei uma esquina, correndo em direção aos soluços que ouvi.— MaFê! — gritei, meu coração se apertando ao vê-la naquele estado. Me joguei no chão ao seu lado, envolvendo-a em meus braços. Ela estava machucada, mas viva.Ela levantou o rosto para mim, os olhos inchados e úmidos de lágrimas, e soluçou:— Mamãe...— Shhh, está tudo bem agora, meu amor — minha voz saiu embargada pela dor de vê-la assim. — A mamãe está aqui. Você está segura.As lágrimas escorriam pelo meu rosto. Beijei sua testa com delicadeza, tentando evitar o ferimento em seu rosto, e segurei sua mão com firmeza, como se qui
Maria Fernanda Fagundes Lancaster O som distante de máquinas e vozes ao fundo foi o primeiro sinal de que eu não estava mais no galpão. Minhas pálpebras pesavam, mas, com esforço, consegui abrir os olhos, piscando contra a luz suave que iluminava o quarto. O cheiro estéril de hospital me atingiu, trazendo uma sensação de alívio misturada com cansaço. Eu estava viva. Segura. Ainda um pouco confusa, tentei me mexer, mas uma dor aguda percorreu meu corpo, especialmente na perna e no rosto. Soltei um gemido involuntário, tentando me situar. Foi quando senti uma mão quente envolvendo a minha. — Hey... — A voz suave de Pedro me envolveu como um abraço. Ele se inclinou sobre mim, seus olhos cheios de preocupação e carinho. — Você me deixou muito preocupado, sabia? Ele se abaixou e depositou um beijo leve na minha testa, o calor do gesto acalmando um pouco o turbilhão de sensações que rodava em minha mente. — Estou feliz que você está bem, amor. Não sabe o quanto temi por você. Um sorr