Maria Fernanda Fagundes Lancaster O som distante de máquinas e vozes ao fundo foi o primeiro sinal de que eu não estava mais no galpão. Minhas pálpebras pesavam, mas, com esforço, consegui abrir os olhos, piscando contra a luz suave que iluminava o quarto. O cheiro estéril de hospital me atingiu, trazendo uma sensação de alívio misturada com cansaço. Eu estava viva. Segura. Ainda um pouco confusa, tentei me mexer, mas uma dor aguda percorreu meu corpo, especialmente na perna e no rosto. Soltei um gemido involuntário, tentando me situar. Foi quando senti uma mão quente envolvendo a minha. — Hey... — A voz suave de Pedro me envolveu como um abraço. Ele se inclinou sobre mim, seus olhos cheios de preocupação e carinho. — Você me deixou muito preocupado, sabia? Ele se abaixou e depositou um beijo leve na minha testa, o calor do gesto acalmando um pouco o turbilhão de sensações que rodava em minha mente. — Estou feliz que você está bem, amor. Não sabe o quanto temi por você. Um sorr
Depois de uma semana interminável no hospital, finalmente estava em casa. A sensação de estar de volta ao meu próprio espaço, com o cheiro familiar da minha casa, trouxe um conforto indescritível. A porta da frente mal tinha se fechado atrás de mim quando fui envolvida por um abraço tão apertado que quase perdi o fôlego. — MaFê! — Ana Fernanda praticamente gritou, com os braços ao meu redor, como se quisesse ter certeza de que eu era real e não uma miragem. — Graças aos céus, você está aqui! Eu estava contando os minutos até você voltar! Senti o calor e o carinho no abraço dela e me permiti relaxar por um segundo. Fechei os olhos, absorvendo aquele momento. Tinha sido uma semana difícil, cheia de dores, exames e preocupações. — Obrigada, irmã. Nunca vou esquecer o que fez por mim. Assim que nos separamos, senti outros braços ao meu redor. Dessa vez, eram meus dois pequenos pilares: minhas avós. Ambas tinham lágrimas nos olhos, mas não disseram nada, apenas me seguraram, me abra
Pedro Henrique SoaresEstava deitado na minha cama, o teto do quarto meio embaçado pela pouca luz que a luminária emitia. A escuridão do quarto só realçava o brilho prateado do anel que eu segurava entre os dedos. Era um círculo perfeito, simples, mas carregado de significado. O metal frio parecia contrastar com o calor que sentia no peito só de pensar no que esse anel representava. Eu o havia comprado há alguns dias, e desde então não conseguia parar de pensar nele. Era uma ideia maluca, sabia. Pedir a MaFê em casamento agora? Estávamos juntos há tão pouco tempo. Mas não conseguia evitar. Cada vez que a via, era como se uma certeza silenciosa me consumisse. Ela era a mulher certa pra mim. Não havia outra.Com os pensamentos distantes, fiquei brincando de girar o anel entre os dedos, imaginando a reação dela quando o visse. Será que ela aceitaria? Será que MaFê estava pronta para dar esse passo comigo? Sabia que ela ainda era muito jovem, mas algo dentro de mim dizia que tínhamos uma
Acordei com o sol invadindo meu quarto pelas frestas das cortinas, e a primeira coisa que me veio à mente foi a conversa da noite anterior com Laiane. Suas palavras ainda ecoavam em minha cabeça: "E se ela disser não?" Por mais que eu tentasse afastar o medo, ele estava ali, rondando, me lembrando de que havia uma chance de MaFê não estar pronta para dar esse passo. Mas, apesar disso, a certeza de que eu queria passar o resto da vida com ela só crescia a cada dia. Depois de me arrumar rapidamente, sentei na beira da cama e olhei para o celular. A ideia de falar com o pai da MaFê já estava martelando na minha cabeça há dias, mas eu não sabia como começar. Como se pede a mão da mulher que você ama em casamento para o homem que a criou, cuidou e protegeu por tanto tempo? Respirei fundo, peguei o celular e, sem pensar demais, digitei a mensagem."Oi, senhor Jhonathan. Bom dia! Será que a gente pode marcar de se encontrar para conversar hoje à noite?" O som da mensagem enviada me deu
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Mais um final de ano havia passado. Parecia que cada ciclo estava passando mais rápido do que eu conseguia acompanhar. Hoje era meu aniversário, e, diferente dos anos anteriores, eu não sentia vontade de fazer festa, de reunir amigos e família para comemorar. Talvez fosse a correria do último ano, minha volta aos treinos leves, a faculdade, os desafios que vieram com o futebol e a pressão de ser sempre a melhor. Tudo isso me deixava exausta. Eu só queria paz.Estava sentada na cama, olhando para a janela, quando meu celular vibrou. Era uma mensagem de Pedro."Feliz aniversário, minha linda! Preparei uma surpresa para você... que tal passar uns dias comigo em Bariloche?"Meus olhos brilharam ao ler aquilo. Bariloche! Era exatamente o tipo de presente que eu precisava. Nada de festas ou eventos formais, apenas ele e eu, curtindo um lugar novo, afastados de tudo e todos.Sorri, sentindo uma onda de animação tomar conta de mim. Pedro sabia exatamente co
Depois de várias horas de voo e algumas escalas, finalmente chegamos a Bariloche. Assim que o avião pousou e as portas se abriram, a brisa fria nos saudou. Meu corpo inteiro relaxou com a sensação de estar, finalmente, longe de toda a agitação do Brasil. Era quase irreal pensar que eu estava aqui, celebrando meu aniversário com Pedro, no cenário dos meus sonhos.Saímos do avião, e o aeroporto estava movimentado, cheio de turistas e locais, todos agasalhados com casacos pesados, algo que me lembrou de que o frio daqui não era brincadeira. Estava ansiosa para sentir a neve sob os pés, mas antes de qualquer aventura, o plano era chegar ao hotel e descansar.Pedro, sempre organizado, já havia chamado um táxi. Ele parecia tão à vontade em liderar as coisas, que eu me permiti relaxar completamente, confiando na eficiência dele. Quando o carro chegou, ele segurou minha mão com firmeza enquanto me guiava até o veículo.— Está tudo bem? — ele perguntou, olhando para mim com aquele sorriso suav
Acordei com a luz do sol penetrando suavemente pelas cortinas do quarto, aquecendo minha pele de um jeito confortável. Abri os olhos devagar, sentindo meu corpo ainda relaxado do dia anterior. Bariloche havia sido tudo o que eu sempre imaginei, e estar aqui com Pedro tornava a experiência ainda mais especial. Virei a cabeça e, para minha surpresa, encontrei Pedro sentado na poltrona ao lado da cama, concentrado no celular. Ele estava tão imerso no que fazia que nem notou que eu já tinha acordado. Achei engraçado vê-lo assim, tão focado, especialmente depois de termos passado uma noite tão incrível juntos. — O que você está fazendo aí, tão cedo? — perguntei com a voz ainda sonolenta. Pedro levantou os olhos do celular e sorriu. Um sorriso preguiçoso. — Estava esperando você acordar — ele disse, levantando-se da poltrona e vindo até a cama. — Estava dando uma olhada em alguns apartamentos. — Apartamentos? — perguntei, curiosa, enquanto me esticava preguiçosamente na cama. Ele
Pedro Henrique Soares Estava sentado à mesa com um café quente nas mãos, observando MaFê se deliciar com o vasto café da manhã que havíamos pedido. A luz suave da manhã em Bariloche iluminava seu rosto, realçando o sorriso encantador que eu tanto amava. Seus olhos brilhavam com entusiasmo enquanto falava sobre o passeio que planejávamos fazer. Eu me pegava sorrindo, sem perceber. Ela nem imagina que o apartamento que estou procurando não é só para mim, mas para **nós**. Eu podia ver um futuro ao lado dela, algo que jamais havia pensado com qualquer outra pessoa. MaFê não era apenas minha namorada; ela era meu porto seguro, minha melhor amiga, a pessoa que eu queria ao meu lado em cada conquista e desafio que a vida trouxesse. — Pedro? — Sua voz suave me trouxe de volta ao presente. — Você ouviu o que eu disse? Sorri, fingindo que não estava perdido em meus pensamentos. — Claro que ouvi, meu amor — respondi com um tom brincalhão. — Você está planejando me levar para uma caminhada