Maria Fernanda Fagundes LancasterJá se passaram dois dias e mal conseguia sentir minhas pernas de tanto cansaço e tensão, principalmente a perna direita, que havia sido operada recentemente e ainda estava em recuperação. Mas não havia tempo para fraquezas agora. Cada segundo contava. O som do carro de Priscila se afastando ainda ecoava na minha cabeça como um aviso. Se havia uma chance de salvar Ana Fernanda, era agora. Respirei fundo, tentando ignorar o medo que me consumia. Precisava ser forte. Por ela.Levantei devagar, tomando cuidado para não fazer barulho. Devido ao nosso "bom comportamento", a bruxa não havia nos amarrado, o que me dava uma chance de analisar o local. Fui até o banheiro. O ambiente estava escuro, mal iluminado pela luz fraca que entrava pela fresta da janela, mas o suficiente para me dar uma visão clara do que precisava fazer. A janela era pequena, muito pequena para mim, mas talvez... talvez Ana Fernanda conseguisse passar.Aproximei-me mais, analisando o tam
O silêncio do quarto era sufocante. Cada batida do meu coração parecia ecoar nas paredes frias, e o ar denso carregava uma tensão que só piorava à medida que os minutos passavam. Estava sozinha agora, completamente exposta. Sabia que Priscila não demoraria a voltar, e quando o fizesse, as coisas ficariam ainda mais perigosas. Mas isso não importava. O que realmente importava era que Ana Fernanda estava fora daquele inferno. E, por mais que meu corpo estivesse fraco e minha perna latejasse de dor, havia uma sensação de alívio dentro de mim. Eu havia feito o que prometi: protegi minha irmã.De repente, ouvi o som que temia. O ruído do carro de Priscila se aproximando, o motor roncando no silêncio da noite. Fechei os olhos por um instante, respirando fundo. Não podia deixar o medo me dominar. Precisava ser forte, como sempre fui.O som dos passos ecoou pelo corredor. Pesados. Determinados. A porta rangeu ao ser aberta, e lá estava ela. Priscila. Seu rosto iluminado pela pouca luz que ent
Anthonella Fagundes Lancaster Deitada na cama com Joyce ao meu lado, a escuridão do quarto parecia refletir a tempestade que se formava dentro de mim. O peso da incerteza e da impotência me sufocava, e cada segundo que passava sem notícias de Maria Fernanda e Ana Fernanda parecia uma eternidade. Fechei os olhos, mas as imagens da última vez que vi as meninas me perseguiam como sombras. Não podia mais esperar que a polícia resolvesse algo. — Joyce — murmurei, virando-me para a amiga. — Não posso mais esperar. Ela se virou para mim, o olhar preocupado. — O que você está dizendo? O que tem em mente? — Vou atrás delas. Não posso ficar aqui parada enquanto elas estão em perigo. Vou à última localização que temos e vou caçar tudo até encontrá-las. Joyce me encarou, os olhos arregalados. — Anthonella, isso é uma maluquice! Você sabe que é perigoso. E se algo acontecer com você? — Se você não quiser ir, não precisa. Mas eu não posso simplesmente ficar aqui. Ela hesitou, mas a dete
O barulho ecoou na minha mente como um chamado. Meu coração disparou, e toda a esperança que estava se esvaindo acendeu novamente. Corri na direção do som, sem pensar, sem hesitar, certa de que finalmente tinha encontrado Maria Fernanda ou Ana Fernanda. A respiração pesada e os batimentos acelerados eram os únicos sons que eu conseguia identificar. Cada passo que dava, mais forte ficava a certeza de que estava prestes a encontrá-las.— Maria Fernanda! — Gritei o nome da minha filha, implorando para que ela me respondesse. — Ana Fernanda!Corri, o coração martelando no peito, até que cheguei a um pequeno espaço aberto. O som havia parado, mas eu ainda podia ouvir meu próprio coração, esperançoso, batendo com força. Olhei ao redor, os olhos varrendo a área escura e úmida. Mas não havia ninguém. Nem sinal das meninas.Meu coração se afundou. Aquele barulho... era apenas o vento ou algum animal se escondendo entre as árvores. Tudo o que senti foi o peso esmagador da decepção.— Não... — s
Camila OlivasEstava decidida. O celular pesava em minha mão como uma bomba prestes a explodir. O número de Priscila, que eu conhecia de cor, parecia brilhar na tela, quase zombando da minha hesitação. Estávamos em uma situação desesperadora, e a única pessoa que sabia o paradeiro de Maria Fernanda e Ana Fernanda era Priscila. Ela as havia sequestrado, e agora era minha única chance de encontrá-las.Anthonella e Joyce me observavam em silêncio, ambas ainda desconfiadas das minhas intenções. Sabia que elas não confiavam totalmente em mim, e com razão. Já fiz coisas terríveis no passado, e não as culpo por isso.Respirei fundo, deixando que meus dedos deslizassem sobre o número. Toquei para chamar. Os primeiros toques soaram como tambores de guerra em minha cabeça, cada um mais pesado que o anterior. Priscila demorou a atender, e já estava quase acreditando que ignoraria minha ligação quando ouvi um clique na linha.— Mas quem diria... — A voz de Priscila veio carregada de veneno e debo
Jhonathan LancasterPedro e eu estávamos sentados no meu escritório, tentando resolver a questão do sequestro de MaFê e AnaFê. Ele estava tão apreensivo quanto eu. Sinto que Pedro realmente ama minha filha e fico feliz que ele não seja um babaca que só queria usá-la.— Senhor Jhonathan, estou muito preocupado com as meninas, principalmente com MaFê, que ainda está em recuperação.— Estou tão preocupado quanto você, Pedro. A polícia está investigando, mas não encontrou nada até agora. Os investigadores que contratei seguiram uma pista, mas era fria.— Acho que dona Anthonella tem razão quando diz que a polícia não está fazendo nada.Antes que eu pudesse responder, o celular em cima da mesa vibrou. Peguei o aparelho rapidamente, imaginando que fosse a polícia ou os investigadores com alguma novidade. Estranhamente, era uma mensagem de Anthonella. Será que ela queria que eu subisse para ficar com ela? Assim que li a mensagem, senti o chão desaparecer sob meus pés."Amor, não fica bravo c
Maria Fernanda Fagundes LancasterO gosto metálico do sangue escorria pelo canto da minha boca. Priscila se aproximava lentamente, como um predador prestes a dar o bote. Seus olhos me analisavam com desprezo, e havia um brilho cruel em seus lábios enquanto ela sorria, vitoriosa. A dor pulsava em meu corpo, os ferimentos latejavam, mas eu não cederia. Não agora. Não diante dela.— Eu devia ter acabado com você antes — Priscila sibilou, se inclinando para ficar mais perto. Seu hálito quente batia no meu rosto, me fazendo querer recuar, mas mantive a postura firme, não lhe daria o prazer de me ver enfraquecida.Revirei os olhos, ignorando a dor que dominava todo o meu corpo. — Você não cansa desse disco arranhado, Priscila? — respondi, tentando manter a voz firme, mesmo com cada palavra rasgando minha garganta.O sorriso dela se alargou, e sem aviso, desferiu outro golpe no meu rosto. A dor veio rápida e ardente, mas segurei o grito. Não lhe daria essa satisfação. Ela se afastou, observa
Anthonella Fagundes Lancaster O carro parou em frente ao galpão abandonado que Priscila havia indicado. O local era sombrio, sem janelas e o ar cheirando a mofo e abandono. O silêncio pesado no ar era opressor, e só o som do motor desligado quebrava o vazio que cercava o lugar. Meu coração batia acelerado, como se estivesse prestes a sair do peito, e meus olhos se voltaram para Camila no banco do motorista. — Chegamos — disse Camila, sua voz baixa. Havia uma tensão clara em seu rosto, uma determinação que eu não via há muito tempo. Joyce, ao meu lado, já estava com o celular na mão, digitando rapidamente. Ela terminou a mensagem e olhou para mim, seus olhos cheios de preocupação. — Vou enviar a localização para o Marinho — disse ela, com a voz entrecortada. Ela engoliu seco e apertou o botão de envio. — Eles precisam saber onde estamos. Se algo der errado, eles virão. Assenti, minhas mãos suadas tremiam levemente. Joyce tinha razão. Tudo podia dar errado. Estávamos entrando