Priscila BarcellaEstávamos abraçados quando ouvimos vozes no corredor. A porta se abriu e, para minha surpresa, entraram Marcelo, os meus pequenos e a Josefa, seguidos por Marta e o senhor Fos.— Mamãe! — os três gritaram ao mesmo tempo, correndo para mim.Abracei-os com força, sentindo aquela mistura de alívio e alegria que só os meus filhos me traziam. Peguei Belinha no colo, enquanto Ítalo agarrava minha perna e Laura se encostava no meu ombro.— Vocês estavam onde? — perguntei, ajeitando Belinha no braço.— A vovó Marta disse que o papai tinha que descansar, então levou a gente na brinquedoteca. A Íris saiu com a Kat pra fazer um trabalho — explicou Belinha, entregando a irmã como se fosse um assunto simples.— Eu pedi aos meus pais, e os dois deixaram — Íris disse com firmeza antes que eu tivesse tempo de falar qualquer coisa.Arqueei a sobrancelha, cruzando os braços. — Quer dizer que a sua mãe agora é só de enfeite, mocinha?Íris, no auge dos seus 14 anos, ergueu o queixo. — E
Priscila BarcellaNa manhã seguinte, acordei com um beijo suave do Liam. Ele parecia radiante, o que iluminou meu dia imediatamente. Assim que me levantei, ele foi para o quarto dele se arrumar, enquanto eu seguia para o meu. Marta já havia vestido as crianças, e só precisei pegar a Nina, toda arrumadinha para o seu primeiro dia na creche da empresa.Quando desci com ela nos braços, as crianças já estavam reunidas em volta da mesa. Me juntei a elas para tomar café, e foi então que o Liam apareceu descendo as escadas. Ele estava deslumbrante em seu terno, segurando a gravata na mão.— Nossa, papai! O senhor está maravilhoso, muito lindão! — Belinha foi a primeira a se manifestar, os olhos brilhando de orgulho.— Está lindo mesmo, pai! Mas para onde o senhor vai assim, todo chique? — Íris perguntou, com a curiosidade típica de seus catorze anos.— Vou trabalhar... — Liam respondeu, simples, mas percebi o traço de nervosismo em sua voz.— E quem vai cuidar da gente? — Ítalo interveio, fr
Liam RodriguesEstava empolgado com meu primeiro dia na FOS. Novo trabalho, novas oportunidades. Mas confesso que deixar a Nina na creche foi mais difícil do que qualquer entrevista de emprego.No estacionamento, Priscila me abraçava com força, os dedos se apertando contra minhas costas, como se quisesse atrasar o inevitável. Sentia sua respiração quente contra meu pescoço, rápida e descompassada. O nervosismo dela era palpável, e eu me peguei sorrindo. Minha Priscila, sempre tão controlada, agora parecia vulnerável.Ela se afastou um pouco, só o suficiente para me olhar nos olhos, as mãos ainda firmes nos meus braços.— Amor, precisamos ir. Se não, vou acabar sequestrando nossa própria filha de volta. — Ela tentou brincar, mas seu sorriso tremia nas bordas.— E você diz que eu sou o dramático da relação. — Inclinei a cabeça, tentando aliviar o clima. — Mas olha, se quiser desistir, a gente pega a Nina agora e inventa um plano B. Quem sabe começamos nossa própria empresa de babysittin
Priscila Barcella DIAS DEPOIS Voltar a trabalhar foi surpreendentemente fácil; o verdadeiro desafio estava em ficar longe dos meus filhos. Ainda assim, sempre que podia, pegava minha bebê para ficar comigo. Mesmo assim, o desejo constante era sempre o mesmo: chegar em casa e encontrá-los ainda acordados. A cada dia mais pessoas me diziam que eu estava mudada. Eu sorria, mas por dentro me questionava. Será que era verdade? Eu ainda era Priscila Barcella, só que, talvez, uma versão mais feliz de mim mesma. O advogado do Max trouxe alguma tranquilidade. Ele explicou que seria difícil me tirarem a guarda das crianças. Afinal, estavam bem cuidadas, felizes, e reconheciam nosso lar como o deles. Para minha surpresa, o Max foi além. Ele deu uma procuração para que o advogado resolvesse a situação da Nina com mais agilidade. Max prometeu que falaria com o padrinho dele, um juiz respeitado, para buscar soluções mais rápidas. Eu fiquei acordada naquela noite esperando uma ligação, mas a R
Liam Rodrigues Saber que a Priscila conseguiu a guarda definitiva da Nina encheu meu coração de alegria. Ver como isso a fazia feliz era tudo que importava. Enquanto as crianças tomavam banho e se arrumavam para o jantar, recebi a mensagem dela com a notícia. Não deu outra: minha mãe e Josefa começaram a planejar um jantar comemorativo na hora. Minha mãe surgiu na sala, limpando as mãos no avental, com aquele sorriso caloroso que eu adorava. — Filho — ela me chamou, e virei para ela, já sorrindo. — Oi, mãe. As crianças estão quase prontas. Você acha que devo contar a elas que a Nina agora é oficialmente filha da Priscila? Não sei se vão entender... Ela parou ao meu lado, segurando meu braço com delicadeza, como se quisesse passar segurança. — Claro que vão entender, meu amor. São crianças espertas, e elas vão entender que só saiu a adoção dela por enquanto. E logo mais todos serão adotados ela só foi a primeira o juiz não vai ser doido de não dá a guarda para vocês. Suspirei, c
Priscila Barcella Quando o Max saiu, minha sogra e a Josefa foram para a cozinha, e o Ítalo e a Íris desceram as escadas correndo.— Mãe — os dois falaram ao mesmo tempo, vindo me abraçar.— Eu amei essa ideia de festa! Posso convidar meus amigos? — Íris perguntou, sorrindo animada.— Claro que pode, meu amor. Estou tão feliz que vocês podem chamar quem quiserem — falei, e ela me olhou desconfiada, franzindo a testa.— Mãe, vamos lá no escritório — ela disse, de repente séria.— Claro. Crianças, fiquem com o papai — falei, beijando os outros três e Liam antes de seguir Íris.Assim que entramos no escritório, Íris fechou a porta, sentando-se com uma expressão preocupada.— Isso tudo não é só por causa do mesversário da Nina, né? — ela perguntou diretamente.Suspirei, me sentando ao lado dela.— Não, filha. Hoje o juiz me deu a guarda da Nina.— Só da Nina? — ela perguntou, confusa.— Por enquanto, sim. Mas não se preocupe, eu vou fazer de tudo, até o impossível, para conseguir a sua g
Priscila BarcellaA casa estava um caos, e tudo o que eu queria era um instante de paz. Subi as escadas, deixando a confusão para trás, e decidi que um banho rápido era necessário antes de enfrentar o turbilhão novamente. Mas, no fundo, eu sabia o que realmente desejava: dois minutos ao lado de Nina e Liam, longe de tudo.Cheguei à porta do quarto e sorri sem perceber. Liam estava sentado no chão com Nina, completamente imerso na brincadeira com um fantoche. Ele fazia vozes engraçadas e gesticulava exageradamente, arrancando gargalhadas gostosas da minha pequena.— Olha aqui, mocinha — disse ele, com um tom brincalhão e um bico irresistível. — Meu nome ainda não está naquele papel bobo, mas não se esqueça, viu? Eu também sou seu pai.Nina respondeu com uma risada contagiante, como se entendesse tudo.— Você com certeza é um bebê arco-íris, sabia? — Liam acrescentou com um sorriso terno, deslizando o fantoche na frente dela.— Aaaá! — Nina exclamou, toda empolgada, tentando agarrar o b
Depois de conversar com a minha mãe, mandei uma mensagem no grupo convidando os amigos. Não demorou muito para que Kat viesse falar comigo no privado. – Não sei se a minha mãe vai deixar... – ela digitou, hesitante. – E nem tem como comprar presente. Respirei fundo antes de responder: – Amiga, não precisa de presente. Acho que meus pais estão usando o mesversário da Nina como desculpa para comemorar a adoção dela. – Que bom, Íris! Imagino o quanto você está feliz. Agora, pelo menos, seu tio não vai mais conseguir a sua guarda, né? A ponta de esperança nas palavras dela fez meu peito apertar. – Não é bem assim... Só a Nina foi adotada. – Tentei manter o tom firme, mas minhas mãos tremiam. – A mamãe e o Max estão adotando ela juntos. A Nina tem uma família completa agora. Pai e mãe. E ela merece isso, merece ter pais que a amam. A resposta de Kat veio rápida, quase impaciente: – Mas eles também te amam, Íris! Engoli em seco, sentindo meu coração pesar com as palavras que saíram