Fiquei ali perdendo totalmente a noção do tempo. Até que ouvi uma batida na porta e lavei o rosto. Quando a abri, deparei-me com uma mulher mais ou menos da minha idade. Tinha cabelos loiros lisos, que passavam dos ombros. O nariz era fino e arrebitado e os olhos estreitos, pequenos, que lhe davam um ar de menina inocente. Os lábios estavam rosados embora era nítido que não usava maquiagem. Era alta e esguia e usava uma camisa branca com jeans e tênis.
- Está... Tudo bem com você? – Pareceu preocupada ao me ver.
- Sim, sim... – sorri – Tudo bem.
Saí rapidamente dali, voltando para o meu lugar. Não demorou muito e senti a presença de alguém ao meu lado. Foi quando vi a mesma mulher que minutos atrás estava na porta do banheiro.
- Desculpe a minha intromissão, mas se eu puder ajudar de alguma forma...
- Está tudo bem. – Repeti o que já havia lhe dito.
- Não, não está tudo bem. Você ficou por meia hora no banheiro e estava chorando. E temos uma
POV KILLIAN DE ALCÂNTARAEu estava com Vanessa e Jorge arrumando os pratos típicos que seriam ofertados aos jurados para serem escolhidos como o melhor da festa quando vi Calum chegando. Ansiedade me definia naquele momento. Para mim a festa do padroeiro era muito importante, pois na minha cabeça São Francisco de Assis era meu anjo protetor, já que nasci em Machia e fui deixado por minha mãe na porta de uma igreja. Deus sempre esteve ao meu lado e eu tinha certeza de que jamais deixaria de estar, por mais que eu tivesse pecado.Apesar de ser completamente apaixonado por Danna Dave, eu não tinha intenção de fazer sexo com ela antes de estar totalmente desligado da minha função frente à igreja católica. E pediria o afastamento na semana seguinte, indo diretamente à Roma e explicando a situação. O amor, infelizmente, era algo que não podia ser controlado,
As lágrimas escorreram pelas bochechas de Juliana e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, que certamente seria ainda pior e mais ofensiva, Nicolle apareceu acompanhada de Lourenço.- O que aconteceu, minha filha? - Ela inclinou-se na direção de Juliana, limpando suas lágrimas, consternada.- Killian… Está me chamando de mentirosa! - a voz dela saiu carregada de tristeza e falsidade - E cogitou a possibilidade de eu estar mentindo sobre a minha condição se ser uma inválida.- Você não é uma inválida! - Lourenço alisou os cabelos dela e me olhou - Killian irá desculpar-se.- Não, eu não irei. - Falei de forma firme - Juliana que deve desculpas e ela sabe muito bem.- Ela não lhe deve desculpas, Killian. Você tem um compromisso eterno com minha irmã desde que a deixou paraplégica por conta de sua
Optei por não avisar meu pai de minha chegada. Para quem tinha suportado um ônibus por horas conversando com uma mulher que mal conhecia e que do dia para a noite pareceu se tornar minha melhor amiga, um táxi não era nada.Assim que cheguei em casa, deixada pelo táxi na entrada, observando a muralha gigantesca que protegia a propriedade, meu coração acelerou. Era uma sensação estranha, de voltar para um lugar que eu já conhecia e ao mesmo tempo não era o meu lar. Senti algo entre felicidade e tristeza, sentimento dúbios, como eu.Apertei o interfone e ouvi a voz do vigilante:- Residência da família Dave. O que deseja?- Oi… Sou eu, Danna - avisei - Quero entrar.Acenei em frente à câmera, certa de que ele não estava prestando atenção quando apertei o interfone e se fosse há algum tempo atrás mandari
- E se ela era assim tão perfeita… E Isla é uma pessoa tão especial… O que fez com que elas se afastassem?- Sinceramente, eu não sei. E cheguei a ficar curioso no início, já que embora não fossem melhores amigas quando as conheci, elas tinham um bom relacionamento e eram afetuosas uma com a outra. Isla desde sempre foi uma boa garota, assim como sua mãe. Mas com o tempo eu parei de me interessar pelo que houve entre as duas. Se fosse algo importante ou que me dissesse respeito, Celli teria dito. Eu sempre respeitei o silêncio dela referente a isto.- E por que recorreu à Isla quando quis que eu fosse embora?- Não foi só por Isla… Foi também por Machia. Fui feliz lá… Foi onde conheci sua mãe, o amor da minha vida. E eu sabia que ela e Vanessa levavam uma vida simples e eu gostaria que pudesse vivenciar isto.Fui feliz em Mac
Fui preparada para o procedimento e colocada numa maca. Tudo era muito limpo, higienizado e os profissionais habilitados. Eu estava aguardando com duas enfermeiras quando a porta foi aberta e um homem que imaginei ser o médico entrou.Suspirei, tranquila. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver um médico na vida.Estava usando um avental para o procedimento e eu já avistava o soro e os instrumentos que certamente seriam usados. A única coisa me faltava da lista que me pediram era um acompanhante. E eu sabia que não seria um problema, já que poderia pagar também por aquilo.- Podemos conversar antes do procedimento, senhorita Dave? – Ele perguntou.- Sim. – Consenti, achando que fosse de praxe, talvez uma chance de me convencer a não fazer o aborto.- Procuramos trabalhar aqui de forma honesta... – eu quase ri quando ele disse aquilo – Por isto lhe deixarei clar
Naquela noite sonhei com algo bem estranho. Lá estava o salgueiro chorão, com seus galhos finos caindo parecendo que de forma exata a formar a “casinha” para abrigar Killian e eu. E ao chegar no nosso lugar, toquei meu rosto e percebi que um véu o cobria, feito de um tecido tão fino e macio que parecia nem existir de fato. O cordão com o crucifixo que Killian havia me dado estava no chão. Quando fui pegá-lo, percebi que estava plantado ali, o que não fazia nenhum sentido. Por mais força que eu fizesse, não conseguia retirá-lo.Até que o vi vindo na minha direção. Não contive o sorriso, que ele não conseguia observar porque o véu encobria parte de meu rosto. Tentei tirar o tecido, mas era como se estivesse grudado a mim, impossível de ser tirado já que fazia parte do meu corpo.Se tinha algo que eu detestava em Killian era quan
- Pode deixar, senhorita.- Meu pai já acordou?- Sim, ele acordou cedo. Já fez o desjejum e está na área da piscina.Sorri ao lembrar da área da piscina, meu lugar favorito na casa. Eu ainda não havia ido até lá. Me enchi de vontade de me jogar na água de temperatura ideal e ficar na parte da borda infinita, admirando toda a cidade do alto do morro onde nossa casa havia sido construída.Botar um biquini era algo fora de cogitação!Desci e fui até a área da piscina. Estava um lindo dia de sol.- Bom dia, pai.Ele levantou-se da espreguiçadeira e veio na minha direção, dando-me um beijo na testa:- Bom dia, minha filha!Toquei o lugar onde ele beijou e arqueei a sobrancelha:- Por que... Fez isto?Júlio Dave sorriu:- Era algo que eu fazia... Quando sua mãe estava conosc
Nadine olhou para as malas:- Você... Vai viajar?- Na verdade eu já viajei... – Sorri, sem jeito.- Para onde? – Pareceu confusa.- Para sua casa.Nadine ficou em silêncio, me estudando enquanto um ponto de interrogação parecia aparecer no centro de sua testa.- Eu preciso de ajuda. E se estou aqui, na sua porta, é porque realmente não tenho a quem recorrer.- Precisa da “minha” ajuda? – Pareceu surpresa.- Sim.Ela meneou a cabeça, parecendo incrédula:- Entre, Danna, por favor.Entrei com duas malas enquanto Nadine pegou as demais, levando para dentro do próprio apartamento. O lugar onde ela morava não era muito amplo, mas também não parecia ruim. Algo meio termo, que para mim parecia pouco por conta de minhas condições financeiras.Eu sabia que Nadine não era