Naquela noite sonhei com algo bem estranho. Lá estava o salgueiro chorão, com seus galhos finos caindo parecendo que de forma exata a formar a “casinha” para abrigar Killian e eu. E ao chegar no nosso lugar, toquei meu rosto e percebi que um véu o cobria, feito de um tecido tão fino e macio que parecia nem existir de fato. O cordão com o crucifixo que Killian havia me dado estava no chão. Quando fui pegá-lo, percebi que estava plantado ali, o que não fazia nenhum sentido. Por mais força que eu fizesse, não conseguia retirá-lo.
Até que o vi vindo na minha direção. Não contive o sorriso, que ele não conseguia observar porque o véu encobria parte de meu rosto. Tentei tirar o tecido, mas era como se estivesse grudado a mim, impossível de ser tirado já que fazia parte do meu corpo.
Se tinha algo que eu detestava em Killian era quan
- Pode deixar, senhorita.- Meu pai já acordou?- Sim, ele acordou cedo. Já fez o desjejum e está na área da piscina.Sorri ao lembrar da área da piscina, meu lugar favorito na casa. Eu ainda não havia ido até lá. Me enchi de vontade de me jogar na água de temperatura ideal e ficar na parte da borda infinita, admirando toda a cidade do alto do morro onde nossa casa havia sido construída.Botar um biquini era algo fora de cogitação!Desci e fui até a área da piscina. Estava um lindo dia de sol.- Bom dia, pai.Ele levantou-se da espreguiçadeira e veio na minha direção, dando-me um beijo na testa:- Bom dia, minha filha!Toquei o lugar onde ele beijou e arqueei a sobrancelha:- Por que... Fez isto?Júlio Dave sorriu:- Era algo que eu fazia... Quando sua mãe estava conosc
Nadine olhou para as malas:- Você... Vai viajar?- Na verdade eu já viajei... – Sorri, sem jeito.- Para onde? – Pareceu confusa.- Para sua casa.Nadine ficou em silêncio, me estudando enquanto um ponto de interrogação parecia aparecer no centro de sua testa.- Eu preciso de ajuda. E se estou aqui, na sua porta, é porque realmente não tenho a quem recorrer.- Precisa da “minha” ajuda? – Pareceu surpresa.- Sim.Ela meneou a cabeça, parecendo incrédula:- Entre, Danna, por favor.Entrei com duas malas enquanto Nadine pegou as demais, levando para dentro do próprio apartamento. O lugar onde ela morava não era muito amplo, mas também não parecia ruim. Algo meio termo, que para mim parecia pouco por conta de minhas condições financeiras.Eu sabia que Nadine não era
- Ele me mandou embora por um ano. – Lembrei, ressentida.- Júlio queria o melhor para você. E naquela época foi um ato de proteção, já que as coisas estavam pegando fogo por aqui com relação a acusação que você fez contra o professor Gatti.- Não há risco de papai me encontrar aqui então?- Não.- E há risco de você contar a ele que estou aqui?- Não. Eu não contarei, Danna.- E nem que estou grávida?- Nem que está grávida. Você é adulta e as decisões são suas e não de Júlio. Se eu concordo com esta ideia de você levar uma criança por nove meses na sua barriga e depois entregar para outra pessoa criar? Não, não concordo. Mas eu não sou a mãe. Então não tenho direito de decidir.
Depois da morte de minha mãe, eu e meu pai nunca mais havíamos saído para qualquer coisa juntos, fosse um simples jantar num restaurante ou até mesmo uma viagem.Mas ele me ligou dizendo que gostaria que eu lhe fizesse companhia para jantarmos naquela data que era especial para nós dois, ainda que comemorássemos em silêncio. Não adiantou dizer que eu estava longe porque ele não se deu por satisfeito.Pus uma cinta de alta compressão na barriga e um vestido largo para não deixar evidente a gravidez. Eu não queria ser descoberta de forma alguma. Minha barriga seguia não crescendo muito e o médico havia dito que seria um bebê pequeno. Eu não sabia o sexo e embora Nadine fosse muito curiosa, não a deixei perguntar.- Oi, pai. – Falei assim que o vi, sentado à mesa de um dos restaurantes mais caros da cidade, que havia reservado para n&oac
POV VANESSAAssim que recebi a carta de minha prima, corri para o quarto, porque gostaria de ler sozinha e de forma tranquila. Até o papel tinha o cheiro dela. Me flagrei sorrindo sozinha ao analisar a péssima caligrafia, como se tivesse escrito preguiçosamente, o que eu não imaginava diferente partindo de Danna Dave. Eu até conseguia ver o semblante de tédio e incredulidade dela por estar escrevendo em papel e tendo que se prestar a usar um selo.Será que Danna sabia o que era um selo? Certamente alguém havia posto a carta para ela no correio. Não era algo que minha prima faria pessoalmente.“Prima Vanessa (e sim, estou rindo disto)! Conhecer você e sua mãe talvez tenha sido uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida. E se eu pudesse voltar no tempo e soubesse o quanto iria gostar de vocês, certamente teria pedido para minha mãe que nos a
- Eu não acredito que você fez isto! – Fiquei chocada com o fato de Vanessa estar de novo com Lourenço.- Ah, se for a sua prima tudo bem ficar com ele. Mas eu não posso?- Ele engravidou você... E depois a fez tirar a criança, contra a sua vontade!- Eu também fui culpada... Era ingênua e não sabia ao certo o que fazia. Não fui firme e decidida. Se eu tivesse sido mais convincente, Lourenço não teria feito o que fez.Balancei a cabeça e levantei-me da cama, andando de um lado para o outro, sentindo náusea. O que a porra daquele homem tinha que deixava praticamente todas as mulheres loucas por ele? Era um drogado, idiota, convencido, estuprador e assassino de bebês por nascer.- Não acredito que dormiu com ele!- Que mal tem? Agora eu sei o que é camisinha. E não voltarei a ficar grávida.- Se ele n&at
Eu estava nervosa naquela manhã. Passaria o domingo na casa de Jorge e conheceria sua família. Já estávamos juntos há alguns meses e fiquei feliz por ele ter me convidado.Eles moravam há mais ou menos uma hora de Machia. A casa, enorme, ficava num sítio muito bem situado numa extensa propriedade rural.Eu só não queria que eles pudessem pensar que eu estava com Jorge por dinheiro. Porque as condições financeiras dele iam bem além da minha.Mas meu nervosismo passou assim que conheci todos. Eram simpáticos, alegres e unidos. A vó comandava a família. O pai de Jorge ajudava ela, junto do irmão. Sua mãe era gentil e logo me chamou para ajudar no preparo do almoço, ficando junto das mulheres da família. Me senti acolhida. Só senti falta de crianças, naquela família tão grande, onde estavam presentes t
- Não se sinta pressionada. Não precisamos fazer o que ela pediu. Entre o desejo de minha avó e a nossa decisão… Fico com a segunda opção.- Eu… Não me importo de termos um filho para que ela possa realizar o último desejo, que é o de ter um bisneto. Mas… Por que você a lhe dar o bisneto e não os outros?- Sempre tive uma ligação mais próxima com ela. Talvez se fosse um primo meu a ter o filho ela não considerasse tanto.- Me pareceu… Que ela gostava de todos da mesma forma.- E gosta. Eu só sou o preferido. Isto não significa que ela goste mais de mim. - Olhei para trás e vi seu sorriso e comecei a rir.- Vou entender isto como a fala de um advogado de defesa em prol de si mesmo. - Ri.- Esqueça esta história de filho.Virei-me para Jorge e lhe dei um beijo:- N&