- Ele me mandou embora por um ano. – Lembrei, ressentida.
- Júlio queria o melhor para você. E naquela época foi um ato de proteção, já que as coisas estavam pegando fogo por aqui com relação a acusação que você fez contra o professor Gatti.
- Não há risco de papai me encontrar aqui então?
- Não.
- E há risco de você contar a ele que estou aqui?
- Não. Eu não contarei, Danna.
- E nem que estou grávida?
- Nem que está grávida. Você é adulta e as decisões são suas e não de Júlio. Se eu concordo com esta ideia de você levar uma criança por nove meses na sua barriga e depois entregar para outra pessoa criar? Não, não concordo. Mas eu não sou a mãe. Então não tenho direito de decidir.
Depois da morte de minha mãe, eu e meu pai nunca mais havíamos saído para qualquer coisa juntos, fosse um simples jantar num restaurante ou até mesmo uma viagem.Mas ele me ligou dizendo que gostaria que eu lhe fizesse companhia para jantarmos naquela data que era especial para nós dois, ainda que comemorássemos em silêncio. Não adiantou dizer que eu estava longe porque ele não se deu por satisfeito.Pus uma cinta de alta compressão na barriga e um vestido largo para não deixar evidente a gravidez. Eu não queria ser descoberta de forma alguma. Minha barriga seguia não crescendo muito e o médico havia dito que seria um bebê pequeno. Eu não sabia o sexo e embora Nadine fosse muito curiosa, não a deixei perguntar.- Oi, pai. – Falei assim que o vi, sentado à mesa de um dos restaurantes mais caros da cidade, que havia reservado para n&oac
POV VANESSAAssim que recebi a carta de minha prima, corri para o quarto, porque gostaria de ler sozinha e de forma tranquila. Até o papel tinha o cheiro dela. Me flagrei sorrindo sozinha ao analisar a péssima caligrafia, como se tivesse escrito preguiçosamente, o que eu não imaginava diferente partindo de Danna Dave. Eu até conseguia ver o semblante de tédio e incredulidade dela por estar escrevendo em papel e tendo que se prestar a usar um selo.Será que Danna sabia o que era um selo? Certamente alguém havia posto a carta para ela no correio. Não era algo que minha prima faria pessoalmente.“Prima Vanessa (e sim, estou rindo disto)! Conhecer você e sua mãe talvez tenha sido uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida. E se eu pudesse voltar no tempo e soubesse o quanto iria gostar de vocês, certamente teria pedido para minha mãe que nos a
- Eu não acredito que você fez isto! – Fiquei chocada com o fato de Vanessa estar de novo com Lourenço.- Ah, se for a sua prima tudo bem ficar com ele. Mas eu não posso?- Ele engravidou você... E depois a fez tirar a criança, contra a sua vontade!- Eu também fui culpada... Era ingênua e não sabia ao certo o que fazia. Não fui firme e decidida. Se eu tivesse sido mais convincente, Lourenço não teria feito o que fez.Balancei a cabeça e levantei-me da cama, andando de um lado para o outro, sentindo náusea. O que a porra daquele homem tinha que deixava praticamente todas as mulheres loucas por ele? Era um drogado, idiota, convencido, estuprador e assassino de bebês por nascer.- Não acredito que dormiu com ele!- Que mal tem? Agora eu sei o que é camisinha. E não voltarei a ficar grávida.- Se ele n&at
Eu estava nervosa naquela manhã. Passaria o domingo na casa de Jorge e conheceria sua família. Já estávamos juntos há alguns meses e fiquei feliz por ele ter me convidado.Eles moravam há mais ou menos uma hora de Machia. A casa, enorme, ficava num sítio muito bem situado numa extensa propriedade rural.Eu só não queria que eles pudessem pensar que eu estava com Jorge por dinheiro. Porque as condições financeiras dele iam bem além da minha.Mas meu nervosismo passou assim que conheci todos. Eram simpáticos, alegres e unidos. A vó comandava a família. O pai de Jorge ajudava ela, junto do irmão. Sua mãe era gentil e logo me chamou para ajudar no preparo do almoço, ficando junto das mulheres da família. Me senti acolhida. Só senti falta de crianças, naquela família tão grande, onde estavam presentes t
- Não se sinta pressionada. Não precisamos fazer o que ela pediu. Entre o desejo de minha avó e a nossa decisão… Fico com a segunda opção.- Eu… Não me importo de termos um filho para que ela possa realizar o último desejo, que é o de ter um bisneto. Mas… Por que você a lhe dar o bisneto e não os outros?- Sempre tive uma ligação mais próxima com ela. Talvez se fosse um primo meu a ter o filho ela não considerasse tanto.- Me pareceu… Que ela gostava de todos da mesma forma.- E gosta. Eu só sou o preferido. Isto não significa que ela goste mais de mim. - Olhei para trás e vi seu sorriso e comecei a rir.- Vou entender isto como a fala de um advogado de defesa em prol de si mesmo. - Ri.- Esqueça esta história de filho.Virei-me para Jorge e lhe dei um beijo:- N&
- Infelizmente não poderei ir, papai.- Como assim, Danna? Elas te acolheram por meses… E agora você simplesmente ignora o convite de sua prima?- Eu estou fazendo um curso aqui… E tenho prova. - Inventei na hora.- Prova? Curso de que?“De como parir sem sentir dor”. Claro que pensei, mas não falei.- Turismo e Hotelaria - Me veio à cabeça.- Mas… Pensa em trabalhar com isto?- Sempre foi meu sonho! – Menti descaradamente.- Por que nunca me contou?- Porque… Não conversávamos muito.- Nossa, Danna! Não a reconheço mais.- Nem eu, pai.- Estou cada vez mais orgulhoso de você… E do que se tornou.- Entenda que eu adoro Vanessa e tia Isla. Mas realmente não é possível ir agora. Sou muito responsável com meus estudos. Ah, e nem sei se mencionei, mas
Eu não quis ver a criança. Nadine levou o recém-nascido para o apartamento dela e eu fiquei na casa alugada por alguns dias, sob os cuidados da enfermeira.Não bastava tudo que sofri, ainda padeci com os peitos inchados e doloridos, vertendo leite, fazendo com que eu me sentisse uma vaca, tanto por produzir aquela coisa quanto por saber que teria realmente coragem de abandonar a miniatura de miniatura.Nadine veio me buscar de carro naquela tarde. Assim que embarquei, percebi que o bebê estava no banco de trás. Embora eu tivesse certa curiosidade para vê-lo, não o fiz.Já sabia que a criança tinha se comportado bem porque Nadine me disse, mesmo eu não perguntando. Conforme ela, só dormia e sempre de forma tranquila e havia aceitado bem a fórmula que substituía o leite materno.- Sua cara está ótima! - Nadine observou assim que me viu, dando a part
- Seja bem-vindo, garotão! - dei-lhe um beijo na bochecha macia e cheirosa - Deram banho nele?- Sim - irmã Celina confirmou, com um sorriso.Andei com o menino no meu colo, completamente encantado. Eu amava crianças e talvez aquele teria um significado especial para mim, já que foi abandonado exatamente como eu. Assim que sua mãe lhe deu a luz, livrou-se dele.- Encontrará amor e carinho aqui, eu garanto! Nunca lhe faltará nada. – Garanti, enquanto o observava dormir tranquilamente, feito um anjo.Sempre imaginei anjos como crianças. Para mim crianças eram a prova de que Deus ainda amava a humanidade. Enquanto elas nascessem ou estivessem entre nós, Deus ainda não havia desistido.- Como o chamaremos? – Alegra parou ao meu lado, olhando para cima, curiosa.- Não tenho ideia... O que você acha?- Pode ter o sobrenome Dave de Alcâ