Optei por não avisar meu pai de minha chegada. Para quem tinha suportado um ônibus por horas conversando com uma mulher que mal conhecia e que do dia para a noite pareceu se tornar minha melhor amiga, um táxi não era nada.
Assim que cheguei em casa, deixada pelo táxi na entrada, observando a muralha gigantesca que protegia a propriedade, meu coração acelerou. Era uma sensação estranha, de voltar para um lugar que eu já conhecia e ao mesmo tempo não era o meu lar. Senti algo entre felicidade e tristeza, sentimento dúbios, como eu.
Apertei o interfone e ouvi a voz do vigilante:
- Residência da família Dave. O que deseja?
- Oi… Sou eu, Danna - avisei - Quero entrar.
Acenei em frente à câmera, certa de que ele não estava prestando atenção quando apertei o interfone e se fosse há algum tempo atrás mandari
- E se ela era assim tão perfeita… E Isla é uma pessoa tão especial… O que fez com que elas se afastassem?- Sinceramente, eu não sei. E cheguei a ficar curioso no início, já que embora não fossem melhores amigas quando as conheci, elas tinham um bom relacionamento e eram afetuosas uma com a outra. Isla desde sempre foi uma boa garota, assim como sua mãe. Mas com o tempo eu parei de me interessar pelo que houve entre as duas. Se fosse algo importante ou que me dissesse respeito, Celli teria dito. Eu sempre respeitei o silêncio dela referente a isto.- E por que recorreu à Isla quando quis que eu fosse embora?- Não foi só por Isla… Foi também por Machia. Fui feliz lá… Foi onde conheci sua mãe, o amor da minha vida. E eu sabia que ela e Vanessa levavam uma vida simples e eu gostaria que pudesse vivenciar isto.Fui feliz em Mac
Fui preparada para o procedimento e colocada numa maca. Tudo era muito limpo, higienizado e os profissionais habilitados. Eu estava aguardando com duas enfermeiras quando a porta foi aberta e um homem que imaginei ser o médico entrou.Suspirei, tranquila. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver um médico na vida.Estava usando um avental para o procedimento e eu já avistava o soro e os instrumentos que certamente seriam usados. A única coisa me faltava da lista que me pediram era um acompanhante. E eu sabia que não seria um problema, já que poderia pagar também por aquilo.- Podemos conversar antes do procedimento, senhorita Dave? – Ele perguntou.- Sim. – Consenti, achando que fosse de praxe, talvez uma chance de me convencer a não fazer o aborto.- Procuramos trabalhar aqui de forma honesta... – eu quase ri quando ele disse aquilo – Por isto lhe deixarei clar
Naquela noite sonhei com algo bem estranho. Lá estava o salgueiro chorão, com seus galhos finos caindo parecendo que de forma exata a formar a “casinha” para abrigar Killian e eu. E ao chegar no nosso lugar, toquei meu rosto e percebi que um véu o cobria, feito de um tecido tão fino e macio que parecia nem existir de fato. O cordão com o crucifixo que Killian havia me dado estava no chão. Quando fui pegá-lo, percebi que estava plantado ali, o que não fazia nenhum sentido. Por mais força que eu fizesse, não conseguia retirá-lo.Até que o vi vindo na minha direção. Não contive o sorriso, que ele não conseguia observar porque o véu encobria parte de meu rosto. Tentei tirar o tecido, mas era como se estivesse grudado a mim, impossível de ser tirado já que fazia parte do meu corpo.Se tinha algo que eu detestava em Killian era quan
- Pode deixar, senhorita.- Meu pai já acordou?- Sim, ele acordou cedo. Já fez o desjejum e está na área da piscina.Sorri ao lembrar da área da piscina, meu lugar favorito na casa. Eu ainda não havia ido até lá. Me enchi de vontade de me jogar na água de temperatura ideal e ficar na parte da borda infinita, admirando toda a cidade do alto do morro onde nossa casa havia sido construída.Botar um biquini era algo fora de cogitação!Desci e fui até a área da piscina. Estava um lindo dia de sol.- Bom dia, pai.Ele levantou-se da espreguiçadeira e veio na minha direção, dando-me um beijo na testa:- Bom dia, minha filha!Toquei o lugar onde ele beijou e arqueei a sobrancelha:- Por que... Fez isto?Júlio Dave sorriu:- Era algo que eu fazia... Quando sua mãe estava conosc
Nadine olhou para as malas:- Você... Vai viajar?- Na verdade eu já viajei... – Sorri, sem jeito.- Para onde? – Pareceu confusa.- Para sua casa.Nadine ficou em silêncio, me estudando enquanto um ponto de interrogação parecia aparecer no centro de sua testa.- Eu preciso de ajuda. E se estou aqui, na sua porta, é porque realmente não tenho a quem recorrer.- Precisa da “minha” ajuda? – Pareceu surpresa.- Sim.Ela meneou a cabeça, parecendo incrédula:- Entre, Danna, por favor.Entrei com duas malas enquanto Nadine pegou as demais, levando para dentro do próprio apartamento. O lugar onde ela morava não era muito amplo, mas também não parecia ruim. Algo meio termo, que para mim parecia pouco por conta de minhas condições financeiras.Eu sabia que Nadine não era
- Ele me mandou embora por um ano. – Lembrei, ressentida.- Júlio queria o melhor para você. E naquela época foi um ato de proteção, já que as coisas estavam pegando fogo por aqui com relação a acusação que você fez contra o professor Gatti.- Não há risco de papai me encontrar aqui então?- Não.- E há risco de você contar a ele que estou aqui?- Não. Eu não contarei, Danna.- E nem que estou grávida?- Nem que está grávida. Você é adulta e as decisões são suas e não de Júlio. Se eu concordo com esta ideia de você levar uma criança por nove meses na sua barriga e depois entregar para outra pessoa criar? Não, não concordo. Mas eu não sou a mãe. Então não tenho direito de decidir.
Depois da morte de minha mãe, eu e meu pai nunca mais havíamos saído para qualquer coisa juntos, fosse um simples jantar num restaurante ou até mesmo uma viagem.Mas ele me ligou dizendo que gostaria que eu lhe fizesse companhia para jantarmos naquela data que era especial para nós dois, ainda que comemorássemos em silêncio. Não adiantou dizer que eu estava longe porque ele não se deu por satisfeito.Pus uma cinta de alta compressão na barriga e um vestido largo para não deixar evidente a gravidez. Eu não queria ser descoberta de forma alguma. Minha barriga seguia não crescendo muito e o médico havia dito que seria um bebê pequeno. Eu não sabia o sexo e embora Nadine fosse muito curiosa, não a deixei perguntar.- Oi, pai. – Falei assim que o vi, sentado à mesa de um dos restaurantes mais caros da cidade, que havia reservado para n&oac
POV VANESSAAssim que recebi a carta de minha prima, corri para o quarto, porque gostaria de ler sozinha e de forma tranquila. Até o papel tinha o cheiro dela. Me flagrei sorrindo sozinha ao analisar a péssima caligrafia, como se tivesse escrito preguiçosamente, o que eu não imaginava diferente partindo de Danna Dave. Eu até conseguia ver o semblante de tédio e incredulidade dela por estar escrevendo em papel e tendo que se prestar a usar um selo.Será que Danna sabia o que era um selo? Certamente alguém havia posto a carta para ela no correio. Não era algo que minha prima faria pessoalmente.“Prima Vanessa (e sim, estou rindo disto)! Conhecer você e sua mãe talvez tenha sido uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida. E se eu pudesse voltar no tempo e soubesse o quanto iria gostar de vocês, certamente teria pedido para minha mãe que nos a