- Pai... Por favor, acalme-se! – Pedi, com um pouco de dó de Jax.
- Acalmar-me? – Júlio Dave olhou para mim e depois para o professor – Só não quebro a sua cara aqui mesmo porque sei que pagará pelo crime que cometeu.
- Eu não fiz nada, senhor Dave. – Jax me olhou, implorando por ajuda.
A mulher deu um passo, ficando à frente de Jax e olhando com audácia para meu pai:
- O senhor deveria se envergonhar de apoiar as mentiras da sua filha louca. – Pôs o dedo em riste na direção dele.
- Cuide como fala! Não sabe com quem está lidando. – Meu pai disse entredentes.
- Não sei e não quero saber. Acha que tenho medo do seu sobrenome ou do quanto tem de dinheiro na sua conta bancária? A verdade virá à tona e o senhor terá que pedir desculpas ao meu marido por ter acreditado nesta mulher
- Onde aconteceu o assédio?- Na sala de aula, após o término do período do professor.- E por que estavam só vocês dois ao final da aula, sem a presença de nenhum outro colega?- Porque eu que tinha dúvidas sobre a matéria e não os outros colegas. – Respondi de forma firme.- Sua amiga... Moana... – ele leu o nome dela anotado em um dos seus milhares de papéis – Fez questão de deixar claro que você pediu que ela ficasse do lado de fora da sala e trancasse a porta, não deixando ninguém entrar.Fiquei em silêncio, incrédula sobre Moana ter falado aquilo. Era um absurdo minha amiga ter me traído daquele jeito.- Você pediu que sua amiga trancasse a porta enquanto estivesse com o professor Jax na sala, após a aula? – O delegado me perguntou em tom sério.- Delegado, n&atild
Cidade de Machia, anos antesAs mãos de Juliana me tocavam sobre a calça e eu ria, tentando me desvencilhar:- Estou dirigindo, Juliana!- E que importância isto tem? - Ela riu, de forma provocante.- Preciso ficar atento ao trânsito.- Como se tivesse muito movimento em Machia. - Gargalhou, não me dando atenção e pondo uma de suas mãos dentro da minha, alcançando meu pau completamente endurecido.- E se saíssemos de Machia? - Sugeri.- Você propondo isto? - Ela parou a mão de repente, ainda dentro da minha calça.- Não estou falando de sair daqui para viver fora da cidade - ri, olhando-a de relance - Estou falando de irmos a algum lugar diferente agora, neste momento.Juliana suspirou e fez beicinho:- Me diga que um dia me levará embora desta porra de cidade.- Sabe que Machia é importante para mim
Quando abri os olhos novamente, percebi que estava num hospital. Tentei levantar, mas fui impedido por alguém. Deparei-me com o padre José:- Pai?- Tente se acalmar, meu filho. Ainda não pode levantar.Senti uma leve dor na cabeça e olhei ao redor, me dando em conta de que estávamos somente nós dois ali:- Juliana? Onde ela está?O padre José evitou meus olhos e senti um frio na barriga:- Pai, me diga que Juliana está bem.- Eu não posso mentir, Killian.Engoli em seco, fazendo uma nova tentativa de levantar, que ele conteve:- Você também se feriu.“Também”? O que aquilo queria dizer? Que Juliana também estava ferida?- Como ela está? Me diga que não foi nada grave, por favor.Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa a porta se abriu e entrou uma mulher que imaginei ser a m&
- Sim... Eu já estive lá, orando por você e Juliana.- Me leve lá, pai... Por favor.- Claro, meu filho. - Ele disse saindo pela porta automática da recepção, contornando o pequeno prédio do hospital, dirigindo-se para os fundos.Havia uma pequena capela, que servia realmente só para rezar, certamente onde não eram ministradas missas, já que cabiam ali talvez no máximo 20 pessoas.Passei pelo pequeno corredor indo diretamente para o pequeno altar, onde ajoelhei-me e olhei diretamente para a imagem de Jesus Cristo na cruz. Embora pequena, a imagem totalmente dourada, acompanhada de todos os doze apóstolos, cada um na sua ordem, também pregados à parede, trazia uma paz indescritível.Eu não tinha certeza se eu acreditava tanto em Deus e havia tanta fé dentro de mim porque eu vivi por 19 anos praticamente dentro de uma igreja, s
Capital de Noriah Norte, anos antesEu estava deitada com a cabeça no colo de minha mãe, com uma perna sobre a outra, enquanto ela alisava meus cabelos e me contava sobre Pablo Picasso, seu artista preferido:- O pai de Picasso era pintor e desenhista e foi quem lhe ensinou os primeiros passos na arte. Por isso que a primeira tela ele pintou aos oito anos, onde retrata as cenas de touradas. Com 14 anos Picasso já era reconhecido por sua arte em escolas de pintura.- Acha que ele era tão bom porque foi ensinado cedo? – Perguntei, pondo a mão na frente dos olhos, enquanto via as folhas das árvores se mexendo acima, como se dançassem com a brisa morna que soprava no parque.- Bem, se morrendo aos 91 anos ele deixou um legado de aproximadamente 1880 pinturas, 1335 esculturas, 880 cerâmicas e 7089 desenhos não creio que tudo isto seja somente pelo fato de que “foi ensinado cedo”. &
- Eu acho que está ficando tarde... E precisamos ir. – Ela olhou para o sol, que começava a se pôr.Assim que ela falou em ir embora, peguei Lúcia, minha boneca.- Pode esquecer tudo, menos a Lúcia, não é mesmo?- Ela é a minha filha... Não se esquece os filhos.- Isso é verdade... E sabe de uma coisa? Estou feliz, porque já sei que você será uma boa mãe.- Talvez eu não herde o dom da pintura de você, mas sim o da maternidade. – Ri e fiz careta.- Seu pai que ficará feliz que você não irá para o lado das Artes... Afinal, talvez futuramente ele tenha a herdeira ao seu lado, administrando os negócios da família.- Não quero trabalhar na empresa... Não se tem tempo para nada.Ela suspirou, enquanto recolhia nossas coisas:- Ah, a vida é assim,
- Se eu fosse um animal, seria um vagalume. – Ela disse – E você?- Eu seria um gato.Ela riu:- Um gato? Por que um gato?- Porque eles são preguiçosos, não precisam fazer nada além de comer e dormir e são alisados o dia inteiro.- Faz sentido, sua espertinha.- Podemos ter um gato? Eu gosto de gatos! Posso pedir um gato de aniversário de dez anos?Ela suspirou:- Seu pai é alérgico a pêlos de animais.- Então é melhor eu ter vagalumes mesmo.Celli riu e me apertou com força contra seu corpo:- Você quer saber por que eu seria um vagalume, já que ele não é preguiçoso e não come e dorme o dia inteiro?- Por que você queria ser um vagalume? – Realmente fiquei curiosa.- Para poder iluminar seu caminho para o resto da vida.Eu ri, achand
Abri os olhos e senti uma dor intensa na minha perna, que estava trancada entre o banco da frente e o de trás. Fiquei confusa sobre como os bancos ficaram tão próximos. Estava tudo escuro... Mas luzes piscavam à frente, iluminando o nada que a escuridão trazia e imaginei que fossem os faróis.- Mãe? – Chamei, sem êxito.Tentei me mover, mas a perna continuava trancada e conforme eu tentava movê-la, doía muito.- Mãe... Onde você está? – Gritei.Ouvi um gemido e percebi que ela estava no carro, embora eu não conseguisse vê-la por conta da escuridão. Puxei a perna com força, sentindo uma dor quase insuportável e urrei.- Danna? – A voz dela estava fraca, a ponto de quase não dar para escutar.Tentei empurrar a porta do meu lado, mas não abriu. Fui para o outro lado e bati o pé com for&