Suspirei:
- Acho que a vida dá um jeito de punir as pessoas que fazem o mal. Olhe o que ela fez comigo! – Deixei meus braços descansarem ao longo do corpo.
- Espero que a vida seja bem severa com ele.
- Eu aposto que será. Mas eu já não tenho forças para medir. Só de olhá-lo meu corpo estremece de medo.
- Por que não conta ao padre Killian em confissão?
- Não... Eu ainda não tenho coragem.
Vanessa suspirou e me deu um beijo:
- Talvez um dia consiga botar para fora. E quem sabe seus olhos voltem a brilhar com tanta alegria quanto antes.
A abracei e disse:
- Não irei com você para casa.
- Não?
- Eu... Vou dormir no salgueiro chorão.
Vanessa estreitou os olhos:
- Como assim?
- Ouvi dizer... Que hoje vagalumes aparecerão por lá.
Vanessa balançou a
Quando cheguei em casa deparei-me com pai José na cozinha, preparando o jantar. Franzi a testa:- Sabe que horas são? - Perguntei.- Já passa da meia-noite. - Ele disse de forma tranquila.- E você está preparando uma refeição?- Vá tomar um banho, Killian. Precisamos conversar.- Pode ser agora? - Fiquei muito curioso.- Não, não pode ser agora… O cheiro dela ainda está impregnado em você.Meu coração imediatamente acelerou e senti as pernas trêmulas. Era tão perceptível assim?Fui fazer o que ele mandou. Entrei no chuveiro e fiquei a observar a água morna escorrer pelo meu corpo, retirando tudo que havia restado dela. E aquilo parecia errado, pois eu deitaria na cama logo mais e não teria mais nada de Danna.Não tive pressa no banho e quando cheguei na cozinha o jantar estava p
POV DANNA DAVEEra manhã de domingo. Eu, Vanessa Isla arrumávamos as crianças para a festa da padroeira. Jorge e Calum também estavam ajudando, principalmente com os garotos.Embora eu tentasse dar atenção para todos da mesma forma, minha preferência pela pequena Alegra era nítida. E sempre que eu a procurava com os olhos, a encontrava me encarando com um sorriso.Eu não queria cogitar a hipótese de adotar aquela menina. Nunca tive jeito com miniaturas de pessoas. Mas aquela criaturinha parecia tão diferente... Sem contar o fato de ter sido meu primeiro contato com crianças.Do nada ela veio correndo na minha direção e abraçou-me. Eu já nem poderia dizer que me surpreendi com o gesto dela, já que Alegra era uma caixinha de surpresas.- Eu amo você, Danna Dave. – Ela sorriu enquanto levantava o rostinho na minha dire&cced
Ele riu:- Pode ir no ônibus. Estou de carro.- De onde você tirou um carro?- Emprestado. – Ele piscou e saiu.Respirei fundo e toquei o crucifixo, sem palavras. Eu estava completamente tomada de emoções... E sentia todo o amor do mundo dentro de mim.Esperei que Killian entrasse no carro e partisse, enquanto observava da janela. Assim que ele se foi, saí do quarto. Senti uma tontura e de repente tudo ficou escuro. E desabei.Despertei deitada no sofá, com Calum, Jorge e Vanessa me olhando.Encarei-os, tentando entender como fui parar ali:- O que houve? - Perguntei, confusa.- Você desmaiou. - Calum explicou.- Ok, agora vamos para a festa. - Falei tentando levantar, sentindo um enjoo horrível.- Não, você primeiro irá ao hospital. - Vanessa disse de forma séria.Eu ri:- Claro que não
- Danna… O padre engravidou você?- Não… - Minha voz mal saiu.Calum ficou surpreso. Passavam mil coisas na minha cabeça naquele momento, entre elas voltar para a cachoeira e me jogar lá de cima.Toquei o crucifixo que Killian havia me dado e sentei-me no cordão da calçada, abaixando a cabeça, ainda incrédula. Comecei a rir quando me flagrei com um crucifixo entre meus dedos… Sim, eu, a pessoa que não acreditava em Deus, havia ganhado aquilo como símbolo do amor de Killian por mim. Deus não existia e cada vez mais eu me convencia daquilo.- Achei que eu estava comendo demais… - Falei mais para mim mesma do que para Calum.- Sim, observei que você ganhou peso desde que a conheci.O olhei:-Você… Cogitava isto?- Na verdade, não. Imaginei que se você tivesse grávida saberia.- Estou
Fiquei ali perdendo totalmente a noção do tempo. Até que ouvi uma batida na porta e lavei o rosto. Quando a abri, deparei-me com uma mulher mais ou menos da minha idade. Tinha cabelos loiros lisos, que passavam dos ombros. O nariz era fino e arrebitado e os olhos estreitos, pequenos, que lhe davam um ar de menina inocente. Os lábios estavam rosados embora era nítido que não usava maquiagem. Era alta e esguia e usava uma camisa branca com jeans e tênis.- Está... Tudo bem com você? – Pareceu preocupada ao me ver.- Sim, sim... – sorri – Tudo bem.Saí rapidamente dali, voltando para o meu lugar. Não demorou muito e senti a presença de alguém ao meu lado. Foi quando vi a mesma mulher que minutos atrás estava na porta do banheiro.- Desculpe a minha intromissão, mas se eu puder ajudar de alguma forma...- Está tudo bem. – Repeti o que já havia lhe dito.- Não, não está tudo bem. Você ficou por meia hora no banheiro e estava chorando. E temos uma
POV KILLIAN DE ALCÂNTARAEu estava com Vanessa e Jorge arrumando os pratos típicos que seriam ofertados aos jurados para serem escolhidos como o melhor da festa quando vi Calum chegando. Ansiedade me definia naquele momento. Para mim a festa do padroeiro era muito importante, pois na minha cabeça São Francisco de Assis era meu anjo protetor, já que nasci em Machia e fui deixado por minha mãe na porta de uma igreja. Deus sempre esteve ao meu lado e eu tinha certeza de que jamais deixaria de estar, por mais que eu tivesse pecado.Apesar de ser completamente apaixonado por Danna Dave, eu não tinha intenção de fazer sexo com ela antes de estar totalmente desligado da minha função frente à igreja católica. E pediria o afastamento na semana seguinte, indo diretamente à Roma e explicando a situação. O amor, infelizmente, era algo que não podia ser controlado,
As lágrimas escorreram pelas bochechas de Juliana e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, que certamente seria ainda pior e mais ofensiva, Nicolle apareceu acompanhada de Lourenço.- O que aconteceu, minha filha? - Ela inclinou-se na direção de Juliana, limpando suas lágrimas, consternada.- Killian… Está me chamando de mentirosa! - a voz dela saiu carregada de tristeza e falsidade - E cogitou a possibilidade de eu estar mentindo sobre a minha condição se ser uma inválida.- Você não é uma inválida! - Lourenço alisou os cabelos dela e me olhou - Killian irá desculpar-se.- Não, eu não irei. - Falei de forma firme - Juliana que deve desculpas e ela sabe muito bem.- Ela não lhe deve desculpas, Killian. Você tem um compromisso eterno com minha irmã desde que a deixou paraplégica por conta de sua
Optei por não avisar meu pai de minha chegada. Para quem tinha suportado um ônibus por horas conversando com uma mulher que mal conhecia e que do dia para a noite pareceu se tornar minha melhor amiga, um táxi não era nada.Assim que cheguei em casa, deixada pelo táxi na entrada, observando a muralha gigantesca que protegia a propriedade, meu coração acelerou. Era uma sensação estranha, de voltar para um lugar que eu já conhecia e ao mesmo tempo não era o meu lar. Senti algo entre felicidade e tristeza, sentimento dúbios, como eu.Apertei o interfone e ouvi a voz do vigilante:- Residência da família Dave. O que deseja?- Oi… Sou eu, Danna - avisei - Quero entrar.Acenei em frente à câmera, certa de que ele não estava prestando atenção quando apertei o interfone e se fosse há algum tempo atrás mandari