Eu devia ter ido direto, mas não tinha que cortar caminho, queria ver o lago, queria lembrar da minha infância de quando as coisas eram simples, quando eu era a pequena Liz, que passava as férias no sítio da sua madrinha e brincava com Marcos, nessa época não havia dor, éramos só crianças. E só porque eu queria me apegar um pouco nessa menininha que ainda não tinha quebrado o coração de Marcos, que me enfiei nessa enrascada.
“Como eu tenho sorte!”
O carro atolou e por mais que eu tentasse não saia do lugar, peguei meu celular para tentar achar sinal, precisava pedir para alguém ir ao meu encontro, quando ouvir uma voz de longe.
— Sempre procurando o jeito mais fácil Liz.
Me virei e senti minhas pernas fraquejarem, ele estava lindo, seus cabelos continuavam com o mesmo corte da adolescência, mas ele não era o garoto magricela que eu deixei, ele agora adquiriu músculos “ e que músculos". Ele usava uma regata branca, que estava um pouco molhada, como se alguém tivesse jogado água nele e uma bermuda preta, seus olhos cor de mel brilhavam com a zombaria, e havia um sorrisinho de triunfo que simplesmente não entendi.
— Pode não parecer, mas pessoas normais pedem ajuda. — Enfim conseguir dizer, havia uma tensão sobre nós, ele não desviou o olhar, parecia determinado a me encarar a ler minhas expressões, se ele está esperando um pedido de desculpas está muito enganado.
— Pessoas fracas, pedem ajuda sem ao menos tentar antes. — Ele se aproximou e eu senti meu coração indo á boca, eu não devia mais sentir isso, não devia sentir como se houvessem borboletas no meu estômagos, eu as matei, matei todas elas quando decidir ir embora, mas lá estavam elas revivendo só com olhar dele sobre mim.
— Então porque não tenta sozinho. — Balancei a chave para ele, que veio até mim, com certa fúria, aproximou seu corpo do meu, não o bastante para encostar, mas o suficiente para me deixar sem ar.
— Não tenho nada com seus problemas Liz. — E então sorriu se afastando e se encostando em uma árvore. — Não tem sinal de celular por aqui, mas pode subir em alguma árvore, talvez alguma desses pássaros se a padeça de você e leva o seu recado, ou se preferir pode ir até a casa andando.
Olhei para os meus pés , estava com uma sapatilha que com certeza não tinha sido feita para caminhadas longas, não imaginei que iria precisar andar. Mas se ele acha que vou implorar por sua ajuda, ele está muito enganado, eu me virei, peguei a minha bolsa, o encarei e elevei o queixo e sai.
“Devo avisá-la que está indo pelo caminho errado”
Ele sussurrou, me virei para encará-lo novamente.
— Continuar infantil!
— Sou o mesmo Liz, quem foi para cidade grande foi você, eu sou o mesmo Marcos de sempre, sem qualquer alteração. — Olhei para os músculos novamente, não exatamente o mesmo.
— Estou vendo. — Falei seguindo por outro caminho, fazia muito tempo que estive aqui, possivelmente vou me perder antes de conseguir achar a casa.
— E a fascinante Liz, não consegue admitir que está perdida, tão orgulhosa. — E não me virei, mas sabia que ele sorria. — Se orgulha do que fez Liz?
Senti meu coração acelera, eu sabia que chegaria o dia que estaríamos frente a frente e que ele iria me cobra uma explicação, mas eu não a tinha, nada justificava a partida sem despedida, sem uma explicação, além de que se eu olhasse para trás, se eu tivesse que escolher entre seu abraço e meu sonho, talvez eu ficasse com seu abraço, eu precisei ser fria, precisei de toda as minhas forças para ir sem olhar para trás.
— Se orgulha da dor que causou a toda a sua família? A dor que causou na minha família Liz? — Eu me virei e vi que ele estava indo até o carro, pegou a chave que eu tinha deixado no chão.— Não, mas não importa, não posso mudar isso, não tem conserto, então apenas vamos esquecer. — Ele me entregou a chave, tinha pegado algumas das minha malas.
— Tranque o carro, te darei uma carona até a casa, minha mãe mandará alguém vim buscar o seu carro. — E foi isso, ele não me encarou, mal me olhou quando disse isso, apenas continuou andando e eu o segui em silêncio.
O silêncio entre nós era como uma navalha percorrendo o meu corpo,a sensação que a qualquer momento ele perfumaria a minha pele, me questionaria novamente, se vira e me encarar com aquele grandes olhos cor de mel, e me perguntaria porque fui sem despedida, porque não liguei, porque agir como se nunca tivéssemos sido nós. E o medo de não conseguir negar que foi porque se eu ouvisse sua voz, se ele me olhasse daquele jeito, como se eu fosse o mundo dele, eu largaria tudo e ficaria com ele, eu voltaria se ele pedisse, que não era tão forte como ele acha, se Marcos tivesse dado qualquer sinal que ainda me queria, teria voltado correndo. Isso me assustava, morria de medo de me perder naquele amor e me tornar apenas a esposa de Marcos, apenas uma esposa, eu queria mais que isso, muito mais que ser uma esposa de alguém.
Quando me aproximei vi que Leila estava lá, a pequena Leila tinha se tornado uma linda mulher, claro ela devia ter apenas dezoito anos agoa, mas estava linda seu cabelos negros caia em cascatas por suas costas, ela ria junto ao que parecia ser seu namorado, ele era muito bonito e parecia ser mais velho, tinhas lindos olhos azuis e seus cabelos eram cacheados e loiros, ele parecer se aquelas pessoas que tudo sempre ta bem. Fiquei feliz por ver Leila tão bem, mas quando seus olhos verdes se ergueram em minha direção, consegui perceber que ela não sentia o mesmo.
— Falei que Marcos iria voltar, sua irmã queria que eu fosse atrás de você nessa mata. — O homem sorri para mata. — Ela realmente achou que eu voltaria se fosse atrás de você.
— Ele é um covarde, disse que preferia ir buscar ajuda, está sempre se aproximando de pessoas que não se importam tanto assim com seu bem estar Marcos, acho que devo começar a escolher suas amizades e talvez seus amores, já que já provamos que é péssimo nisso. — Leila diz, me avaliando por um momento. — Liz ficou tanto tempo fora, que não sabe o caminho da casa?
— Meu carro atolou. — Falei, mas ela pareceu nem me ouvir, apenas olhou para as mão de Marcos.
— Ao menos arrumou um chofer para ajudá-la.
— Não comece Leila, vamos para o carro, nossa mãe já deve tá surtando. — Marcos começou a caminhar sem nem ao menos me olhar.— Eu me chamo Mathew. — O homem gentilmente tirou a mala que eu segurava da minha mão e sussurrou. — Você é a famosa Liz, a noiva fujona, sei muito de você, não são coisas boas.
E então caminhamos até o carro, eu me sentia completamente desconcertada com a forma que Leila me olhava, não esperava por isso, claro que não esperava flores, mas ela era tão apegada a mim, sempre estava me seguindo por aí, ela chorava para dormir na minha casa, mas agora havia um desprezo em seus olhos.
— Não vai entrar? — Matheus me perguntou, e percebi que eu estava esperando pelo convite, parecia tão impróprio então naquele carro, parecia errado está com aqueles dois de novo, mas Matheus me deu um sorrizinho. — Nos resta o banco do carona, Leila se sente adulta indo na frente.
Ela estava de sapatilha, quem vem para o campo e coloca sapatilha? Estava destinada ao fracasso, no momento que decidiu colocar aquilo, eu tive que manter a postura, precisava fingir que não me importava tanto, que ela era indiferente para mim, fiz algumas brincadeiras, mas eu ajudaria se ela pedisse, mas ela não pediria, a orgulhosa Liz, ela acabaria se perdendo, mas não admitiria que precisava de mim. E aquilo me deixou irritado, e antes que eu me controlasse fiz o que prometi não fazer, eu a questionei, deixei ela saber que aquilo ainda me machucava. E ela era covarde, sempre covarde não se virou. Mas deixou claro que não pediria desculpas, deixou claro que nem eu nem os outros éramos importantes, que não éramos dignos de sua preocupação. Ela se tornou o que eu sempre soube que se tornaria ao ir para cidade grande, uma pessoa mesquinha que não se importa com as consequências de suas ações. Porém eu não estragaria a cerimónia dos meus pais, fazendo todos procurar por ela no meio da
Tive que deixar claro que eu precisava de um banho antes de conseguir sair das garras da minha mãe e da minha madrinhas, eu as amos, mas eu estava exausta precisava muito de um banho e de um cochilo antes da cerimônia, quando subir a escada e andei a até o quarto onde eu sabia que ficaria, nem precisei perguntar, tudo tão familiar, me dava até um frio na barriga, meu quarto ficava de frente ao quarto de Marcos, isso era bom na época mas agora seria uma tortura, te que lidar com ele seria uma tortura de qualquer jeito, de verdade eu nunca quis magoa-lo, se eu pudesse de alguma forma mudar as coisas eu mudaria, mas não tinha como mudar e agora eu precisava conviver com as consequencia que era ter magoado o homem que mais amei, quando o vi ali no meu antigo quarto de ferias, parado olhando para o nada, sentir um frio na barriga, aquele quarto quardava tantas lembranças, e nós dois ali naquela situação parecia tão errado. Nós já não éramos os mesmos, eu tinha destruído a nossas lembranças
Logo cerimônia iria acontecer, eu esperava minha mãe para levá-la até meu pai, nossa sala de está estava cheia de convidados, e era minha missão recebelo já que Leila não terminou de se arrumar, e tudo estava correndo bem até que que Liz apareceu na escada, seu sorriso era de orelha a orelha, elas estava belíssima, usava um vestido azul, seu cabelo caia em cascatas, em um penteado um pouco descuidado, Liz sempre teve cabelos negros e cheios como o de sua mãe. Ela estava radiante enquanto falava com alegria com irmãzinha, por um momento parecia ser a minha Liz a que eu amei, mas então seus olhos caíram sobre o prefeito que estava em uma roda com nossos conhecidos, ele bebia e ria, ela arregalou seus grandes olhos castanhos e eu vi seu sorriso se desfazer, tornando uma máscara de raiva e medo, de forma rápida pegou na mão de
Terminei de me arrumar, o vestido azul royal que minha madrinha escolheu para mim, ficou magnífico, ele é frente única, e tem um decote que eu não teria escolhido, ainda mais sabendo em como serei julgada perante a sociedade dessa pequena cidade. Não conseguir deixar de ri, eu realmente estava aqui, me importando o que eles tinham a dizer? Como se eu fosse uma menina de dezesseis anos. Logo Helena chegou toda arrumada, ela usava um vestido cor de rosa, parecia uma fada, ela me olhou sorriu. — Nossa tia quer perturbar o Marcos. — Eu sorri e sim, imaginei como seria seu olhar para mim, como seria flertar com ele. Mas ao mesmo tempo sinto meu coração pesar, eu sabia que não seria tão fácil, e como Helen disse ele tinha declarado minha morte no dia que eu o deixei. E não posso culpá-lo por fazer isso por que a Liz que ele conheceu de fato morreu, e não da forma tão heróica que eles pensam, não morri escolhendo meus sonhos, morri quando me destruíram, quando tiram minha melhor versão de m
Havia algo nostálgico e doloroso enquanto eu caminhava com minha mãe, meu pai ali com seu sorriso cansado, ele não queria aquilo, mas nem em seus sonhos ele diria não para minha mãe, eles eram felizes e tinha algo que eu não conseguir ter, eles tinha amor, tinha comprometimento, os dois se apoiavam e se amavam, eu sempre quis aquilo, uma pequena lasquinha do que eles tinha e eu estaria satisfeito, então olhei para Liz, tão bonita e metida, estava com queixo erguido como se fosse da realeza. Eu sentia meu sangue ferver só de vê-la ali, eu achei que poderia ter isso com ela, realmente acreditei nisso, coloquei todas as minhas fichas em algo que era só uma brincadeira para ela.— Pode me soltar agora. — Minha mãe sussurrou, percebi que eu estava ali diante do meu pai.
Bianca estava linda como sempre e estava mais sem vergonha também, ela praticamente se atirou em Marcos e pior ele não pareceu se importar, eu sabia que os dois tinham ficado próximos na minha ausência, o que eu era óbvio que aconteceria, Bianca sempre se manteve por perto, e por algum motivo Marcos não afastava completamente, os dois tinha uma amizade complicada, nunca entendi, mas quando mais nova tinha um ciúmes louco, já que não entrava na minha cabeça ele não a querer e me querer, Bianca sempre foi linda e sempre teve todos aos seus pés, exceto Marcos, esse sempre se mostrou mais inclinado a mim, mas mesmo assim ele sempre a mantém por perto, ele dizia que ela precisava dele. Nunca me disse o porquê exatamente.— Ela sempre esteve por perto, mas nunca tiveram nada sério. &md
Acordar em uma casa que houve festa na noite anterior é simplesmente uma das piores coisas do mundo, alguns convidados ficaram na casa para dormir, o que significa que a festa continua no outro dia, então antes das seis da manhã me levantei queria tomar café longe de todo mundo, e então sair para cavalgar antes que minha mãe surgirá que eu ensine algum convidado.E só foi eu abrir a porta para me deparar com Liz, ela usava um vestido florido longo, seu cabelo estava amarrado em um nó frouxo, seu rosto ainda estava inchado, e parecia que não tinha dormido o suficiente.— Bom dia! — Falei fechando a porta do meu quarto.— Bom dia! — Ela falou de maneira m
Eu voltaria para minha casa, ou melhor para casa dos meus pais, mas sentia um aperto enorme enquanto arrumava as malas eu sabia que não era bem vinda, não pelo meu pai, a forma como ele fingiu que eu não existia no café era doloroso demais, eu imaginei que comigo aqui amoleceria o coração dele, mas vejo que fez piorar tudo, ele deve me odiar.— Mamãe disse que vamos ficar para o almoço, então não precisa arrumar as coisas com pressa. — Helen diz se encostando no batente da porta. — Conhecendo nossa mãe e minha madrinha, sairemos depois do jantar.— Ou só na próxima semana nunca se sabe quantas desculpas elas podem inventar, e nosso pai agora que está sem trabalhar, não temos desculpas para voltar.— Eu preciso, quero arrumar um emprego, tenho que ajudar nas contas da casa, e quando melhorar a situação alugar um lugar para mim. — Eu ficaria o mínimo de tempo possível na casa dos meus pais. — Não se preocupe com isso agora. — Helen diz se aproximando e me abraçando. — Acabou de chega