Ela está chegando, ouvir sua mãe falar com ela pelo telefone, então ela teria coragem de vim até mim, Liz se tornou mesmo uma desavergonhada, é isso que se espera de alguém que vai para cidade grande, nunca achei que veria novamente, eu sonhei tanto que um dia ela voltaria para implorar meu perdão, desejei tanto que ela se arrependesse, estive por vezes tentado em ir buscá-la, mas não fui, ela tomou um decisão e achei que manteria, ela prometeu que nunca mais pisaria aqui novamente, que nunca mais teria que vê-la, ela havia prometido. E eu tolo acreditei novamente em sua palavra, acreditei que eu poderia seguir minha vida, e deixar de ser a piada da cidade, mas agora ela vem sem pensar nas consequências, pronta para tirar o resto de paz que eu conseguir.
— Ouvido atrás da porta? — Matheus disse rindo.
— Não, apenas estava passando.
— E decidiu ficar ouvindo as conversas. — Ele era mesmo, um idota, arrumei minha postura e saí de perto dele, sem dizer nada.
Eu teria que me manter distante dela, não sei se vou conseguir me segurar e não dizer tudo que penso sobre ela, sobre o que ela fez comigo e com toda a nossa família, e agora ela será recebida como uma lady, minha mãe passou a manhã toda fazendo os doces favoritos da Liz, como se ela não tivesse nos tornado a piada da cidade por anos, como se ela não tivesse me arruinado. Mas agora ela volta como se não tivesse feito nada, sem consequências, porém eu não esqueci o que ela me fez passar, jamais a perdoarei de mim ela não terá nada.
— Vai mesmo ficar? — Leila pergunta, ela sabia o que eu tinha passado, minha irmã mais nova tinha sofrido como eu, e não estava tão tentada a perdoar Liz tanto quanto eu.
- É renovação de votos dos nossos pais, não vou faltar com eles, ela que devia saber que não é bem vinda.
- Mamãe me proibiu de ignorá-la.
- Não seria cortês de nossa parte, devemos tratá-la como qualquer outro convidado, nem pior nem melhor, como qualquer um. - Falei certo que isso é o melhor que eu conseguiria dar a ela, apenas a indiferença de ser como todos os outros, ela não merece sequer ser lembrada de que algum dia foi importante para mim.
- Podemos ir ao lago, seria divertido e não precisávamos esperar ela aqui, feitos cachorros ansiosos. - Leila falou fazendo careta, ela era minha irmãzinha e eu que devia protegê-la, mas ela era extremamente protetora, nós dois tínhamos concordo que a felicidade do matrimônio dos nossos pais, não foi passado para nós. A pouco tempo ela também levou uma rasteira do amor, “essas coisas acontecem” eu falei e ela se virou para mim e disse com a cara mais lavada do mundo “ ao menos ele não me deixou no altar”.
Leila era a única que brincava com isso, a única que eu permitia trazer essa lembrança, porque ela foi a única que sentiu tanto quanto eu.
- Nossa mãe iria nos matar. - Falei, Matheus que até então ouvia a conversa, pegou Leila no colo.
— Por isso a ideia é boa, bem que eu quero ver você tomando uma surra da sua mãe. — Os dois riram quando revirei os olhos.
— Apenas por 1h ou 2h, mas que isso nossa mãe nos mata e eu não irei pensar duas vezes em entregar você Leila, e dizer que foi você que quebrou a porcelana de nossa avó.
— Prometeu que nunca diria! - Seus olhos verdes se encheram de fúria e Matheus a soltou.
— Vamos o sol já está esquentando. — Ele diz revirando os olhos, Matheus é quase como irmão para mim, ele veio passar um tempo com sua tia, porém se apaixonou pela cidade e decidiu ficar, e com sua ajuda consegui erguer os negócios da minha família.
Cada som de carro que eu ouvia ao longe, eu pensava que podia ser ela, o lago era pequeno e ficar um pouco distante da nossa casa, era um lugar quase escondido, apenas minha família tinha acesso, Leila se balançou no pneu que estava pendurada em uma árvore perto do lago e se jogou, eu já não tinha mesma disposição que ela, então apenas tirei o sapato e coloquei os pés na água, Matheus tirou a camisa e pulou na água fria, ele gostava mais disso aqui do que eu.
— Marcos, não seja chato, vamos pula também água, está uma delícia. — Leila disse, jogando água em mim, mas eu não cairia na implicância dela.
— Ele está chato hoje, porque aquela que não deve ser mencionada está voltando. — Matheus fala afogando a cabeça de Leila na água.
— Vocês são ridículos. — Falei me levantando, resolvi dar uma volta, por ali, não queria provocações hoje.
Me distanciei o máximo que puder das vozes deles, sempre amei o ar do campo, gosto das coisas simples, e esse sempre foi o problema entre Liz e eu, ela sempre sonhou alto e por muito tempo eu estive disposto a largar tudo por ela, mas a vida não é tão simples e quando eu me neguei a seguir seu sonho e pedir que ela seguisse o meu vi que ela não estava tão disposta a abrir mão dos seus sonhos por mim, tanto quanto eu estava disposto abrir por ela.
Decidir que eu devia ir um pouco mais longe, talvez ir tão longe que fosse difícil de voltar ainda hoje “ isso é covardia", claro que todos vão achar que sinto algo por ela, e eu terei que lidar com olhar de pena novamente, ela se foi e me deixou como o coitadinho, o homem que não conseguiu segurar um mulher. Como se alguém pudesse segurar Liz, mas não foi o abandono que me magoou, não foi ela ter escolhido seu sonho, mas foi a covardia dela. Foi a falta de coragem de me dizer que tinha tomado outra escolha, foi ela ter me deixado lá com uma m*****a aliança na mão achando que ela logo chegaria.
“M*****a”
Percebi que eu já estava saindo da trilha, decidir voltar, ela merecia me olhar, merecia sentir o meu desprezo por ela, saber que agora ela não pode me afetar, que eu não sinto nada por ela, eu a enterrei naquele dia, naquela tarde em que ela me deixou, ela morreu para mim.
Escutei uma voz familiar, parecia estar extremamente irritada.
“ Como eu tenho sorte!”
Ela falava alto, ela sempre fala alto demais e vive por falar sozinha, sentir meu coração acelerado, eu ainda não estava preparado para ir vê-la, mas parecia que ela tinha tido algum problema, com certeza tentou cortar caminho para ver o lago antes de ir para casa, ela é tão previsível como não pensei nisso.
Andei em direção da sua voz, e a vi, tão linda como sempre.
Eu devia ter ido direto, mas não tinha que cortar caminho, queria ver o lago, queria lembrar da minha infância de quando as coisas eram simples, quando eu era a pequena Liz, que passava as férias no sítio da sua madrinha e brincava com Marcos, nessa época não havia dor, éramos só crianças. E só porque eu queria me apegar um pouco nessa menininha que ainda não tinha quebrado o coração de Marcos, que me enfiei nessa enrascada. “Como eu tenho sorte!”O carro atolou e por mais que eu tentasse não saia do lugar, peguei meu celular para tentar achar sinal, precisava pedir para alguém ir ao meu encontro, quando ouvir uma voz de longe.— Sempre procurando o jeito mais fácil Liz.Me virei e senti minhas pernas fraquejarem, ele estava lindo, seus cabelos continuavam com o mesmo corte da adolescência, mas ele não era o garoto magricela que eu deixei, ele agora adquiriu músculos “ e que músculos". Ele usava uma regata branca, que estava um pouco molhada, como se alguém tivesse jogado água nel
Ela estava de sapatilha, quem vem para o campo e coloca sapatilha? Estava destinada ao fracasso, no momento que decidiu colocar aquilo, eu tive que manter a postura, precisava fingir que não me importava tanto, que ela era indiferente para mim, fiz algumas brincadeiras, mas eu ajudaria se ela pedisse, mas ela não pediria, a orgulhosa Liz, ela acabaria se perdendo, mas não admitiria que precisava de mim. E aquilo me deixou irritado, e antes que eu me controlasse fiz o que prometi não fazer, eu a questionei, deixei ela saber que aquilo ainda me machucava. E ela era covarde, sempre covarde não se virou. Mas deixou claro que não pediria desculpas, deixou claro que nem eu nem os outros éramos importantes, que não éramos dignos de sua preocupação. Ela se tornou o que eu sempre soube que se tornaria ao ir para cidade grande, uma pessoa mesquinha que não se importa com as consequências de suas ações. Porém eu não estragaria a cerimónia dos meus pais, fazendo todos procurar por ela no meio da
Tive que deixar claro que eu precisava de um banho antes de conseguir sair das garras da minha mãe e da minha madrinhas, eu as amos, mas eu estava exausta precisava muito de um banho e de um cochilo antes da cerimônia, quando subir a escada e andei a até o quarto onde eu sabia que ficaria, nem precisei perguntar, tudo tão familiar, me dava até um frio na barriga, meu quarto ficava de frente ao quarto de Marcos, isso era bom na época mas agora seria uma tortura, te que lidar com ele seria uma tortura de qualquer jeito, de verdade eu nunca quis magoa-lo, se eu pudesse de alguma forma mudar as coisas eu mudaria, mas não tinha como mudar e agora eu precisava conviver com as consequencia que era ter magoado o homem que mais amei, quando o vi ali no meu antigo quarto de ferias, parado olhando para o nada, sentir um frio na barriga, aquele quarto quardava tantas lembranças, e nós dois ali naquela situação parecia tão errado. Nós já não éramos os mesmos, eu tinha destruído a nossas lembranças
Logo cerimônia iria acontecer, eu esperava minha mãe para levá-la até meu pai, nossa sala de está estava cheia de convidados, e era minha missão recebelo já que Leila não terminou de se arrumar, e tudo estava correndo bem até que que Liz apareceu na escada, seu sorriso era de orelha a orelha, elas estava belíssima, usava um vestido azul, seu cabelo caia em cascatas, em um penteado um pouco descuidado, Liz sempre teve cabelos negros e cheios como o de sua mãe. Ela estava radiante enquanto falava com alegria com irmãzinha, por um momento parecia ser a minha Liz a que eu amei, mas então seus olhos caíram sobre o prefeito que estava em uma roda com nossos conhecidos, ele bebia e ria, ela arregalou seus grandes olhos castanhos e eu vi seu sorriso se desfazer, tornando uma máscara de raiva e medo, de forma rápida pegou na mão de
Terminei de me arrumar, o vestido azul royal que minha madrinha escolheu para mim, ficou magnífico, ele é frente única, e tem um decote que eu não teria escolhido, ainda mais sabendo em como serei julgada perante a sociedade dessa pequena cidade. Não conseguir deixar de ri, eu realmente estava aqui, me importando o que eles tinham a dizer? Como se eu fosse uma menina de dezesseis anos. Logo Helena chegou toda arrumada, ela usava um vestido cor de rosa, parecia uma fada, ela me olhou sorriu. — Nossa tia quer perturbar o Marcos. — Eu sorri e sim, imaginei como seria seu olhar para mim, como seria flertar com ele. Mas ao mesmo tempo sinto meu coração pesar, eu sabia que não seria tão fácil, e como Helen disse ele tinha declarado minha morte no dia que eu o deixei. E não posso culpá-lo por fazer isso por que a Liz que ele conheceu de fato morreu, e não da forma tão heróica que eles pensam, não morri escolhendo meus sonhos, morri quando me destruíram, quando tiram minha melhor versão de m
Havia algo nostálgico e doloroso enquanto eu caminhava com minha mãe, meu pai ali com seu sorriso cansado, ele não queria aquilo, mas nem em seus sonhos ele diria não para minha mãe, eles eram felizes e tinha algo que eu não conseguir ter, eles tinha amor, tinha comprometimento, os dois se apoiavam e se amavam, eu sempre quis aquilo, uma pequena lasquinha do que eles tinha e eu estaria satisfeito, então olhei para Liz, tão bonita e metida, estava com queixo erguido como se fosse da realeza. Eu sentia meu sangue ferver só de vê-la ali, eu achei que poderia ter isso com ela, realmente acreditei nisso, coloquei todas as minhas fichas em algo que era só uma brincadeira para ela.— Pode me soltar agora. — Minha mãe sussurrou, percebi que eu estava ali diante do meu pai.
Bianca estava linda como sempre e estava mais sem vergonha também, ela praticamente se atirou em Marcos e pior ele não pareceu se importar, eu sabia que os dois tinham ficado próximos na minha ausência, o que eu era óbvio que aconteceria, Bianca sempre se manteve por perto, e por algum motivo Marcos não afastava completamente, os dois tinha uma amizade complicada, nunca entendi, mas quando mais nova tinha um ciúmes louco, já que não entrava na minha cabeça ele não a querer e me querer, Bianca sempre foi linda e sempre teve todos aos seus pés, exceto Marcos, esse sempre se mostrou mais inclinado a mim, mas mesmo assim ele sempre a mantém por perto, ele dizia que ela precisava dele. Nunca me disse o porquê exatamente.— Ela sempre esteve por perto, mas nunca tiveram nada sério. &md
Acordar em uma casa que houve festa na noite anterior é simplesmente uma das piores coisas do mundo, alguns convidados ficaram na casa para dormir, o que significa que a festa continua no outro dia, então antes das seis da manhã me levantei queria tomar café longe de todo mundo, e então sair para cavalgar antes que minha mãe surgirá que eu ensine algum convidado.E só foi eu abrir a porta para me deparar com Liz, ela usava um vestido florido longo, seu cabelo estava amarrado em um nó frouxo, seu rosto ainda estava inchado, e parecia que não tinha dormido o suficiente.— Bom dia! — Falei fechando a porta do meu quarto.— Bom dia! — Ela falou de maneira m