Capítulo 04

Ela estava de sapatilha, quem vem para o campo e coloca sapatilha? Estava destinada ao fracasso, no momento que decidiu colocar aquilo, eu tive que manter a postura, precisava fingir que não me importava tanto, que ela era indiferente para mim, fiz algumas brincadeiras, mas eu ajudaria se ela pedisse, mas ela não pediria, a orgulhosa Liz, ela acabaria se perdendo, mas não admitiria que precisava de mim. E aquilo me deixou irritado, e antes que eu me controlasse fiz o que prometi não fazer, eu a questionei, deixei ela saber que aquilo ainda me machucava. E ela era covarde, sempre covarde não se virou. Mas deixou claro que não pediria desculpas, deixou claro que nem eu nem os outros éramos importantes, que não éramos dignos de sua preocupação. Ela se tornou o que eu sempre soube que se tornaria ao ir para cidade grande, uma pessoa mesquinha que não se importa com as consequências de suas ações. 

Porém eu não estragaria a cerimónia dos meus pais, fazendo todos procurar por ela no meio das matas, ela já havia estragado cerimônias demais naquela família e então apenas peguei as malas e decidi mostrar o caminho para ela. 

Eu sentia meu sangue ferver, queria me virar e falar para ela como foi egoista e mesquinha, que  deixa um maldito bilhete foi muita corvadia que ela ao menos me devia uma explicação olhando nos meus olhos, que nossa historia valia mais que um bilhete deixado em seu quarto, mas não fiz isso, apenas me calei e seguir o  caminha quando Leila nos viu já mundou sua postura, eu apenas caminhei para o carro, não iria querer ouvir suas piadinhas. 

Quando entramos no carro, por costume Leila entrou no banco da frente e por algum motivo aquilo me trouxe uma recordação indesejada.

Nove anos atrás

 Liz zangada comigo no banco de trás, olhando de esguelha para mim, e Leila sentada no banco de trás se sentindo uma adulta.

— Não seja infantil Liz, sente-se no banco da frente.

— Porque não acha a Bianca para se sentar no banco da frente?

— Porque é você que eu namoro, Leila vai para o banco de trás.  

— Leila me olha zangada.

— Liz me deixou sentar aqui hoje, não vou ir atrás feito a uma criança. 

— É uma criança! Está vendo o monstrinho que está estimulando Liz? — Ela vira o rosto, posso ver seus olhos castanhos, brilharem com as lágrimas. — Eu não sabia que ela ia me beijar, por cristo!!! eu só ajudei a montar a barraca, não sabia que ela pretendia pagar com um beijo. 

— Era uma barraca do beijo, como acha que ela pagaria?! — Ela deixou uma lágrima cair e então saiu do carro. — Vou andando.

— Isso não, entra nesse carro Liz! — Desci do carro para ir atrás dela, que começou andar rapidamente tentando fugir, conseguir pegá-la e a virei para mim.

— Me solta! — Ela me empurra. — Espero que seja feliz com sua nova namorada.

— Quer saber vá andando, faça o que quiser, não vai adiantar eu falar, você não confia em mim. — Me virei e entrei no carro, ela apenas continuou andando. 

Leila saiu do carro, me olhou com raiva.

— Eu vou com ela, vá sozinho seu idiota. — Ela me deu língua e saiu, e eu simplesmente não sei como conseguir irritar essas duas mulheres ao mesmo tempo.

Agora

A lembrança daquela briga boba, me fez sorrir, éramos tão crianças naquela época e por um momento quis voltar no tempo, voltar a ter brigas bobas que se resolveram no dia seguinte, mas aquilo era bobagem, eu não devia sentir saudade danada que tem haver com ela. No carro o silêncio era mortal, Matthew tentou puxar assunto mais aparentemente Liz não estava muito simpática.

Quando paramos o carro logo ouvir a voz estridente do senhor Álvaro, ele reclamava sobre alguma coisa, enquanto a mãe de Liz parecia ta tentando controlar o temperamento do marido, ela me olhou pelo espelho, mordeu os lábios, ela sabia que o pai não concordava com volta dela, para ele a morte dela tinha sido declarada no dia em que ela fugiu do casamento. Eu poderia até sentir pena daquele olhar apreensivo se eu não tivesse feito a mesma declaração.  

Liz morreu naquele dia, e mesmo que eu tenha que arrancar meu coração ela não irá reviver novamente em meu coração.

— Ai meu Deus!!! — Minha mãe grita quando vê quem está no banco do carona. — O que houve achei que estivesse vindo com seu carro?

Logo Liz foi arrancada do carro sem ao menos responder a pergunta logo minha mãe e a mãe dela a enchia de abraços e beijos, olhei para Mathew e indiquei as malas. Leia me olhou furiosa e se aproximou.

— Chofer.  — Ela sussurrou maldosamente e passou pelas mulheres que não a olharam, pois estavam ocupadas demais questionando Liz. Essa que me olhou por um segundos quase como um pedido de socorro, mas eu apenas dei de ombros, e seguir com minha função nova “chofer”

O quarto que ela ficaria era o mesmo que ficava quando criança, minha mãe não havia mudado nada, Liz sempre esteve aqui como um fantasma me assombrando, a cortina da cor vermelha, “sua cor favorita” agora já estava desbotada, a escrivania que ficava de frente a janela ainda estava com seu livro favorito, a cama tinha sido arrumado a menos de um dia, e lá estava sua boneca de tricô maltrapilho que um dia foi a sua favorita. Entrar naquele quarto me trazia a lembrança de um tempo bom e inocente. 

Matthew deixou as malas e desceu sem dizer nada, mas eu não consegui, por um momento me senti preso naquele lugar, eu sabia que não odiava a Liz daquele quarto, mas odiava a Liz de agora que entraria pela aquela porta a qualquer momento, e eu admito que sempre vi esse quarto como sua sepultura, era aqui eu pensava. “ Aqui jaz Liz a mulher que um dia amei” e agora ela voltava e me tira isso também, me tira a memória boas que esse quarto guardava, memórias que ela não se importa mais eram preciosas para mim. 

— Agradeço pelas, malas! — Sua voz veio ao fundo, meio estremecida, mas ela parecia tentar controlar a respiração, não conseguir deixar de sorrir, me virei para encara-la e fui caminhando em sua direção, ela não entrou completamente parecia temer em está em quatro paredes comigo, me aproximei o bastante para invadir o espaço dela e ela ter que se encostar contra parede, mantive os olhos nos dela e pude ver a insegurança de como devia agir. Ela engoliu em seco e puxou o ar, e sei que estava com um insulto na língua quando eu a beijei. 

— O prazer foi todo meu. — Falei a soltando.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo