Ela estava de sapatilha, quem vem para o campo e coloca sapatilha? Estava destinada ao fracasso, no momento que decidiu colocar aquilo, eu tive que manter a postura, precisava fingir que não me importava tanto, que ela era indiferente para mim, fiz algumas brincadeiras, mas eu ajudaria se ela pedisse, mas ela não pediria, a orgulhosa Liz, ela acabaria se perdendo, mas não admitiria que precisava de mim. E aquilo me deixou irritado, e antes que eu me controlasse fiz o que prometi não fazer, eu a questionei, deixei ela saber que aquilo ainda me machucava. E ela era covarde, sempre covarde não se virou. Mas deixou claro que não pediria desculpas, deixou claro que nem eu nem os outros éramos importantes, que não éramos dignos de sua preocupação. Ela se tornou o que eu sempre soube que se tornaria ao ir para cidade grande, uma pessoa mesquinha que não se importa com as consequências de suas ações.
Porém eu não estragaria a cerimónia dos meus pais, fazendo todos procurar por ela no meio das matas, ela já havia estragado cerimônias demais naquela família e então apenas peguei as malas e decidi mostrar o caminho para ela.
Eu sentia meu sangue ferver, queria me virar e falar para ela como foi egoista e mesquinha, que deixa um maldito bilhete foi muita corvadia que ela ao menos me devia uma explicação olhando nos meus olhos, que nossa historia valia mais que um bilhete deixado em seu quarto, mas não fiz isso, apenas me calei e seguir o caminha quando Leila nos viu já mundou sua postura, eu apenas caminhei para o carro, não iria querer ouvir suas piadinhas.
Quando entramos no carro, por costume Leila entrou no banco da frente e por algum motivo aquilo me trouxe uma recordação indesejada.
Nove anos atrás
Liz zangada comigo no banco de trás, olhando de esguelha para mim, e Leila sentada no banco de trás se sentindo uma adulta.
— Não seja infantil Liz, sente-se no banco da frente.
— Porque não acha a Bianca para se sentar no banco da frente?
— Porque é você que eu namoro, Leila vai para o banco de trás.
— Leila me olha zangada.
— Liz me deixou sentar aqui hoje, não vou ir atrás feito a uma criança.
— É uma criança! Está vendo o monstrinho que está estimulando Liz? — Ela vira o rosto, posso ver seus olhos castanhos, brilharem com as lágrimas. — Eu não sabia que ela ia me beijar, por cristo!!! eu só ajudei a montar a barraca, não sabia que ela pretendia pagar com um beijo.
— Era uma barraca do beijo, como acha que ela pagaria?! — Ela deixou uma lágrima cair e então saiu do carro. — Vou andando.
— Isso não, entra nesse carro Liz! — Desci do carro para ir atrás dela, que começou andar rapidamente tentando fugir, conseguir pegá-la e a virei para mim.— Me solta! — Ela me empurra. — Espero que seja feliz com sua nova namorada.
— Quer saber vá andando, faça o que quiser, não vai adiantar eu falar, você não confia em mim. — Me virei e entrei no carro, ela apenas continuou andando.
Leila saiu do carro, me olhou com raiva.
— Eu vou com ela, vá sozinho seu idiota. — Ela me deu língua e saiu, e eu simplesmente não sei como conseguir irritar essas duas mulheres ao mesmo tempo.
AgoraA lembrança daquela briga boba, me fez sorrir, éramos tão crianças naquela época e por um momento quis voltar no tempo, voltar a ter brigas bobas que se resolveram no dia seguinte, mas aquilo era bobagem, eu não devia sentir saudade danada que tem haver com ela. No carro o silêncio era mortal, Matthew tentou puxar assunto mais aparentemente Liz não estava muito simpática. Quando paramos o carro logo ouvir a voz estridente do senhor Álvaro, ele reclamava sobre alguma coisa, enquanto a mãe de Liz parecia ta tentando controlar o temperamento do marido, ela me olhou pelo espelho, mordeu os lábios, ela sabia que o pai não concordava com volta dela, para ele a morte dela tinha sido declarada no dia em que ela fugiu do casamento. Eu poderia até sentir pena daquele olhar apreensivo se eu não tivesse feito a mesma declaração.Liz morreu naquele dia, e mesmo que eu tenha que arrancar meu coração ela não irá reviver novamente em meu coração.
— Ai meu Deus!!! — Minha mãe grita quando vê quem está no banco do carona. — O que houve achei que estivesse vindo com seu carro?
Logo Liz foi arrancada do carro sem ao menos responder a pergunta logo minha mãe e a mãe dela a enchia de abraços e beijos, olhei para Mathew e indiquei as malas. Leia me olhou furiosa e se aproximou.— Chofer. — Ela sussurrou maldosamente e passou pelas mulheres que não a olharam, pois estavam ocupadas demais questionando Liz. Essa que me olhou por um segundos quase como um pedido de socorro, mas eu apenas dei de ombros, e seguir com minha função nova “chofer”
O quarto que ela ficaria era o mesmo que ficava quando criança, minha mãe não havia mudado nada, Liz sempre esteve aqui como um fantasma me assombrando, a cortina da cor vermelha, “sua cor favorita” agora já estava desbotada, a escrivania que ficava de frente a janela ainda estava com seu livro favorito, a cama tinha sido arrumado a menos de um dia, e lá estava sua boneca de tricô maltrapilho que um dia foi a sua favorita. Entrar naquele quarto me trazia a lembrança de um tempo bom e inocente.
Matthew deixou as malas e desceu sem dizer nada, mas eu não consegui, por um momento me senti preso naquele lugar, eu sabia que não odiava a Liz daquele quarto, mas odiava a Liz de agora que entraria pela aquela porta a qualquer momento, e eu admito que sempre vi esse quarto como sua sepultura, era aqui eu pensava. “ Aqui jaz Liz a mulher que um dia amei” e agora ela voltava e me tira isso também, me tira a memória boas que esse quarto guardava, memórias que ela não se importa mais eram preciosas para mim.
— Agradeço pelas, malas! — Sua voz veio ao fundo, meio estremecida, mas ela parecia tentar controlar a respiração, não conseguir deixar de sorrir, me virei para encara-la e fui caminhando em sua direção, ela não entrou completamente parecia temer em está em quatro paredes comigo, me aproximei o bastante para invadir o espaço dela e ela ter que se encostar contra parede, mantive os olhos nos dela e pude ver a insegurança de como devia agir. Ela engoliu em seco e puxou o ar, e sei que estava com um insulto na língua quando eu a beijei.— O prazer foi todo meu. — Falei a soltando.
Tive que deixar claro que eu precisava de um banho antes de conseguir sair das garras da minha mãe e da minha madrinhas, eu as amos, mas eu estava exausta precisava muito de um banho e de um cochilo antes da cerimônia, quando subir a escada e andei a até o quarto onde eu sabia que ficaria, nem precisei perguntar, tudo tão familiar, me dava até um frio na barriga, meu quarto ficava de frente ao quarto de Marcos, isso era bom na época mas agora seria uma tortura, te que lidar com ele seria uma tortura de qualquer jeito, de verdade eu nunca quis magoa-lo, se eu pudesse de alguma forma mudar as coisas eu mudaria, mas não tinha como mudar e agora eu precisava conviver com as consequencia que era ter magoado o homem que mais amei, quando o vi ali no meu antigo quarto de ferias, parado olhando para o nada, sentir um frio na barriga, aquele quarto quardava tantas lembranças, e nós dois ali naquela situação parecia tão errado. Nós já não éramos os mesmos, eu tinha destruído a nossas lembranças
Logo cerimônia iria acontecer, eu esperava minha mãe para levá-la até meu pai, nossa sala de está estava cheia de convidados, e era minha missão recebelo já que Leila não terminou de se arrumar, e tudo estava correndo bem até que que Liz apareceu na escada, seu sorriso era de orelha a orelha, elas estava belíssima, usava um vestido azul, seu cabelo caia em cascatas, em um penteado um pouco descuidado, Liz sempre teve cabelos negros e cheios como o de sua mãe. Ela estava radiante enquanto falava com alegria com irmãzinha, por um momento parecia ser a minha Liz a que eu amei, mas então seus olhos caíram sobre o prefeito que estava em uma roda com nossos conhecidos, ele bebia e ria, ela arregalou seus grandes olhos castanhos e eu vi seu sorriso se desfazer, tornando uma máscara de raiva e medo, de forma rápida pegou na mão de
Terminei de me arrumar, o vestido azul royal que minha madrinha escolheu para mim, ficou magnífico, ele é frente única, e tem um decote que eu não teria escolhido, ainda mais sabendo em como serei julgada perante a sociedade dessa pequena cidade. Não conseguir deixar de ri, eu realmente estava aqui, me importando o que eles tinham a dizer? Como se eu fosse uma menina de dezesseis anos. Logo Helena chegou toda arrumada, ela usava um vestido cor de rosa, parecia uma fada, ela me olhou sorriu. — Nossa tia quer perturbar o Marcos. — Eu sorri e sim, imaginei como seria seu olhar para mim, como seria flertar com ele. Mas ao mesmo tempo sinto meu coração pesar, eu sabia que não seria tão fácil, e como Helen disse ele tinha declarado minha morte no dia que eu o deixei. E não posso culpá-lo por fazer isso por que a Liz que ele conheceu de fato morreu, e não da forma tão heróica que eles pensam, não morri escolhendo meus sonhos, morri quando me destruíram, quando tiram minha melhor versão de m
Havia algo nostálgico e doloroso enquanto eu caminhava com minha mãe, meu pai ali com seu sorriso cansado, ele não queria aquilo, mas nem em seus sonhos ele diria não para minha mãe, eles eram felizes e tinha algo que eu não conseguir ter, eles tinha amor, tinha comprometimento, os dois se apoiavam e se amavam, eu sempre quis aquilo, uma pequena lasquinha do que eles tinha e eu estaria satisfeito, então olhei para Liz, tão bonita e metida, estava com queixo erguido como se fosse da realeza. Eu sentia meu sangue ferver só de vê-la ali, eu achei que poderia ter isso com ela, realmente acreditei nisso, coloquei todas as minhas fichas em algo que era só uma brincadeira para ela.— Pode me soltar agora. — Minha mãe sussurrou, percebi que eu estava ali diante do meu pai.
Bianca estava linda como sempre e estava mais sem vergonha também, ela praticamente se atirou em Marcos e pior ele não pareceu se importar, eu sabia que os dois tinham ficado próximos na minha ausência, o que eu era óbvio que aconteceria, Bianca sempre se manteve por perto, e por algum motivo Marcos não afastava completamente, os dois tinha uma amizade complicada, nunca entendi, mas quando mais nova tinha um ciúmes louco, já que não entrava na minha cabeça ele não a querer e me querer, Bianca sempre foi linda e sempre teve todos aos seus pés, exceto Marcos, esse sempre se mostrou mais inclinado a mim, mas mesmo assim ele sempre a mantém por perto, ele dizia que ela precisava dele. Nunca me disse o porquê exatamente.— Ela sempre esteve por perto, mas nunca tiveram nada sério. &md
Acordar em uma casa que houve festa na noite anterior é simplesmente uma das piores coisas do mundo, alguns convidados ficaram na casa para dormir, o que significa que a festa continua no outro dia, então antes das seis da manhã me levantei queria tomar café longe de todo mundo, e então sair para cavalgar antes que minha mãe surgirá que eu ensine algum convidado.E só foi eu abrir a porta para me deparar com Liz, ela usava um vestido florido longo, seu cabelo estava amarrado em um nó frouxo, seu rosto ainda estava inchado, e parecia que não tinha dormido o suficiente.— Bom dia! — Falei fechando a porta do meu quarto.— Bom dia! — Ela falou de maneira m
Eu voltaria para minha casa, ou melhor para casa dos meus pais, mas sentia um aperto enorme enquanto arrumava as malas eu sabia que não era bem vinda, não pelo meu pai, a forma como ele fingiu que eu não existia no café era doloroso demais, eu imaginei que comigo aqui amoleceria o coração dele, mas vejo que fez piorar tudo, ele deve me odiar.— Mamãe disse que vamos ficar para o almoço, então não precisa arrumar as coisas com pressa. — Helen diz se encostando no batente da porta. — Conhecendo nossa mãe e minha madrinha, sairemos depois do jantar.— Ou só na próxima semana nunca se sabe quantas desculpas elas podem inventar, e nosso pai agora que está sem trabalhar, não temos desculpas para voltar.— Eu preciso, quero arrumar um emprego, tenho que ajudar nas contas da casa, e quando melhorar a situação alugar um lugar para mim. — Eu ficaria o mínimo de tempo possível na casa dos meus pais. — Não se preocupe com isso agora. — Helen diz se aproximando e me abraçando. — Acabou de chega
Eu estava andando de cavalo quando a vi, uma parte minha sabia que ela estaria ali, seria quase impossível não está, sempre amou jabuticaba, e ela estava linda como sempre por um momento apenas a admirei, era insano imagina como ela mexe comigo. Decidi ir até ela, queria incomodá-la queria que ela sentisse um pouco que fosse do que eu sinto, Liz merece sofrer nem que seja um pouco do que eu sofri, ela tinha que sentir, toda a humilhação, cada olhar de pena que me deram, todos os deboches que eu ouvir. Eu poderia fazer ela pagar, poderia fazê-la achar que está ganhando e então tirar tudo dela, assim como ela fez comigo. — Sério? — Falei me aproximando dela, ela parecia desconfiada, como se não esperasse que eu descesse do cavalo.— Eu fiquei longe durante a festa. — Ela fala abrindo seu sorriso, sim ela tinha se comportado durante a festa, mas logo depois estava aos prantos no quarto.— Leonor devia ter salvado o máximo que podia. — Falei me aproximando, percebi que ela estava um po