Melissa
A emoção daquele momento é indescritível. Enquanto me admiro no espelho, sinto uma onda de felicidade me invadir. É mais do que apenas um vestido; é um símbolo de tudo o que está por vir. O dia do meu casamento se aproxima e, com ele, a promessa de um futuro ao lado da pessoa que amo.
— Você realmente encontrou o vestido dos seus sonhos, Melissa — diz dona Judite, ajustando delicadamente a renda na cintura. — Ele destaca sua beleza natural.
Sorrio ainda mais, lembrando de todas as vezes em que imaginei esse momento. Sempre sonhei em usar um vestido de noiva que me fizesse sentir especial, e este é, sem dúvida, o escolhido. A renda delicada e o caimento do vestido me fazem sentir como uma verdadeira princesa.
Enquanto a vendedora continua a fazer os ajustes finais, meu pensamento viaja para o dia do casamento. Posso imaginar meus amigos e familiares reunidos, as risadas, os olhares emocionados e, claro, o meu futuro marido, esperando por mim no altar. Sinto meu coração acelerar só de pensar nisso.
— Você já pensou na sua maquiagem e cabelo? — pergunta dona Judite, me trazendo de volta à realidade.
— Estou pensando em algo bem clássico, com um toque de romantismo — respondo, animada. — Talvez um coque baixo, com algumas flores, e uma maquiagem suave.
— Com esse vestido, qualquer estilo que você escolher ficará perfeito! — ela exalta. — Você vai brilhar.
Agradeço mais uma vez, admirando o reflexo de uma mulher que, embora ainda tenha suas inseguranças, se sente forte e determinada. O vestido é mais do que um pedaço de tecido; ele carrega comigo todos os meus sonhos e esperanças. E, enquanto me vejo ali, vestida de noiva, percebo que estou pronta para tudo o que virá.
A luz suave do final da tarde reflete no meu vestido, e a sensação de estar tão próxima do grande dia me enche de ansiedade e alegria. A cada prova, sinto que estou um passo mais perto de realizar meu sonho. Olhando no espelho, vejo não apenas o vestido, mas também o amor e os momentos que vivi com Bernardo ao longo desses anos.
Sei que ele valoriza cada detalhe, e é isso que me motiva a querer estar ainda melhor. A ideia de passar a vida ao lado dele, em um novo lar, me faz sonhar acordada. Paris está logo ali, e mal posso esperar para explorar suas ruas de mãos dadas com ele, o homem que me faz rir e chorar, o meu apoio incondicional.
Apesar das dificuldades na busca pelo apartamento, vejo isso como um desafio que enfrentamos juntos. Ele pode ser exigente, mas é esse traço que o faz tão especial. A forma como ele se dedica a tudo que faz me inspira a querer ser a melhor versão de mim mesma. E, enquanto me preparo para o casamento, aprendo a aceitar meu corpo, com suas curvas e imperfeições, porque é isso que me torna única.
Com um último olhar no espelho, decido que não importa o número na balança, mas sim como me sinto. E sinto que estou radiante. Bernardo e eu estamos prontos para essa nova fase, e, independentemente de como eu esteja fisicamente, o amor que existe entre nós é o que realmente importa. Paris nos espera, e eu mal posso esperar para viver cada momento ao lado dele.
— Fique tranquila, vou cuidar dele para você, não esqueça, tem que experimentá-lo em dois meses. — Dona Judite anota algo em seu caderninho, depois olha por cima do meu ombro e abre um sorriso animado.
— Dona Judite, o noivo especial está aqui — avisa uma de suas funcionárias, abrindo a porta.
— Ah, obrigada, Dora, consegue tirar o vestido sozinha, meu anjo?
— Claro, esse zíper lateral é maravilhoso! — Aponto para o pequeno acessório.
— É verdade, as noivinhas adoram.
— Desculpe a intromissão, mas por que Dora chamou o seu cliente de noivo especial? — pergunto.
— O rapaz é muito romântico e fez um gesto lindo pela noiva — ela explica de forma sonhadora.
— Ah, e qual?
— Ele a deixou escolher um vestido caríssimo da loja, um Lolla Denvers! — dona Judite confidencia com um sorriso cúmplice.
— Que gesto lindo! — comento, enquanto termino de me despir atrás do biombo. — É realmente raro encontrar um noivo tão atencioso nos dias de hoje.
— Com certeza! — Dona Judite concorda, seus olhos brilhando. — Ele estava tão empolgado ao escolher o vestido. Disse que queria que a noiva se sentisse a mais linda do mundo no grande dia.
— Isso é tão romântico! — suspiro, imaginando a cena. — E que tal este vestido? Ele combina com o estilo dela?
— Ah, combina perfeitamente! — diz Dona Judite, segurando o vestido como se fosse um tesouro. — A cor e o modelo vão valorizar muito a beleza dela.
— Fico feliz por ela! — digo, enquanto coloco um roupão. — Espero que o amor deles seja tão forte quanto o gesto do noivo. O importante é que ela se sinta realizada nesse momento.
— Exatamente! — diz Dona Judite, sorrindo. — E quem sabe um dia você também possa encontrar alguém que te faça sentir assim!
— Eu tenho! — respondo, com um sorriso sonhador, enquanto vou organizando as roupas ao meu redor.
Ao sair dos provadores, meu coração salta do peito quando vejo o homem ali, alto, com a pele pálida, pois pouco pega sol, os cabelos castanhos caindo sobre os ombros, vestindo uma calça social e camisa branca de botões, dobrada até os cotovelos.
Bernardo está com seu cartão prateado no caixa da loja, ele parece despreocupado e com um sorriso lindo no rosto.
Eu não posso acreditar, ele me vai me dar um Lolla Denvers?
De repente, ele vira o rosto e me vê, sua face se contorce em desespero.
— Me-Melissa?! O que… o que está fazendo aqui? — ele engasga, está visivelmente nervoso, claro, foi pego no flagra e imagino que não queira que eu saiba e estrague a surpresa.
Finjo que não sei de nada e abro um amplo sorriso e permaneço em silêncio.
— Eu… é que… — ele hesita, a expressão de confusão em seu rosto é quase engraçada, mas ao mesmo tempo, um pouco angustiante. — Eu pensei que você estivesse... bem, em outro lugar.
— Em outro lugar? — pergunto, arqueando uma sobrancelha. — Não seria mais interessante se você me contasse a verdade? O que você está fazendo aqui, com esse cartão na mão e esse sorriso no rosto?
Ele dá um passo para trás, como se estivesse tentando recuar para um lugar seguro.
— Eu só… ah, o que eu quero dizer é que eu estou ajudando um amigo a escolher um presente. É, um presente muito especial, para uma ocasião especial, sabe? — ele tenta se justificar, mas não parece convincente.
— Um presente? — digo, prolongando a fala, como se estivesse pensando. — E se esse presente for um vestido de noiva?
Ele ri nervosamente, e a tensão no ar é palpável.
— Não, não, não! — ele diz, gesticulando com as mãos. — Eu não estou comprando um vestido de noiva... pelo menos, não um vestido para a gente. Ou melhor, não para você... quer dizer, não que você não seja incrível, mas... — sua fala se embaralha, e percebo que ele está realmente sem palavras.
— Calma, Bernardo — falo, tentando acalmá-lo. — Eu não estou aqui para fazer perguntas difíceis. Mas, se de fato está pensando em mim, isso seria uma grande surpresa.
Ele fica em silêncio, e eu posso ver seu olhar nervoso, mas também um vislumbre de esperança. Com um sorriso, digo:
— Se for um Lolla Denvers, acho que posso ter que usar esse vestido em breve, não é?
Sua expressão relaxa um pouco, mas ainda há um misto de apreensão e antecipação em seu olhar. O clima entre nós muda, como se um segredo estivesse sendo compartilhado, ainda que sutilmente.
— Você está bem? — Começo a me preocupar.
— Estou, é só que… — Bernardo limpa as mãos na calça.
— Bê, não vai acreditar o sapato maravilhoso que vi — uma voz melosa ecoa atrás de nós.
Vejo uma mulher linda, com longos cabelos loiros, olhos azuis, corpo de musa fitness em um tubinho branco maravilhoso, diga-se de passagem.
Espere, ela o chamou de Bê?
Congelo quando percebo que Bernardo terá ataque cardíaco.
— Bê, você está bem? Está vermelho como um tomate — ela constata, o homem apenas olha para nós duas sem dizer nada.
— Ai, Jesus, acho que ele está infartando! — me sinto letárgica ao dizer isso.
Uma comoção acontece em segundos.
Rapidamente surge alguém com uma cadeira e um copo com água. Eu e a musa fitness estamos ao seu lado, preocupadas, será que essa é a nova advogada que ele contratou? Mas por que ela viria com ele comprar o meu vestido de noiva? Se bem que noto seu bom gosto, avalio sua bolsa e seus sapatos de salto off-white lindíssimos.
Ok, foco, Melissa!
Claro! Aqui está uma versão melhorada do seu texto:
— Estou bem, é só que… — Ele inspira e expira, balançando a cabeça em seguida.
— Se acalme. Não quer ir ao hospital? — ofereço, preocupada, enquanto pego sua mão.
— Não, já passou. Obrigado — ele diz, abrindo um sorriso amarelo. Mesmo pálido, continua charmoso.
— Uh-hum… Bê, não vai me apresentar à sua amiga? — indaga a loira, com desdém e um toque de irritação.
— Sim, é que eu… — Ele coça a cabeça novamente. — Priscila, essa é a Melissa. — Bernardo aponta para mim e me levanto para cumprimentá-la; apertamos as mãos amigavelmente.
— Mel, essa é a Priscila… — Bernardo faz uma pausa dramática. — Minha noiva! — Hesita um pouco.
Tudo fica confuso, embaçado e fora de foco. Sinto que perdi o contato com a realidade, pois não lembro o que aconteceu a partir daquele momento.
MelissaTrês meses depois.Meus dias são miseráveis. O trabalho é péssimo, e acabo pedindo minhas férias antecipadamente; preciso ficar em casa e sofrer sozinha. No escritório, a todo instante alguém vem perguntar se estou bem. O que acontece é que saio da minha mesa para chorar no banheiro, e não é um choro educado! São soluços entrecortados e altos, com olhos inchados e nariz vermelho.Isolei-me do mundo. Minhas amigas vêm aqui em casa, mas eu não atendo sempre; é exatamente isso que faço até aliviar a dor. Depois de alguns dias, decido sair um pouco para aliviar os colegas da obrigação de se preocuparem. Mesmo que alguns zombem e digam que descobrir uma traição, não é o fim do universo. Nos olhos dos outros, é refresco, isso sim!Aquele descarado é noivo de outra mulher, e não é qualquer uma. A beldade é filha de um procurador importante no país, ou seja, extremamente influente e linda. Sei disso porque passei longos dias como uma stalker nas redes sociais dela, olhando suas fotos
Melissa— Bom dia, Mel! — diz Pedro, um dos editores chefes da empresa e um dos caras mais bonitos que já vi.— Bom dia, Pedro, tudo bem? — respondo, seguindo para minha mesa. Janaína, nossa chefe, escolheu o layout da empresa e nosso escritório é parecido com aqueles de filmes americanos, um grande salão dividido por várias baias e no final das salas dos chefes está a sala de reuniões. É um estilo bacana, mas atrapalha às vezes.— Está bonita, algum encontro hoje? — ele pergunta, me acompanhando.Paro e franzo a testa. Ele disse que eu estava bonita?— Ah… obrigada, mas nada de encontros, só me sentindo bem ao retornar, agora me diga, quer minha ajuda para alguma coisa? — desvio a conversa para não entrarmos no assunto tão constrangedor que é a minha vida amorosa.— Na verdade, eu queria te pedir ajuda para… — Bom dia, gente! — Fernanda, outra amiga que amo e trabalha comigo, diz ao entrar.— Bom dia! — respondemos em uníssono.— Uau, Mel, está linda! Adorei a calça, é aquela que n
MelissaQuase uma hora depois, sou chamada! Assim que tratam um futuro paciente? Ele deve ser bom mesmo porque a cara da mulherada quando sai da sala é de dar inveja, inclusive a de Vivian.— Senhorita Melissa, pode entrar! O doutor Felipe vai lhe atender — diz Ingrid com um sorriso gracinha, enquanto me conduz até a entrada.— Obrigada! — agradeço.— Pode se sentar, por favor! — Ele indica a cadeira em frente à mesa. Sento para aguardar o então médico famoso.É uma sala bonita, clara e arejada. Tem um divã longo e cinza com uma poltrona azul ao lado. No centro da sala, há uma mesa de vidro com um notebook e papéis perfeitamente organizados. No canto, está uma estante de livros e no outro canto, uma porta entreaberta que deduzo ser o banheiro, pelo revestimento típico. . Meu celular começa a tocar e pego para desligar. É Fernanda. Recuso e mando uma mensagem dizendo que falarei depois, pois estou em consulta. — Boa tarde! Desculpe por fazê-la esperar, é que… — ele se interrompe ao
MelissaÀ minha frente, com um sorriso enorme no rosto e um olhar intenso, está ninguém mais, ninguém menos que o doutorzinho. Confesso que ele está bonito com a camisa justa azul, bermudas pretas e tênis. Os cabelos naquela bagunça que faz a gente querer tocar.Sacudo a cabeça para reprimir o pensamento intruso.— Qual a chance de isso acontecer duas vezes? Ainda bem que é gelado desta vez, equilibra as coisas! — Ele brinca.Não sei como responder àquilo, sinto minha cabeça latejar onde bateu sua caneca cheia.— E agora? Vai colocar a culpa em mim também? Mais uma peça de roupa destruída graças a você! — exclamo.Minha respiração está ofegante.— Gosto mais de seu vestido assim! — Ele dá uma piscadinha e me avalia de cima
MelissaEu estou sentada no apartamento de um estranho. Ok, não é tão estranho. Afinal, Lee e Carla o conhecem, então eu devo confiar nele, não é? Observo seu apartamento, que é elegante e minimalista. Tem uma planta aberta, grandes janelas, paredes claras, poucos móveis; um sofá cinza elegante, uma grande TV, a cozinha é americana e super organizada, além de ter o cheiro de limpeza.Ele volta com uma maleta preta e a estende sobre a mesa de madeira maciça e rústica, que destoa um pouco dos outros móveis. — Certo, vamos ver como está isso. — Ele se aproxima e, instintivamente, me afasto. — Relaxa, eu não mordo, não sempre! — O psicólogo brinca. Sinto meu rosto pegar fogo. O encaro é o vejo exibir um sorriso. — É brincadeira, Estressadinha! — diz rapidamente e se concentra em limpar meu rosto. Relaxo dentro do possível. Felipe, afasta meus cabelos delicadamente e tento ajudar para aquilo não ficar esquisito. — Ei, fique parada, não vou te machucar.— Só quero ajudar, e evitar