MelissaA emoção daquele momento é indescritível. Enquanto me admiro no espelho, sinto uma onda de felicidade me invadir. É mais do que apenas um vestido; é um símbolo de tudo o que está por vir. O dia do meu casamento se aproxima e, com ele, a promessa de um futuro ao lado da pessoa que amo.— Você realmente encontrou o vestido dos seus sonhos, Melissa — diz dona Judite, ajustando delicadamente a renda na cintura. — Ele destaca sua beleza natural.Sorrio ainda mais, lembrando de todas as vezes em que imaginei esse momento. Sempre sonhei em usar um vestido de noiva que me fizesse sentir especial, e este é, sem dúvida, o escolhido. A renda delicada e o caimento do vestido me fazem sentir como uma verdadeira princesa.Enquanto a vendedora continua a fazer os ajustes finais, meu pensamento viaja para o dia do casamento. Posso imaginar meus amigos e familiares reunidos, as risadas, os olhares emocionados e, claro, o meu futuro marido, esperando por mim no altar. Sinto meu coração acelerar
MelissaTrês meses depois.Meus dias são miseráveis. O trabalho é péssimo, e acabo pedindo minhas férias antecipadamente; preciso ficar em casa e sofrer sozinha. No escritório, a todo instante alguém vem perguntar se estou bem. O que acontece é que saio da minha mesa para chorar no banheiro, e não é um choro educado! São soluços entrecortados e altos, com olhos inchados e nariz vermelho.Isolei-me do mundo. Minhas amigas vêm aqui em casa, mas eu não atendo sempre; é exatamente isso que faço até aliviar a dor. Depois de alguns dias, decido sair um pouco para aliviar os colegas da obrigação de se preocuparem. Mesmo que alguns zombem e digam que descobrir uma traição, não é o fim do universo. Nos olhos dos outros, é refresco, isso sim!Aquele descarado é noivo de outra mulher, e não é qualquer uma. A beldade é filha de um procurador importante no país, ou seja, extremamente influente e linda. Sei disso porque passei longos dias como uma stalker nas redes sociais dela, olhando suas fotos
Melissa— Bom dia, Mel! — diz Pedro, um dos editores chefes da empresa e um dos caras mais bonitos que já vi.— Bom dia, Pedro, tudo bem? — respondo, seguindo para minha mesa. Janaína, nossa chefe, escolheu o layout da empresa e nosso escritório é parecido com aqueles de filmes americanos, um grande salão dividido por várias baias e no final das salas dos chefes está a sala de reuniões. É um estilo bacana, mas atrapalha às vezes.— Está bonita, algum encontro hoje? — ele pergunta, me acompanhando.Paro e franzo a testa. Ele disse que eu estava bonita?— Ah… obrigada, mas nada de encontros, só me sentindo bem ao retornar, agora me diga, quer minha ajuda para alguma coisa? — desvio a conversa para não entrarmos no assunto tão constrangedor que é a minha vida amorosa.— Na verdade, eu queria te pedir ajuda para… — Bom dia, gente! — Fernanda, outra amiga que amo e trabalha comigo, diz ao entrar.— Bom dia! — respondemos em uníssono.— Uau, Mel, está linda! Adorei a calça, é aquela que n
MelissaQuase uma hora depois, sou chamada! Assim que tratam um futuro paciente? Ele deve ser bom mesmo porque a cara da mulherada quando sai da sala é de dar inveja, inclusive a de Vivian.— Senhorita Melissa, pode entrar! O doutor Felipe vai lhe atender — diz Ingrid com um sorriso gracinha, enquanto me conduz até a entrada.— Obrigada! — agradeço.— Pode se sentar, por favor! — Ele indica a cadeira em frente à mesa. Sento para aguardar o então médico famoso.É uma sala bonita, clara e arejada. Tem um divã longo e cinza com uma poltrona azul ao lado. No centro da sala, há uma mesa de vidro com um notebook e papéis perfeitamente organizados. No canto, está uma estante de livros e no outro canto, uma porta entreaberta que deduzo ser o banheiro, pelo revestimento típico. . Meu celular começa a tocar e pego para desligar. É Fernanda. Recuso e mando uma mensagem dizendo que falarei depois, pois estou em consulta. — Boa tarde! Desculpe por fazê-la esperar, é que… — ele se interrompe ao
MelissaÀ minha frente, com um sorriso enorme no rosto e um olhar intenso, está ninguém mais, ninguém menos que o doutorzinho. Confesso que ele está bonito com a camisa justa azul, bermudas pretas e tênis. Os cabelos naquela bagunça que faz a gente querer tocar.Sacudo a cabeça para reprimir o pensamento intruso.— Qual a chance de isso acontecer duas vezes? Ainda bem que é gelado desta vez, equilibra as coisas! — Ele brinca.Não sei como responder àquilo, sinto minha cabeça latejar onde bateu sua caneca cheia.— E agora? Vai colocar a culpa em mim também? Mais uma peça de roupa destruída graças a você! — exclamo.Minha respiração está ofegante.— Gosto mais de seu vestido assim! — Ele dá uma piscadinha e me avalia de cima