capítulo 03: a mordida

Quando chegaram ao acampamento, o alfa convocou os demais para informar que passariam a noite ali. Precisavam descansar antes de retomar a viagem pela amanhã.

Collin estava sentada sob uma árvore, próxima a fogueira, mas ainda afastada dos outros. Ela tentava manter-se invisível, mas logo notou a aproximação do alfa. Ele caminhava com passos decididos, os olhos fixos nela. Quando parou á sua frente, agachou-se sem esforço e lhe estendeu um prato de comida.

— Damon disse que você não comeu.

— não quero nada. — ela virou o rosto irritada e frustada.

O movimento dele foi imediato. A mão grande segurou seu queixo, obrigadando-a encará-lo.

— eu não pedi para que você comesse. Eu ordenei.

— eu não sou sua escrava para receber ordens!

— não, você não é minha escrava. — a voz dele era fria, cortante. Os olhos verdes brilhavam intensos, carregados de algo que a fez engolir em seco. — mas você é minha. E fará o que eu mandar.

Collin tentou se mover, ele a manteve presa sob seu olhar.

— não gosto de lidar com crianças mimadas, fêmea. Ou você come...

— ou o quê? — a pergunta escapou antes que ela pudesse pensar. Era insano desafiá-lo. Ele era um alfa. Um movimento dele poderia ser fatal.

O alfa inclinou-se, aproximando-se até que o calor da sua respiração roçasse o rosto dela. Collin instintivamente recuou, pressionadando-se contra a árvore.

— tem certeza de que quer me desafiar? — o tom baixo e ameaçador fez sua pele arrepiar-se inteira. Ele segurou o prato e colocou sobre as pernas dela, os olhos fixos nela por mais um instante.

— coma. — a palavra soou quase como um aviso. Seus olhos desviaram rapidamente para os lábios dela, antes que ele se erguesse.

Virou-se para Damon sem sequer olhar para trás.

— certifique-se de que ela coma tudo. Se resistir, me avise. — ele lançou um último olhar intenso na direção de Collin antes de se afastar.

Damon aproximou-se cautelosamente.

— sério, você deveria obedecer. Ele não costuma repetir ordens.

Collin olhou para o prato, depois para Damon. Testar a paciência do alfa parecia uma péssima ideia, por mais que sua raiva e orgulho gritassem. Ela sabia que não era sensato provocar um lupino. Especialmente um alfa. Suspirando, pegou um pedaço de assado e começou a mastigar.

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A madrugada caiu sobre o acampamento. Os homens dormiam, exceto por alguns que estavam de vigília. O alfa permanecia de pé, observando tudo em silêncio.

Collin não conseguia dormir. Algo na presença dele a inquietava. Seus olhos, involuntariamente, buscavam a figura alta e imponente á distância. O que ele queria? Quem ele realmente era?

Quando seus olhares se cruzaram, o coração dela disparou. Os olhos verdes brilhavam no escuro, quase animalescos. Collin sentiu que ele poderia enxergar dentro dela, rapidamente desviou o olhar, virando-se para o outro lado.

Minutos se passaram. A necessidade de se levantar tornou-se urgente. Lutando contra a dor no pé, ela conseguiu ficar de pé e começou a caminhar em direção aos arbustos para aliviar-se.

Mas então, sentiu uma presença atrás de si. O som grave de um suspiro fez seu corpo inteiro arrepiar-se.

— vai tentar de novo? — a voz dele era baixa, carregada de autoridade.

Collin virou-se bruscamente, o coração disparado.

— eu não ia fugir.

Ele deu um passo á frente, bloqueando seu caminho. O olhar perfurante escaneava seu rosto, avaliando cada movimento.

— então o que você ia fazer?

Ela sentiu o rosto arder.

— eu... Estou apertada.

Por um momento, ele permaneceu em silêncio, apenas fitando-a com intensidade. Então, afastou-se

— seja rápida. Se tentar algo, eu saberei.

Collin assentiu apressadamente e desapareceu entre os arbustos. Afastou-se o máximo que podia para ter alguma privacidade, mas foi interrompida por um cheiro forte e metálico.

Franziu o cenho e seguiu o odor, até que viu: uma poça de sangue, ao lado do que parecia ter sido uma cabeça humana.

O estômago dela revirou. Quando tentou recuar, algo emergiu das sombras.

Um homem. Ou algo que um dia havia sido humano. Completamente nu. Sua pele era acinzentada, os olhos completamente vermelhos, as veias saltadas como teias sob a pele. Dentes afiados e cheios de sangue, brilhavam na luz fraca.

— venha para mim... — ele estendeu as mãos ossudas.

Collin tentou gritar e correr, mas o som ficou preso em sua garganta. A criatura saltou sobre ela, derrubando-a no chão.

— quietinha... Não vai doer. — a voz dele era baixa, sibilante.

Ela lutou, chutando e empurrando, mas ele absurdamente forte. Quando ele abriu a boca, pronto para morder seu pescoço, Collin fechou os olhos esperando o pior.

O peso saiu de cima dela de repente, acompanhado de um som brutal.

Ao abrir os olhos, viu o alfa. Ele destroçava a criatura com violência, o sangue manchando suas mãos. Com um movimento preciso, quebrou o pescoço do monstro, silenciando-o para sempre.

Collin mal conseguia respirar. Tudo o que via era o alfa, com os olhos verdes brilhando de fúria, o peito arfando enquanto a encarava.

— temos que ir. — a voz dele era grave, quase um rosnado.

Ela assentiu, incapaz de argumentar. Quando ele a ergueu em seus braços um arrepio percorreu sua espinha.

— o que foi? — perguntou ele. A preocupação mesclada com autoridade.

— minha... Minha perna está doendo muito.

Ele a colocou no chão com cuidado, inspecionando o ferimento. A expressão dele tornou-se sombria.

— o que houve? Ele me feriu?

— ele te mordeu.

A voz dele soou como um golpe. O corpo de Collin tremeu. Não podia ser verdade.

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