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O alfa se casou com a gêmea errada
O alfa se casou com a gêmea errada
Por: Lívia_V
capítulo 01: a gêmea errada

Collin e Colen nasceram na mesma tarde fria de inverno. As duas tinham cabelos vermelhos esvoaçantes e rostos belos, mas os olhos as diferenciavam. Colen herdara dois pares de olhos verdes reluzentes, enquanto Collin tinha um verde e outro amarelo, algo que sempre a fizera sentir-se... errada. Apesar disso, Collin amava a irmã, vendo nela uma heroína e protetora, mesmo que a recíproca nem sempre fosse verdadeira.

A vida na aldeia montanhosa de Rovina era dura, mas para Collin parecia ainda mais cruel. Seus pais claramente preferiam Colen, enchendo-a de elogios e mimos, enquanto Collin recebia apenas trabalho e indiferença. "Ande mais rápido, Collin!", a mãe gritava, ignorando o fato de que a jovem carregava dois pesados baldes de maçãs enquanto Colen segurava apenas um quase vazio.

À noite, Collin só jantava depois de regar a horta, e a comida já estava fria e sem gosto. Quando finalmente se deitava, exausta, o cheiro de suor impregnava seu travesseiro, pois não tinha energia sequer para se lavar.

Na feira, enquanto Colen desaparecia com a desculpa de "ajudar", Collin ficava sozinha, lidando com clientes rudes e suportando os cochichos que a cercavam. Naquele dia em especial, ouviu algo que gelou seu sangue.

— Os ventos mudaram — murmurou uma velha para outra. — Eles estão perto.

— Quem? — um homem curioso perguntou.

— Os lupinos.

Collin engoliu em seco. "Lupinos", os lendários homens-lobo que reivindicavam tudo em seu caminho, eram histórias que ela sempre achara absurdas. Mas os murmúrios não cessaram, e o frio repentino no ar parecia confirmar o temor das pessoas.

Quando o dia finalmente terminou, Collin, cansada e suja de lama, após cair em uma poça de lama por carregar todos os cestos sozinha, voltou para casa. Colen surgiu sorrindo e com as mãos vazias,

— onde estava? — questionou Collin cansada, a irmã apenas deu de ombros.

— me desculpe deixá-la sozinha Collin, é que... Eu tinha que ir ver uma coisa. — disse com um sorriso de orelha a orelha. Collin suspirou, como era possível ela agir daquela forma?

— me dê uma parte do dinheiro, papai e mamãe precisam ver que eu também vendi hoje. — estendeu a mão esperando.

— mas você não vendeu.

— Collin, ande logo.

Collin bufou, mas entregou, pois sabia que sua irmã seria recebida como a "boa vendedora".

De repente, o vento parou, e o ar ficou pesado. Collin e Colen congelaram ao ouvir passos vindos da floresta. Homens emergiram das sombras, altos, fortes e intimidadores, com olhos que brilhavam como os de feras. Entre eles, um homem de pele negra e cabelos cinzentos tomou a frente.

— Todas as jovens da aldeia, para a capela. Agora.

Não era um pedido, mas uma ordem.

                                ------

Na capela, as jovens eram chamadas uma a uma para uma sala. Collin tremia, seu coração martelando no peito. Enquanto isso, Colen recebia abraços e beijos de seus pais.

— Vai ficar tudo bem, meu anjo — dizia a mãe, enquanto Collin, à margem, apertava as próprias mãos. Ninguém a consolava.

Quando chegou a vez de Colen, o homem de cabelos cinzentos a chamou. Ela entrou na sala hesitante, e Collin ficou para trás, roendo as unhas. Mas quem saiu minutos depois foi o homem, não Colen.

— Você — ele apontou para Collin. — Entre.

Ela tentou protestar, mas seus pais apenas desviaram o olhar. Sem outra escolha, entrou na sala, onde Colen a aguardava com os olhos arregalados.

— Collin, eles me escolheram. Eu sou a escolhida! — Colen sussurrou desesperada. —  Eles vão me levar.  Collin arregalou os olhos, seu coração acelerou. Quando a irmã a puxou para um abraço, ela retribuiu já sentindo vontade de chorar.

— tem algo que nós possamos fazer? Tem que ter algo! O que eles querem? — eles falaram que eu sou escolhida.

— escolhida para quê?

— para ir com ele, para ser sua. — ao ver a irmã em prantos, Collin também não coseguira conter a emoção.

— irmã, me escute... Me deixe ir falar com nossos pais uma última vez.

— tudo bem, vamos lá. — sussurrou entre lágrimas, a moça já estava pronta para abrir a porta. Mas Colen a impediu.

— eles não deixarão que eu saia, troque de lugar comigo, será rápido.

Collin sentiu seu coração acelerado, mas não recusou. Afinal... Ela amava sua irmã.

— eu serei rápida. — e logo ela saiu, deixando Collin nervosa e com o coração na mão.

A moça ficou andando de um lado para o outro, o tempo começou a se passar e logo Collin notou que a irmã estava demorando muito. Ela estava prestes a abrir a porta e dar uma olhada, quando a outra porta dos fundos se abriu. Ela estremeceu, ao ver Um homem alto, de cabelos castanhos até os ombros, olhos verdes penetrantes e muito belo, adentrando. Ele exalava poder, e Collin sentiu o corpo travar sob seu olhar.

— Está pronta, Colen? — a voz grave parecia ecoar em sua mente.

— Não... Eu não sou Colen! — Collin balbuciou, tentando recuar.

Seus olhos verdes e intensos fitaram seu rosto, enquanto ele se aproximava a passos largos e poderosos.

O homem inclinou a cabeça, sem desviar os olhos semicerrados dela.

— Eu já disse a você que não adianta tentar fugir fêmea, eu não gosto de jogos.

— Eu não sou ela! É um engano! — Collin tentou desesperadamente se explicar, mas ele avançou, sua presença esmagadora.

— Chega de jogos. Seu destino está selado, e você virá comigo.

Collin tentou correr para a porta, mas ele a alcançou com facilidade, erguendo-a como se ela não pesasse nada.

— Colen! — ela gritou, enquanto era carregada para fora. Do lado de fora, viu a irmã nos braços dos pais, que não fizeram nada.

— Colen! Me ajude! — As lágrimas escorreram pelo rosto de Collin enquanto o homem a levava para o desconhecido.

Do alto de seus ombros, ela viu Colen apenas observá-la, seus olhos verdes brilhando sob a luz da lua, enquanto Collin era levada para longe, sem saber se veria sua casa ou sua família novamente.

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