Ayla encara Juan, a surpresa e descrença a invadindo. Ela não consegue colocar em palavras como aquela noticia havia, literalmente, destruído o seu mundo.—Você conhece?— Juan insiste quando recebe apenas o silêncio de Ayla.—Não.— Ela diz rapidamente, sem precisar parar pra pensar.Juan franze as sobrancelhas, e percebe o comportamento incomum de Ayla. Não era do seu feitio responder qualquer coisa com uma palavra apenas. Ela sempre falava mais. Sempre mais do que podia.—Pensei que a conhecesse. Visto que até os sobrenomes são iguais.— Juan insiste, o que deixa Ayla extremamente irritada.—É apenas coincidência. Só isso.— Ela resmunga e antes que Juan pudesse falar qualquer coisa, ela desaparece mansão adentro.Enquanto Ayla tenta acalmar seus sentidos seguindo em direção a Emma, ela apenas alimenta a certeza de que jamais poderia deixar que Juan soubesse a verdade sobre Diana. Ayla sentia vergonha, sentia-se inferior. E agora, ao perceber que o destino de Juan poderia estar complet
Assim que Ayla para o carro em frente a mansão, ela vê o dano que fez. Havia uma intensa fumaça saindo do lado esquerdo da casa, onde se encontrava a cozinha. E onde Ayla esperava que se mantivesse e o fogo só não tivesse tido tempo o suficiente de destruir tudo.—Por favorzinho, que nada de tão terrível tenha acontecido.— Ela ora consigo mesma enquanto atravessa a casa pelos fundos.E é questão de segundos até Ayla começar a tossir e tentar esconder o rosto da fumaça que saia de dentro daquele cômodo. Pelo pouco de vislumbre que ainda tinha sua visão, ela pôde perceber que o fogo parecia cessado, pois não enxergava nada flamejante e vermelho, apenas o cinza quente.—Oi, tem alguém aqui?— ela pergunta, incapaz de ver qualquer coisa e tenta segurar na pia ao seu lado, mas o inox está tão quente que queima sua mão e ela grita com o susto e dor. —Droga.— Ela leva sua mão aos lábios, sentindo aquela queimadura.—O que você está fazendo aqui?— era a voz de Juan preenchendo todo aquele loca
Juan está esperando, encostado na porta do quarto, enquanto Alison termina de se vestir.—O que você acha desse?— ela pergunta, agora vestindo um vestido branco florado, a décima peça de roupa que ela havia provado naquela noite.—Querida, você está linda nesse. Assim como estava em todos os outros. Podemos ir?— Juan fala a mesma coisa, também pela décima vez.E como todas as outras vezes também, Alison parece não ouvir e ela volta a se encarar no espelho.O quarto deles era minúsculo. Eles haviam acabado de se mudar pra aquela casinha assim que saíram do ensino médio. O lugar era pequeno, a humildade residindo em todos os poucos móveis que eles tinham conseguido até aquele momento.Aquele começo estava sendo difícil, mas toda vez que Juan olhava para Alison, ele só tinha certeza que tudo estava valendo a pena. Desde que ela se mantivesse com ele, igual havia sido desde os seus 8 anos de idade.—Tudo bem, meu amor. Apenas escolha um desses vestidos e eu irei.— Alison volta a falar e s
—Você me traiu primeiro. — A voz firme do homem desconhecido que eu dividia a vida encheu o quarto. Fico imóvel, tentando compreender aquela situação. Meu noivo, na cama em que foi o cenário de tantas juras de amor, a dividia com outra. Com minha própria irmã. —Você enlouqueceu? — minha voz sai mais alta e mais trêmula do que imaginei, pois sinto os estilhaços do meu próprio coração cortando minha garganta. Quando foco o olhar em direção a minha irmã, eu vejo o sorriso enigmático em seu rosto e a compreensão de todo aquele cenário de terror recai sobre mim. —Não precisa mais fingir, Ayla, a Diana já me contou tudo. Um sorriso descrente sai entre os meus lábios, e eu só sabia que já estava cansada demais pra tudo aquilo. —Ainda bem que Diana é uma pessoa decente e que jamais mentiria ou enganaria alguém, então. Erlon não compreende a ironia em minha voz, o que só comprova o quão patético ele sempre fora. Naquele instante, enquanto via as sombras de crueldade nos rostos dos dois,
Eu havia utilizado todo o último final de semana para me afogar em minhas mágoas. E após dois longos dias chorando durante todo instante e ignorando qualquer ligação do mundo lá fora, eu finalmente consegui reagir. Havia acordado cedo naquela manhã para fazer checkout do hotel e finalmente buscar uma casa para alugar. Mas tem uma coisa que não te falam sobre cidade grande, cada pequena pedra no caminho custa uma fortuna. — O senhor está me dizendo que esse é o valor do aluguel mensal, mas só consigo alugar o espaço se eu pagar mais três meses antecipados? — repito a afirmação do síndico daquele prédio, só para ter certeza de que ele podia ouvir o quanto aquilo era absurdo. Ele apenas me encarou com uma expressão de tédio, e sem nem um pouco de compaixão pelos meus olhos visivelmente marejados. — Você pode aceitar ou ir embora. Temos uma grande demanda além de você. Eu engoli em seco no mesmo instante, sabendo que aquela era a minha melhor oportunidade ou iria passar aquela noite e
—Alô, você está aí?— a voz daquele homem volta a encher os meus ouvidos.Ainda petrificada naquela calçada, respondo:—Desculpe, sim. Estou. E aceito o emprego.— digo rapidamente, sem parar para respirar, porque sinto que tudo aquilo poderia ser apenas um sonho no meio do pesadelo em que minha vida se encontrava.—Ok. Venha amanhã, às...— ele começa, mas eu o interrompo logo em seguida.—Ou posso começar de modo imediato.— digo com empolgação, morrendo de esperança que ele concorde. —Quer dizer, pouparia muito do seu tempo me falando tudo que preciso saber hoje. Sei que é um homem ocupado.Mordi o lábio em seguida, rezando para que ele não notasse a urgência em minha voz. Porque a verdade era que eu estava desesperada, porque eu não teria um teto para passar aquela noite. A minha única salvação era aquele emprego, e só em ter a condição de viver naquela casa enorme servia de um alívio de imediato, porque um lugar para viver era tudo que eu não tinha. Aquela proposta caiu como uma lu
No dia seguinte, eu havia despertado cedo. Tinha dormido muito bem na última noite, mas a ansiedade que estava me consumindo se tornou maior assim que o sol deu as caras pelas persianas da minha janela.Saio do anexo e me dirijo até a casa. Ainda é muito cedo para que a garotinha esteja acordada, o sr. Barichello na última noite havia me enviado todos os horários da sua filha.Assim que entro na casa, a mansão está mergulhada em silêncio e eu me atrevo a bisbilhotar, procurando por porta-retratos de fotos de família. Procurando por ela. Pela mulher que o meu chefe estava aliviado que tenha morrido. Mas não existe nenhum resquício de sua existência ali.—O que está fazendo?— a voz masculina e firme me fez dá um sobressalto, as mãos no coração.Me viro, me afastando de uma mesinha no centro da sala e encaro os mais intensos pares de olhos negros em mim.—Eu só estava tentando me familiarizar com a casa.— Falo rapidamente e minha voz sai mais alta do que eu gostaria.Ele apenas me olha d
Os olhos dele estavam presos em mim, como se fosse capaz de queimar a minha alma só com o poder daquele olhar. De repente, o escritório se tornou mais abafado, enquanto uma luta interna se travava dentro de mim.—Ela falou que sentia sua falta.— Volto a falar, um pouco mais calma. —Não acho que seja fácil pra ela, ter perdido a mãe e ver o próprio pai, tudo que sobrou pra ela, se afastando.Aquele homem franze a testa, como se as palavras da minha boca fossem uma espécie de enigma mal compreendido.—O que te faz acreditar que você sabe de algo da nossa vida?— ele pergunta rudemente. —Você é apenas alguém que trabalha para mim. E pelo o que posso notar, está desejando que isso mude.Não deixo sua provocação me distrair. Me recuso que ele mude de assunto daquela forma, porque a curiosidade sobre tudo aquilo que aquele homem poderia esconder me consome a cada segundo.—Sei o suficiente para saber que se sente aliviado pela morte da sua esposa.— Deixo as palavras saírem livremente, sem me