O ar parece mais pesado naquele instante. O coração de Ayla se acelera e o de Ryan se aperta em seu peito. Juan percebe a intensidade daquele momento e ele só quer que toda aquela confusão se dissipe, porque a sensação de impotência o fazia se sentir ainda pior, principalmente ao notar o olhar ansioso de Ayla para o seu irmão. Amanda assistia toda aquela cena que parecia ter sido congelada no tempo, e Juan interviu. —Amanda.— Ele falou ao se aproximar dela. Fazia meses que Juan não falava com sua cunhada, mas ao perceber a proximidade que Ryan e ela estavam novamente, ele concluiu que, de alguma maneira, havia existido uma explicação pra tudo que aconteceu. Então se Ryan pôde perdoá-la, ele poderia ao menos tentar. Isso deu abertura para que Ryan se aproximasse de Ayla do outro lado da sala. —Oi.— É tudo que ele fala, com uma frieza que Ayla jamais vira saindo dele. —Oi.— Ela responde nervosa e tenta brincar com suas mãos. Seu coração se acelera e ela começa a suar, mesmo que e
Capítulo 21Naquela madrugada, assim que Juan atravessou aquelas portas atrás de Ayla, Ryan teve um vislumbre. Algo em sua mente acendeu que deixa-la ir foi a coisa mais inteligente a se fazer, porque o destino dela seria outro e estava em sua frente o tempo todo.—Quem era aquela?— Amanda pergunta assim que ficam a sós.Aaron percebe o drama que está prestes a se instalar ali e decide ir pra outro cômodo.—É a babá da Emma. Eu a conheci há duas semanas, e estávamos tendo algo.— Ryan explica o mais resumidamente e honesto possível.Os olhos de Amanda vacilam por um instante, porque ouvir aquilo ainda doía.—E você...— ela estava prestes a perguntar algo, quando Ryan a interrompeu, porque ele sabia exatamente o que falaria.—Não.— Ele corta no mesmo instante. —Não a amo e acabei de dispensá-la.Amanda tenta disfarçar a alegria iminente que cobriu o seu coração, mas seus olhos apenas brilhavam o suficiente.—E por quê?— ela quer saber.—Porque ela não é você. Ninguém é você. E olha que
Assim que Ayla sai daquela sala, ela sente o peso de toda pressão que estava ao seu redor. Tem dificuldade pra respirar, e sobretudo, parece ter dificuldade de deixar Juan ali. Mesmo que ele já tivesse deixado claro que não precisava de ajuda, e muito menos a dela.—Senhorita, bom dia!— Ayla de repente foi abordada do lado de fora daquela sala.—Sim, bom dia.— Ela responde, ainda que desconfiada e percebe que se tratava do mesmo detetive que havia parado o Juan mais cedo.—A senhorita poderia me acompanhar por um instante?— ele sugere, mas Ayla conhece o suficiente de hierarquia pra saber que ela não tem opção além de segui-lo.Eles entram numa sala, um pouco parecida com a que Juan estava. No entanto, havia outro detetive lá dentro e eles a encaravam como se ela fosse suspeita de algo.—Por que estou aqui?— ela pergunta assim que se senta, quando sente o nervosismo correndo em sua veia.—Só queremos fazer algumas perguntas.— O outro detetive é quem responde.—Há quanto tempo, você tr
Ayla encara Juan, a surpresa e descrença a invadindo. Ela não consegue colocar em palavras como aquela noticia havia, literalmente, destruído o seu mundo.—Você conhece?— Juan insiste quando recebe apenas o silêncio de Ayla.—Não.— Ela diz rapidamente, sem precisar parar pra pensar.Juan franze as sobrancelhas, e percebe o comportamento incomum de Ayla. Não era do seu feitio responder qualquer coisa com uma palavra apenas. Ela sempre falava mais. Sempre mais do que podia.—Pensei que a conhecesse. Visto que até os sobrenomes são iguais.— Juan insiste, o que deixa Ayla extremamente irritada.—É apenas coincidência. Só isso.— Ela resmunga e antes que Juan pudesse falar qualquer coisa, ela desaparece mansão adentro.Enquanto Ayla tenta acalmar seus sentidos seguindo em direção a Emma, ela apenas alimenta a certeza de que jamais poderia deixar que Juan soubesse a verdade sobre Diana. Ayla sentia vergonha, sentia-se inferior. E agora, ao perceber que o destino de Juan poderia estar complet
Assim que Ayla para o carro em frente a mansão, ela vê o dano que fez. Havia uma intensa fumaça saindo do lado esquerdo da casa, onde se encontrava a cozinha. E onde Ayla esperava que se mantivesse e o fogo só não tivesse tido tempo o suficiente de destruir tudo.—Por favorzinho, que nada de tão terrível tenha acontecido.— Ela ora consigo mesma enquanto atravessa a casa pelos fundos.E é questão de segundos até Ayla começar a tossir e tentar esconder o rosto da fumaça que saia de dentro daquele cômodo. Pelo pouco de vislumbre que ainda tinha sua visão, ela pôde perceber que o fogo parecia cessado, pois não enxergava nada flamejante e vermelho, apenas o cinza quente.—Oi, tem alguém aqui?— ela pergunta, incapaz de ver qualquer coisa e tenta segurar na pia ao seu lado, mas o inox está tão quente que queima sua mão e ela grita com o susto e dor. —Droga.— Ela leva sua mão aos lábios, sentindo aquela queimadura.—O que você está fazendo aqui?— era a voz de Juan preenchendo todo aquele loca
Juan está esperando, encostado na porta do quarto, enquanto Alison termina de se vestir.—O que você acha desse?— ela pergunta, agora vestindo um vestido branco florado, a décima peça de roupa que ela havia provado naquela noite.—Querida, você está linda nesse. Assim como estava em todos os outros. Podemos ir?— Juan fala a mesma coisa, também pela décima vez.E como todas as outras vezes também, Alison parece não ouvir e ela volta a se encarar no espelho.O quarto deles era minúsculo. Eles haviam acabado de se mudar pra aquela casinha assim que saíram do ensino médio. O lugar era pequeno, a humildade residindo em todos os poucos móveis que eles tinham conseguido até aquele momento.Aquele começo estava sendo difícil, mas toda vez que Juan olhava para Alison, ele só tinha certeza que tudo estava valendo a pena. Desde que ela se mantivesse com ele, igual havia sido desde os seus 8 anos de idade.—Tudo bem, meu amor. Apenas escolha um desses vestidos e eu irei.— Alison volta a falar e s
—Você me traiu primeiro. — A voz firme do homem desconhecido que eu dividia a vida encheu o quarto. Fico imóvel, tentando compreender aquela situação. Meu noivo, na cama em que foi o cenário de tantas juras de amor, a dividia com outra. Com minha própria irmã. —Você enlouqueceu? — minha voz sai mais alta e mais trêmula do que imaginei, pois sinto os estilhaços do meu próprio coração cortando minha garganta. Quando foco o olhar em direção a minha irmã, eu vejo o sorriso enigmático em seu rosto e a compreensão de todo aquele cenário de terror recai sobre mim. —Não precisa mais fingir, Ayla, a Diana já me contou tudo. Um sorriso descrente sai entre os meus lábios, e eu só sabia que já estava cansada demais pra tudo aquilo. —Ainda bem que Diana é uma pessoa decente e que jamais mentiria ou enganaria alguém, então. Erlon não compreende a ironia em minha voz, o que só comprova o quão patético ele sempre fora. Naquele instante, enquanto via as sombras de crueldade nos rostos dos dois,
Eu havia utilizado todo o último final de semana para me afogar em minhas mágoas. E após dois longos dias chorando durante todo instante e ignorando qualquer ligação do mundo lá fora, eu finalmente consegui reagir. Havia acordado cedo naquela manhã para fazer checkout do hotel e finalmente buscar uma casa para alugar. Mas tem uma coisa que não te falam sobre cidade grande, cada pequena pedra no caminho custa uma fortuna. — O senhor está me dizendo que esse é o valor do aluguel mensal, mas só consigo alugar o espaço se eu pagar mais três meses antecipados? — repito a afirmação do síndico daquele prédio, só para ter certeza de que ele podia ouvir o quanto aquilo era absurdo. Ele apenas me encarou com uma expressão de tédio, e sem nem um pouco de compaixão pelos meus olhos visivelmente marejados. — Você pode aceitar ou ir embora. Temos uma grande demanda além de você. Eu engoli em seco no mesmo instante, sabendo que aquela era a minha melhor oportunidade ou iria passar aquela noite e