Nunca se ouviu um silêncio tão alto. —Como diabos você entrou aqui?— Juan foi o primeiro que falou, assim que se afastou do seu irmão. Juan outra vez deixou a raiva o consumir enquanto assistia aquela figura parada em sua frente, mas Ryan estava impassível. Observava toda aquela cena com a incredulidade e a frieza de rever a pessoa que destruiu sua vida. —Eu te fiz a droga de uma pergunta.— Juan volta a gritar e tenta avançar, claramente tomando as dores do seu irmão, como sempre fizera um pelo outro. Antes que Juan avance e deixe sua raiva o consumir outra vez, Ryan dá um passo à frente e outra vez segura o pulso do seu irmão mais novo, o controlando. E apenas com toda tranquilidade que Ryan tinha, ele olha em frente e pergunta: —O que está fazendo aqui, Aaron? Se está procurando a Amanda, eu não sei onde ela está. Ryan é frio ao falar com seu amigo de longa data, do qual ele não via há meses. O mesmo amigo que fugiu em uma viagem com a sua esposa, enquanto ele tentava lidar com
Era tarde da noite, a cidade estava adormecida. E Ryan acelerava com o carro sem respeitar nenhum limite de velocidade daquela rodovia. Toda a certeza que estava em sua mente, era que ele não poderia mais perder tempo. Tempo era o que o faltava, tempo foi tudo que ele perdeu por causa do seu orgulho e estupidez. —Tem certeza que ela está lá?— Ryan pergunta a Aaron, a respiração ofegante. —Não posso imaginá-la em mais nenhum outro lugar.— Aaron disse, o que fez Ryan acelerar ainda mais com o carro, fazendo aquele carro ser apenas um vulto naquela pista. Ryan segurava o volante com força, enquanto ainda podia ouvir todas as palavras que Aaron o revelou horas antes. Ele não podia aceitar que a verdade que Aaron havia falado poderia ser ainda mais dolorosa do que a falsa verdade que ele tanto acreditou por meses. —Chegamos.— Aaron diz assim que Ryan para o carro. No entanto, Ryan não sai do automóvel. Ele apenas fica imóvel encarando a casa que um dia foi seu lar. Ele havia ido embo
O ar parece mais pesado naquele instante. O coração de Ayla se acelera e o de Ryan se aperta em seu peito. Juan percebe a intensidade daquele momento e ele só quer que toda aquela confusão se dissipe, porque a sensação de impotência o fazia se sentir ainda pior, principalmente ao notar o olhar ansioso de Ayla para o seu irmão. Amanda assistia toda aquela cena que parecia ter sido congelada no tempo, e Juan interviu. —Amanda.— Ele falou ao se aproximar dela. Fazia meses que Juan não falava com sua cunhada, mas ao perceber a proximidade que Ryan e ela estavam novamente, ele concluiu que, de alguma maneira, havia existido uma explicação pra tudo que aconteceu. Então se Ryan pôde perdoá-la, ele poderia ao menos tentar. Isso deu abertura para que Ryan se aproximasse de Ayla do outro lado da sala. —Oi.— É tudo que ele fala, com uma frieza que Ayla jamais vira saindo dele. —Oi.— Ela responde nervosa e tenta brincar com suas mãos. Seu coração se acelera e ela começa a suar, mesmo que e
Capítulo 21Naquela madrugada, assim que Juan atravessou aquelas portas atrás de Ayla, Ryan teve um vislumbre. Algo em sua mente acendeu que deixa-la ir foi a coisa mais inteligente a se fazer, porque o destino dela seria outro e estava em sua frente o tempo todo.—Quem era aquela?— Amanda pergunta assim que ficam a sós.Aaron percebe o drama que está prestes a se instalar ali e decide ir pra outro cômodo.—É a babá da Emma. Eu a conheci há duas semanas, e estávamos tendo algo.— Ryan explica o mais resumidamente e honesto possível.Os olhos de Amanda vacilam por um instante, porque ouvir aquilo ainda doía.—E você...— ela estava prestes a perguntar algo, quando Ryan a interrompeu, porque ele sabia exatamente o que falaria.—Não.— Ele corta no mesmo instante. —Não a amo e acabei de dispensá-la.Amanda tenta disfarçar a alegria iminente que cobriu o seu coração, mas seus olhos apenas brilhavam o suficiente.—E por quê?— ela quer saber.—Porque ela não é você. Ninguém é você. E olha que
Assim que Ayla sai daquela sala, ela sente o peso de toda pressão que estava ao seu redor. Tem dificuldade pra respirar, e sobretudo, parece ter dificuldade de deixar Juan ali. Mesmo que ele já tivesse deixado claro que não precisava de ajuda, e muito menos a dela.—Senhorita, bom dia!— Ayla de repente foi abordada do lado de fora daquela sala.—Sim, bom dia.— Ela responde, ainda que desconfiada e percebe que se tratava do mesmo detetive que havia parado o Juan mais cedo.—A senhorita poderia me acompanhar por um instante?— ele sugere, mas Ayla conhece o suficiente de hierarquia pra saber que ela não tem opção além de segui-lo.Eles entram numa sala, um pouco parecida com a que Juan estava. No entanto, havia outro detetive lá dentro e eles a encaravam como se ela fosse suspeita de algo.—Por que estou aqui?— ela pergunta assim que se senta, quando sente o nervosismo correndo em sua veia.—Só queremos fazer algumas perguntas.— O outro detetive é quem responde.—Há quanto tempo, você tr
Ayla encara Juan, a surpresa e descrença a invadindo. Ela não consegue colocar em palavras como aquela noticia havia, literalmente, destruído o seu mundo.—Você conhece?— Juan insiste quando recebe apenas o silêncio de Ayla.—Não.— Ela diz rapidamente, sem precisar parar pra pensar.Juan franze as sobrancelhas, e percebe o comportamento incomum de Ayla. Não era do seu feitio responder qualquer coisa com uma palavra apenas. Ela sempre falava mais. Sempre mais do que podia.—Pensei que a conhecesse. Visto que até os sobrenomes são iguais.— Juan insiste, o que deixa Ayla extremamente irritada.—É apenas coincidência. Só isso.— Ela resmunga e antes que Juan pudesse falar qualquer coisa, ela desaparece mansão adentro.Enquanto Ayla tenta acalmar seus sentidos seguindo em direção a Emma, ela apenas alimenta a certeza de que jamais poderia deixar que Juan soubesse a verdade sobre Diana. Ayla sentia vergonha, sentia-se inferior. E agora, ao perceber que o destino de Juan poderia estar complet
Assim que Ayla para o carro em frente a mansão, ela vê o dano que fez. Havia uma intensa fumaça saindo do lado esquerdo da casa, onde se encontrava a cozinha. E onde Ayla esperava que se mantivesse e o fogo só não tivesse tido tempo o suficiente de destruir tudo.—Por favorzinho, que nada de tão terrível tenha acontecido.— Ela ora consigo mesma enquanto atravessa a casa pelos fundos.E é questão de segundos até Ayla começar a tossir e tentar esconder o rosto da fumaça que saia de dentro daquele cômodo. Pelo pouco de vislumbre que ainda tinha sua visão, ela pôde perceber que o fogo parecia cessado, pois não enxergava nada flamejante e vermelho, apenas o cinza quente.—Oi, tem alguém aqui?— ela pergunta, incapaz de ver qualquer coisa e tenta segurar na pia ao seu lado, mas o inox está tão quente que queima sua mão e ela grita com o susto e dor. —Droga.— Ela leva sua mão aos lábios, sentindo aquela queimadura.—O que você está fazendo aqui?— era a voz de Juan preenchendo todo aquele loca
Juan está esperando, encostado na porta do quarto, enquanto Alison termina de se vestir.—O que você acha desse?— ela pergunta, agora vestindo um vestido branco florado, a décima peça de roupa que ela havia provado naquela noite.—Querida, você está linda nesse. Assim como estava em todos os outros. Podemos ir?— Juan fala a mesma coisa, também pela décima vez.E como todas as outras vezes também, Alison parece não ouvir e ela volta a se encarar no espelho.O quarto deles era minúsculo. Eles haviam acabado de se mudar pra aquela casinha assim que saíram do ensino médio. O lugar era pequeno, a humildade residindo em todos os poucos móveis que eles tinham conseguido até aquele momento.Aquele começo estava sendo difícil, mas toda vez que Juan olhava para Alison, ele só tinha certeza que tudo estava valendo a pena. Desde que ela se mantivesse com ele, igual havia sido desde os seus 8 anos de idade.—Tudo bem, meu amor. Apenas escolha um desses vestidos e eu irei.— Alison volta a falar e s