Capítulo 57

CLARA

O silêncio da casa de Ana, que antes parecia um refúgio, agora me sufocava. Estávamos seguros, ou pelo menos era o que a presença da polícia lá fora tentava me fazer acreditar. Mas, no fundo, eu sabia que aquilo era apenas uma camada fina de proteção, frágil demais diante do tipo de pessoas com quem estávamos lidando. Essas pessoas não respeitavam limites, e, a essa altura, eu sabia que Henrique também estava ciente disso.

Depois que a polícia saiu, deixando uma viatura de vigilância do lado de fora, Henrique e eu ficamos na sala, em silêncio. Ana já tinha ido dormir, exausta depois de tudo o que tinha acontecido. Mas eu não conseguia relaxar, muito menos dormir. Minha mente estava em constante alerta, como se esperasse que algo acontecesse a qualquer momento.

— Você está bem? — Henrique quebrou o silêncio, sua voz baixa, carregada de preocupação.

Eu olhei para ele, sentindo um peso no peito. Sabia que a pergunta dele ia além do simples “como você está?”. Henrique sabia que eu e
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