CLARA
Os dias começaram a passar de uma forma mais leve desde que decidi me dedicar ao blog. Toda vez que Sofia tirava uma soneca ou quando Henrique estava em casa para me ajudar, eu encontrava momentos para me sentar em frente ao laptop e trabalhar nas minhas ideias. Escrever era como uma válvula de escape, uma maneira de me reconectar com uma parte de mim que eu não sabia que estava com tanta saudade.
Cada post que eu publicava, por mais simples que fosse, trazia uma sensação de realização. O blog era pequeno e ainda engatinhava, mas eu estava animada. O foco inicial era a decoração — algo que sempre me fascinou —, mas logo comecei a misturar dicas de design com reflexões pessoais sobre a maternidade e a vida familiar. De alguma forma, escrever sobre tudo isso me fazia sentir mais completa.
Naquela tarde, enquanto Sofia brincava no tapete da sala com seus blocos
CLARAOs últimos dias foram agitados de uma maneira boa. O blog estava crescendo mais rápido do que eu esperava. Depois que comecei a série “Diário de uma Mãe”, os leitores começaram a aumentar, e o engajamento subiu junto. Mães, pais, e até pessoas que apenas apreciavam a decoração, começaram a comentar e compartilhar as postagens. Eu sabia que estava no caminho certo, mas, ao mesmo tempo, a quantidade de trabalho começava a aumentar, e com isso, o desafio de equilibrar tudo também.Naquela manhã, enquanto fazia o café da manhã e observava Sofia brincar com seus bloquinhos coloridos, eu não conseguia evitar de me sentir um pouco sobrecarregada. Entre escrever novos posts, responder aos comentários e planejar as próximas ideias para o blog, eu mal encontrava tempo para mim mesma. Claro, eu amava tudo isso, mas estava começando a perceber que precisava me organizar melhor.Henrique entrou na cozinha, parecendo perceber meu olhar distante enquanto mexia na panela de ovos.— Você está pe
CLARAA calmaria que finalmente tínhamos alcançado começou a ruir aos poucos. Tudo parecia perfeito: o blog crescendo, nossa vida familiar tranquila e, pela primeira vez em muito tempo, eu sentia que o pior estava atrás de nós. Mas o destino, como sempre, tinha outras intenções.Tudo começou com uma mensagem de texto inesperada.— Quem é esse número? — murmurei para mim mesma enquanto desbloqueava o celular e lia o conteúdo da mensagem.“A vida perfeita que você acha que tem vai desmoronar em breve. Ele nunca foi seu.”Eu senti um arrepio subir pela espinha. Olhei para o remetente e, claro, era um número desconhecido. O anonimato era claramente proposital, mas o tom da mensagem deixava claro que quem quer que fosse, estava pronto para causar estragos.No início, pensei em ignorar. Provavelmente era só alguma piada de mau gosto, algo sem importância. Mas o tom ameaçador daquelas palavras ficou martelando na minha cabeça. Ele nunca foi seu? O que isso significava? Eu sabia que Henrique
CLARAA sala estava mergulhada em um silêncio pesado, cada segundo se arrastando enquanto eu olhava fixamente para Henrique, esperando que ele dissesse alguma coisa. Marcela estava de volta. A mulher que quase destruiu nossa vida tinha retornado com uma nova ameaça, um nome que Henrique parecia conhecer muito bem, mas que para mim era um completo mistério.— Henrique, me conta, por favor, — minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, um misto de súplica e medo. — O que está acontecendo? Quem está voltando?Ele passou as mãos pelo cabelo, visivelmente tenso. Sua postura estava mais rígida do que o normal, e eu podia ver o peso das palavras que ele ainda não tinha coragem de dizer. Era como se, por mais que quisesse, ele ainda estivesse hesitando em me contar a verdade.— Clara... eu nunca quis que você so
CLARAEu tentei dormir naquela noite, mas o peso do que Henrique havia revelado me mantinha acordada. Cada vez que eu fechava os olhos, via o rosto de Marcela com aquele sorriso cínico, as palavras dela ressoando em minha mente: "Ele nunca foi seu" e, pior, "alguém vai voltar". Gustavo. Esse nome agora parecia um fantasma que assombrava a nossa casa, uma ameaça que eu mal conseguia entender, mas que já começava a se infiltrar no meu casamento.De manhã, Henrique estava visivelmente mais tenso. Ele estava ao telefone, provavelmente lidando com seus advogados ou algum contato que pudesse nos ajudar a lidar com a situação. Eu o observei de longe, Sofia brincando no chão ao meu lado, inocente e alheia ao caos que estava começando a nos cercar.Eu queria conversar com ele, perguntar mais sobre o passado, sobre Gustavo, mas cada vez que tentava me a
CLARADepois daquela noite, o clima na nossa casa nunca mais foi o mesmo. Cada palavra que eu trocava com Henrique parecia carregada de desconfiança, e cada vez que ele olhava para mim, eu me perguntava o que mais ele estava escondendo. A sombra de Gustavo e Marcela pairava sobre nós como uma nuvem pesada, e, por mais que tentássemos agir normalmente, o caos já tinha começado a nos envolver.As mensagens de Marcela não paravam de chegar. Cada dia, uma nova ameaça. Ela parecia ter prazer em jogar comigo, me manipulando com suas palavras afiadas e insinuações de que eu não conhecia Henrique tão bem quanto pensava. E, por mais que eu quisesse ignorá-la, as sementes de dúvida que ela plantava começavam a crescer.Henrique, por sua vez, estava cada vez mais distante. Ele passava horas no telefone, saindo de casa em reuniões misteriosas e voltando
CLARAAs coisas começaram a desmoronar rapidamente. O que antes parecia uma vida perfeita estava desmoronando diante dos meus olhos, e eu me via cada vez mais envolvida em um jogo que eu nem sabia estar jogando. Gustavo e Marcela estavam atacando de todos os lados, e agora eles tinham um alvo claro: eu.Na manhã seguinte à reunião com o advogado, acordei com uma sensação pesada de que algo estava muito errado. Quando peguei o celular, fui direto para o aplicativo do blog, onde normalmente verificava as visualizações e os comentários. Mas, em vez de uma notificação de engajamento ou um comentário de incentivo, o que encontrei foi uma enxurrada de mensagens de ódio."Ladra.""Falsificadora.""Golpista."Eu olhava para a tela, incrédula. Dezenas de mensagens inundavam o blog, todas acusando-me de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro. Alguém — Gustavo, com certeza — havia espalhado mentiras sobre mim e sobre meu trabalho, e agora as pessoas estavam acreditando.Meu corpo inte
CLARAO silêncio pesado tomou conta do ambiente enquanto Henrique olhava para o telefone com uma expressão que eu nunca tinha visto antes. Algo entre pavor e resignação. Era Gustavo. E, a julgar pela reação de Henrique, essa ligação não traria boas notícias.Eu observava, com o coração apertado, enquanto ele hesitava por um segundo antes de atender. Ele levantou o olhar para mim, e, sem dizer uma palavra, eu soube que o que ele estava prestes a ouvir poderia mudar tudo.— O que você quer, Gustavo? — a voz de Henrique saiu baixa, cheia de tensão contida.Eu fiquei ali, parada, tentando ouvir a conversa, mas só conseguia captar fragmentos. A voz de Gustavo era baixa e quase cínica do outro lado da linha. Não consegui entender as palavras exatas, mas era claro que ele estava no controle.Depois de alguns segundos que pareciam uma eternidade, Henrique desligou o telefone, respirando fundo, como se estivesse prestes a encarar algo que sabia que seria devastador. Seus olhos se voltaram para
CLARAAs palavras de Marcela continuavam ecoando na minha cabeça como uma maldição: "Você nunca vai ser suficiente para ele." Eu tentava afastar aquela voz cruel, mas, depois de tudo o que descobri, aquelas palavras pareciam colar em mim. Cada vez que olhava para Henrique, a dúvida crescia. Gustavo e Marcela estavam conseguindo exatamente o que queriam: eles estavam me quebrando.Henrique, ao meu lado, tentava manter a calma, mas estava claro que ele também estava no limite. O peso dos segredos que ele carregou por tanto tempo e o impacto das mentiras e manipulações estavam destruindo a relação que tínhamos. E o pior de tudo é que eu não sabia se éramos fortes o suficiente para aguentar o que estava por vir.— Clara, precisamos reagir, — disse ele, sua voz firme, mas com um toque de desespero que ele tentava disfarçar. — Marcela e Gustavo estão jogando sujo, mas não podemos permitir que eles nos derrubem.Eu balancei a cabeça, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Estava cansa