CLARA
A sala estava mergulhada em um silêncio pesado, cada segundo se arrastando enquanto eu olhava fixamente para Henrique, esperando que ele dissesse alguma coisa. Marcela estava de volta. A mulher que quase destruiu nossa vida tinha retornado com uma nova ameaça, um nome que Henrique parecia conhecer muito bem, mas que para mim era um completo mistério.
— Henrique, me conta, por favor, — minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, um misto de súplica e medo. — O que está acontecendo? Quem está voltando?
Ele passou as mãos pelo cabelo, visivelmente tenso. Sua postura estava mais rígida do que o normal, e eu podia ver o peso das palavras que ele ainda não tinha coragem de dizer. Era como se, por mais que quisesse, ele ainda estivesse hesitando em me contar a verdade.
— Clara... eu nunca quis que você so
CLARAEu tentei dormir naquela noite, mas o peso do que Henrique havia revelado me mantinha acordada. Cada vez que eu fechava os olhos, via o rosto de Marcela com aquele sorriso cínico, as palavras dela ressoando em minha mente: "Ele nunca foi seu" e, pior, "alguém vai voltar". Gustavo. Esse nome agora parecia um fantasma que assombrava a nossa casa, uma ameaça que eu mal conseguia entender, mas que já começava a se infiltrar no meu casamento.De manhã, Henrique estava visivelmente mais tenso. Ele estava ao telefone, provavelmente lidando com seus advogados ou algum contato que pudesse nos ajudar a lidar com a situação. Eu o observei de longe, Sofia brincando no chão ao meu lado, inocente e alheia ao caos que estava começando a nos cercar.Eu queria conversar com ele, perguntar mais sobre o passado, sobre Gustavo, mas cada vez que tentava me a
CLARADepois daquela noite, o clima na nossa casa nunca mais foi o mesmo. Cada palavra que eu trocava com Henrique parecia carregada de desconfiança, e cada vez que ele olhava para mim, eu me perguntava o que mais ele estava escondendo. A sombra de Gustavo e Marcela pairava sobre nós como uma nuvem pesada, e, por mais que tentássemos agir normalmente, o caos já tinha começado a nos envolver.As mensagens de Marcela não paravam de chegar. Cada dia, uma nova ameaça. Ela parecia ter prazer em jogar comigo, me manipulando com suas palavras afiadas e insinuações de que eu não conhecia Henrique tão bem quanto pensava. E, por mais que eu quisesse ignorá-la, as sementes de dúvida que ela plantava começavam a crescer.Henrique, por sua vez, estava cada vez mais distante. Ele passava horas no telefone, saindo de casa em reuniões misteriosas e voltando
CLARAAs coisas começaram a desmoronar rapidamente. O que antes parecia uma vida perfeita estava desmoronando diante dos meus olhos, e eu me via cada vez mais envolvida em um jogo que eu nem sabia estar jogando. Gustavo e Marcela estavam atacando de todos os lados, e agora eles tinham um alvo claro: eu.Na manhã seguinte à reunião com o advogado, acordei com uma sensação pesada de que algo estava muito errado. Quando peguei o celular, fui direto para o aplicativo do blog, onde normalmente verificava as visualizações e os comentários. Mas, em vez de uma notificação de engajamento ou um comentário de incentivo, o que encontrei foi uma enxurrada de mensagens de ódio."Ladra.""Falsificadora.""Golpista."Eu olhava para a tela, incrédula. Dezenas de mensagens inundavam o blog, todas acusando-me de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro. Alguém — Gustavo, com certeza — havia espalhado mentiras sobre mim e sobre meu trabalho, e agora as pessoas estavam acreditando.Meu corpo inte
CLARAO silêncio pesado tomou conta do ambiente enquanto Henrique olhava para o telefone com uma expressão que eu nunca tinha visto antes. Algo entre pavor e resignação. Era Gustavo. E, a julgar pela reação de Henrique, essa ligação não traria boas notícias.Eu observava, com o coração apertado, enquanto ele hesitava por um segundo antes de atender. Ele levantou o olhar para mim, e, sem dizer uma palavra, eu soube que o que ele estava prestes a ouvir poderia mudar tudo.— O que você quer, Gustavo? — a voz de Henrique saiu baixa, cheia de tensão contida.Eu fiquei ali, parada, tentando ouvir a conversa, mas só conseguia captar fragmentos. A voz de Gustavo era baixa e quase cínica do outro lado da linha. Não consegui entender as palavras exatas, mas era claro que ele estava no controle.Depois de alguns segundos que pareciam uma eternidade, Henrique desligou o telefone, respirando fundo, como se estivesse prestes a encarar algo que sabia que seria devastador. Seus olhos se voltaram para
CLARAAs palavras de Marcela continuavam ecoando na minha cabeça como uma maldição: "Você nunca vai ser suficiente para ele." Eu tentava afastar aquela voz cruel, mas, depois de tudo o que descobri, aquelas palavras pareciam colar em mim. Cada vez que olhava para Henrique, a dúvida crescia. Gustavo e Marcela estavam conseguindo exatamente o que queriam: eles estavam me quebrando.Henrique, ao meu lado, tentava manter a calma, mas estava claro que ele também estava no limite. O peso dos segredos que ele carregou por tanto tempo e o impacto das mentiras e manipulações estavam destruindo a relação que tínhamos. E o pior de tudo é que eu não sabia se éramos fortes o suficiente para aguentar o que estava por vir.— Clara, precisamos reagir, — disse ele, sua voz firme, mas com um toque de desespero que ele tentava disfarçar. — Marcela e Gustavo estão jogando sujo, mas não podemos permitir que eles nos derrubem.Eu balancei a cabeça, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Estava cansa
CLARASentei-me à mesa, o olhar de Marcela me perfurando como se ela soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Cada sorriso, cada gesto dela era calculado. Eu sabia que ela estava tentando me desestabilizar, mas, apesar de tudo, o desejo de descobrir a verdade me mantinha firme ali. Eu precisava ouvir o que ela tinha a dizer.— Então, Clara, — começou ela, cruzando as pernas e inclinando-se levemente para frente. — Henrique te contou sobre o filho que perdemos, não é? Isso foi só o começo. Mas você sabe, querida, ele é muito bom em esconder as partes realmente sujas.Minhas mãos estavam firmemente agarradas ao colo, tentando controlar a ansiedade que crescia dentro de mim. O choque da revelação de Henrique sobre a gravidez de Marcela ainda estava fresco, e eu não sabia se conseguiria lidar com mais sur
CLARAPassei a noite em claro, o olhar fixo no teto enquanto todas as palavras de Marcela ecoavam na minha mente. Provas. Ela disse que tinha provas. E se fosse verdade? E se Henrique estivesse realmente envolvido em algo muito pior do que eu imaginava?Cada vez que eu fechava os olhos, sentia uma mistura de medo e raiva. Gustavo e Marcela estavam jogando um jogo cruel, e eu estava no meio disso, sem saber em quem confiar. Henrique dormia ao meu lado, a respiração pesada de quem estava emocionalmente exausto. Eu o observava, tentando enxergar o homem que eu sempre pensei que conhecia, mas as sombras entre nós estavam crescendo.Na manhã seguinte, enquanto tomávamos café, a tensão era palpável. Henrique sabia que algo estava errado. Ele me olhava como se estivesse esperando por um veredicto, como se soubesse que nossa relação estava prestes a enfrentar o maior teste de todos.— Clara, você ainda está pensando sobre o que Marcela disse, não está? — Ele finalmente perguntou, a voz cheia
CLARAMeu coração batia tão rápido que parecia querer sair do peito. A sala estava quieta, exceto pelo som suave do papel se mexendo enquanto eu pegava a primeira página da pilha que Marcela colocara diante de mim. As mãos trêmulas, eu comecei a ler.— Aqui está tudo o que você precisa saber, Clara. — A voz de Marcela soava distante, como se estivesse vindo de algum lugar fora do meu campo de percepção. Tudo o que eu conseguia ver eram aquelas palavras, impressas em preto e branco, que prometiam destruir o homem que eu amava.Os documentos detalhavam transações financeiras, e-mails trocados entre Henrique e Gustavo, acordos de negócios que, segundo as informações, indicavam claramente que Henrique estava envolvido em atividades ilegais. A cada nova página, meu coração se apertava mais. Era como se cada linha fosse uma facada, e eu estava sangrando por dentro.Marcela estava ao meu lado, observando-me como um predador que espera pacientemente pela queda de sua presa.— Você ainda acha