CLARAAs palavras de Marcela continuavam ecoando na minha cabeça como uma maldição: "Você nunca vai ser suficiente para ele." Eu tentava afastar aquela voz cruel, mas, depois de tudo o que descobri, aquelas palavras pareciam colar em mim. Cada vez que olhava para Henrique, a dúvida crescia. Gustavo e Marcela estavam conseguindo exatamente o que queriam: eles estavam me quebrando.Henrique, ao meu lado, tentava manter a calma, mas estava claro que ele também estava no limite. O peso dos segredos que ele carregou por tanto tempo e o impacto das mentiras e manipulações estavam destruindo a relação que tínhamos. E o pior de tudo é que eu não sabia se éramos fortes o suficiente para aguentar o que estava por vir.— Clara, precisamos reagir, — disse ele, sua voz firme, mas com um toque de desespero que ele tentava disfarçar. — Marcela e Gustavo estão jogando sujo, mas não podemos permitir que eles nos derrubem.Eu balancei a cabeça, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Estava cansa
CLARASentei-me à mesa, o olhar de Marcela me perfurando como se ela soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Cada sorriso, cada gesto dela era calculado. Eu sabia que ela estava tentando me desestabilizar, mas, apesar de tudo, o desejo de descobrir a verdade me mantinha firme ali. Eu precisava ouvir o que ela tinha a dizer.— Então, Clara, — começou ela, cruzando as pernas e inclinando-se levemente para frente. — Henrique te contou sobre o filho que perdemos, não é? Isso foi só o começo. Mas você sabe, querida, ele é muito bom em esconder as partes realmente sujas.Minhas mãos estavam firmemente agarradas ao colo, tentando controlar a ansiedade que crescia dentro de mim. O choque da revelação de Henrique sobre a gravidez de Marcela ainda estava fresco, e eu não sabia se conseguiria lidar com mais sur
CLARAPassei a noite em claro, o olhar fixo no teto enquanto todas as palavras de Marcela ecoavam na minha mente. Provas. Ela disse que tinha provas. E se fosse verdade? E se Henrique estivesse realmente envolvido em algo muito pior do que eu imaginava?Cada vez que eu fechava os olhos, sentia uma mistura de medo e raiva. Gustavo e Marcela estavam jogando um jogo cruel, e eu estava no meio disso, sem saber em quem confiar. Henrique dormia ao meu lado, a respiração pesada de quem estava emocionalmente exausto. Eu o observava, tentando enxergar o homem que eu sempre pensei que conhecia, mas as sombras entre nós estavam crescendo.Na manhã seguinte, enquanto tomávamos café, a tensão era palpável. Henrique sabia que algo estava errado. Ele me olhava como se estivesse esperando por um veredicto, como se soubesse que nossa relação estava prestes a enfrentar o maior teste de todos.— Clara, você ainda está pensando sobre o que Marcela disse, não está? — Ele finalmente perguntou, a voz cheia
CLARAMeu coração batia tão rápido que parecia querer sair do peito. A sala estava quieta, exceto pelo som suave do papel se mexendo enquanto eu pegava a primeira página da pilha que Marcela colocara diante de mim. As mãos trêmulas, eu comecei a ler.— Aqui está tudo o que você precisa saber, Clara. — A voz de Marcela soava distante, como se estivesse vindo de algum lugar fora do meu campo de percepção. Tudo o que eu conseguia ver eram aquelas palavras, impressas em preto e branco, que prometiam destruir o homem que eu amava.Os documentos detalhavam transações financeiras, e-mails trocados entre Henrique e Gustavo, acordos de negócios que, segundo as informações, indicavam claramente que Henrique estava envolvido em atividades ilegais. A cada nova página, meu coração se apertava mais. Era como se cada linha fosse uma facada, e eu estava sangrando por dentro.Marcela estava ao meu lado, observando-me como um predador que espera pacientemente pela queda de sua presa.— Você ainda acha
CLARAA casa parecia mais vazia do que nunca. O silêncio pesado preenchia cada canto, e, por mais que eu tentasse focar em algo, meus pensamentos sempre voltavam para Henrique e para tudo o que ele havia escondido. O espaço que eu sempre chamei de lar agora se sentia estranho, como se nada mais fosse realmente meu.Eu sabia que precisava sair dali. Precisava de tempo e distância para entender o que significava tudo aquilo. O que significava para mim, para nosso casamento, para a nossa família.— Vou ficar na casa da minha mãe por uns dias, — anunciei, minha voz baixa, mas determinada.Henrique, que estava na sala de estar, olhou para mim como se eu tivesse acabado de desferir o golpe final.— Clara... — Ele começou a falar, mas eu levantei a mão, interrompendo-o.— Eu preciso de espaço, Henrique. Eu preciso pensar, — continuei, tentando segurar as lágrimas. — Tudo isso... o que você escondeu de mim, o que Marcela e Gustavo fizeram, eu não posso simplesmente continuar fingindo que está
CLARAOs dias passaram como um borrão. Cada vez que eu tentava me distrair, algo me puxava de volta à realidade esmagadora do que estava acontecendo. Henrique não parava de me mandar mensagens, tentando se explicar, tentando salvar o que restava de nós, mas, ao mesmo tempo, a voz de Marcela continuava ecoando na minha cabeça.“Ele mentiu para você desde o início.”“Você nunca vai ser suficiente para ele.”Eu não sabia se conseguiria lidar com isso por mais tempo. O que Marcela havia me mostrado, as provas que expuseram o passado de Henrique, estavam ali, queimando na minha mente. Mas, mais do que isso, o sentimento de traição crescia dentro de mim como uma ferida que eu não sabia como curar.Minha mãe fez o possível para me ajudar, para me dar conselhos. Ela sabia que essa decisão precisava ser minha, mas me lembrava constantemente de que, em um relacionamento, o amor precisa ser mais forte do que os erros do passado. Mas, no fundo, eu me perguntava se o amor era suficiente.Naquela m
CLARAAs horas que se seguiram à saída de Henrique pareciam se arrastar. O silêncio era diferente agora — não mais sufocante, mas cheio de reflexões. Cada memória, cada detalhe dos últimos dias, das últimas revelações, passava pela minha mente como um filme que eu não conseguia pausar. Tudo parecia estar em câmera lenta, mas, ao mesmo tempo, meu coração batia acelerado, tentando encontrar um caminho claro em meio a tanto caos.Minha mãe, sempre cuidadosa em me dar espaço, sentou-se ao meu lado na cozinha enquanto eu terminava meu café.— Você parece distante, — comentou ela suavemente, mexendo na própria xícara. — Quer conversar sobre o que está acontecendo?Eu respirei fundo, apoiando as mãos no colo. A verdade era que, mais do que nunca, eu precisava de orientação. Não sabia se estava pronta para tomar uma decisão tão grande, mas ao mesmo tempo sabia que não podia continuar na incerteza.— Mãe, eu... estou tão confusa, — comecei, minha voz trêmula. — Eu amo o Henrique, mas depois de
HENRIQUEAs semanas após nossa última conversa foram diferentes, mas tranquilas. Clara e eu estávamos reconstruindo as coisas, pouco a pouco. Eu sabia que não seria fácil, que a confiança não voltaria de uma hora para outra, mas havia algo reconfortante no fato de que estávamos tentando. Estávamos indo devagar, um passo de cada vez. Ela ainda estava machucada, e eu estava determinado a mostrar que eu mudaria — por ela, por Sofia, por nossa família.Mas, enquanto tentávamos recomeçar, uma sombra começava a pairar sobre nós. Algo que Clara não sabia, e que eu preferia que continuasse assim.No fundo da minha mente, havia sempre aquela pequena voz me lembrando do que deixei para trás. Sabia que não podia fugir do passado para sempre, mas tentei ao máximo fingir que tudo estava enterrado. Alberto “O Cobra” era o pesadelo que eu sempre temi que voltasse. E, nas últimas semanas, as ameaças que eu tanto esperava começaram a se tornar mais reais.A primeira vez que percebi algo errado foi na