Tudo o que eu poderia fazer para me proteger eu fiz, tentei ficar o máximo que deu em silêncio, deixei que Amélia falasse nos meus ouvidos até eles basicamente sangrarem.- Eu acho que lilás combinaria muito com a ocasião, as flores precisam ser lavanda... – Disse ela mandando em basicamente tudo sem me consultar.- Mãe... Você deveria deixar que Catarina falasse um pouco. A festa será dela afinal.- Aposto que Catarina não se importa com minhas sugestões – Disse ela me olhando de cima abaixo como se fosse me engolir com seus olhos arregalados a qualquer momento.Eu engoli, o máximo que consegui foi franzir minhas sobrancelhas, eu não concordava com nada daquilo obviamente, então tudo o que eu poderia fazer era me calar e seguir o efeito manada.Eu fiquei no carro enquanto ela e meu cunhado confabulavam sobre qual peça eles doariam do acervo pessoal para o tal leilão.- Maria Catarina... – Disse o motorista me olhando pelo espelho.- Sim... – Eu respondi sem muita pretensão.-
O meu coração estava batendo tão rápido dentro de mim que eu não consegui ter uma reação apropriada ao meu luto.Era o meu pai e ele morreu sem que eu tivesse a chance de dizer o quanto eu o amava.- Eu posso ler essa carta? – Eu disse com lágrimas nos olhos, mas tentando me manter firme para não chorar ainda mais.- Eu não acho uma boa ideia Catarina, vem aqui... – Ele fez sinal para eu me aproximar dele e eu fui sem pensar duas vezes.Me sentei no colo dele e aconcheguei a minha cabeça no peito dele, deixei sair de mim o choro mais doloroso de toda a minha vida, mas logo tive que recobrar a consciência. Eu precisava ler a maldita carta, eu precisava de uma justificativa para o que Liz havia feito com nossa família.- Por favor Ethan, eu preciso ler essa carta. É o meu direito, não tire isso de mim. Eu sei que faço inúmeros questionamentos e faço coisas que você não concorda, sei que sou uma maldita pedra no seu sapato..., Mas por favor, não me tire isso.Ele me olhou nos olhos e col
O funeral estava sendo organizado, mas eu não conseguia nem ao menos digerir aquela morte. Eu parecia anestesiada com tudo aquilo, parecia que eu estava tão descolada da realidade que era impossível que eu realmente conseguisse realizar que ali dentro do caixão estava mesmo o meu pai, esperando por todas as condolências, flores, comidas e bebedeiras após ele ser enterrado em um chão frio. Eu me sentei enquanto milhares de empregados preparavam tudo e fiquei ali, naquela saleta, olhando para o corpo dele frio como pedra, com uma gravata azul marinho, um rosto pálido e uma expressão tranquila. A cena em si havia acabado totalmente comigo, mas eu não tinha mais lágrimas para chorar, elas pareciam ter secado, todas elas de uma vez. - Maria Catarina... as pessoas já vão chegar, você precisa ser forte! - Disse uma pessoa que eu nunca tinha visto na vida. - E quem é você? posso saber? - Ah eu sou esposa do Marco, Daniela, muito prazer... - disse ela me estendendo a mão. Ela era tão lind
Eu acordei um pouco mais acelarada que o normal, tudo estava pronto e eu não havia escolhido nenhum detalhe. Eu poderia fugir, mas concluí que isso acabaria em uma carnificina pior do que um casamento. As pessoas já estavam aceleradas andando na pequena saleta do meu quarto quando eu finalmente as encarei com minha cara amassada e meu mau humor matinal. Os sorrisos falsos a minha volta me davam uma vontade terrível de vomitar, era mais do que óbvio que eu não havia escolhido aquilo para mim, que foi um erro estúpido do meu pai me colocar um acordo falido de negócios. Eu tenho a percepção de que ele achou que eles não cobrariam desse modo, quem seria o animal a querer se casar com alguém que nem ao menos conhece? Mas ele se esqueceu de um detalhe dentro do nosso mundo, como se fosse um brasão para a família ao qual eu fui vendida:OS VICENZZO SEMPRE COBRAM SUAS DÍVIDASO pensamento me causou arrepios, quando eu finalmente respirei fundo... Minha mãe veio ao meu encontro, e como sem
As pessoas já estavam apinhadas no jardim, eu podia visualizar a tenda branca montada no ponto central, ao lado da fonte da fortuna que fora colocada lá por minha avó, ah se ela estivesse viva para ver o que o sobrenome que ela e meu avô tanto amavam virou.Eu desci as escadas sem me importar com o fato de que eu era a noiva, mas aquilo não agradou minha mãe que caminhou até mim, segurou o meu braço como se fosse um gavião e me levou para a biblioteca.- Você ficou louca menina? Espere até o seu pai vir te buscar aqui dentro, ninguém pode ver a noiva. Eu ri com a inocência dela - Você acha que o demônio Vicenzzo vai se importar de me ver apenas no altar? Ele nem deve ter chegado, eu não vou ficar presa aqui feito um bicho!- Enzo já chegou, ele vai fazer a entrada em poucos minutos, pelo menos uma vez na vida, não estrague tudo Maria Catarina! Eu me sentei, eu era voto vencido e não fazia sentido que eu gastasse a minha energia discutindo com minha mãe, talvez eu devesse guardar en
O dia passou rápido e a noite também o meu estômago já estava ambrulhado pensando que eu teria ainda que enfrentar a noite de nupcias, não era como se minha mãe tivesse me dado uma aula sobre o que ia acontecer, ela só me disse: Fique parada, acaba rápido. Eu me apeguei a essa ideia e não era como se eu fosse uma verdadeira beata, eu sabia muito bem o que podia acontecer, mas estar na presença de um homem tão avassalador causa um pouco de pânico. Nós passamos a noite toda afastados, ele me olhava de longe, talvez para garantir que eu não falasse com mais ninguém que ele desaprovasse. E então uma limusine parou no terreno, a placa de recém casados estampada no vidro de trás e as latinhas que eram parte da nossa cultura. Meu coração acelerou sem que eu pudesse evitar e ele disse mais uma vez "Vamos Catarina" e naquele momento eu não tinha como dizer um não.Entrei dentro do carro e me sentei o mais longe possível e então pela primeira vez eu vi um sorriso no rosto de Enzo, mas o sor
Eu não consegui dormir, mesmo naquela cama confortável. Eu rolei de um lado para o outro e tudo o que eu poderia fazer era andar por aí, sei lá, a ideia de estar trancafiada naquele quarto me incomodou. Coloquei o primeiro roupão que eu achei e saí pelos corredores acendendo todas as luzes, subi mais um andar e pude ver mais da beleza do local. Mas a voz de Enzo no final do corredor me atraiu para lá. Além do fato de que eu sou extremamente curiosa. Ele falava ao telefone concluí, não havia outra voz.- Ela já está instalada, eu não pude continuar [...] - Ela é difícil sim, mas nada disso é culpa dela certo Giovanna? Ela foi metida nisso quando nasceu! [...] Por que está me ligando? Por que está tão interessada em minha noite te nupcias? [...] Lógico que eu não irei te encontrar, você ficou maluca? Eu sou um homem casado! Eu não aguentei, minha personalidade era demais para eu conseguir conter ela e simplesmente ir dormir. Eu abri a porta em um rompante de raiva tão colossal que
Ele realmente ia consumar o nosso casamento na sala pastoral? O meu coração estava pulsando dentro de mim, mais rápido do que o normal. Ele deu a volta na sala toda lentamente, parecia estar procurando alguma coisa para me punir, mas o olhar dele já estava castigando o meu espírito. - O que você está fazendo Enzo? - eu disse visivelmente assustada, mas tinha algo naquela situação que estava me fazendo perder o juízo. - Eu vou dar o que você quer! - Ele disse de maneira gelada, após isso fixou os olhos em mim de novo, e eu podia jurar que eles flamejavam. - Eu só queria me divorciar, eu falei a primeira coisa que veio á minha cabeça... - Tentei me corrigir antes que ele completasse o seu cerco e ficasse perto de mim. - Você veio até a igreja dizer que eu não consumei o meu casamento e esse era o motivo pelo qual você queria o divórcio, pois bem Catarina, eu estou disposto a consumar o casamento agora. - Não precisa ser agora, nós estamos em uma maldita igreja!- Eu nunca tive ap