O dia passou rápido e a noite também o meu estômago já estava ambrulhado pensando que eu teria ainda que enfrentar a noite de nupcias, não era como se minha mãe tivesse me dado uma aula sobre o que ia acontecer, ela só me disse: Fique parada, acaba rápido.
Eu me apeguei a essa ideia e não era como se eu fosse uma verdadeira beata, eu sabia muito bem o que podia acontecer, mas estar na presença de um homem tão avassalador causa um pouco de pânico.
Nós passamos a noite toda afastados, ele me olhava de longe, talvez para garantir que eu não falasse com mais ninguém que ele desaprovasse.
E então uma limusine parou no terreno, a placa de recém casados estampada no vidro de trás e as latinhas que eram parte da nossa cultura.
Meu coração acelerou sem que eu pudesse evitar e ele disse mais uma vez "Vamos Catarina" e naquele momento eu não tinha como dizer um não.
Entrei dentro do carro e me sentei o mais longe possível e então pela primeira vez eu vi um sorriso no rosto de Enzo, mas o sorriso que ele estampava era maquiavélico.
- Está nervosa Maria Catarina? - Disse ele abrindo um champanhe, pegou duas taças e me ofereceu uma.
Naquela ocasião, qualquer coisa que fosse me ajudar a ficar mais calma estava valendo. Eu aceitei de bom grado enquanto ele continuava me observando como uma caça.
- Estou nervosa, não vou negar e nem faz sentido.
- Eu serei gentil com você, os meus votos... Eles eram sérios. É um voto perpétuo.
Eu ri - Aposto que alguém escreveu isso para você, não é possível que tudo aquilo tenha saído da sua cabeça, você nem ao menos conseguiria repetir.
- Eu escrevi os meus votos e eles eram sérios.
- Por isso não prometeu me amar? - Eu disse baixando um pouco o tom de voz e os olhos. Era involuntário, acontecida sempre que eu falava algo que me deixava triste.
- Eu não posso amar você o amor estraga tudo e você vai descobrir isso bem rápido - Ele desviou o olhar pela primeira vez.
- Não pode me amar por causa daquela mulher na cerimônia não é? Quem é ela?
- Não é da sua conta e não tem nada a ver com nosso casamento.
- Você me respondeu sem querer... - Desviei o olhar novamente - Tudo bem, você não é obrigado a amar uma posse e nem eu vou ser obrigada a amar você.
- Eu espero que não mesmo, eu não vou te amar... Eu não posso. Como eu disse, sua proteção está acima de qualquer sentimento, esse dever deve ser cumprido nem que seja com minha vida. Olha, eu vou explicar, o amor não nos deixa ver além das coisas, nos torna burros e fracos e eu não posso correr esse risco á essa altura, não onde nascemos e não com o cargo que assumi.
- Está valendo a pena? Abrir mão de algum resquicío que seja de felicidade?
Ele suspirou profundamente - Acredite em mim, dói te dizer declaradamente que não seremos um casal como dos romances que você leu, não queria destruir as suas fantasias. Só que eu devo colocar o meu dever acima de tudo. Você é a criatura mais bonita que eu já vi, me encanta o jeito como você pisca os olhos, mexe a boca e suspira fundo sempre que algo a incomoda de verdade, gosto do jeito que você fala e adoro o som da sua voz Maria Catarina, não acabar te amando vai ser de longe uma tarefa mais difícil do que enfrentar os meus inimigos. Vai ser torturante para mim.
- Duvido que seja, você é um homem... Pode simplesmente colocar uma mulher na sua cama sempre que sentir vontade. Ninguém irá te julgar por isso.
- O que falei, sobre ser leal a você, tem a ver com isso. Eu não vou tocar outra mulher, somos casados.
- E eu devo abrir as pernas para você quando você bem entender, é isso? - Eu falei indignada
- Eu não vou obrigar você a transar comigo, se essa é a sua preocupação...
Eu fiquei em silêncio, o silêncio que foi interrompido por mais de uma de suas risadas, agora mais despreocupada.
- Se bem que acho muito difícil que você não implore para ser minha de verdade.
- Sua confiança é interessante, ridícula, mas muito interessante.
- Nós chegamos, bem vinda a sua casa Sra Vincenzzo...
A propriedade era tão grande que demorou mais de quinze minutos do portão até a enorme mansão, nem sei se posso reduzir a isso na realidade. Era a casa mais linda que meus olhos já tinham visto, cheia de árvores em todos os lugares, um grande lago em meio ao jardim dava a sensação de ar fresco. Abri os vidros para tomar vento no rosto.
A casa era enorme, parecia mais um castelo. As portas com suas dobradiças e maçanetas de ouro deixava claro que eu estava em um mundo muito diferente do mundo onde eu havia crescido.
Nunca fui pobre, mas nunca na vida havia sido tão rica.
- Vamos, vou te levar ao seu quarto, amanhã posso te mostrar a casa toda.
- Meu quarto? você não vai dormir comigo?
- Eu disse, não vou obrigar você a dormir comigo. Não parece justo, seu pai já tirou sua dignidade o suficiente por um dia - Ele disse um um ar gélido.
- Não posso discordar disso....
Ele me levou pelos corredores e a casa parecia um labirinto de tão grande, cheia de obras de arte estampando as paredes e decorações de ouro maçiço por todos os cantos.
Chegamos a uma porta dupla, branca, quando ele abriu... Os meus olhos que já não aguentavam mais se vislumbrar, viram finalmente o meu quarto. Parecia o quarto feito para rainhas como Maria Antonieta, tudo em seu devido lugar.
- Você gostou? Eu coloquei uma estante de livros, claro que temos uma biblioteca, mas ouvi dizer que você gostava muito de ler antes de dormir, então... mandei colocar para você.
- Esse quarto é perfeito Enzo, obrigada... - Eu disse o encarando.
Mas os olhos dele me diziam algo, algo que só o meu corpo conseguia decifrar. Minha mente estava anuviada e toda a tensão que descia do meu cérebro fazia o meu coração acelerar, eu me vi apertando as coxas enquanto ele andava em minha direção respirando fundo. Segurou a minha cintura mais uma vez e eu fechei os olhos com a sensação deliciosa. Enzo beijou gentilmente o meu pescoço e me apertou um pouco mais contra ele, consegui sentir sua ereção encostando em mim, podia sentir que eu estava ficando molhada só dele estar perto, respirando contra o meu pescoço. Parecia uma das maiores loucuras da minha vida, mas aquele homem tinha o poder de me fazer implorar.
Aquilo era preocupante.
- O que você quer? - Eu disse entredentes enquanto ele me virava novamente para encará-lo nos olhos.
- Eu quero você, eu quero você desesperadamente Maria Catarina...
Eu poderia me entregar para ele ali, com certeza era o que eu queria. Mas eu não disse nada, a hipnose que seus lábios estavam causando em minha vista me faziam delirar. Eu me inclinei e o beijei do jeito mais esfomeado que eu consegui, me atraquei a ele e finalmente senti a sua língua quente passeando pela minha boca. Ele apertou a minha bunda com vontade e voltou a me beijar, parecia ter fome de mim. Ele rasgou o corpete do meu vestido revelando os meus peitos nus, não hesitou para colocá-los em sua boca, sugou com vontade e tão deliciosamente que eu derreti em seus braços.
Mas de repente... Ele parou. Parecia estar assombrado com sua própria falta de controle.
- Não para, você não precisa me fazer implorar... - Eu dissse
- Isso vai acontecer em algum momento, temos que ter filhos. Mas transar com você hoje vai... causar exatamente o que não queremos ter um com o outro. Essa... sensação que eu estou sentindo ao te tocar, não era para isso estar acontecendo, tudo deveria ser...
- Mecânico. - Eu completei sua frase.
- Sinto muito Maria Catarina, eu preciso ir...
- Não saia correndo como um covarde, me responda de uma vez por todas, quem era aquela mulher no casamento? É o motivo pelo qual você não quer se apaixonar por mim?
- Eu já caí nessa Maria Catarina, eu só não quero cair em um buraco pior.
- Do que você está falando? Como assim já caiu nessa Enzo?
- Eu já sou apaixonado por você e isso está me atrapalhando! Então, não quero de jeito nenhum te amar.
- Ah tá, você é apaixonado por mim? Conta outra Enzo, você nem me conhece! E quer saber, foda-se... Saia do meu quarto! Não preciso da sua rejeição não - Eu explodi finalmente, era o misto da tensão do dia, tesão correndo por todo o meu corpo e a rejeição daquele homem lindo.
Ele havia me comprado afinal, a ideia não era usufruir de mim? Então por que fez isso?
- Você vai entender tudo em algum momento.
- Meio mundo me falou essa frase infeliz, o dia todo! Ninguém me explicou nada, e sabe porque? Não existe motivo, você quer me fazer infeliz, meu pai quer também e minha mãe e irmã ficariam muito felizes em saber dessa rejeição.
Ele deu três passos novamente em minha direção, mas aquela altura, minhas emoções falaram mais alto.
- SAIA DAQUI ENZO. AGORA.
Ele obedeceu e eu não sei o que me doeu mais.
Eu não consegui dormir, mesmo naquela cama confortável. Eu rolei de um lado para o outro e tudo o que eu poderia fazer era andar por aí, sei lá, a ideia de estar trancafiada naquele quarto me incomodou. Coloquei o primeiro roupão que eu achei e saí pelos corredores acendendo todas as luzes, subi mais um andar e pude ver mais da beleza do local. Mas a voz de Enzo no final do corredor me atraiu para lá. Além do fato de que eu sou extremamente curiosa. Ele falava ao telefone concluí, não havia outra voz.- Ela já está instalada, eu não pude continuar [...] - Ela é difícil sim, mas nada disso é culpa dela certo Giovanna? Ela foi metida nisso quando nasceu! [...] Por que está me ligando? Por que está tão interessada em minha noite te nupcias? [...] Lógico que eu não irei te encontrar, você ficou maluca? Eu sou um homem casado! Eu não aguentei, minha personalidade era demais para eu conseguir conter ela e simplesmente ir dormir. Eu abri a porta em um rompante de raiva tão colossal que
Ele realmente ia consumar o nosso casamento na sala pastoral? O meu coração estava pulsando dentro de mim, mais rápido do que o normal. Ele deu a volta na sala toda lentamente, parecia estar procurando alguma coisa para me punir, mas o olhar dele já estava castigando o meu espírito. - O que você está fazendo Enzo? - eu disse visivelmente assustada, mas tinha algo naquela situação que estava me fazendo perder o juízo. - Eu vou dar o que você quer! - Ele disse de maneira gelada, após isso fixou os olhos em mim de novo, e eu podia jurar que eles flamejavam. - Eu só queria me divorciar, eu falei a primeira coisa que veio á minha cabeça... - Tentei me corrigir antes que ele completasse o seu cerco e ficasse perto de mim. - Você veio até a igreja dizer que eu não consumei o meu casamento e esse era o motivo pelo qual você queria o divórcio, pois bem Catarina, eu estou disposto a consumar o casamento agora. - Não precisa ser agora, nós estamos em uma maldita igreja!- Eu nunca tive ap
Eu podia ver a expressão no rosto dele, não era um romance.Ele só queria cumprir o que achava que tinha que cumprir, me olhou nos olhos mais uma vez, tentando não ofegar enquanto fazia isso e disse - Vista suas roupas, o mais rápido possível, eu vou te levar para casa. Eu não consegui dizer nem que fosse uma palavra, fiquei olhando para o chão. Eu o via em conflito com suas próprias emoções em relação a mim, tentei me manter fria, quem eu pensava que era afinal? Eu o conheci ontem basicamente e de repente virei uma princesa precisando ser salva de uma m*****a torre?Enzo abriu a porta e me esperou passar por ele, ainda sem jeito tentando ajeitar o meu cabelo.Passamos pelo padre que claro, evitou a todo custo olhar nos olhos de Enzo, aposto que aquele rato estava morrendo de medo, não se preocupou nem um pouco com a profanação na paróquia, como era de se imaginar. - Problema resolvido padre, estamos casados - disse ele para o padre enquanto terminava de fechar botões em sua camisa.
Eu acordei um pouco mais acelarada que o normal, tudo estava pronto e eu não havia escolhido nenhum detalhe. Eu poderia fugir, mas concluí que isso acabaria em uma carnificina pior do que um casamento. As pessoas já estavam aceleradas andando na pequena saleta do meu quarto quando eu finalmente as encarei com minha cara amassada e meu mau humor matinal. Os sorrisos falsos a minha volta me davam uma vontade terrível de vomitar, era mais do que óbvio que eu não havia escolhido aquilo para mim, que foi um erro estúpido do meu pai me colocar um acordo falido de negócios. Eu tenho a percepção de que ele achou que eles não cobrariam desse modo, quem seria o animal a querer se casar com alguém que nem ao menos conhece? Mas ele se esqueceu de um detalhe dentro do nosso mundo, como se fosse um brasão para a família ao qual eu fui vendida:OS VICENZZO SEMPRE COBRAM SUAS DÍVIDASO pensamento me causou arrepios, quando eu finalmente respirei fundo... Minha mãe veio ao meu encontro, e como sem
As pessoas já estavam apinhadas no jardim, eu podia visualizar a tenda branca montada no ponto central, ao lado da fonte da fortuna que fora colocada lá por minha avó, ah se ela estivesse viva para ver o que o sobrenome que ela e meu avô tanto amavam virou.Eu desci as escadas sem me importar com o fato de que eu era a noiva, mas aquilo não agradou minha mãe que caminhou até mim, segurou o meu braço como se fosse um gavião e me levou para a biblioteca.- Você ficou louca menina? Espere até o seu pai vir te buscar aqui dentro, ninguém pode ver a noiva. Eu ri com a inocência dela - Você acha que o demônio Vicenzzo vai se importar de me ver apenas no altar? Ele nem deve ter chegado, eu não vou ficar presa aqui feito um bicho!- Enzo já chegou, ele vai fazer a entrada em poucos minutos, pelo menos uma vez na vida, não estrague tudo Maria Catarina! Eu me sentei, eu era voto vencido e não fazia sentido que eu gastasse a minha energia discutindo com minha mãe, talvez eu devesse guardar en