Alguns dias depois...
— Oi, você não vem? ― Lua pergunta praticamente invadindo a minha sala. Eu ergo a cabeça, tirando os olhos dos papéis que não estou lendo ― para deixar bem claro ― e dou uma espiada rápida lá fora. A loja está movimentada hoje. A semana dos preparativos para a vacinação foi bem carregada e eu praticamente não tive chance de esbarrar com o doutorzinho ― não que eu esteja reclamando. ― Ainda não me recuperei daquele baque, mas estou vivendo à espreita, é claro. Eu nunca fui covarde na minha vida, sempre enfrentei a tudo e a todos, a final, eu fui obrigada a aprender isso desde cedo. Mas com o Heitor por incrível que pareça, estou andando nas sombras. Evitei o cara no horário de almoço, na reunião de organização de vacinação dos pets e estou enfurnada dentro
Um beijo. A coisa mais natural para mim, é o beijo. Mas não esse. Esse mexeu comigo de uma forma assustadora, fez o meu coração saltar tão forte dentro do meu peito, que parecia que ia parar a qualquer momento. Fez as minhas mãos suarem, como se eu fosse uma adolescente a ganhar o primeiro beijo de um garoto. E esse arrepio que levantou cada fio acobreado da minha cabeça, e foi se espalhando pelo meu corpo, eriçando cada minúsculo pelo da minha pele e, esse sabor, essa maciez? É tudo muito, muito diferente e tem um gostinho de quero mais. Uffa! Eu nunca havia prestado tamanha atenção em um beijo. Quer dizer, eu sempre roubei beijos dos meninos na escola, era a coisa mais fácil do mundo. Mas esse, de alguma forma é diferente. Ele rouba o meu fôlego, a capacidade de lutar, de correr, de fugir para bem longe daqui... dele, e me prende de uma maneira gostosa. Sinto v
― Mandou me chamar? ― indago após dá uma batidinha tímida na porta do consultório e adentro a sala, encontrando o doutorzinho com a minha vítima completamente desperta ao seu lado. Sorrio de uma forma ampla e contagiante demais, e me próximo da cama estreita. ― Você deu um banho nele? ― pergunto o óbvio, observando os pelos macios, livres de qualquer sujeira ou manchas de sangue.― Na verdade, foi só um projeto de banho. A final, ele precisava estar apresentável para uma visita. ― Heitor dá de ombros e pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele fala comigo de uma maneira leve e descontraída, e é até fofo esse jeito nele. Meu sorriso se amplia ainda mais e eu me aproximo do cachorro, que já não tem mais o soro aplicado entre seus pelos e nem há vestígios do corte em sua cabeça, porque os pelos limpinhos o cobriram. A medida que eu me aproximo
Uma semana depois...― Para, Heitor! ― falo entre um resmungo e outro, virando-me na cama, para continuar dormindo, mas ele não parava, continuava beijando o meu rosto, molhando a minha pele e eu sorri, abrindo os meus olhos desfocados e encontrando o focinho fino de Bolacha, com um palmo de língua fora da sua boca. Bufo, me sentindo frustrada. Merda, eu estava sonhando com o meu funcionário, sério isso? Me sento na cama, esfregando o meu rosto e quando volto a abri-los, vejo Bolacha inclinando sua cabeça de um lado para o outro, fazendo um tipo de resmungo baixo. ― Ok, eu já sei ― resmungo de volta. ― Só preciso ir ao banheiro fazer xixi, trocar de roupa e não posso esquecer que preciso escovar os dentes e logo iremos para o nosso passeio, certo? ― Ele me responde com um sorriso de cachorro, sentado no chão e abanando o seu rabo de modo festivo. Sorrio e salto para fora da cama, mas quando caminho para o
Noite do jantar com Heitor ― Droga, esse não! ― ralho para o quinto vestido que estou provando para esta noite. E quer saber, tudo isso é muito novo para mim. Ansiedade, nervosismo, estremecimento. Nessas horas a Kell me faz muita falta. Ela saberia escolher a melhor roupa, faria a maquiagem perfeita, me daria o conselho certo. Respiro fundo e deixo os meus ombros caírem em frente ao espelho. Um som arrastado do Bolacha me faz olhá-lo e eu ergo dois cabides para ele. ― Então, qual eu devo usar? ― O cachorro olhou para o vestido azul turquesa e soltou um latido, seguido de um sorriso canino. ― Tem certeza? ― pergunto ansiosa e ele me responde com um abanar de rabo e outro latido. Respiro fundo mais uma vez e encosto o vestido na frente do meu corpo e olhando para o espelho, sorrio. ― Você está certo, ficou perfeito! — Rapidamente me acomodo no banquinho acolchoado em frente à minha pentead
Faxina. É a única que está me mantendo sã neste momento. Desde que Heitor saiu daqui daquele jeito, me deixando cheia de desejos e de sensações que eu não conseguia discernir, eu não consegui tirar o doutorzinho da minha cabeça. Sério, ele está em meus pensamentos, em meus sonhos, mesmo aqueles que a gente sonha acordada, sabe? E mesmo com o Bolacha fazendo o seu melhor para me entreter, o danado do homem estava lá, e até recebi algumas reclamações do meu amigo, quando passei despercebida em nossas brincadeiras. Tipo a brincadeira do disco; eu só precisava jogar o objeto e o Bolacha tinha que ir busca-lo, mas quando ele voltava para me devolver, eu simplesmente estava desligada e o seu latido de advertência me despertava. Sabe a parte mais estranha nisso tudo? Eu deveria me sentir excluída, indesejada e mal-amada, mas não é isso que está acontecendo agora. Embora minha vontade seja de ligar para aquele homem e de dizer tudo o que penso sobre a sua fuga declarada, eu estou sorrindo,
Os sons das nossas respirações estavam espalhadas pelo ar, os gemidos enlouquecidos, também se misturaram por todo o ambiente. Estou pegando fogo, sendo alimentada pela sensação de um prazer estupidamente diferente de tudo que conheci. É arrebatador e eu não tenho a menor chance de lutar, e nem quero ter. Heitor tem uma pegada forte, misturada aos beijos carinhosos, que queimam e que me puxam para esse desconhecido. O delicioso desconhecido! Cada sensação é uma explosão de vários sentimentos, algo que eu nunca experimentei e que estou amando me afogar, me afundar nesse prazer insano. Uma sugada forte no bico do meu seio, seguido de uma estoca forte e eu me agarrei aos lençóis da cama, antes que eu fosse lançada de vez no mais profundo abismo. As palavras, eu te amo, saiam incansavelmente de sua boca e ouvi-las tantas vezes, me fizeram chorar em meio a tamanha turbul&ecir
Momentos fofura nunca foi o meu ponto forte. Eu sempre foquei no fato de estar em uma cama, debaixo de um corpo másculo, transando feito uma louca e sem pensar no amanhã. O orgasmo era como minha droga. Ele mantinha a minha mente longe de certo desalentos do meu passado e depois disso, eu saia pelas lojas do shopping e usava o meu cartão, que tinha um limite infinito, e mergulhava nas etiquetas mais caras delas e só saia com as mãos cheias de sacolas. A noite, o ciclo se repetia. Eu ia para uma danceteria, esbanjava os looks mais elegantes, porém, que mostrassem a sensualidade que o meu corpo podia exibir e mais tarde estava lá... na cama e com um homem. Mas ficar sentada em um sofá, beijando na boca feito uma adolescente, brincando com a mão do Heitor, e assistindo algum filme com o intruso do Bolacha no nosso meio, isso sim, está deixando a minha sanidade abaixo de zero. De vez enquanto os seus dedos se
Sinto-me flutuar, quando os seus dedos começam a passear pelo o meu corpo tão lentamente e tão suave, e quando os seus lábios começam a espalhar beijos calmos, seguindo o mesmo ritmo de seus dedos, meu coração chega a disparar e o meu corpo não sabe mais como reagir aos conflitos de sentimentos que fluem com violência dentro dele. Os meus olhos estão pesados de uma forma que eu mal consigo abri-los, mas ainda assim consigo vê-lo deleitar-se em meu corpo, quando encontra os meus seios e os segura em suas mãos, apalpando-os com uma força gostosa, apertando o bico entre os seus dedos. Ofegante, sussurrei o seu nome, não por causa do tesão, ou do êxtase, nem da adrenalina do prazer e sim, porque o meu coração estava tão cheio, que chegou a transbordar, e eu só conseguia pensar em chamá-lo, queria que ele soubesse o quão o queria. É