De toda forma, você foi avisado.
Esta estória não conta a rotina de alguém feliz. Infelizmente, relata os infortúnios de uma família que perde, misteriosamente, seus parentes como numa caçada.
De maneira cautelosa, assim como todo autor, eu devo lhe informar que há outras obras, neste mesmo perfil, com acontecimentos e finais felizes. Porém, essa não é uma obra baseada na felicidade dos Konnor.
Aqui, esta obra relata os devaneios de um amor descompassado, que de tanto amar, se voltou contra todos e tudo para proteger a única pessoa que amava. A pessoa que jamais deveria ser tocada.
Passei vários dias, até meses, tentando descobrir o que aconteceu com Elizabeth Konnor, depois que descobriu sobre o real motivo da adoção de seu irmão. Todavia, me deparei com mais perguntas e acontecimentos que sempre deixaram vítimas.
Talvez você consiga me dar respostas. Talvez você consiga descobrir o que aconteceu, de fato, aos irmãos Konnor.
Isso me leva a pensar: E como alguém, igual a você, está lendo uma estória como essa?
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩
Senti a mão macia aquecer o meu ombro, prometendo que estaria lá. Espremi as pálpebras, revelando meu desgosto.
Ele estava morto... Vovô havia partido. E o que seria de nós agora?
O silêncio daquelas horas frias eram palavras que eu não conseguia dizer. Encostei a cabeça naquela mão que segurava o meu ombro e expirei. Eu não sabia como reagir. Sentia as lágrimas salgadas mancharem o meu rosto como se fossem tinta vermelha.
—Precisa ir com o seu irmão, querida. Nós iremos logo em seguida.
Era a voz da minha mãe. Ela estava dando apoio para o meu pai. Apesar de manter as mãos nos bolsos para demonstrar frieza, papai estava mordendo a mandíbula desde o segundo em que havíamos entrado naquele cemitério.—M-Mas mamãe...
—Vai, Elizabeth. Por favor. O seu pai e eu iremos logo em seguida. Eu preciso apoiá-lo agora e... Bom você tem o Wictor. Por favor, querida.
Incapaz de discutir, acatei. De cabeça baixa, mantinha os olhos em meus pés. Um passo a frente do outro faziam os meus pés fraquejarem sobre o solo irregular. E quando aquele par de sapatos pretos, levemente sujos com lama, alcançaram os meus olhos, eu sabia de quem eram.
—Mamãe me disse que seria bom irmos pra casa. Os repórteres já estão aí fora esperando eles saírem. Vamos embora antes que as coisas esquentem. —Wictor estendeu a mão para mim. Talvez pensasse que eu estava fraca. Talvez não acreditasse que eu seria capaz de suportar a dor da perda e se limitasse ao raciocínio dos meus pais.
—Tudo bem, Wictor.
Minhas palavras curtas o alcançaram. Ele estreitou as sobrancelhas e duvidou. No entanto, alcançou minha mão e me levou até o carro.
Nós partimos, desviando dos curiosos e repórteres aglomerados em frente ao cemitério.
Havia um sentimento que tumultuava dentro de mim. Algo nunca experimentado antes. Eu me lembrava dos conselhos do meu avô. Eu me lembrava de suas palavras sobre a vida e de como os meus cabelos ficavam bem, longos. Eu me lembrava de sua ajuda para que eu escolhesse uma boa faculdade no futuro.
Eu não conseguia alcançá-lo. Ele estava no escuro.
Ele não me ouviria chamando.Ao chegarmos em casa, eu mal percebi. Abri os olhos lentamente e olhei em volta. Estava em meu quarto. As cortinas brancas balançavam de um lado para o outro com o vento. Era leve. Era quase tão leve quanto o braço dele embaixo da minha cabeça.
Ué... Wictor?
Virei a cabeça para o lado e o analisei. Dormia sereno. Mexi o braço sentindo seu abraço sobre mim. Apesar de seus cuidados, nós havíamos nos acostumado com aquele contato desde a infância.
Um suspiro.
Ele estava acordando. Seus olhos se abriram e me avistaram desperta.—Se eu soubesse que não dormiria por muito tempo, não teria te trazido nos braços, sabia?! —Informou com seu sarcasmo. —Faz tem que acordou?
—Não. Abri os olhos e vi a sua cara feia. Não durmo nunca mais.
Ele puxou o braço rapidamente e me empurrou, jogando as pernas para fora da cama.
—Da próxima vez eu te deixo no carro. —Sorriu minimamente, olhando-me por cima dos ombros. —Sua ingrata...
Wictor atravessou o quarto em busca do celular e foi me deixando sozinha aos poucos. Percebi que ele não voltaria a ficar comigo quando fechou a porta ao sair.
Estava sozinha. Levantei da cama e, entre passos rasos, me aproximei do banheiro. Inspirei profundamente o meu aroma favorito.
Eu sabia que havia uma cláusula absurda no testamento do vovô, mas ninguém nunca come tava essas coisas comigo ou com o Wictor. Ao menos era o que eu pensava.
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩
Então todos sabiam. A notícia havia se espalhado. Cheguei atrasado ao cemitério. Todos estavam vestindo a mesma cor, mas não compartilhavam da mesma dor. De um lado, as três filhas ambiciosas e ingratas do vovô. Do outro, a minha família sofrendo genuinamente a dor da perda pela segunda vez.
O que mais me dói
énão poder fazer nada que amenize a sua dor... Elizabeth.Mantinha meus olhos sobre ela quando mamãe me avistou. Gesticulando para que eu me aproximasse de Liza, ela voltou a atenção para eles.
Assim eu o fiz.
Liza não parecia bem. Estava dispersa. Eu queria roubá-la daquele lugar e lhe fazer qualquer coisa que a libertasse do sofrimento. Mas eu era apenas um infeliz com pensamentos imundos.
Depois de levá-la para casa, subi as escadas levando-a em meus braços até seu quarto. Eu não me segurava. Estar perto dela, vendo as curvas do seu corpo... Eu sentia dentro de mim, a sensação de mil demônios sedentos querendo rasgar a minha pele e sair descontroladamente do meu peito.
Ela era doce demais para mim. Ela era ingênua demais para as minhas garras. Ela era... A minha irmã.
Eu não posso... Eu não posso condenar você assim Elizabeth.
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Deixar o quarto de Elizabeth foi a decisão mais inteligente que eu havia tomado em 16 anos. Porém, ao cruzar o corredor, avistei papai vindo em minha direção.—Pai? —Estreitei os olhos, confuso com a sua presença. Eu podia jurar que ele seria o último a sair daquele cemitério.—Precisamos conversar, meu filho. —Sua voz fraquejou enquanto o mesmo secava o rosto cansado.Consenti.Papai e eu caminhamos em silêncio até o seu escritório e quando a porta bateu, eu pude jurar que ela precisaria de mais uma revisão com parafusos novos.—E então, pai. O que queria falar comigo?Ele deu a volta em torno da grande mesa oval e esticou a mão, indicando para que eu me sentasse.—Meu filho, eu não sei se você ouviu falar sobre uma polêmica que rodeia a nossa família há muito tempo.O seu suspense me assustava. O meu pai era uma pessoa de poucas palavras. Era a cópia fiel do meu avô. Seus rodeios vinham acompanhados de notícias catastróficas.Foi assim que eu soube do vovô.
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩—A gente quase fez isso antes. Por favor. —Ela me puxou fortemente e envolveu as pernas em minha cintura. Seu vestido de pano fino subiu na altura de peito, como resultado do ato de subir as pernas.Eu sentia ela dançando contra o meu membro. Era perturbador.—Para, Liza... A gente não pode. Eu não posso fazer isso com você. Por favor-Ela puxou-me pela nuca, fazendo com que eu cedesse, e eu caí sobre a mesma.Sentia tudo. Eu estava sentindo tudo. Em cima daquele corpo quente, soltei um gemido abrupto, em meio a respiração ofegante.Minhas bolas doíam, buscando aliviar o que havia dentro.Ela era quente.Ela era tentadora.Eu a beijei. Eu a beijei feito um esfomeado. Minhas mãos desesperadas foram tirando as alças finas daquele vestido, deixando-a despida. Ela não usava nada além de uma calcinha por baixo das vestes.Eu me sentia no paraíso, com o céu pintado de vermelho sangue. A medida em que meus lábios beijavam a chupavam o seu corpo todo, minhas mãos aper
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩O espumante chegou e o brinde foi feito. Papai e mamãe estavam orgulhosos. Elizabeth não sorria. Ela parecia apática....Após o jantar, papai e mamãe foram conversar no escritório. Ficamos apenas Elizabeth e eu à mesa.Ela me olhava em silêncio enquanto os empregados retiravam as coisas da mesa.Não importa o quanto eu mordesse a minha mandibula, a ansiedade permanecia no mesmo lugar dentro de mim.Eu devia me sentir melhor. Então porque não me sinto?Levantei-me da mesa abruptamente, arremessando o guardanapo sobre a superfície de mármore.Meus pés apressados encontraram os jardins da casa sob a luz do luar. Eu me sentia preso. Havia uma pressão enorme sobre as minhas costas.Retirei os sapatos, encostando-os aos pequenos degraus da entrada, e caminhei pela terra fria, olhando para a lua. Enterrei as mãos nos bolsos da calça para aquece-las.Um graveto se quebrou atrás de mim, obrigando-me a olhar.—Então você vai mesmo se casar? E eu-—Então você não sabe q
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Aquela noite foi difícil pros meus pensamentos. Nem toda a minha dedicação, para amanhecer apresentável, estava funcionando. Rolar de um lado para o outro numa cama gigante, não me fez sentir melhor.Pelo contrário. Me trouxe solidão e angústia profunda.Após algumas horas, as cortinas estavam balançando com o vento. A luz que entrava pelas janelas escandalosamente grandes, me deixava cega.Agarrada ao travesseiro inútil, espremia as pernas em posição fetal. Uma das piores sensações que se pode carregar no peito, é aquela a qual você não consegue dar descrição.Suspirei. Virei para o teto e caí os braços. Cada um para um lado.Por que eu me sinto tão só?Minhas respostas não viriam de um teto branco com detalhes dourados e cinza. Eu precisava reagir à minha própria vida.Joguei as pernas para fora da cama e me arrisquei a começar o dia como se esperasse por um evento comum. Embora eu soubesse que seria uma situação constrangedora conhecer a futura noiva do meu i
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Meus pais haviam pensado em tudo e quando eu concordei em conhecer algumas pretendentes, eles foram atrás de Mary Jacob.Se você não sabe quem é Mary Jacob, por onde esteve durante os últimos 15 anos?!A minha pretendente é a filha única do contador renomado. Ele foi o contador da minha família até o vovô fechar sociedade com outras pessoas e ele pedir demissão.Nós nunca descobrimos o que o motivou a pular fora dos Konnor....Após a recepção calorosa, levei Mary para um passeio pelo jardim vasto da propriedade dos meus pais.—A sua irmã é realmente tão linda quanto falam. —Informou, agitando as mãos próximas às bochechas ruborizadas pelo calor.—Elizabeth tem seus charmes. —Desviei o rumo daquela conversa. —Os meus pais me disseram que você vai precisar se ausentar por um ano inteiro, isso é verdade?Ela encostou o queixo no peito e cedeu.Não entendi.Parei de andar. Esperava que fizesse o mesmo, no entanto, Mary trocou mais alguns passos em direção à namor
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩...Atravessei a sala em passos acelerados e alcancei a cozinha. Avistá-la comendo sozinha foi quase como um troféu.—Então a candidata à mulher de Deus já foi?O desdém dela acabava comigo. Ela estava me punindo?—Para de gracinha, Elizabeth. —Me aproximei um pouco ranzinza.—Deveria estar feliz, afinal de contas eu vi vocês no jardim. —Terminou o suco, mas o silêncio durou pouco, antes que suas provocações a dominasse. —Da janela do meu quarto, não se esqueça, eu tenho uma vista triunfal.—Não me esqueço. —Com cansaço, debrucei-me sobre a mesa e descansei. —Você estava me vigiando outra vez. Ao menos, dessa vez, eu estava vestido.Fechei os olhos, ouvindo um suspiro curto. Segundos depois, percebi ela se levantar, mas isso não me motivou a abrir os olhos.Talvez nada me motivaria.Seus passos de volta pararam próximos a mim. Estava pronto para abrir os olhos, e quando o fiz, me vi sozinho outra vez. O cheiro dela ainda estava pela cozinha, como ela poderia t
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩...Em meu quarto, fui até a caixinha de primeiro socorros que ficava no banheiro e comecei a mexer nos analgésicos. Não me importei em procurar por um antisséptico.O celular começou a vibrar sobre a escrivaninha, e, após ter tomado três cápsulas de cores diferentes, perambulei até o aparelho barulhento, usando tudo o que havia restado da minha paciência.—Quem é? —Troquei alguns passos em direção à cama, jogando o corpo lento sobre ela.—Wictor, é a titia-—Tchau, tia.Eu estava pronto para desligar, quando a ouvi implorando.—Não, meu querido sobrinho! Por favor, não desligue. Eu te peço. É sobre o seu pai.Ela sabia como me fazer escutar. Apesar de estar sentindo a paz dos analgésicos misturados, eu ainda raciocinava olhando para o teto que estava em movimento.—Continue...—Venha até a minha casa hoje a noite. Eu tenho uma coisa pra lhe mostrar e é coisa séria, Wictor.—Às oito. Eu apareço aí às oito. —Bocejei. —Tia, eu preciso desligar. Estou lambendo as
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Pronta para sair, tamborilava os dedos sobre a mesinha de canto. O meu pai passou por mim, falando ao telefone. Pareceu agitado, mas sequer falou comigo.Passos acelerados se aproximaram. Ergui o queixo desafiador, encontrando o segurança que seria responsável por me levar para a aula de balé. Ele sorriu para mim, estendendo a mão. Seu cavalheirismo era tão real quanto a mão que me tocava naquele momento.Eu sentia falta de ter o Wictor comigo, me dizendo o que fazer. Me falando como não confiar nas pessoas e, frequentemente, me livrando de todas as enrascadas nas quais eu me propunha a ser vulnerável....Bati a porta do carro, arrumando a mochila suspensa sobre um ombro.—Ficarei a sua espera, senhorita Konnor. —O segurança pôs uma mão no volante e a outra sobre a coxa.Eu sabia que ele estava com a mão próxima a cintura para facilitar o saque da arma, mas preferia pensar que ele estava apenas relaxando.Acenei positivamente e me distanciei do carro aos poucos