O polêmico testamento

✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。

Deixar o quarto de Elizabeth foi a decisão mais inteligente que eu havia tomado em 16 anos. Porém, ao cruzar o corredor, avistei papai vindo em minha direção.

—Pai? —Estreitei os olhos, confuso com a sua presença. Eu podia jurar que ele seria o último a sair daquele cemitério.

—Precisamos conversar, meu filho. —Sua voz fraquejou enquanto o mesmo secava o rosto cansado.

Consenti.

Papai e eu caminhamos em silêncio até o seu escritório e quando a porta bateu, eu pude jurar que ela precisaria de mais uma revisão com parafusos novos.

—E então, pai. O que queria falar comigo?

Ele deu a volta em torno da grande mesa oval e esticou a mão, indicando para que eu me sentasse.

—Meu filho, eu não sei se você ouviu falar sobre uma polêmica que rodeia a nossa família há muito tempo.

O seu suspense me assustava. O meu pai era uma pessoa de poucas palavras. Era a cópia fiel do meu avô. Seus rodeios vinham acompanhados de notícias catastróficas.

Foi assim que eu soube do vovô.

—Não, pai. —Revelei, apertando a madeira da cadeira.

—Pois muito bem. Meu filho, tem uma cláusula no testamento do seu avô que me obriga a fazer algo para poder assumir o controle da indústria de café. E... Isso envolve um pequeno esforço seu e da sua irmã-

—Espera! O que a Liza tem a ver com isso? —Temi.

Ele se ajeitou na majestosa cadeira, tamborilando os dedos na madeira avermelhada. Seus olhos não me encaravam diretamente.

Ele estava pensando.

Cauteloso, papai analisava as próximas palavras com minúcia.

O que tinha de tão

importante para me dizer, que precisava de tanta preparação e cuidado?

—Meu filho, eu sei que poderei sempre contar com você e com a sua irmã. Agora mais do que nunca. —Ele inspirou fundo e me olhou diretamente. —O testamento do seu avô diz que todo o controle da indústria de café ficará sob meu comando, com uma única condição.

—E qual é? —Subi e desci os ombros, externando meu descaso.

—Terei que encontrar uma noiva pra você em um ano. Ou você, ou a Elizabeth precisarão se casar em um ano.

Sobressaltei na cadeira.

Aquilo tinha que ser piada.

—Pai... —Engoli. —Você não pode fazer isso com a gente. Quer dizer, a Liza só tem 14 anos, vai fazer 15 anos no mês que vem. Você não pode fazer isso-

—Eu sei, meu filho.

Ele deixou seus ombros caírem para a frente, se rendendo.

—Você acha que eu quero que os meus filhos se casem a contragosto? —Seus olhos pareciam derrotados sobre mim. —Elizabeth é muito novinha para se casar, então terá que ser você. —Expirou, jogando as costas para trás e encarou o teto. —Nossas ações estão caindo a cada dia. Nós perdemos cerca de dois milhões de dólares só na semana passada. Os investidores de Zurique estão pulando fora, eu estou sem opção. A herança do seu avô e o controle da indústria de café nos salvaria da falência.

Naquele momento eu mal sentia os pés no chão. Empurrei a cadeira com violência e me levantei abruptamente. Meus passos acelerados atravessaram o escritório e eu saí furioso  batendo a porta.

Nem me importei com as consequências que aquele ato me trariam.

Deixei o escritório do meu pai.

Nervoso. Suando. Sentia o meu coração bater mais fundo de um jeito que nunca havia batido antes.

Cocei a nuca, buscando respostas.

Nada.

Uma voz atrás de mim, me tirou do sofrimento.

—Wictor?

Era ela.

Inspirei profundamente, controlando a raiva, e parei de andar.

—O que aconteceu?

O meu silêncio ofensivo a fez se aproximar, colocando a mão em meu ombro. Seus passos cortaram o ar em minha frente, e os seus olhos intensos me alcançaram.

Eu não conseguia falar.

Eu queria dizer tudo. Eu queria contar sobre todas as coisas que reverberavam dentro da minha cabeça naquele momento  mas eu não podia.

Num ato impensado, segurei em sua mão rapidamente e a puxei na direção da porta do meu quarto. Estiquei o braço, empurrando a porta, e então entrei.

Tranquei a porta por dentro  garantindo que ninguém nos veria. Ninguém nos ouviria. Éramos apenas nós dois.

—Wictor! —Senti o meu nome estremecer em sua voz. —Você ficou louco? Quer me dizer logo o que tá acontecendo?

Eu ainda não conseguia lhe dizer que teria que me casar, em breve, para que ela não o fizesse. Eu estava surtando.

Sentia a pressão me espremendo, reduzindo a nada.

—Se você não falar comigo, eu vou perguntar pro p-

Eu não aguentei mais. Virei-me ligeiramente e a puxei pela cintura. Nossa face nunca ficou tão próxima daquela maneira, antes. Eu sentia a sua respiração contra os meus lábios. Seus olhos podiam penetrar em minha alma.

Tamanha era a minha aflição em ficar tão próximo dela.

E de repente, um impacto. Os meus passos intimidadores fizeram as costas dela colidirem contra a parede.

—O-O que está fazendo?

Seu sussurro estava me deixando desesperado, mas eu não conseguia soltá-la e ela não se contorcia para sair dos meus braços. Ali, sentindo o corpo dela contra o meu, também senti um fervilhar no meio das pernas. Espasmos percorreram os músculos do meu abdômen, me fazendo pecar.

Que merda eu  fazendo?

Com o braço em volta da cintura dela, eu a apertei mais ainda contra mim, e pressionei o mastro, agora enrrijecendo, contra a mesma, abaixando-me um pouco mais em busca de mais contato.

O inesperado.

Eu não pensei que ela reagiria.

Elizabeth ergueu os braços na altura dos meus ombros e me abraçou de volta. Senti seus dedos acariciarem minha nuca e os meus lábios foram tomados pelo calor de um beijo ardente.

Não aguentei.

Pus a outra mão nela, subindo-a na altura da minha cintura, e a levei até a cama.

Eu a deitei, pausando o beijo intenso, e a olhei de cima.

—Não... —Rosnei, mordiscando a mandíbula.

Me forcei a sair de cima dela  mas Liza me puxou novamente, implorando para que eu ficasse.

—Por favor, Wictor-

—Eu não posso. Nós não podemos...

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