✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Pronta para sair, tamborilava os dedos sobre a mesinha de canto. O meu pai passou por mim, falando ao telefone. Pareceu agitado, mas sequer falou comigo.Passos acelerados se aproximaram. Ergui o queixo desafiador, encontrando o segurança que seria responsável por me levar para a aula de balé. Ele sorriu para mim, estendendo a mão. Seu cavalheirismo era tão real quanto a mão que me tocava naquele momento.Eu sentia falta de ter o Wictor comigo, me dizendo o que fazer. Me falando como não confiar nas pessoas e, frequentemente, me livrando de todas as enrascadas nas quais eu me propunha a ser vulnerável....Bati a porta do carro, arrumando a mochila suspensa sobre um ombro.—Ficarei a sua espera, senhorita Konnor. —O segurança pôs uma mão no volante e a outra sobre a coxa.Eu sabia que ele estava com a mão próxima a cintura para facilitar o saque da arma, mas preferia pensar que ele estava apenas relaxando.Acenei positivamente e me distanciei do carro aos poucos
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Meu coração acelerava diante de uma espera frenética.—Aconteceu comigo, há vinte anos. O seu avô... Eu ainda morava na mansão dos seus falecidos avós, que agora está trancada. Aquela maldita mansão guarda TODOS os podres de todo mundo, pode acreditar. —Titia se serviu com mais vinho, deixando a garrafa quase seca também. Toda a sua delicadeza havia evaporado junto com a bebida enquanto ela falava e bebia em minha frente. —Há vinte anos eu adotei um garotinho lindo. Ele se parecia muito com você, quando era criança. Era sapeca, protetor, arranjava encrenca... Mas era encantador, extremamente inteligente e muito forte. Sempre defendia os mais fracos.Naquele momento eu pude perceber os cantos dos olhos de titia marejando.—T-Titia...—O seu avô não se mostrou contra a minha vontade quando cheguei com ele. Ele parecia tão satisfeito... Mas, durante a última noite de inverno o meu filho desapareceu. Nós estávamos na casa de campo. Eu, o meu filho, os seus avós e
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Há quem diga que violência não é a solução. Eu digo que não é mesmo. Violência é a pergunta e a resposta é sim.Antes de iniciar aquela aula, um professor novo entrou na sala. Ele parecia gentil, falou com todas as meninas, se apresentou e, como de costume, o mesmo adulto de sempre permaneceu dentro da sala. Todas as câmeras ligadas. Tudo estava como de costume.Ao final das aulas, percebi que ele falava freneticamente ao telefone. Parecia nervoso. Andava de um lado para o outro, arrumando a mochila sobre um dos ombros.Eu não confiava nele. Algo nele me assustava. Talvez fosse o fato de ele ser novato para mim. Talvez o motivo fosse seu comportamento esquisito e ansioso... Ele me assustava.Ignorei.Adentrei ao vestiário feminino e tomei o meu banho. A água estava quente, eu estava cansada e a minha roupa estava pendurada esperando por mim. Ao acabar, me vesti pensando em como aquele dia havia sido terrível. Eu só queria que acabasse.Wictor namorando, papai ap
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩...Fui instruída e forçada a ficar escondida no carrossel, longe do cisne que havia descrito para Wictor, na chamada. O tempo passou até que ele finalmente chegou. Estava de moto. O barulho da Triumph Rocket preta freando como se fosse rasgar o chão.Eu sinto muito, Wictor. Por favor me perdoe...Eu me sentia responsável por ter atraído ele para aquela situação. Se eu, ao menos, tivesse entrado com o segurança... Se eu tivesse mudado o horário... Se eu fosse um pouco mais valente e enfrentasse o sequestrador dele...E então, a infeliz adrenalina começou.-Elizabeth? Elizabeth, onde você está? De quem você tá fugindo? Elizabeth!!!Ele gritava, procurando por mim. O homem que me mantinha calada com a pistola apontada em minha nuca, finalmente sussurrou sobre o meu ombro:-Você vai sair das sombras e vai atrair ele. Se você resistir, atiro na cabeça do irmão, daqui mesmo. Agora vai. Vai e me deixa orgulhoso. -Sorriu zombeteiramente.Com um empurrão, ele me fez tro
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Nos braços do homem que me impedia, cruelmente, de ir até o Wictor, eu implorei para morrer.Depois que fui abandonada na rua à própria sorte, perambulei sem rumo até que o meu segurança me encontrou voltando pelo mesmo caminho da academia de dança.—Senhorita Liza! E-eu lhe procurei por todos os lugares. —Ele correu em minha direção, analisando cada parte do meu corpo. —Ouvi alguns disparos...Os meus olhos tristes encontraram os olhos assombrados daquele homem. Eu sabia o que eu queria.Eu queria uma pessoa que, agora, estava morta.—Tenho que tirá-la daqui. —Ele esticou os braços para trás e sacou uma arma. —Vamos, precisa vir pro carro comigo.Ainda engasgada com o que havia visto, apontei na direção do lago. Confuso, ele estreitou as sobrancelhas e espremeu os olhos.Aceitando ir comigo, o rapaz tomou minha frente e manteve a arma em punho.Eu não via o caminho muito bem. Talvez não fosse o pálido escuro da noite. Talvez fosse a visão turva, tomada por lágr
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Meus questionamentos não obtiveram êxito. Eu precisava de respostas.Enfiei a mão nos bolsos, procurando pelo celular, até que um dos homens, sentado em volta da mesa distante, balançou o aparelho para mim.—É melhor você desistir dele, senhor Konnor. Está bloqueado. —Respondeu, devolvendo-o para o bolso de sua calça.Terminando de falar com o meu pai, o senhor Cooper voltou a se aproximar de mim.Arrumou a postura, enfiando as mãos nos bolsos e pediu que eu me levantasse. Conferindo meu equilíbrio, ele presumiu que eu já estivesse recuperado.—Senhor Konnor, o seu pai acabou de entrar em contato. A sua irmã está bem. Tá com o segurança dela nesse exato momento, voltando para casa. Ela usou o celular dele pra ligar pra mãe. Eles já sabem que você "foi morto" e que "levaram o seu corpo" sem deixar registros ou rastros de sangue.—A Elizabeth nunca vai me perdoar.—Não se preocupe, ela vai descobrir que não foi culpa sua. Agora vamos, precisamos embarcar no jati
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩...Após chorar comigo, mamãe me convenceu a tomar um banho e colocar uma blusa com mangas longas de cor preta. Em meu armário, estava uma calça verde militar que ele costumava usar. Calcei coturnos pretos, soltei os cabelos para que bloqueassem o meu rosto, e então saí de casa acompanhada dos meus pais.Eu vesti aquelas calças como se ele estivesse comigo. Eu o queria. Eu o queria no que fosse e viesse em minha vida. Eu só queria que ele vivesse outra vez.Com o queixo no peito, escondia minhas lágrimas atrás da cortina escura dos meus cabelos cheios. Meus pais me guiaram até o carro e então entramos.Pela primeira vez, em muito tempo, dividíamos o mesmo carro e o mesmo comboio.Ainda não conseguia aceitar a ideia de entrar naquele cemitério outra vez. Passar pelo túmulo do vovô e, agora, me despedir de um caixão vazio por simplesmente não terem encontrado o corpo do meu irmão.Eu queria ter esperanças.Eu tive esperanças....Porém, quando os portões de ferro
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Depois que embarcamos, nem o silêncio da viagem me fez adormecer.Eu estava preocupado.Eu precisava saber como ela estava.Com as pernas minimamente abertas, passei as mãos pelas coxas. Procurava por meu celular novamente, até me recordar que um dos seguranças havia tomado o aparelho de mim.Limpei a garganta, coçando a nuca.—Preciso falar com o meu pai.O agente Cooper abriu os olhos, inspirando profundamente. Talvez ele pensasse em não ceder. Talvez se lembrasse que eu seria o sucessor do meu pai. De qualquer forma, ele não protestou. Estendeu o braço e me entregou o seu próprio aparelho.Já tá discando...A voz, no outro lado da linha, parecia calma o suficiente para alguém que estava envolvido no sequestro/morte do próprio filho.—Cooper?—Konnor. —Corrigi com ironia.—Então você já acordou...—Estou voando pra Itália, e você quer, por favor, me dizer o que está acontecendo?—É melhor pararmos essa conversa por aqui, meu filho-—Não era você quem ia me c