Quem é Mary Jacob?

✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩

Aquela noite foi difícil pros meus pensamentos. Nem toda a minha dedicação, para amanhecer apresentável, estava funcionando. Rolar de um lado para o outro numa cama gigante, não me fez sentir melhor.

Pelo contrário. Me trouxe solidão e angústia profunda.

Após algumas horas, as cortinas estavam balançando com o vento. A luz que entrava pelas janelas escandalosamente grandes, me deixava cega.

Agarrada ao travesseiro inútil, espremia as pernas em posição fetal. Uma das piores sensações que se pode carregar no peito, é aquela a qual você não consegue dar descrição.

Suspirei. Virei para o teto e caí os braços. Cada um para um lado.

Por que eu me sinto tão

?

Minhas respostas não viriam de um teto branco com detalhes dourados e cinza. Eu precisava reagir à minha própria vida.

Joguei as pernas para fora da cama e me arrisquei a começar o dia como se esperasse por um evento comum. Embora eu soubesse que seria uma situação constrangedora conhecer a futura noiva do meu irmão, ainda assim eu precisava manter as aparências.

Estava pronta. Após cerca de duas horas eu estava completamente pronta. Deixei o quarto gigantesco, varrendo o chão com um elegante vestido florido. As alças caíam dos meus ombros, sensualizando os braços finos e a clavícula reta, herdada de mamãe.

—Oh, Elizabeth! Eu pensei que não havia acordado para hoje, minha filha. —Papai estendeu as mãos para alcançar as minhas, insinuando que eu chegasse mais perto. E me avaliou. —Está linda, minha filha. Como cresceu...

A nossa conversa foi interrompida por passos firmes e confiantes. Eu conhecia bem aquelas passadas determinadas.

Era ele.

Passou por mim, alcançando o meu pai. Foi como se seus movimentos acontecessem diante dos meus olhos, em câmera lenta. Ele esticou a mão até o ombro de nosso pai e aproximou o rosto ao ouvido do velho.

Cochicharam por poucos segundos, até que papai soltou minhas mãos aos poucos, se despedindo com um olhar.

Sua saída me impulsionou a chamar por Wictor.

—Espera, espera, Wictor! —Segurei em seu braço antes que ele seguisse papai.

Ele me olhou com serenidade. Eu nunca o tinha visto tão destemido antes.

—Elizabeth-

—Não me chame assim... —Senti minhas sobrancelhas se juntando involuntariamente.

—Não é o seu nome? —Ele encolheu o braço, se livrando de minha mão, e repudiou a minha atitude ofensiva com um olhar frio.

—Está me punindo?

—Estou fazendo a coisa cert-

—Pra quem? —Interrompi abruptamente. O meu coração batia tão rápido quanto as asas de um beija-flor.

—Pra todo mundo, Elizab... —Ele espremeu os lábios e se corrigiu. —Liza.

Eu estava prestes a abraçá-lo num ato desesperado por um pouco de sua atenção, quando percebi uma movimentação na porta de entrada.

Wictor desenterrou os pés do chão e seguiu em direção aos nossos pais.

Ela havia chegado.

Eu não pude disfarçar o ciúme que senti ao vê-lo sorrir para ela enquanto me ignorava há dias.

Tratar bem alguém que você não quer, por alguém que você ama, é uma das coisas mais difíceis a se fazer quando o assunto é o sentimento platônico.

—Querida Mary Jacob. Seja bem vinda, por favor, querida... Entre. Estávamos ansiosos por sua chegada. —Disse mamãe, segurando as mãos dela.

Papai estendeu a mão em direção ao lado de fora das portas de entrada, despertando minha curiosidade. Wictor ultrapassou o meu campo de visão, distante, impedindo-me de ver o que tinha na mão de nosso pai.

—Espero que tenha feito uma boa viagem da Geórgia até aqui. —Wictor sorriu para ela e esticou o braço em direção à um dos sofás, indicando o caminho como um floreio.

E eu finalmente enxerguei. Era uma mala branca. Uma m*****a mala branca. O que aquilo significava?

—Bom... É... Elizabeth,  querida. Venha. Venha conhecer Mary, a sua futura cunhada. —Mamãe sorriu para mim, mas seu olhar jurava que me mataria se eu não fosse.

Estufei o peito e joguei os ombros para trás, equilibrando o medo de ser rejeitada por ele novamente, devido um ato estúpido.

—Minha nossa! Você é linda! —Disse ela. Aparentemente, sua reação era genuína. —Você bem que se parece com a minha irmã caçula, sabia? Tão fofa...

—Obrigada, Mary. Você também é muito... Linda! —Expus o sorriso que havia ensaiado enquanto me arrumava, e me sentei de frente para ele.

Eles conversavam como uma família feliz enquanto eu estava apenas observando. Wictor tentou atuar, mas a troca de olhares me confirmava tudo.

Eu prometo, Wictor. Juro que encontrarei um meio de não perder você e salvar a nossa família da miséria. Dessa vez, será eu quem fará de tudo por você.

De qualquer forma, eu ainda não sabia, mas Mary Jacob não dormiria em nossa casa. Esse pequeno fato mudou todo o meu humor naquele dia.

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