Ainda estava escuro quando voltamos para casa. Não precisávamos de mais de uma hora de sono para descansar. Quando a luz amarelada entrou pela janela do meu quarto eu já estava de pé. Tomei um banho frio, vesti meu jeans, uma camisa de malha preta e uma jaqueta de couro também preta. Calcei o coturno e desci para cozinha. Os outros ainda não haviam descido. Tomei meu café da manhã sozinho no silêncio que parecia encher todos os enormes cômodos da mansão. Saí fechando a porta suavemente para não acordar os gêmeos e desci a colina em direção ao leste. Queria ver o sol subindo, cobrindo o Vale da Morte com sua luz. Cruzei a estrada asfaltada e segui pelo gramado até o pequeno e frágil muro que dava uma falsa sensação de segurança aos que vinham ali apreciar a vista. A mil e duzentos metros abaixo, no pé de um precipício que parece não ter fim, fica o Vale da Morte. Um deserto de terra avermelhada em camadas que parecem pequenas ondas. Não há absolutamente mais nada, para qualquer lado que se olhe, além dessa terra seca e vermelha. Eu admirava o contraste do deserto com o verde abundante do Vale das Sumaúmas. No alto da montanha esse pequeno e insignificante Vale cercado de enormes árvores era o oposto de deserto. A brisa fresca era constante. Até mesmo no verão. O cheiro da terra e das folhas úmidas enchiam meus pulmões de vida. Eu estava contrariando todos os meus instintos de viajante ficando preso a esse lugar. Mas eu gostava e sabia que era necessário. Sabia que havia sido escolhido para essa tarefa e sabia que um terceiro viajante também havia sido escolhido. Ansur não deixava de ter razão em dizer que estávamos caminhando às cegas. Algo escapava de nós e eu não fazia ideia do que poderia ser. Durante muitos anos ficamos esperando que as respostas aparecessem. E ficamos acomodados com a situação do Vale. As coisas estavam mudando sim, mas era tão lenta e naturalmente que estávamos simplesmente acompanhando o processo de crescimento sem nos perguntar muito o porquê disso tudo. Na verdade não fazia diferença alguma, pelo menos não aparentemente, que o Vale se desenvolvesse ou não. O único problema era a forma como o pastor Jonas comandava esses habitantes. E ainda desconhecíamos como mudar isso. Acreditávamos que o terceiro viajante iria trazer as respostas. Mas agora eu duvidava um pouco. Por que ele traria as respostas? Eu não cheguei aqui sem saber o motivo? Eu sabia tanto quanto Iana ou Ansur. Ou ainda tanto quanto a Srª Ruschel que ficava em seu quarto como uma morta viva desde que seu marido morreu. E se o terceiro não trouxesse as respostas? Então não saberíamos o que fazer. Estava de costas para a estrada desfrutando do fraco calor do sol em meu rosto quando senti a presença deles. Virei-me e não demorou muito apareceram atravessando a estrada.
— Sabem que não devem andar assim por aí e aparecerem de repente.
— Não tem ninguém passando por aqui agora — Iana falou e mostrou a língua para mim.
— Não é só por isso. Ficam desperdiçando energia a toa. Principalmente você, Iana — eu disse em tom sarcástico olhando para ela.
Isadora apareceu no céu dando rodopios, depois desceu e pousou no ombro de Ansur.
— Essa coruja tá ficando biruta. — Iana passou a mão pelas penas marrons das costas da pequena coruja.
— Tem algo estranho. É como ontem quando Isadora apareceu. Uma intuição. Mas não consigo definir.
— Tente se concentrar no que está sentindo. Precisamos de todos os detalhes que possam nos dar alguma pista do caminho a seguir.
— É difícil, Ansur. Sempre que me sinto assim, fico com uma leve dor de cabeça.
— Acho que seria hora de repassarmos o que papai deixou escrito antes de morrer. Talvez agora alguma coisa que ele escreveu faça sentido — disse Iana.
— Algo sensato vindo de você Iana? — eu disse já me afastando do muro, dando as costas para ela e indo em direção à estrada. — Vamos dar uma olhada.
O papel aberto sobre a mesa da varanda não nos revelava nada além do que já sabíamos. As palavras escritas numa caligrafia trêmula e corrida não faziam sentido.
— Até agora, tudo o que entendi é que seremos três para combater o mal e que precisamos continuar com nossa tarefa à noite — Ansur falava enquanto passava os olhos pelas palavras. — É inútil.
— Se pelo menos mamãe falasse alguma coisa. Contasse o que realmente aconteceu. Iana estava com os cotovelos apoiados na mesa segurando a cabeça entre as mãos. Olhava para o papel aparentemente sem vê-lo, perdida em algum pensamento. Imaginei que tentava lembrar-se do passado, quando era muito pequena. Quando uma luta fora travada entre o bem e o mal. E o mal, desta vez, prevaleceu.
— Não acho que mamãe vá simplesmente sair de seu transe e voltar ao mundo real de repente — Ansur disse acariciando o braço da irmã. Ela encostou a cabeça em seu ombro e fechou os olhos.
— Vamos. Temos que rodar por aí e prestar atenção a tudo o que possa dar algum sinal de que as coisas estão diferentes — eu falei levantando-me da cadeira.
Ansur afagou a cabeça de Inana, afastou-a delicadamente e também se levantou. Iana ainda ficou sentada por alguns minutos, depois a vi se levantar e nos seguir alguns passos atrás.
— Vamos até a escola dar uma observada. Talvez algum dos jovens comente algo relevante.
Ficamos encostados ao lado da porta de entrada da escola. Todos os que passavam por ali paravam de conversar assim que nos viam, desviavam o olhar e passavam direto por nós tentando fingir que não existíamos. Isso já era esperado. Toda a população de Vale das Sumaúmas nos ignorava. Éramos vistos como demônios. Seres do mal que insistiam em viver ali para destruir toda a pureza do vale. Não tinham consciência do verdadeiro mal em que eles estavam envolvidos. O fato de ficarem em silêncio ao passarem por nós, não nos impedia de ouvir o que falavam a uns bons metros de distância. Captei uma conversa que parecia promissora. Cutuquei Ansur e olhei em direção à Eanes, filha de Jonas, pastor e também prefeito do Vale das Sumaúmas. Ela estava parada rodeada por quatro meninas.
“Ele ligou pro meu pai pedindo permissão para trazer a sobrinha.”
“Vamos passar por tudo outra vez” — disse uma das meninas suspirando.
“São só umas semanas para se adaptar à vida no Vale. E meu pai disse que ela tem dezesseis anos. Mais uma amiga.”
Eu estava tentando prestar atenção à conversa, mas uma dor de cabeça começou e em poucos segundos tornou-se insuportável. Apoiei as costas na parede enquanto deslizava para o chão sentindo-me enjoado e suando frio. Apertei a cabeça com as mãos e fechei os olhos tentando em vão suportar a dor. Senti Ansur e Iana se abaixarem ao meu lado. Suas mãos foram postas por cima das minhas.
— Arion. O que houve? Você está bem? — Era a voz de Iana próxima ao meu ouvido.
— Vamos, eu e Ansur levaremos você para casa.
Abri os olhos e estava abaixado no chão da sala da mansão Ruschel.
— Droga! Porque fizeram isso? — eu xinguei mal conseguindo pensar.
— Não tinha mais ninguém no pátio da escola. Depois que você se abaixou gemendo daquele jeito, todos olharam espantados e entraram correndo para escola.
Levantei-me do chão e fui sentar no sofá. Recostei a cabeça e fiquei de olhos fechados. A dor agora cedia.
— Não deveriam desperdiçar tanta energia. Isso foi imprudente. Sabem o quanto uma ação assim nos consome sem a luz azul. — Abri os olhos e encarei Iana. — E você principalmente, pode morrer se esforçando desse jeito. Sabe disso.
— Obrigada por me lembrar, senhor Arion. Não vou mais me preocupar com você, assim poupo o pouco de energia que tenho por ser filha mulher de um viajante.
— Desculpe-me, Iana. E... obrigado.
Senti-me culpado por falar assim com Iana, mas a todo tempo eu precisava lembrar a eles que nosso poder era limitado. Eu já gastava energia o suficiente saindo do Vale para comprar mantimentos. Não queria que eles desperdiçassem a deles à toa. E, se fôssemos longe demais, poderíamos morrer.
Ansur sentou-se ao meu lado.
— Sente-se melhor? O que houve com você?
— A maldita dor de cabeça. Só que desta vez foi muito forte. Vamos comer alguma coisa. O estômago vazio parece piorar. Depois conversaremos sobre a nova habitante.
Enquanto almoçávamos contei a eles a impressão que tive juntamente com a dor.
— Foi como se houvesse alguém ao meu lado.
— Nós estávamos ao seu lado — Iana falou torcendo a boca em um sorrisinho.
— Não, é sério. Senti uma presença forte. Alguém que era esperado, mas que ainda não chegou. — Olhei para Ansur e sabia o que estava pensando. — Não era o terceiro. Tenho certeza.
— Como pode ter tanta certeza?
— Não sei. — E então a resposta estava ali. Eu não havia notado. — Ansur, traga a carta de seu pai.
Ansur olhou-me interrogativo, mas saiu e logo voltou com a carta.
— Aqui. — Apontei para frase que eu queria que lessem.
Iana leu em voz alta:
— "A sibila aparecerá em um dia de lua." E quem escreveu a frase foi mamãe. Não meu pai. — Ela sacudiu a cabeça. — Continuo sem entender essa frase. Porque uma profetiza? Porque agora, depois de tanto tempo?
— A frase pode não estar no seu sentido literal. Tudo está escrito em enigmas — eu disse olhando para Iana.
— Você acha que é uma pessoa? É o nome de alguém? — Ansur perguntou para verificar se eu tinha certeza, pois já havíamos conversado várias vezes sobre isso.
— Já cogitamos essa hipótese.
— É, mas pode ser uma planta, uma pedra, uma ave. Temos tantas teorias que nem nos demos mais ao trabalho de pensar na frase — Ansur falou largando o garfo dentro do prato.
Eu realmente estava começando a ficar preocupado com Ansur. Sua falta de paciência deixava a mim sem paciência. Se alguma coisa não mudasse, se algo não acontecesse logo, eu temia que Ansur acabasse cometendo alguma asneira.
— Acha que a menina que está para chegar é essa tal Sibila?
— Acho que sim, Iana. Esse pressentimento, essa sensação estranha está ligada ao fato de alguém chegando. Disso eu tenho certeza. — Mudei de assunto tentando espairecer minha mente, a dor de cabeça insistia em querer voltar. — Vou sair. Precisamos de comida. A geladeira está quase vazia.
— Não pode sair, Arion — Ansur falou em tom de preocupação. — Acabou de se sentir mal e não sabe o quanto ainda resta de energia. Não pode ficar tempo o suficiente em um lugar tão distante. Quase se matou da última vez.
— Mas ainda precisamos de mantimentos. Aliás, esse é o momento para retomarmos a busca por uma outra pedra e por algum outro viajante que tenha experiência.
Iana sentou-se ao meu lado, suspirou e arriou os ombros antes de começar a falar. Parecia cansada.
— Arion, não adianta. Já falamos sobre isso também. Temos que nos contentar com a pedra no alto da montanha. Procuramos por toda área próxima ao Vale e não podemos ir mais longe. Vamos morrer se continuarmos aparecendo e desaparecendo o tempo todo. Não está seguindo seu próprio conselho.
— Tudo bem. Você está certa. Passamos anos buscando sem resultado. Mas, de qualquer forma, precisamos de alimento. Já volto.
Desapareci sentindo a energia ser drenada de meu corpo. Arrisquei ir a uma cidade um pouco mais afastada do Vale. Quem sabe a sorte não me faria esbarrar em outro viajante. Entrei em uma mercearia, peguei o que precisava e fui pagar a conta. Foi quando a senti. E achei estranho. Não era um viajante. Não a vi entrando na mercearia, mas eu sabia que era uma garota. Um formigamento tomou conta do meu corpo. Virei para trás para ver apenas uma adolescente com cabelos castanhos, compridos e ondulados, saindo da mercearia e subindo em uma moto do outro lado da rua. Não pude ver seu rosto. Resisti ao impulso de segui-la. Era insanidade. Eu estava enlouquecendo. Talvez fosse o fato de gastar tanta energia em tão pouco tempo. Eu estava cansado e precisava voltar pra casa. Caminhei alguns metros ainda um pouco perturbado pela presença da garota e assim que me vi só, desapareci.
Entrei em casa sem fazer barulho torcendo para que meu pai não tivesse ido ao meu quarto olhar como eu estava. Aparentemente estava tudo normal. Troquei de roupa colocando o pijama e me enfiei debaixo da coberta. Estava cansada e logo adormeci. Acordei pouco depois ouvindo meu pai bater na porta e chamar meu nome. — Krica, levante-se. Vai se atrasar para escola. Rolei na cama. Ainda estava com sono. — Que se dane. Não vou levantar. Não preciso mais ir naquela porcaria de escola. Cobri a cabeça com a coberta e fiquei parada ouvindo se ele bateria na porta outra vez. Não bateu. Levantei-me por volta de onze horas, ainda meio zonza. Fiz um café com leite e mergulhei um monte de biscoito maisena dentro. Comi a mistura em frente à TV ligada. Depois, fui me arrastando para o quarto, trocar de roupa. Eu iria procurar D. Glória para
Precisei descansar ao chegar na mansão e por alguma razão não conseguia tirar da cabeça a estranha sensação que a presença da garota me causara. À tarde voltamos para porta da escola esperar que os alunos saíssem para tentar pegar mais alguma conversa. Era sexta feira e no fim de semana o único momento em que todos se reuniam era no templo do pastor Jonas. Onde provavelmente não conseguiríamos pegar nenhuma conversa que nos ajudasse. E agora, na escola, também não havia nada em particular que nos desse mais pistas. Fiquei observando Eanes. Ela era a melhor informante de todas. Estava ligada ao mal como nenhum outro habitante do vale jamais estaria. Só não tínhamos certeza se ela sabia disso. Assim que cheguei ao vale, os irmãos Ruschel já sabiam de algumas coisas. Seu pai lhes deixara instruções. A carta fora escrita à
Pela primeira vez em não sei quantos anos, meu pai não foi trabalhar. Ficou o dia todo andando pela casa. Isso estava começando a me dar nos nervos. — Pai? — Eu também começava a ficar ansiosa. Estava com tudo pronto. — Que horas eles vêm? — Seu tio disse que chega por volta das seis horas. Sentei no sofá e liguei a TV. Eram cinco horas. Eu havia passado cedo na casa da Sara para me despedir. Somente ela sabia que eu estava indo embora. Já era bem difícil chorar abraçada à sua melhor amiga. Não queria nem imaginar a procissão que iria se formar se todos os outros soubessem. Finalmente a campainha tocou. Pulei do sofá passando a frente de meu pai que se dirigia para a porta. Ao abri-la, fiquei observando aquelas duas figuras paradas à minha frente. Meu pai chegou por
O sábado passou vagaroso como todo o tempo no Vale. Fiquei no mirante observando o sol iluminando o Vale da Morte. Isadora passou voando baixo, mas não pousou por perto. Pensei na garota da mercearia. Não vi seu rosto, nem mesmo sei em que cidade fui parar. Sabia que não era longe, pois não teria poder suficiente para isso. Quando desapareci do Vale, apenas imaginei um lugar onde pudesse ir com a energia que ainda possuía e onde pudesse comprar alguns mantimentos sem chamar atenção. Eu poderia imaginar esse local novamente. Queria voltar e procurá-la. Sacudi a cabeça. — O que eu estou pensando? Eu sou um viajante. Não posso simplesmente sair atrás de uma garota que nunca vi. Não! Preciso pensar na segurança de todos no vale. Preciso pensar na segurança do mundo. De todos os humanos. Se Jonas escapar irá conseguir uma forma de destruir
Desci para almoçar. Tio Fernando e Be já estavam sentados à mesa e tia Odete entrava na sala de jantar carregando uma travessa com salada. — Sente-se, querida — ela disse puxando uma cadeira para mim, e sentou-se ao lado do tio Fernando. Enchi um prato e reparei que eles me observavam de rabo de olho. O prato deles era um terço do meu. Que se dane. Eu estava com fome. Com muita fome. Então dei um sorrisinho e coloquei mais purê. Tia Odete sorriu de volta e disse: — Depois do almoço vou ajudar a arrumar suas coisas e mais tarde vamos ao culto. Engasguei e quase cuspi o purê na cara do meu primo que estava sentado em frente a mim. Culto? Ela só podia estar brincando. — Tia, eu não vou a culto nenhum. Eu nem vou à igreja apesar de ser católica. Tô fora.&nbs
Após almoçarmos fomos para escola e ficamos encostados na parede próximos à porta como sempre fazíamos. Os micro-ônibus iam chegando e enfileirando-se, trazendo os cento e setenta e nove estudantes. Uma pequena aglomeração formou-se à porta de um dos ônibus. Apurei meus ouvidos. “Bem vinda. Meu nome é Eanes. Se precisar de alguma coisa, pode me procurar.” “Ok. Obrigada.” “Be, vamos entrar logo?” “Como é seu nome? O meu é Bia. Seja bem vinda” “Tá Bia, Obrigada. Meu nome é Krica” “Be, por favor me tira do meio desse povo!” A novata. Pelo que me pareceu estava irritada. Logo Bernardo passou o braço em seu ombro e a conduziu para a porta da escola. Ent&atild
Depois de uma estreia desesperadora na escola, voltamos para casa naquele ridículo ônibus escolar. Eu queria ter ido de moto, mas com o monte de desculpas esfarrapadas que recebi, resolvi ir logo com Be para não causar problemas nos meus primeiros dias. E agora, queria que fosse o último. Além de todo mundo se vestir como se estivesse indo para uma reunião de nerds dos anos sessenta, não havia vida social. Be disse que não havia lanchonete, pizzaria, cinema, ou mesmo internet. Até porque essa última seria inútil, não havia computador e nem TV em nenhuma casa. Depois do pôr do sol, todos ficavam em suas casas. As mulheres cozinhavam ou faziam tricô com a ajuda das filhas. Os homens colocavam óleo nas dobradiças que estavam rangendo, retocavam a pintura de algo ou simplesmente ficavam sentados na sala conversando sobre o sermão do pastor Jonas. Era surreal.
Sentei-me no muro com as pernas penduradas para o precipício sentindo a calma de uma nova manhã no Vale da Morte. Ouvi um ronco vindo de longe. Virei-me para a estrada e esperei. Uma moto amarela passou correndo. Eu ri. A mesma moto que infernizou os habitantes do Vale há um ano. O pastor Jonas realmente iria ter trabalho com essa aí. Ouvi o motor diminuir a rotação e então acelerar. Ela estava voltando. Começou a diminuir quando chegou perto. Fez a curva e saiu da estrada passando pela grama em direção a mim. Pulei do muro e fui deter a garota antes que fizesse alguma besteira. Ela parou. — Ei! Cuidado com o gramado. Fica sempre úmido e pode derrapar. Não vai querer ir direto naquela direção. — Apontei para o Vale da Morte. — Não me importo. To mesmo querendo umas alternativas pro suicídio.&nbs