A noite avançava lentamente, mas ninguém dentro do chalé conseguia dormir.Isabela estava sentada na beira da cama, abraçando os próprios joelhos, a mente girando com as últimas revelações.Minha mãe desapareceu há três anos.Meu pai falava sobre um segredo.E agora dizem que eu sou a chave para encontrar um ouro perdido?Parecia coisa de filme. Mas era sua vida.E Leonardo...Ela olhou para ele.Ele estava de pé na varanda, camisa aberta, deixando à mostra seu peito definido. A brisa da noite bagunçava seus cabelos escuros, e o brilho da lua destacava sua expressão séria.Ele estava pensando. Planejando.E aquilo a deixava nervosa.Ela se levantou e foi até ele.— Você acha que minha mãe está viva?Leonardo suspirou, sem olhá-la.— Não sei. Mas se o inimigo mencionou seu nome, significa que alguém tem informações sobre ela.Isabela sentiu um arrepio.— E se ela estiver em perigo?Leonardo virou o rosto para encará-la.— Então vamos encontrá-la antes que seja tarde.A determinação em
A estrada até a cidade natal de Isabela parecia infinita.O vento frio entrava pelas frestas do carro, e a tensão entre eles era palpável.Leonardo dirigia em silêncio, os olhos fixos na estrada, o maxilar travado. Camila estava no banco de trás, analisando informações em seu laptop.Isabela, ao lado de Leonardo, segurava as próprias mãos para tentar conter o nervosismo.Voltar àquela cidade significava enfrentar memórias que ela enterrou há anos.Mas agora, não havia mais escolha.Ela respirou fundo e olhou para Leonardo.— O que estamos procurando exatamente?Ele desviou o olhar da estrada por um segundo, seus olhos escuros analisando-a.— Qualquer coisa que nos leve à sua mãe.Isabela assentiu, mas seu coração batia forte.— E se… e se ela não quiser ser encontrada?Leonardo não respondeu de imediato.Então, apertou o volante e disse:— Então vamos descobrir por quê.A ChegadaQuando finalmente chegaram à cidade, Isabela sentiu um arrepio.Tudo parecia igual.As ruas de paralelepíp
O ar dentro do banco parecia mais pesado do que o normal.Isabela sentia o coração acelerado enquanto seguia o senhor de cabelos grisalhos por um corredor estreito e mal iluminado.Leonardo e Camila vinham logo atrás, atentos a qualquer movimento suspeito.O silêncio era denso, interrompido apenas pelo eco dos passos no chão de azulejo frio.Quando finalmente chegaram a uma pequena sala nos fundos, o homem fechou a porta com pressa. Suas mãos tremiam levemente ao trancar a fechadura.— Vocês não deveriam estar aqui.Leonardo cruzou os braços, impaciente.— Então por que nos chamou?O homem respirou fundo e olhou diretamente para Isabela, seu olhar carregado de algo entre medo e urgência.— Porque… sua mãe esteve aqui.O mundo de Isabela parou.O chão pareceu desaparecer sob seus pés.— O quê?Camila e Leonardo se entreolharam, alarmados.— Ela está viva? — Isabela sussurrou, sentindo a voz falhar.O homem hesitou antes de responder:— Há três anos, sua mãe veio até este banco. Ela ret
O silêncio na pequena sala parecia denso, sufocante. O nome Ricardo Vasconcellos pairava no ar como uma maldição.Isabela sentia um nó se formar em sua garganta. O olhar de Leonardo estava sombrio, perdido em memórias que ela não conhecia.O senhor do banco passou a mão na testa suada e olhou para a porta, como se esperasse que alguém arrombasse a qualquer momento.— Vocês não deviam ter vindo aqui. Esse nome não deve ser dito.Isabela respirou fundo, tentando manter a calma.— Quem é esse homem?Leonardo fechou os punhos.— Alguém que eu pensei ter deixado para trás.Camila cruzou os braços e os olhos analisando a reação de Leonardo.— Mas, pelo visto, ele ainda não te deixou.Ele não respondeu. Apenas desviou o olhar, cerrando o maxilar.O homem do banco se inclinou para a frente, os olhos cheios de medo.— Se vocês querem encontrar sua mãe, precisam sair da cidade. Agora.Isabela trocou um olhar com Leonardo.— Mas para onde?O senhor hesitou.— Ela mencionou um esconderijo… no sít
O estampido do tiro cortou o silêncio da noite.Isabela congelou. Seu coração martelava no peito enquanto o som ecoava entre as árvores.— Abaixem-se! — Leonardo ordenou, sacando a arma.Camila se jogou para trás, puxando Isabela junto. O vidro lateral explodiu com outro disparo, espalhando cacos pelo banco.— Estamos cercados! — Camila gritou.Leonardo olhou ao redor, calculando a situação. A estrada era estreita, ladeada por árvores densas. Com o caminho bloqueado e atiradores escondidos, estavam vulneráveis.— Temos que sair do carro. — Ele disse, sua voz firme, mas urgente.Isabela sentia seu corpo tremer. Isso era real. Muito real.Leonardo abriu a porta e se moveu rápido, mantendo-se abaixado. Camila fez o mesmo, puxando Isabela pelo braço.— Corre! — sussurrou.Os três se esgueiraram para trás do carro enquanto mais tiros eram disparados. A madeira das árvores estalava, atingida pelas balas.— Quantos são? — Isabela sussurrou, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo.Camila o
O ar parecia congelar ao redor deles.Ricardo Vasconcellos deu um passo à frente, saindo das sombras da floresta. Seu terno escuro contrastava com o ambiente rústico, como se ele não pertencesse àquele lugar. Mas os olhos… aqueles olhos frios e calculistas pertenciam a qualquer cenário onde o poder pudesse ser exercido.Leonardo instintivamente se colocou na frente de Isabela.— Acabou a brincadeira, Leonardo. — Ricardo sorriu de canto, mas seus olhos não mostravam traço algum de humor. — Eu avisei que você não deveria voltar.Leonardo cerrou os punhos.— E eu avisei que nunca mais me meteria nos seus negócios. Então por que me perseguir?Ricardo inclinou a cabeça, estudando-o como se fosse um inseto sob um microscópio.— Porque você trouxe ela. — Ele apontou o olhar para Isabela.O coração de Isabela disparou.— O que eu tenho a ver com isso? — Sua voz soou mais firme do que ela esperava.Ricardo riu baixo.— Ah, minha querida… tem tudo a ver.O silêncio que se seguiu foi insuportáve
O salão do hotel estava lotado. O som dos copos tilintando, risadas e conversas paralelas criava uma melodia abafada no ambiente luxuoso. Lustres imponentes pendiam do teto, refletindo a luz dourada sobre os convidados vestidos com trajes impecáveis.Isabela caminhava entre eles com postura impecável, seu vestido preto justo ressaltando cada curva com elegância e sofisticação. Seu olhar estava firme, seu sorriso ensaiado, sua máscara bem ajustada. Afinal, ela aprendera, à força, que fraqueza não tinha espaço no mundo que conquistara.E, naquele momento, mais do que nunca, precisava sustentar essa armadura.— Dra. Isabela, parabéns pela conquista! — Um dos investidores mais influentes do setor aproximou-se, segurando uma taça de champanhe. Ele apertou sua mão com um sorriso admirado. — Sua nova campanha foi um sucesso absoluto.— Fico feliz que tenha gostado, Sr. Albuquerque. Trabalhamos duro para isso.Ela agradeceu com um aceno discreto e ergueu a taça para um brinde silencioso. Esse
Isabela entrou apressada no elevador, sentindo a respiração irregular. Assim que as portas se fecharam, ela encostou-se à parede fria e fechou os olhos por um instante, tentando recuperar o controle.Não podia se permitir fraquejar. Não por ele.Cinco anos. Cinco anos sem uma ligação, uma explicação, um pedido de desculpas. E agora Leonardo reaparecia como se nada tivesse acontecido? Como se pudesse simplesmente pedir para conversar e ela fosse aceitar?Ridículo.O elevador fez um pequeno som ao chegar ao andar de sua suíte. Isabela abriu os olhos e ergueu o queixo, retomando sua postura implacável. Saiu apressada, ignorando os olhares discretos dos funcionários do hotel. Tudo que queria era um momento de silêncio. De solidão.Mas, ao abrir a porta do quarto, seu corpo paralisou.Leonardo estava lá.Sentado confortavelmente em uma das poltronas de couro, uma taça de uísque na mão, observando-a com um olhar intenso.O choque rapidamente se transformou em raiva.— Como diabos você entro