Keenan abriu os olhos devagar, sentindo um incômodo profundo nos músculos. Soltou um gemido de dor e se ergueu na cama, sentando-se com cuidado. Aos poucos, sua mente foi clareando. Lembrou-se da ordem do rei, da conversa com Anna, do fogo na cabana, daquelas velhas sinistras e do duque, imóvel no alto da casa, observando-o.Um arrepio percorreu seu corpo ao reviver a cena. O que aconteceu naquela casa não foi normal. Era um milagre estar vivo. Nem sabia como tinha conseguido chegar até ali. Talvez Edward tivesse ajudado.Ao olhar ao redor, percebeu que estava na casa dos pais. O som de passos no corredor chamou sua atenção, e logo sua mãe entrou no quarto.— Oi, filho! Graças a Deus, você está bem… Urick! Ele acordou! — Gweneth gritou na direção do corredor.A mulher veio até ele e segurou seu rosto entre as mãos. O suspiro de alívio que soltou o fez lembrar de quando era pequeno e pegou um resfriado que a deixou desesperada.— Está sentindo alguma coisa? — perguntou aflita, passando
Quando chegou à aldeia, Keenan estranhou o silêncio. Não havia aldeões à vista, algo incomum e inquietante. Ele amarrou a rédea do cavalo no quintal da mãe e saiu, já desconfiado.Ao passar pela feira, encontrou o local completamente vazio. Um frio percorreu sua espinha. Aquilo não era um bom sinal. Ele acelerou o passo, quase correndo pelos becos estreitos, até ouvir uma voz familiar ecoando próxima.Era o rei.Que diabos Esteban estava fazendo ali?O coração de Keenan disparou. Ele ignorou a dor que ainda queimava nos músculos e correu em direção ao som. Ao chegar ao pátio da aldeia, parou, arfando, diante de uma cena que fez seu sangue gelar.Esteban estava lá, cercado por guardas e aldeões submissos. Ele segurava um chicote em uma das mãos e, com a outra, ordenava que seus homens amarrassem um garoto a uma pilastra de madeira.Por tudo que é mais sagrado, aquele menino não tinha nem 13 anos.— Coloquem esse merdinha aí! — gritou Esteban, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina
Sinan olhou para a roupa do rei dos ladrões e soltou um suspiro. Nunca imaginou que seu primo realmente abandonaria aquele manto tão icônico.— E aí, você topa? — Milo perguntou, com as sobrancelhas levemente arqueadas.— Claro, se for para salvar meu primo e o garoto — Sinan respondeu sem hesitação.— Ótimo. O resto de nós estará com as nossas roupas habituais de ladrão. — Apolo lançou um olhar firme em direção a Sinan, parecendo querer reforçar o plano.— Sinan, tenha consciência de uma coisa: assim que o "rei dos ladrões" aparecer, o duque virá atrás de você. — Milo alertou, sério.— Ah, droga! — Sinan resmungou, massageando a testa como quem já previa as dores de cabeça que isso traria.— Então — Milo começou, com o tom de quem já esperava esse tipo de reação —, minha ideia é capturar Kairus também. Não sabia quando seria a melhor oportunidade, mas acredito que agora seja o momento ideal.Apolo franziu o cenho e suspirou profundamente, como se carregasse um peso enorme.— Como vam
Quando o rei se preparava para dar o primeiro açoite, uma flecha passou zunindo perto dele, fazendo todos se virarem para os telhados. Os guardas correram para proteger Esteban, enquanto o duque deu alguns passos à frente. Sobre os telhados, havia vários ladrões, todos com as mesmas roupas do assalto na floresta. — Arqueiros! — O rei dos ladrões exclamou. — Atirem! Anna perdeu o fôlego ao ver as flechas voando em direção aos guardas. Elas acertaram o chão bem perto de seus pés, e os soldados deram um passo atrás, assustados. — Você vai atirar em mim, rei dos ladrões? Quer mesmo fazer isso? — Esteban gritou, desafiador. Ao observar o líder dos ladrões, Anna franziu o cenho. Não, ele não era o verdadeiro rei dos ladrões. A voz dele era diferente, mais grave, e ele parecia menor, fisicamente. Anna o reconheceria, mas aquele não era o homem que ela temia. Com a confusão se espalhando, Anna manteve os olhos fixos na cena. Os ladrões se prepararam para lançar novas flechas. —
Correndo pelos telhados, Apolo observava o duque atrás de Sinan. Ele fez um sinal afirmativo para os outros homens, que continuaram com o plano e correram na direção oposta. Todos saltaram do telhado no ponto previamente marcado.Espero que o plano do Milo dê certo!Apolo saltou de um telhado para o outro, correndo atrás do duque, que estava prestes a lançar sua magia na direção de Sinan. Aumentou sua velocidade e se atirou sobre o duque. Os dois rolaram pelo telhado e caíram de lá para baixo.Um gemido de dor escapou dos lábios de Apolo ao perceber que caiu de mau jeito. Seu ombro parecia deslocado, mas a adrenalina o impediu de sentir dor. Kairus se ergueu rapidamente e avançou em sua direção. Apolo se levantou, e seu capuz caiu, revelando sua identidade.O duque parou, olhando surpreso, e deu alguns passos para trás.— Príncipe Urick, você está vivo?— Olá, Kairus. Acho que precisamos ter uma conversinha.— Mas... o quê? — Viktor franziu o cenho, desnorteado. — Isso é uma brincadei
Jordan olhou para Lewis, esperando pelos outros na cachoeira congelada. A impaciência do garoto era algo irritante. Claro que todos sabiam do plano de capturar o duque, mas o amigo não fazia ideia do que estavam realmente fazendo.— Por que essa demora? — Apito indagou pela décima vez, andando de um lado para o outro.— Eles já estão vindo. — Jordan comentou. — Bom, pelo menos eu acredito que estão. Algo pode ter dado errado.— Por que você sempre olha pelo lado ruim das coisas? — June indagou, erguendo uma sobrancelha para Jordan.O mais velho ignorou o garoto.— O duque estava atrás do Sinan. Milo e Apolo sumiram. — Apito repassou tudo que aconteceu. — Nós três pulamos no local combinado, mas depois não vimos mais eles. Será que o duque os pegou?— Acredito que foi o oposto. — Jordan comentou, olhando para a floresta com um ar perdido.— É agora que ele vai surtar. — June comentou.— O quê?!Jordan se xingou no momento por ter soltado aquele comentário.— Esquece, garoto! Não é nada
Keenan massageou seus ombros tensos e virou a cabeça de um lado para o outro. Desde que soubera que seu pai e os garotos conseguiram capturar o duque e fazê-lo mudar de ideia, ele ficou tenso. Não gostava muito daquele plano, tampouco do duque, mas admitia para si mesmo que, se Kairus estivesse do lado deles, seria mais fácil derrotar Esteban. Porém, aquele homem não os perseguindo já seria bom o suficiente.Ele suspirou enquanto observava os garotos treinando no ringue. Outra coisa que nunca mais fizera era participar de lutas ou treinar. Desde que Luca morreu, ele abandonou as flechas e as outras coisas. Mas a autodefesa ainda sabia, pois conseguiu desviar dos ataques de Sinan.— Que cara de preocupação é essa? — Sinan veio até ele.— Não é nada demais. E Martina, como está? — perguntou, dando uma olhada no primo e logo voltando para a luta.— Ela está um pouco melhor. Está ajudando sua mãe com o jantar da noite.— Ah, que bom. Qualquer problema, você me avisa. Ela levou um susto na
Em passos duros, Keenan marchou até o meio da floresta e, quando se aproximou, ouviu as vozes dos homens.Merda!Ele retirou uma flecha da aljava e segurou o arco, apressando os passos até o local onde os homens ameaçavam sua garota. Reconheceu imediatamente os criminosos da floresta. Com a saída do rei dos ladrões, aqueles contrabandistas haviam começado a dominar o local.Keenan já tinha ouvido falar sobre eles em outro reino. Eram aliados dos irmãos Eds — traiçoeiros e igualmente perigosos. Mas ele sabia que podia lidar com eles. Além de estarem no seu território, ousavam mexer com Annabeth. Aquela seria a última tentativa deles.Chegando mais perto, ouviu a voz de Anna, e seu coração disparou de medo. Se fizessem algo a ela… a coisa ficaria muito feia ali.— Se vocês se aproximarem, eu vou machucá-los! Não estou brincando! — Anna esbravejou.— Olha ela, raivosa e sabe segurar uma espada! — O líder se divertiu. — Será que segura a outra espada tão bem assim? — O homem segurou seu m