— Eu me assustei muito. Estava saindo do quarto, para ir almoçar. Senti algo muito estranho quando o vi, caminhar pelo corredor. Uma energia dourada começou a sair do meu coração.— Mas só terminou o processo depois que fomos embora.— Sim, Arla me explicou tudo, mas eu ainda não consegui olhar para você.— Me achou velho, não foi.— Não, você guardiões, ou soldados da antiga Jetiah, parece que não envelhecem.— Envelhecemos, nunca consegui uma pintura antiga, para mostrar. Depois que a energia se desfez e ficaram apenas feixes de luz, nós começamos a envelhecer. Aos olhos de quem não me conhece, ainda pareço jovem, e sou, mas perdi muito do meu vigor. Só depois que nos conectamos e unimos as duas energias é que me senti como o antigo soldado da guarda real.— Conte-me como nos conectamos. Adoro ouvir você.‘Fiquei em reunião, durante o dia, com Andriah. Arla já contara o que aconteceu para meu irmão, então depois dos assuntos de família, ele me puxou para conversar.— Como você está
— Sim, meu rei, mas Ali tem razão, temos que partir, ainda hoje. — E temos como viajar de noite?— Sim, e será mais seguro do que de dia. Não sabemos se os mesmos soldados que invadiram a casa de Ané, estão ainda rondando por essas paragens.Sem mais conversas, os seis viajantes arrearam as quatro montarias na carroça de Anatid, e com eles foram Magdali e Ané. Ali e Padiah, cavalgavam ao lado, na sintonia do vento e da esperança.******Lucadelli e Luídi passaram por várias cavernas, inclusive do irmão Andriah, o primeiro a partir para a casa de Padiah. O irmão quase o delatou para o sogro, que fingiu não perceber e deixou a inevitável conversa para quando parassem para se alimentarem e dormirem um pouco. Eles estavam a poucos quilômetros do último morro habitado e tiveram a sorte de encontrar uma fenda na rocha, para se protegerem do sol. Lucadelli fez uma pequena fogueira, esquentou a comida e serviu. Tudo tinha que ser rápido, o combinado era chegarem na próxima moradia, e voltare
— Padiah! — chamou o rei. — Apesar de Magdali saber da conexão, mas e minha neta aceitou a missão que lhe coube, bem? Ali e Ané contaram que ela estava com dificuldades para absorver tudo e continuava com muito medo de ser descoberta por Julião.A rainha, lembrando do passado ruim e recente de Sarati, não se aguentou.— Pressenti e adverti, porém, todos julgaram que minhas palavras eram fruto de uma depressão profunda. Não creram quando proferi que aquele soldado entraria em nossas vidas e ocasionaria amargura e pesar.— Como assim, rainha? — Indagou Magdali, sem entender a que a rainha se referia — Ali só contou tudo, inclusive a respeito do casamento, quando Ané, veio nos procurar.— Uma vez guardiã, eternamente guardiã. Quando o soldado Julião assassinou meu outro filho, que pereceu para salvar sua prole, tive um pesadelo terrível, onde esse soldado surgia e tirava Sarati de casa, então a machucava muito. Abordei o assunto com Anatid, e pedi que falasse com Ané, contudo, uma vez qu
— Sonho com a Cidade Central. Poder entrar pelas ruas limpas e perfumadas pelos jasmins que ornamentavam as casas… Recordo-me de como minha mãe cuidava das rosas e outras flores coloridas e perfumadas também, juntamente às guardiãs da terra — falou Lucadelli, olhando para o povo de Jetiah que treinava no círculo de treinamento.Padiah gargalhou alto.— Estamos velhos, meu amigo!— Se estão velhos, o que me resta — falou Liviá também sorrindo.— Sou bem mais moço que você — brincou o soldado — Ainda estou na flor da idade! Ainda em tempo de ter vários filhos com Salari, quando tudo isso acabar. — Lucadelli, chegou a revelar para Sarati nossas idades e o quanto podemos viver?— Não, acho que descobrirá por si, agora que é uma guardiã.— Será. Ela imagina que sou apenas uma avó, bem conservada — Liviá sorriu de novo, fato que não acontecia há muito tempo.— Tenho minhas dúvidas — comentou Magdali sobre a afirmação do soldado, em relação a Sarati — Quando ela notou a imagem da mãe naquel
Lavei a bebê, apenas com panos embebidos em água morna e voltei para casa no mesmo dia, chegando já de noite. Quando entrei foi que me desesperei. O que eu iria fazer, a pergunta martelava na cabeça. Mesmo tendo escutado as palavras da estrela, faltou um pouco de fé, quando olhei para aquele ser tão pequeno, e eu como seu tutor, sendo apenas um jovem instrutor.A resposta veio rápido e meia hora depois, Liá e Manú bateram à minha porta, junto com seus maridos. Cuidamos dela os cinco, mas os pais e mães sempre foram eles. Ela cresceu forte, até o nome dela, foi revelado pela própria Estrela. Os dons de guardiã foram aparecendo gradativamente, e ela se tornou mais forte do que eu, apesar de sermos os únicos que possuímos todos os atributos, com ela foi diferente.’Padiah se calou emocionado. Magdali pegou em sua mão e a apertou forte.— O que o aflige, meu amor?— Esse encontro com Carliah. Há momentos em que acho que Ali se sente culpada, por ele ter se tornado uma pessoa má, cruel, a
— Alair, qual será o próximo passo do treinamento? — questionou Sarati, divertida pela expressão de assombro indisfarçável que Alair fez com a junção de suas mãos, que permaneciam entrelaçadas.— Ah, sim, desculpe. — falou desconcertado. — Você está com sua pulseira? Precisamos dos artefatos para que estejamos protegidos.Ela ergueu o braço direito, mostrando-lhe o objeto por baixo da manga longa da camisa.— Ótimo! Vamos para o alto daquele morro — apontou Alair para o lado esquerdo, o mesmo lugar o qual tantas vezes subimos correndo nos últimos dias de treinamento físico.— Ainda bem que já subi nele várias vezes nestes últimos dias! O corpo já se acostumou.Alair, de novo, sorriu de forma sarcástica.— Só que, dessa vez, minha linda Sarati, iremos mais longe, até o cume, este que não podemos ver, pois permanece oculto pela escuridão.— E se não conseguimos ver, é porque ele está muito longe, do local, onde fui.— Acredito que sim, também nunca fui até lá. Como disse, iremos descobr
Em um piscar de olhos, a moça jazia na casa de Manú, sentada na cadeira antiga e relembrando quantas vezes sentou-se nesse mesmo lugar atenta, estudando a manipulação das ervas na companhia da avó. Voltou ao seu quarto antes de regressar. Estava da mesma forma como o deixara pela última vez. A lembrança do aconchego de adormecer após as histórias que a mãe lhe contava, trouxe lágrimas aos seus olhos. Não sabia quanto tempo se passou. Ao longe, ouviu a voz de Alair, que evocava seu nome e pedia para abrir os olhos. — Por que me acordou? Estava tão bom, Alair! Vi minha mãe e a nossa vaquinha de estimação também… Ela ainda vive, acredita? Foi tão bom, não escutei mamãe, mas ela gesticulou uma frase com os lábios. Acho que entendi o processo.— Isso é ótimo, quer dizer, que captou como é esse trabalho, mas você projetou o passado. E precisamos do presente, o aqui e agora, ok. E já peço desculpas, Sarati, mas precisamos empregar esse dom para ir a outro lugar.— Então, me saí bem mesmo?
— Alair, relembro as fotos lindas desse lugar, mas não consigo imaginar que é aqui, nessa mesma praça que a estrela brilhava.— É difícil acreditar. Os livros nos mostraram apenas a beleza, mas agora estamos diante da escuridão. Sarati, escuto barulho de pessoas chegando. Os dois olharam para o local, de onde caminhavam pessoas. Foi nesse momento que eles o viram, pela primeira vez. O temível Comandante Maior. Alair apertou forte a mão de Sarati, oferecendo-lhe segurança.— Lembre-se que ele não poderá nos ver. Vibre na luz da estrela e não na das trevas.— É quem estou pensando, Alair?— Acho que sim, também nunca o vi. Ele está vindo em nossa direção. Vamos focar a energia da estrela e tentar ouvi-lo.— Soldado, você voltou da viagem e não encontrou o corpo da esposa de Julião?— Não, senhor, localizamos apenas sangue e restos de roupa no chão. Com certeza, o trabalho foi tão benfeito que sobrou apenas a carcaça para os abutres comerem. — Mandei-o também para essa missão, pois qua