— Sim, meu rei, mas Ali tem razão, temos que partir, ainda hoje. — E temos como viajar de noite?— Sim, e será mais seguro do que de dia. Não sabemos se os mesmos soldados que invadiram a casa de Ané, estão ainda rondando por essas paragens.Sem mais conversas, os seis viajantes arrearam as quatro montarias na carroça de Anatid, e com eles foram Magdali e Ané. Ali e Padiah, cavalgavam ao lado, na sintonia do vento e da esperança.******Lucadelli e Luídi passaram por várias cavernas, inclusive do irmão Andriah, o primeiro a partir para a casa de Padiah. O irmão quase o delatou para o sogro, que fingiu não perceber e deixou a inevitável conversa para quando parassem para se alimentarem e dormirem um pouco. Eles estavam a poucos quilômetros do último morro habitado e tiveram a sorte de encontrar uma fenda na rocha, para se protegerem do sol. Lucadelli fez uma pequena fogueira, esquentou a comida e serviu. Tudo tinha que ser rápido, o combinado era chegarem na próxima moradia, e voltare
— Padiah! — chamou o rei. — Apesar de Magdali saber da conexão, mas e minha neta aceitou a missão que lhe coube, bem? Ali e Ané contaram que ela estava com dificuldades para absorver tudo e continuava com muito medo de ser descoberta por Julião.A rainha, lembrando do passado ruim e recente de Sarati, não se aguentou.— Pressenti e adverti, porém, todos julgaram que minhas palavras eram fruto de uma depressão profunda. Não creram quando proferi que aquele soldado entraria em nossas vidas e ocasionaria amargura e pesar.— Como assim, rainha? — Indagou Magdali, sem entender a que a rainha se referia — Ali só contou tudo, inclusive a respeito do casamento, quando Ané, veio nos procurar.— Uma vez guardiã, eternamente guardiã. Quando o soldado Julião assassinou meu outro filho, que pereceu para salvar sua prole, tive um pesadelo terrível, onde esse soldado surgia e tirava Sarati de casa, então a machucava muito. Abordei o assunto com Anatid, e pedi que falasse com Ané, contudo, uma vez qu
— Sonho com a Cidade Central. Poder entrar pelas ruas limpas e perfumadas pelos jasmins que ornamentavam as casas… Recordo-me de como minha mãe cuidava das rosas e outras flores coloridas e perfumadas também, juntamente às guardiãs da terra — falou Lucadelli, olhando para o povo de Jetiah que treinava no círculo de treinamento.Padiah gargalhou alto.— Estamos velhos, meu amigo!— Se estão velhos, o que me resta — falou Liviá também sorrindo.— Sou bem mais moço que você — brincou o soldado — Ainda estou na flor da idade! Ainda em tempo de ter vários filhos com Salari, quando tudo isso acabar. — Lucadelli, chegou a revelar para Sarati nossas idades e o quanto podemos viver?— Não, acho que descobrirá por si, agora que é uma guardiã.— Será. Ela imagina que sou apenas uma avó, bem conservada — Liviá sorriu de novo, fato que não acontecia há muito tempo.— Tenho minhas dúvidas — comentou Magdali sobre a afirmação do soldado, em relação a Sarati — Quando ela notou a imagem da mãe naquel
Lavei a bebê, apenas com panos embebidos em água morna e voltei para casa no mesmo dia, chegando já de noite. Quando entrei foi que me desesperei. O que eu iria fazer, a pergunta martelava na cabeça. Mesmo tendo escutado as palavras da estrela, faltou um pouco de fé, quando olhei para aquele ser tão pequeno, e eu como seu tutor, sendo apenas um jovem instrutor.A resposta veio rápido e meia hora depois, Liá e Manú bateram à minha porta, junto com seus maridos. Cuidamos dela os cinco, mas os pais e mães sempre foram eles. Ela cresceu forte, até o nome dela, foi revelado pela própria Estrela. Os dons de guardiã foram aparecendo gradativamente, e ela se tornou mais forte do que eu, apesar de sermos os únicos que possuímos todos os atributos, com ela foi diferente.’Padiah se calou emocionado. Magdali pegou em sua mão e a apertou forte.— O que o aflige, meu amor?— Esse encontro com Carliah. Há momentos em que acho que Ali se sente culpada, por ele ter se tornado uma pessoa má, cruel, a
— Alair, qual será o próximo passo do treinamento? — questionou Sarati, divertida pela expressão de assombro indisfarçável que Alair fez com a junção de suas mãos, que permaneciam entrelaçadas.— Ah, sim, desculpe. — falou desconcertado. — Você está com sua pulseira? Precisamos dos artefatos para que estejamos protegidos.Ela ergueu o braço direito, mostrando-lhe o objeto por baixo da manga longa da camisa.— Ótimo! Vamos para o alto daquele morro — apontou Alair para o lado esquerdo, o mesmo lugar o qual tantas vezes subimos correndo nos últimos dias de treinamento físico.— Ainda bem que já subi nele várias vezes nestes últimos dias! O corpo já se acostumou.Alair, de novo, sorriu de forma sarcástica.— Só que, dessa vez, minha linda Sarati, iremos mais longe, até o cume, este que não podemos ver, pois permanece oculto pela escuridão.— E se não conseguimos ver, é porque ele está muito longe, do local, onde fui.— Acredito que sim, também nunca fui até lá. Como disse, iremos descobr
Em um piscar de olhos, a moça jazia na casa de Manú, sentada na cadeira antiga e relembrando quantas vezes sentou-se nesse mesmo lugar atenta, estudando a manipulação das ervas na companhia da avó. Voltou ao seu quarto antes de regressar. Estava da mesma forma como o deixara pela última vez. A lembrança do aconchego de adormecer após as histórias que a mãe lhe contava, trouxe lágrimas aos seus olhos. Não sabia quanto tempo se passou. Ao longe, ouviu a voz de Alair, que evocava seu nome e pedia para abrir os olhos. — Por que me acordou? Estava tão bom, Alair! Vi minha mãe e a nossa vaquinha de estimação também… Ela ainda vive, acredita? Foi tão bom, não escutei mamãe, mas ela gesticulou uma frase com os lábios. Acho que entendi o processo.— Isso é ótimo, quer dizer, que captou como é esse trabalho, mas você projetou o passado. E precisamos do presente, o aqui e agora, ok. E já peço desculpas, Sarati, mas precisamos empregar esse dom para ir a outro lugar.— Então, me saí bem mesmo?
— Alair, relembro as fotos lindas desse lugar, mas não consigo imaginar que é aqui, nessa mesma praça que a estrela brilhava.— É difícil acreditar. Os livros nos mostraram apenas a beleza, mas agora estamos diante da escuridão. Sarati, escuto barulho de pessoas chegando. Os dois olharam para o local, de onde caminhavam pessoas. Foi nesse momento que eles o viram, pela primeira vez. O temível Comandante Maior. Alair apertou forte a mão de Sarati, oferecendo-lhe segurança.— Lembre-se que ele não poderá nos ver. Vibre na luz da estrela e não na das trevas.— É quem estou pensando, Alair?— Acho que sim, também nunca o vi. Ele está vindo em nossa direção. Vamos focar a energia da estrela e tentar ouvi-lo.— Soldado, você voltou da viagem e não encontrou o corpo da esposa de Julião?— Não, senhor, localizamos apenas sangue e restos de roupa no chão. Com certeza, o trabalho foi tão benfeito que sobrou apenas a carcaça para os abutres comerem. — Mandei-o também para essa missão, pois qua
— Sem tempo para a digestão — ela perguntou sorrindo.— Sem tempo, pelo menos por hoje.Ela se colocou na posição, de frente a Alair, e eles refizeram o processo, dessa vez, imaginaram a caverna, e se viram na biblioteca, onde Padiah estudava um dos livros de forma bem concentrada.— Pai — chamou Alair.Padiah levantou-se sorridente. Sentia falta do filho. Ficou de frente para os dois guardiões.— Quanta saudade! Como vão? Sarati, pelo visto, aprendeu rápido o exercício de deslocamento. Que maravilha! E você, meu filho, parece ótimo! Fico satisfeito.— Pai, estamos com saudades, entretanto não podemos demorar. Antes de vir nos encontrar como senhor, fomos até a Cidade Central. Estamos exaustos, mas precisamos de seu auxílio para que nos esclareça algumas questões.— Como está a Cidade Central? Há alguma movimentação de soldados?— Não percebemos nenhuma aglomeração. A cidade está na mesma, como o senhor, sempre descreveu: um caos. O que nos deu mais medo foi quando nos deparamos com o