— Sonho com a Cidade Central. Poder entrar pelas ruas limpas e perfumadas pelos jasmins que ornamentavam as casas… Recordo-me de como minha mãe cuidava das rosas e outras flores coloridas e perfumadas também, juntamente às guardiãs da terra — falou Lucadelli, olhando para o povo de Jetiah que treinava no círculo de treinamento.Padiah gargalhou alto.— Estamos velhos, meu amigo!— Se estão velhos, o que me resta — falou Liviá também sorrindo.— Sou bem mais moço que você — brincou o soldado — Ainda estou na flor da idade! Ainda em tempo de ter vários filhos com Salari, quando tudo isso acabar. — Lucadelli, chegou a revelar para Sarati nossas idades e o quanto podemos viver?— Não, acho que descobrirá por si, agora que é uma guardiã.— Será. Ela imagina que sou apenas uma avó, bem conservada — Liviá sorriu de novo, fato que não acontecia há muito tempo.— Tenho minhas dúvidas — comentou Magdali sobre a afirmação do soldado, em relação a Sarati — Quando ela notou a imagem da mãe naquel
Lavei a bebê, apenas com panos embebidos em água morna e voltei para casa no mesmo dia, chegando já de noite. Quando entrei foi que me desesperei. O que eu iria fazer, a pergunta martelava na cabeça. Mesmo tendo escutado as palavras da estrela, faltou um pouco de fé, quando olhei para aquele ser tão pequeno, e eu como seu tutor, sendo apenas um jovem instrutor.A resposta veio rápido e meia hora depois, Liá e Manú bateram à minha porta, junto com seus maridos. Cuidamos dela os cinco, mas os pais e mães sempre foram eles. Ela cresceu forte, até o nome dela, foi revelado pela própria Estrela. Os dons de guardiã foram aparecendo gradativamente, e ela se tornou mais forte do que eu, apesar de sermos os únicos que possuímos todos os atributos, com ela foi diferente.’Padiah se calou emocionado. Magdali pegou em sua mão e a apertou forte.— O que o aflige, meu amor?— Esse encontro com Carliah. Há momentos em que acho que Ali se sente culpada, por ele ter se tornado uma pessoa má, cruel, a
— Alair, qual será o próximo passo do treinamento? — questionou Sarati, divertida pela expressão de assombro indisfarçável que Alair fez com a junção de suas mãos, que permaneciam entrelaçadas.— Ah, sim, desculpe. — falou desconcertado. — Você está com sua pulseira? Precisamos dos artefatos para que estejamos protegidos.Ela ergueu o braço direito, mostrando-lhe o objeto por baixo da manga longa da camisa.— Ótimo! Vamos para o alto daquele morro — apontou Alair para o lado esquerdo, o mesmo lugar o qual tantas vezes subimos correndo nos últimos dias de treinamento físico.— Ainda bem que já subi nele várias vezes nestes últimos dias! O corpo já se acostumou.Alair, de novo, sorriu de forma sarcástica.— Só que, dessa vez, minha linda Sarati, iremos mais longe, até o cume, este que não podemos ver, pois permanece oculto pela escuridão.— E se não conseguimos ver, é porque ele está muito longe, do local, onde fui.— Acredito que sim, também nunca fui até lá. Como disse, iremos descobr
Em um piscar de olhos, a moça jazia na casa de Manú, sentada na cadeira antiga e relembrando quantas vezes sentou-se nesse mesmo lugar atenta, estudando a manipulação das ervas na companhia da avó. Voltou ao seu quarto antes de regressar. Estava da mesma forma como o deixara pela última vez. A lembrança do aconchego de adormecer após as histórias que a mãe lhe contava, trouxe lágrimas aos seus olhos. Não sabia quanto tempo se passou. Ao longe, ouviu a voz de Alair, que evocava seu nome e pedia para abrir os olhos. — Por que me acordou? Estava tão bom, Alair! Vi minha mãe e a nossa vaquinha de estimação também… Ela ainda vive, acredita? Foi tão bom, não escutei mamãe, mas ela gesticulou uma frase com os lábios. Acho que entendi o processo.— Isso é ótimo, quer dizer, que captou como é esse trabalho, mas você projetou o passado. E precisamos do presente, o aqui e agora, ok. E já peço desculpas, Sarati, mas precisamos empregar esse dom para ir a outro lugar.— Então, me saí bem mesmo?
— Alair, relembro as fotos lindas desse lugar, mas não consigo imaginar que é aqui, nessa mesma praça que a estrela brilhava.— É difícil acreditar. Os livros nos mostraram apenas a beleza, mas agora estamos diante da escuridão. Sarati, escuto barulho de pessoas chegando. Os dois olharam para o local, de onde caminhavam pessoas. Foi nesse momento que eles o viram, pela primeira vez. O temível Comandante Maior. Alair apertou forte a mão de Sarati, oferecendo-lhe segurança.— Lembre-se que ele não poderá nos ver. Vibre na luz da estrela e não na das trevas.— É quem estou pensando, Alair?— Acho que sim, também nunca o vi. Ele está vindo em nossa direção. Vamos focar a energia da estrela e tentar ouvi-lo.— Soldado, você voltou da viagem e não encontrou o corpo da esposa de Julião?— Não, senhor, localizamos apenas sangue e restos de roupa no chão. Com certeza, o trabalho foi tão benfeito que sobrou apenas a carcaça para os abutres comerem. — Mandei-o também para essa missão, pois qua
— Sem tempo para a digestão — ela perguntou sorrindo.— Sem tempo, pelo menos por hoje.Ela se colocou na posição, de frente a Alair, e eles refizeram o processo, dessa vez, imaginaram a caverna, e se viram na biblioteca, onde Padiah estudava um dos livros de forma bem concentrada.— Pai — chamou Alair.Padiah levantou-se sorridente. Sentia falta do filho. Ficou de frente para os dois guardiões.— Quanta saudade! Como vão? Sarati, pelo visto, aprendeu rápido o exercício de deslocamento. Que maravilha! E você, meu filho, parece ótimo! Fico satisfeito.— Pai, estamos com saudades, entretanto não podemos demorar. Antes de vir nos encontrar como senhor, fomos até a Cidade Central. Estamos exaustos, mas precisamos de seu auxílio para que nos esclareça algumas questões.— Como está a Cidade Central? Há alguma movimentação de soldados?— Não percebemos nenhuma aglomeração. A cidade está na mesma, como o senhor, sempre descreveu: um caos. O que nos deu mais medo foi quando nos deparamos com o
— Rainha, o que existe no palácio? Isso pode nos preocupar? — perguntou Padiah. — Precisamos de uma resposta. Nossos meninos estão exaustos. Já aprenderam a fazer o deslocamento, mas já foram a dois lugares hoje. Precisam descansar.— Sim, claro, meu amigo, temos que deixar esses jovens descansarem. Vou ser breve. No palácio, na parede de um dos porões, camuflei um pedaço da pedra estelar, antes que fosse destruída de vez. Tenho certeza de que ela sentiu a presença de vocês por lá. No momento certo, ela principiará o processo de limpeza espiritual e energética da Cidade Central. Você lembra-se da caixa de madeira na qual, ao invés da estrela, encontrou apenas um manuscrito, Padiah.— Ah! Finalmente desvendo o mistério do conteúdo da caixa que estava vazia! — exclamou Padiah, perdendo-se nas lembranças da caixa estelar. — Alair, Sarati, sei que estão exaustos com a atividade mental. Precisam ir. Aqui os homens permanecem em treinamento. Logo que desvendarem como abrir a passagem, estar
Com esforço, e a vontade de viver, a moça deixou o medo de lado, deu um passo para trás e se virou para agarrar a mão de Alair. Ele puxou-a com destreza pelo cotovelo e a abraçou pela cintura, e com a força dos braços do homem que amava, deram um único passo para trás. Alair virou-a para si e a abraçou ternamente. Seus braços tremiam pela emoção e o medo que sentiu. Em seu ouvido, perguntou: — O que aconteceu, Sarati? O que pensava em fazer? Meu coração está acelerado. Pensei o pior, que fosse perdê-la.— Como assim?Sarati estava em choque, não compreendia o que ocorrera na beira daquele penhasco. Ela mirou os olhos de Alair ainda confusa. Os seus rostos aproximaram-se. Ela tentou emitir qualquer palavra, que explicasse o que acontecera, mas nada saía. A jovem notou que, com ternura, Alair acariciava seu rosto. Sarati fechou os olhos com o toque suave em sua pele, isso era tudo que ansiara desde que o conheceu. Ela então sentiu o hálito doce e fresco de Alair aproximando-se da sua bo