— Também acho que devemos dormir e buscar amanhã essa resposta — concordou, o guardião, com os olhos chamejantes e a voz rouca pela emoção que lhe tomava.Ela retirou sua outra mão, bem rápido e quase correndo retirou-se para a cama. Ao deitar-se, rogou à Manú que auxiliasse seu coração. Sarati temia que mais uma decepção viesse e ele se partisse ao meio. Por isso, ansiava que a estrela indicasse outra forma de abrir a passagem. Manú não veio, mas outro sonho, bem romântico, com direito a beijo, na encosta do morro, teve e mais uma vez, Alair a acordou bem no momento crucial.— Sarati, café da manhã. Temos que treinar.Ela levantou o tronco, o cabelo todo desarrumado.— Alair, porque você tem o dom de me acordar quando não estou tendo um pesadelo e sim, o melhor dos sonhos.— Porque não posso adivinhar que está tendo um sonho.— Mas você não pode ler mentes.— Só quando aciono esse dom, e como ele faz eu gastar muita energia, só acionei aquele dia, para a irritar.Sarati pegou o trave
Luídi caminhou encantado com o que avistava. Assim que Padiah veio ao encontro dos dois, Luídi não conteve a emoção. Permanecera muitos anos recluso, sem a esposa e a filha, guardando um segredo na solidão do penhasco que o abrigou. — Esse é seu quarto, meu amigo. Relaxe um pouco. Daqui mais um tempo venho buscá-lo para nos reunirmos em outro local.— Acho que terá que me buscar mesmo. Com certeza me perderei nesse imenso lugar, parece um labirinto.Mais tarde, já restabelecido, foi surpreendido por Anarit, que o levou até o pai. Padiah conduziu os guardiões presentes até a biblioteca para ouvir as novidades.— Estamos todos aqui — iniciou Padiah — para escutar Lucadelli que conduziu os guardiões da estrela até a passagem fechada para o Monte, que fica bem perto da casa de Luídi. No caminho, vários guardiões os ajudaram, inclusive Buriah, que teve a missão de os conduzir, e se foi, logo após irem embora. Saudemos Buriah, com a força da Estrela.Todos bateram palma, e ainda bem fraca,
— Oi, você está cansado.— Oi, ficarei bem. Estou com saudades.— Eu também. Vou ver meu pai.— Não fale nada, quero eu mesmo conversar com ele. — Sim. Descanse, pelo menso um pouco. Os dias serão, a partir de hoje, até a volta de Jetiah, serão mais exaustivos do que essa viagem que fez.Lucadelli passou a mão do rosto de sua companheira e a deixou, indo direto para o quarto descansar.*****Padiah sentou-se na companhia de Luídi.— Como trouxe tantos livros, Padiah? É impressionante sua coragem. Além de ter salvado o rei e a rainha, ainda recuperou um pouco da história de Jetiah. Estou maravilhado! Minha Salari seria afortunada diante dessa maravilha.— Sinto muito por Ariala. Ela foi uma guardiã extraordinária, enérgica e apaixonada por sua missão. Cumpriu a missão que lhe foi confiada e deixou-lhe uma filha abençoada e igualmente poderosa. Tenho fé que Salari será uma grande guardiã quando voltarmos às nossas funções.— Como conhece minha filha, Padiah? Ariala só se tornou mãe dep
— Imagino que seja só eu que tire seu tempo, menina Salari — falou Magdali rindo.— Como assim — captou algo no ar, o velho pai.Lucadelli nem se mexeu. Era muito discreto. Quem se assustou mais com a brincadeira foi Salari, mas que logo contornou a situação.— Ajudo Magdali também com as peças de artesanato, papai. — Estão fazendo minha filha trabalhar muito, hein. Mas não pensem que o soldado se salvou tão fácil. Ele quase colocou a comida para fora, quando Luídi o perguntou.— Lucadelli acho que já perguntei antes, ou quis perguntar, não me lembro. Não encontrou sua companheira ainda?O soldado segurou a comida na boca e para engolir foi um processo lento e doloroso, sem conseguir falar.— Luídi — respondeu Padiah. Nosso amigo é discreto, não gosta muito de falar sobre sua vida pessoal.— Mas aqui é uma caverna. Todos devem se conhecer.— É uma caverna, mas muito grande — respondeu Magdali.Lucadelli terminou e se levantou.— A conversa está boa, mas, Luídi, precisamos dormir bem
— Eu me assustei muito. Estava saindo do quarto, para ir almoçar. Senti algo muito estranho quando o vi, caminhar pelo corredor. Uma energia dourada começou a sair do meu coração.— Mas só terminou o processo depois que fomos embora.— Sim, Arla me explicou tudo, mas eu ainda não consegui olhar para você.— Me achou velho, não foi.— Não, você guardiões, ou soldados da antiga Jetiah, parece que não envelhecem.— Envelhecemos, nunca consegui uma pintura antiga, para mostrar. Depois que a energia se desfez e ficaram apenas feixes de luz, nós começamos a envelhecer. Aos olhos de quem não me conhece, ainda pareço jovem, e sou, mas perdi muito do meu vigor. Só depois que nos conectamos e unimos as duas energias é que me senti como o antigo soldado da guarda real.— Conte-me como nos conectamos. Adoro ouvir você.‘Fiquei em reunião, durante o dia, com Andriah. Arla já contara o que aconteceu para meu irmão, então depois dos assuntos de família, ele me puxou para conversar.— Como você está
— Sim, meu rei, mas Ali tem razão, temos que partir, ainda hoje. — E temos como viajar de noite?— Sim, e será mais seguro do que de dia. Não sabemos se os mesmos soldados que invadiram a casa de Ané, estão ainda rondando por essas paragens.Sem mais conversas, os seis viajantes arrearam as quatro montarias na carroça de Anatid, e com eles foram Magdali e Ané. Ali e Padiah, cavalgavam ao lado, na sintonia do vento e da esperança.******Lucadelli e Luídi passaram por várias cavernas, inclusive do irmão Andriah, o primeiro a partir para a casa de Padiah. O irmão quase o delatou para o sogro, que fingiu não perceber e deixou a inevitável conversa para quando parassem para se alimentarem e dormirem um pouco. Eles estavam a poucos quilômetros do último morro habitado e tiveram a sorte de encontrar uma fenda na rocha, para se protegerem do sol. Lucadelli fez uma pequena fogueira, esquentou a comida e serviu. Tudo tinha que ser rápido, o combinado era chegarem na próxima moradia, e voltare
— Padiah! — chamou o rei. — Apesar de Magdali saber da conexão, mas e minha neta aceitou a missão que lhe coube, bem? Ali e Ané contaram que ela estava com dificuldades para absorver tudo e continuava com muito medo de ser descoberta por Julião.A rainha, lembrando do passado ruim e recente de Sarati, não se aguentou.— Pressenti e adverti, porém, todos julgaram que minhas palavras eram fruto de uma depressão profunda. Não creram quando proferi que aquele soldado entraria em nossas vidas e ocasionaria amargura e pesar.— Como assim, rainha? — Indagou Magdali, sem entender a que a rainha se referia — Ali só contou tudo, inclusive a respeito do casamento, quando Ané, veio nos procurar.— Uma vez guardiã, eternamente guardiã. Quando o soldado Julião assassinou meu outro filho, que pereceu para salvar sua prole, tive um pesadelo terrível, onde esse soldado surgia e tirava Sarati de casa, então a machucava muito. Abordei o assunto com Anatid, e pedi que falasse com Ané, contudo, uma vez qu
— Sonho com a Cidade Central. Poder entrar pelas ruas limpas e perfumadas pelos jasmins que ornamentavam as casas… Recordo-me de como minha mãe cuidava das rosas e outras flores coloridas e perfumadas também, juntamente às guardiãs da terra — falou Lucadelli, olhando para o povo de Jetiah que treinava no círculo de treinamento.Padiah gargalhou alto.— Estamos velhos, meu amigo!— Se estão velhos, o que me resta — falou Liviá também sorrindo.— Sou bem mais moço que você — brincou o soldado — Ainda estou na flor da idade! Ainda em tempo de ter vários filhos com Salari, quando tudo isso acabar. — Lucadelli, chegou a revelar para Sarati nossas idades e o quanto podemos viver?— Não, acho que descobrirá por si, agora que é uma guardiã.— Será. Ela imagina que sou apenas uma avó, bem conservada — Liviá sorriu de novo, fato que não acontecia há muito tempo.— Tenho minhas dúvidas — comentou Magdali sobre a afirmação do soldado, em relação a Sarati — Quando ela notou a imagem da mãe naquel