— Uau, isso tudo é para mim?Alair sorriu, a energia nele, já era pulsante e esse gesto, a energizou de novo, mas ainda não foi possível abrir o canal dos guardiões.— Sarati, descanse. A água para o seu banho está morna. Minha mãe virá buscá-la para o jantar.— O que significa tudo isso? Uma construção dentro de uma montanha, um quarto enorme? Não consigo entender. É tudo muito surpreendente, parece um sonho.— Não é um sonho, é real. Tudo lhe será explicado no devido tempo. Só posso lhe dizer que essa foi à única maneira encontrada de nos escondermos do Comandante Maior. — É uma verdadeira cidade.— E você ainda não viu nem um terço de tudo. Com o tempo conhecerá todo o complexo. Agora, descanse, relaxe — falou Alair a olhando fixo. A memória do primeiro dia em que a viu, na festa de Laidé, voltou e a energia tomou conta do rapaz, mais uma vez.Sarati sorriu com gratidão; era o que lhe restava. Ultimamente, as pessoas lhe davam a mesma resposta. Depois que Alair retirou-se, ela se
Enquanto Padiah e Sarati foram à biblioteca, Magdali, Alair, Lucadeli e Anarit continuaram à mesa. Eles se deliciavam com suco de armat, fruta da região, produzida nos fundos da caverna. Alair permaneceu pensativo, contemplava ao longe, e buscava controlar seu coração, que batia descompassado. Sentia-se tal como viu Sarati pela primeira vez, na festa de Laidé. Magdali colocou a mão sobre a do filho e o chamou para que caminhassem com ela. Levou-o à fonte, denominada de “Fonte Sagrada”. Nela possuía as derradeiras energias das estrelas de todos os guardiões que viviam na caverna, assim eles conseguiram extrair água da rocha e, produzirem seus próprios alimentos.— Como gosto deste lugar. Lembro-me quando conseguimos fazer a água jorrar dessa rocha — discorreu Magdali.— O que quer dizer, mãe?— Chegou a hora de contar-lhe mais algumas coisas a respeito da estrela. A primeira é que guardiões têm dons. Alguns possuem apenas habilidades específicas, como cura, sonhos, etc. Outros, como se
— Sarati então é a minha guardiã-companheira?— Só você sentirá e descobrirá se ela é a sua guardiã.— Pensar, sonhar com ela e estar com o coração descompassado e destroçado por tudo que Sarati passou seria um sinal?Magdali beijou o filho e o abraçou.— Esses são todos os sinais, meu amado filho.— E como farei com que ela perceba esses sinais? E se não for minha guardiã-companheira?— Acho muito difícil estar enganada com relação a isso. A estrela apareceu para vocês dois no mesmo dia e em circunstâncias idênticas. Sarati passou por situações difíceis e terá medo do amor, ou até pensar que esse sentimento não existe. A estrela e a sua afeição, a guiarão para o caminho do encontro entre vocês. Tenho fé nisso. Mais alguma pergunta?— Sim. Não sei se escutei direito, mas a senhora disse que a mãe de Sarati e o Comandante Maior eram guardiões companheiros.— Sim, mas como ele preferiu a maldade, o elo se desfaz, por isso Ali pode encontrar outro parceiro de vida.— Mas Ané é guardião t
Ao final do primeiro capítulo, uma cidade de luz teve seu destaque: ruas largas, limpas e casas brancas construídas de mármore puro. As pessoas que ali retratadas sorriam e esperavam em filas de um lado e do outro da rua, ofertando pétalas de flores para um casal que passava. O casal estava de mãos dadas: ela trajava um vistoso vestido branco com um forro vermelho e uma tiara de flores na cabeça; ele vestia-se com uma roupa branca e azul e usava um lenço no pescoço. Sarati aproximou-se mais da figura, pois sentia que a fisionomia de ambos não era estranha. Isso fez com que fixasse mais seu olhar. A sensação era de que os conhecia. Mas de onde? E quem seriam eles? Eram jovens, na pintura, mas se pareciam com alguém, mas quem seria?Sua memória buscava respostas, porém nada se revelou, e ela passou para outras páginas. Quatro páginas depois, o casal tornou a aparecer com uma criança. No colo da mãe havia um menino lindo e sorridente. Todas as cenas pareciam que foram retratadas naquele
Magdali pegou nas mãos de Sarati, buscando acalmá-la de sua ansiedade evidente, e sinalizou para Padiah continuar.— Sei que tem inúmeras perguntas, entretanto hoje apenas responderei a mais essas três questões. Amanhã terá a oportunidade de ler o segundo livro, e à noite continuarei a narrativa. O líder, dessa geração, chama-se Carliah, sobrinho do antigo rei Acalidih, o irmão do que morreu daquela doença misteriosa, que lhe expliquei anteriormente. O pai de Carliah seria o próximo rei, conforme o rodízio que faziam entre os irmãos, mas ele abdicou e, assim, pela tradição, passou-se a vez para o irmão caçula, Acalidhi. Carliah desapareceu misteriosamente por três anos, tempo suficiente para que reunisse fiéis seguidores e fabricassem suas armas. Ingressaram na cidade na intenção de derrubar seu tio, tomando o trono que julgava tê-lo sido usurpado.Depois, ressaltou: — Carliah extraiu seu poder da Estrela de Thuman. A verdade, é que ele usurpou a energia da estrela, foi assim que nos
— Lucadeli, você não mudou nada! — Nem você, bela Ali — nome, como todos a conheciam.— E você seja bem-vindo de novo? — falou Ali, apontando para Alair.— Obrigado, senhora. É bom revê-la.De repente, a guardião pareceu se dar conta da situação. Ali se sentou abalada pousando a mão no peito.— O que aconteceu com minha filha? Vieram com más notícias? Vou carregar essa culpa para o resto de minha vida?— Não, minha senhora — respondeu Alair — exatamente o oposto, viemos avisar-lhes que ela está na caverna, na nossa morada. Padiah solicitou que nos acompanhem para encontrá-la. E ela está bem, não posso mentir que passou por algumas situações, mas agora está bem.Ané aproximou-se da mulher. Compreendia o que a esposa sentia. Ambos conviviam em agonia por não saberem o paradeiro da filha. Quando Ané voltou da caverna, renasceu a esperança de um reencontro, que agora se concretizaria. Ali se levantou e sorriu.— Desculpem. Há tempos, vivemos essa agonia. Prepararei um belo café da manh
— Não posso mentir que estou ansioso, desde a festa de Laidê. E fiquei um tempo, sem entender, porque a grande guardiã, que todos veneram, pode fazer isso com a própria filha. Mas, ao mesmo tempo, penso, o tempo é o senhor de todas as coisas. Creio que nos descobriremos como companheiros no momento adequado. E como a senhora falou, mãe protege, e foi o que tentou fazer, o melhor para Sarati.— Resta saber se ela me perdoará, porque como disse, ainda tentarei evitar que ela cumpra essa missão. Vocês passarão por situações desconhecidas e perigos inimagináveis. — A senhora já parou para pensar que Sarati possa ser uma grande guardiã como a senhora ou até melhor. E quanto a perdoá-la, tenho confiança que sim. Ela agora é uma mulher forte, porém sem perder a suavidade e a candura, tal qual a senhora. Ali sorriu.— Será um reencontro lindo — falou Ali. A guardiã, levantou-se, se recompôs — vou me preparar, Alair, para encararmos a verdade. Descanse um pouco, rapaz. Este foi o quarto de
Sarati apurou a audição e confirmou, era a voz da mãe. Levantou-se e caminhou em direção de onde estavam as vozes. Luzes no final do corredor, saindo de uma sala para ela desconhecida, atraíram sua atenção. Quando se aproximou, a voz de Ali, que parecia exaltada, ficou ainda mais audível, e claramente distinguiam-se os timbres de Ali e Padiah. Eles se exaltaram daquela maneira, fato que a filha, jamais vira ocorrer. Sarati percebeu uma fresta na porta e posicionou-se para espiar, contudo avistou apenas um homem de costas, Esse que, ao perceber a presença de alguém, virou o rosto e, vendo-a, foi em sua direção, sorrindo. Era Alair.— Sarati, você está bem? Não deveria estar dormindo?— Já estou acordada e estava na biblioteca. Ouvi a voz de meus pais, Alair. Preciso falar com eles. Nunca os vi conversar de forma tão alterada. Por que está tampando minha passagem?— Padiah está conversando com eles, contando tudo o que aconteceu com você. Venha dar um passeio comigo. Quero lhe mostrar