Ao final do primeiro capítulo, uma cidade de luz teve seu destaque: ruas largas, limpas e casas brancas construídas de mármore puro. As pessoas que ali retratadas sorriam e esperavam em filas de um lado e do outro da rua, ofertando pétalas de flores para um casal que passava. O casal estava de mãos dadas: ela trajava um vistoso vestido branco com um forro vermelho e uma tiara de flores na cabeça; ele vestia-se com uma roupa branca e azul e usava um lenço no pescoço. Sarati aproximou-se mais da figura, pois sentia que a fisionomia de ambos não era estranha. Isso fez com que fixasse mais seu olhar. A sensação era de que os conhecia. Mas de onde? E quem seriam eles? Eram jovens, na pintura, mas se pareciam com alguém, mas quem seria?Sua memória buscava respostas, porém nada se revelou, e ela passou para outras páginas. Quatro páginas depois, o casal tornou a aparecer com uma criança. No colo da mãe havia um menino lindo e sorridente. Todas as cenas pareciam que foram retratadas naquele
Magdali pegou nas mãos de Sarati, buscando acalmá-la de sua ansiedade evidente, e sinalizou para Padiah continuar.— Sei que tem inúmeras perguntas, entretanto hoje apenas responderei a mais essas três questões. Amanhã terá a oportunidade de ler o segundo livro, e à noite continuarei a narrativa. O líder, dessa geração, chama-se Carliah, sobrinho do antigo rei Acalidih, o irmão do que morreu daquela doença misteriosa, que lhe expliquei anteriormente. O pai de Carliah seria o próximo rei, conforme o rodízio que faziam entre os irmãos, mas ele abdicou e, assim, pela tradição, passou-se a vez para o irmão caçula, Acalidhi. Carliah desapareceu misteriosamente por três anos, tempo suficiente para que reunisse fiéis seguidores e fabricassem suas armas. Ingressaram na cidade na intenção de derrubar seu tio, tomando o trono que julgava tê-lo sido usurpado.Depois, ressaltou: — Carliah extraiu seu poder da Estrela de Thuman. A verdade, é que ele usurpou a energia da estrela, foi assim que nos
— Lucadeli, você não mudou nada! — Nem você, bela Ali — nome, como todos a conheciam.— E você seja bem-vindo de novo? — falou Ali, apontando para Alair.— Obrigado, senhora. É bom revê-la.De repente, a guardião pareceu se dar conta da situação. Ali se sentou abalada pousando a mão no peito.— O que aconteceu com minha filha? Vieram com más notícias? Vou carregar essa culpa para o resto de minha vida?— Não, minha senhora — respondeu Alair — exatamente o oposto, viemos avisar-lhes que ela está na caverna, na nossa morada. Padiah solicitou que nos acompanhem para encontrá-la. E ela está bem, não posso mentir que passou por algumas situações, mas agora está bem.Ané aproximou-se da mulher. Compreendia o que a esposa sentia. Ambos conviviam em agonia por não saberem o paradeiro da filha. Quando Ané voltou da caverna, renasceu a esperança de um reencontro, que agora se concretizaria. Ali se levantou e sorriu.— Desculpem. Há tempos, vivemos essa agonia. Prepararei um belo café da manh
— Não posso mentir que estou ansioso, desde a festa de Laidê. E fiquei um tempo, sem entender, porque a grande guardiã, que todos veneram, pode fazer isso com a própria filha. Mas, ao mesmo tempo, penso, o tempo é o senhor de todas as coisas. Creio que nos descobriremos como companheiros no momento adequado. E como a senhora falou, mãe protege, e foi o que tentou fazer, o melhor para Sarati.— Resta saber se ela me perdoará, porque como disse, ainda tentarei evitar que ela cumpra essa missão. Vocês passarão por situações desconhecidas e perigos inimagináveis. — A senhora já parou para pensar que Sarati possa ser uma grande guardiã como a senhora ou até melhor. E quanto a perdoá-la, tenho confiança que sim. Ela agora é uma mulher forte, porém sem perder a suavidade e a candura, tal qual a senhora. Ali sorriu.— Será um reencontro lindo — falou Ali. A guardiã, levantou-se, se recompôs — vou me preparar, Alair, para encararmos a verdade. Descanse um pouco, rapaz. Este foi o quarto de
Sarati apurou a audição e confirmou, era a voz da mãe. Levantou-se e caminhou em direção de onde estavam as vozes. Luzes no final do corredor, saindo de uma sala para ela desconhecida, atraíram sua atenção. Quando se aproximou, a voz de Ali, que parecia exaltada, ficou ainda mais audível, e claramente distinguiam-se os timbres de Ali e Padiah. Eles se exaltaram daquela maneira, fato que a filha, jamais vira ocorrer. Sarati percebeu uma fresta na porta e posicionou-se para espiar, contudo avistou apenas um homem de costas, Esse que, ao perceber a presença de alguém, virou o rosto e, vendo-a, foi em sua direção, sorrindo. Era Alair.— Sarati, você está bem? Não deveria estar dormindo?— Já estou acordada e estava na biblioteca. Ouvi a voz de meus pais, Alair. Preciso falar com eles. Nunca os vi conversar de forma tão alterada. Por que está tampando minha passagem?— Padiah está conversando com eles, contando tudo o que aconteceu com você. Venha dar um passeio comigo. Quero lhe mostrar
Sarati afastou-se, um pouco mais, e olhou fixamente para Alair, que pareceu acanhado. Nunca se sentiu tão aconchegada e feliz nos braços de um homem. O pensamento era ‘Isso não está certo, ele pode me agredir como Julião fazia’. Para disfarçar essa agonia, voltou ao assunto anterior.— Essa quantidade de água vem de onde? — Desconversou com as bochechas coradas pelos pensamentos que continuaram sem controle pela sua cabeça.— Nunca descobrimos. Na verdade, nunca nos foi contado. Ontem minha mãe me disse algo que acho que está relacionado. A força da estrela, que ainda existe aqui, fez jorrar essa água. Só não sei explicar como. Por isso, falei anteriormente, que acho que a energia de todos os guardiões que estão aqui, fizeram esse milagre.— É realmente um milagre. Obrigada por me mostrar — Sarati sorriu, dessa vez com os olhos fixos no dele, e dessa vez, quem ficou sem graça foi ela, com a audácia.— Alair — chamou Magdali.— Sim, mamãe. Estamos na fonte.O chamado vinha da escada qu
— Quero me desculpar com você, Sarati — expressou Magdali — Vejo que está assustada com minha bronca. Realmente não sou desse jeito, mas erramos e algumas vezes, não conseguimos controlar. Desculpe-me.— A senhora leu meus pensamentos.— Sim, é um dos meus dons como guardiã. O primeiro é o da cura.— Uau, estou em cada momento mais impressionada.— Vamos continuar — pediu Padiah sorrindo.Ali e Magdali assentiram, e Sarati pegou o primeiro livro e apontou para o retrato da rainha que descia sorrindo de mãos dadas com o rei.— Essa jovem e seu príncipe parecem pessoas conhecidas. Quem são?Ali não esperava por essa pergunta tão certeira e pediu autorização para Padiah, que balançou a cabeça em um gesto afirmativo.— Chegou a hora, Ali.Foram segredos guardados por anos. Chegara o momento de que pelo menos parte deles fossem revelados. A mãe de Sarati ainda não estava preparada para revelar tudo, mas sua filha precisava saber de sua descendência e a hora era aquela. Ali puxou o livro pa
— Eu a vi, pois já sou uma guardiã, mas jamais com os detalhes que contou. Seu pai e Jacob observaram apenas um rastro de luz, que chegou um pouco mais perto e se esvaiu bem rápido.— Não me lembro de descrevê-la. Vocês me falaram tanto para esquecer aquele dia, que acho que apaguei da memória.— Isso também é culpa minha e deu seu pai, mas também no momento em que a viu, você entrou em transe. Feche os olhos com fé e será capaz de regressar àquele dia e contar o que ocorreu.— Antes de fechar meus olhos, diga-me quem é a outra pessoa na foto?— Tudo a seu tempo. Feche os olhos, por favor.Sarati sorriu, não adiantava lutar contra a frase que mais escutava ultimamente: ‘Tudo a seu tempo’. Concluiu que essa referência deveria ser tal como um mantra dos guardiões. Obedeceu à mãe, cerrou os olhos e viu-se de volta aos oito anos de idade. Ali iniciou uma contagem regressiva, que auxiliou que Sarati viajasse de volta ao passado, no dia do aniversário de seu pai. Existia uma luz intensa, lí