Perspectiva Lauren
Geovana, minha irmã adotiva fechou minha mala e sentou na cama, em seguida seus olhos tensos encontraram os meus. Ela odeia ficar sozinha, mas o meu trabalho exigia isso frequentemente. Nossos pais faleceram em um acidente há três anos, e a dor ainda é muito presente em nossos corações. –Não faça essa cara, eu juro que dessa vez será rápido. –Rápido quanto? –Quatro dias. –Fui até a borda da cama e me sentei. –Não vai sentir minha falta, e quando sentir eu já estarei de volta. –Tá. Mas fique sabendo que eu vou pedir comida e vou chamar uns amigos pra cá. –Tudo bem. –E talvez eu traga… Meu namorado. –Namorado? –O que? Eu já tenho idade e posso muito bem ter um… –Não é essa a questão, só que eu gostaria de saber em um momento mais adequado e não quando estou saindo da cidade. –Eu sei… Não é nada sério, mas pode vir a ser. –Geovana … Tenha um pouco de juízo, ok? –Tá, não se preocupe. –Impossível. –Puxei ela para um abraço. –Você é tudo que eu tenho de mais importante na minha vida, eu te amo. –Eu também te amo. –Ela me abraçou e sorriu. –Por favor, me traga algo legal. –Vou pensar. –Me afastei e dei uma última olhada nela. Nossa diferença de idade é de cinco anos, não parecia muito, mas eu me sentia como uma mãe pra ela. Partia meu coração sempre que deixava ela sozinha. *** Depois de vinte minutos me despedindo, sai com meus colegas de trabalho para nossa missão. Logo depois que meus pais morreram, um agente secreto me abordou, com a história de que meu pai trabalhava pra eles. Fui levada para um local secreto onde me mostraram arquivos, um mês depois estava sendo treinada para ocupar o lugar dele. E desde então tenho vivido uma vida secreta, me passando por pessoas que não existem. Não é fácil, muitas vezes você acaba se apegando às pessoas e nem sempre eles são pessoas de bem. Dessa vez não seria nada secreto, fomos desmascarar um policial. Depois de duas noites de interrogatórios estava voltando pra casa. Abri a porta do meu luxuoso apartamento, deixei a bolsa no chão e me espreguicei. A viagem tinha sido longa e tudo que eu queria era um banho, e ver minha irmã cabeça de vento. Nós mantemos contato por videochamada quatro vezes ao dia, esse era um jeito de me tranquilizar e conseguir trabalhar. Ainda perto da porta empurrei com o pé, ela bateu e um barulho soou no quarto. Meu extinto de sobrevivência gritou me alertando que tinha algo de errado, e tinha. Na mesa eu vi um isqueiro, e aqui ninguém fumava. A cadeira estava torta, indicando que alguém esteve sentado ali. Minha irmã não usa a sala, nunca, nem que ela precise muito. Ela lembrava das nossas refeições com nossos pais. Outro detalhe era a janela aberta, a cortina balançava devagar com a ajuda do vento. A essa hora a regra era manter as janelas fechadas. Me estiquei para acender a luz, mas então passos soaram ao lado direito, e mais do lado esquerdo e a minha frente. Saquei minha arma ao mesmo tempo que eles. Quem eram esses homens e o que eles queriam na minha casa? Com a luz apagada não era possível ver os rostos deles. –Quem são vocês? –Família Ottore. –Um deles disse, em seguida riu. Ottore? Eu conheço esse nome. –Mafiosos. –Ameacei puxar o gatilho, mas um deles puxou minha irmã do quarto. Ela estava amordaçada e chorando. –Não machuque ela! –Tarde demais. –O mesmo homem que a segurava apoupou os seios dela. –Eu adoro uma virgem, nos divertimos muito. –Seu desgraçado! –Vou dizer o que vai acontecer, nos vamos levar sua irmã para ser vendida. –O homem riu. –Ela terá um preço alto no mercado. –Você acha mesmo que vão sair dessa assim? –Cerrei os dentes, eles riram. –Eu vou atrás de vocês e acabar com suas vidas. –Faça isso e ela morre. O homem da esquerda se aproximou e deu com a arma na minha cabeça, antes de cair no chão puxei o gatilho atingindo alguém, os outros se agitaram. O homem sentou em cima de mim e deu com minha cabeça no chão, eu vi seu rosto e seus olhos azuis. –Vadia! –Alguém disse. –Ela me mordeu. Minha irmã gritou e houve um tiro, olhei pra eles e o corpo dela caiu no chão. Lágrimas escorreram dos meus olhos, fui libertada e eles saíram correndo. Me arrastei ate minha irmã, ela estava com os olhos abertos e… Morta. –Não… Não… –Deitei minha cabeça no peito dela, abracei seu corpo enquanto gritava desesperada. Minha pequena estava morta, eles a tiraram de mim. Ottore, esses homens eram da família mais poderosa da mafia. Eles são cruéis e matam sem pena, como acabaram de fazer. Essa família estava envolvida em tráfico de drogas, extorsão e agora vendem mulheres. Essa informação era nova pra mim. Eu sabia pouca coisa deles, mas uma delas era que eles eram a leia em um monte de lugar. Eles são violentos como eu pude ver e sentir. Toquei minha cabeça, meus dedos estavam com sangue. Peguei meu celular e fiz uma ligação. –Venham ao meu apartamento, minha irmã foi morta. Desliguei sem muita informação, abracei ela e chorei. Minha irmã tinha uma vida inteira pela frente. Ela não merecia esse destino, talvez eu, mas ela não. Minha vida como agente secreto era perigosa e muitas vezes acabava matando alguém. Sim, eu matava os fora da lei, e mataria esses irmãos. –Lauren! –Os agentes como eu entraram no apartamento, fizeram o procedimento de sempre e depois me levaram para receber cuidados médicos. Meu chefe passou quatro horas me interrogando, e no final resolveu que esse caso era perigoso demais. –Eles mataram minha irmã. –Você está muito envolvida nisso, outros vão assumir. –Mas, eu sei que sou capaz. –É minha última palavra, Lauren. Assenti. Sai da sala dele e fui até o banco ao lado, cobri meu rosto e tornei a chorar. Eles iam fugir, a lei estava do lado deles. Então era isso, eu faria tudo com minhas próprias mãos e fora da lei, caçaria eles até o inferno. –Lauren. –Dylan tocou meu rosto e me fez olhar pra ele, balancei a cabeça. Seus musculosos braços me envolveram. –Eles a mataram, Dylan. Meu bebezinho. –Quem são eles? –Mafia. –Me afastei e limpei meu rosto. –Você precisa me ajudar a encontrar cada um deles. –Eu prometo. –Dylan selou seus lábios nos meus, se afastou e tornou a me abraçar. –Nós vamos tirar cada gota de sangue deles.Perspectiva Lauren Foram meses procurando, e a cada dia que passava as pessoas iam desanimando. Minha vida foi se tornando chata e noturna, eu passava cada segundo atrás deles. Ia em pontos onde a máfia se encontrava, mas ninguém sabia onde encontrar esses desgraçados. Felizmente, um amigo conseguiu uma fonte talvez confiável. Eu estava contando com ela para conseguir alguma coisa. –Então? –Parei ao lado de uma prostituta. –Eu tenho um nome pra você, mas vai custar caro. –Dinheiro não é problema. –Abri minha bolsa e tirei um bolo de dinheiro. Os olhos da garota brilharam de alegria. Essa noite ela ia faturar uma bolada. –O nome é Lincoln Chase. –Ela estendeu a mão ansiosa pelo dinheiro. –Tem certeza? –Faça suas buscas e verá, ele é o cara. –Ela sorriu e me entregou um pequeno papel com o endereço. –É melhor que você esteja certa, ou eu volto aqui e acabo com sua vida. Entreguei o dinheiro, ela verificou as notas para ter certeza se eram reais, ou apenas estava
Perspectiva Lauren 2 anos depois...Estou morando em Nova York, consegui missões que durariam um ano para terminar. Nas horas vagas usava os recursos da agência para descobrir mais desses irmãos, ficava melhor a cada segundo. Os mais novos estavam saindo da reabilitação. Liam e Ryder, seria divertido brincar de gato e rato com esses dois. Só era um pouco impossível encontrar eles, mas eu tinha descoberto um ponto onde Liam aparecia muito no passado. É uma boate para ricos, e eles vendem drogas por lá. Depois de dois meses frequentando e nada dele aparecer, fiz uma amizade. Eu estava no personagem e tinha criado uma vida toda para minha menina, eles acreditaram de primeira. Certa noite, Liam sentou ao meu lado, pediu uma bebida e conversou com alguém. O pouco que ouvi era que seus irmãos estavam ocupados e que ele precisava se aliviar. Fiz com que contassem a ele que eu vendia o que ele precisava e mais algumas coisas. O imbecil me abordou na pista de dança, tentando me seduzi
Perspectiva Lauren Acordei gritando e me debatendo na cama, olhei em volta e me vi segura em casa. Rever o meu agressor não foi nada legal. Passei a noite toda tendo pesadelos com ele, em todos ele me matava. Todos esses anos eu só pensei em vingança, mas não parei pra imaginar como seria vê-lo novamente. Pelo menos ele não me viu e eu estava viva, a questão era até quando. Finalmente levantei, havia muito o que fazer. Eu tinha que elaborar um plano para o que estava fazendo. Todos estão no clube, talvez até Liam, então eu precisava pensar em alguma coisa. Liguei o computador enquanto preparava o café, o interfone tocou e na câmera eu vi que era Dylan. –Merda. –Fechei os olhos e bufei, apertei o botão liberando a entrada dele. Me servi uma xícara de café enquanto ele subia, aproveitei e deixei a porta encostada. Quando Dylan entrou me assustei com a porta batendo, ele caminhou até meu pequeno e moderno equipamento de investigação. –Mas que porra você está fazendo? –Ele
Perspectiva Lauren O táxi parou no clube, paguei a corrida e desci sorridente, olhei para o segurança e sorri meio tímida. Ele acenou para o amigo do lado, os dois riram. Ótimo, eu já estava no personagem. Me aproximei deles com a minha melhor cara de anjo. –Olá, boa tarde, gostaria de falar com seu chefe. –E qual seria o assunto? –Uma vaga para dançarina. O homem franziu a testa e olhou para mim de cima a baixo. Eu estava de tênis, uma saia quase até o joelho, uma blusa de manga comprida, cabelo preso com rabo de cavalo bagunçado. Mas é claro que para ser uma dançarina nesse local eu teria que ser glamorosa, e não uma menina pé de chinelo. Mas tudo fazia parte do plano. –Eu vou chamá-lo. – O homem entrou e demorou cerca de 15 minutos. – Eles estão em reunião, mas você pode entrar e esperar. –Obrigada. –Sorri e passei por eles. Olhei em volta como se fosse a primeira vez no local. Para falar a verdade estava surpresa porque o vazio fazia desse lugar divino.
Perspectiva Lauren Eu me tremi toda por um breve momento, ou talvez mais. –O-oi… E-u-s-o-u… –Fechei meus olhos e respirei fundo, não era assim que eu queria ser vista. Por que tinha que me comportar desse jeito? Por que estava tremendo igual a uma criança com medo do bicho papão… Ele é apenas um idiota prestes a morrer. –Tudo bem com você? –S-sim. –Abri os olhos ainda tremendo. –Eu… Eu vim ver uma vaga para...Dançar. –É sério? –Ele riu e olhou minhas roupas. –Eu estava pensando em garçonete, mas nunca uma dançarina. Você tem quantos anos? –Dezenove. Mason coçou o queixo e franziu a testa. Isso não era nada bom. Sorri e ajeitei os óculos, era bom parecer natural. –Me fale um pouco sobre você? –Bom, eu morava com meus pais até então. Sai de casa para viver por minha conta, consegui uns trabalhos que pagavam quase nada. Eu realmente preciso tentar algo novo, se não for dançarina eu aceito qualquer coisa até faxineira. –Como chegou aqui? –Eu estive aqui ontem com
Perspectiva Lauren Cheguei no horário combinado, dessa vez o segurança abriu caminho para mim antes mesmo que terminasse o meu boa noite. As luzes estavam acesas e havia muita gente no primeiro salão, fiquei surpresa. Não esperava que a essa hora já fosse estar assim. Já o segundo salão não estava tão cheio. Fui até o balcão onde Lucca estava. –Chefinho, por favor me dê mais trabalho. –Disse uma ruiva. –Samantha, você já pegou todos os extras do mês. Eu não posso mais oferecer seus serviços e atrapalhar suas colegas. –A Lara não está dançando… –Ela também não está mais no catálogo. –Lucca respirou fundo. –Não tenho de onde tirar para te ajudar. –Droga. –Ela me olhou e finalmente se retirou. –Boa noite. –Ah, oi. –Ele se virou pra mim. –Eu não lembro seu nome. –Lauren. –Então, Lauren. Temos um pequeno problema com seus documentos. Oh Droga. –O que? –Você não trouxe o diagnóstico médico. Precisamos disso para que você tenha relações sexuais com os… –Rel
Perspectiva Lauren Quando desci da cabine tive que me apoiar para não cair, minhas pernas estavam bambas e não queriam me obedecer. Um dos seguranças impediu alguém de me tocar, eu agradeci por isso. Mason e Ryder estavam no bar e ambos estavam me olhando, e trocando algumas palavras. –Você foi perfeita. –Lara disse, parando ao meu lado. –Ah, obrigada. Eu to morrendo aqui. –Quer uma ajudinha? –Eu seria eternamente grata. –Sorri, ela me deu o braço e juntas fomos para o camarim. Hannah estava lá e terminando de se vestir. –Oi, vai dançar no tecido? –Ah sim, eu estou estressada e preciso me aliviar. –Ela sentou e nos encarou. –Como foi? –Uma tortura, meu corpo todo está doendo agora. –Nossa. –Lara alargou os olhos para o tablet em sua mão. –Você recebeu mais de cinquenta convites para a cabine privada. –Cabine privada? –Me arrastei para o banco onde Hannah estava e me sentei. –Onde rola toda a diversão. –Lara riu. –Sexo? –Franzi, elas acenaram com a cabeça em
Perspectiva Lauren Estacionei em frente ao grande hotel, o manobrista se apressou para abrir a porta pra mim. Sorri e desci do carro, entreguei a chave pra ele e acenei. Entrei no hotel como de costume, peguei o elevador para o vigésimo andar. Abri minha bolsa e peguei o cartão, parei na última porta a direita. Ao entrar na suíte fui até o closet, havia muitas roupas luxuosas ali. Nos fundos havia uma grande porta disfarçada de espelho, coloquei meu dedo no sensor e a porta abriu. Entrei no que era um elevador, a porta fechou, e o elevador desceu sete andares. A porta abriu, o lugar estava cheio como sempre. –Lauren, você não morre tão cedo. –Sophie riu, e acenou para a sala do chefe. –Ele quer você na sala dele imediatamente. –Droga. –Respirei fundo, virei-me e segui até a sala. –Chefe? –Entre. Ben Shelder é um homem gentil e protetor, ele estava sempre cuidando dos seus agentes, e infelizmente ele tinha um apego comigo desde que me mudei para Nova York. Ele também