Perspectiva Lauren
O táxi parou no clube, paguei a corrida e desci sorridente, olhei para o segurança e sorri meio tímida. Ele acenou para o amigo do lado, os dois riram. Ótimo, eu já estava no personagem. Me aproximei deles com a minha melhor cara de anjo. –Olá, boa tarde, gostaria de falar com seu chefe. –E qual seria o assunto? –Uma vaga para dançarina. O homem franziu a testa e olhou para mim de cima a baixo. Eu estava de tênis, uma saia quase até o joelho, uma blusa de manga comprida, cabelo preso com rabo de cavalo bagunçado. Mas é claro que para ser uma dançarina nesse local eu teria que ser glamorosa, e não uma menina pé de chinelo. Mas tudo fazia parte do plano. –Eu vou chamá-lo. – O homem entrou e demorou cerca de 15 minutos. – Eles estão em reunião, mas você pode entrar e esperar. –Obrigada. –Sorri e passei por eles. Olhei em volta como se fosse a primeira vez no local. Para falar a verdade estava surpresa porque o vazio fazia desse lugar divino. Andando e olhando em volta tinha que admitir que era bonito, o primeiro salão era meio que uma boate de dança muito bem decorada. Com mesas grandes, outras pequenas para casais, uma pista de dança bem chamativa e bar. Acima havia a área vip. Sem sombra de dúvida é um lugar que eu adoraria festejar com os meus amigos. Passei para o segundo salão onde a magia acontecia, decoração completamente diferente do primeiro. Esse esbanjava luxo. Mesas também grandes, mas de um material caro, eu não tinha certeza se era vidro ou mármore, os acentos eram acolchoados. As cabines quase todas haviam a barra de pole dance, eu só vi duas que era um pequeno palco redondo, os acentos em volta da cabine também eram acolchoados. Acima de mim havia as gaiolas, já tinha visto isso em filmes. As meninas ficam ali dentro dançando, é bem legal. Também havia um arco como se fosse um bambolê de aço preso ao teto, não fazia ideia do que era. Por fim, o tecido onde a noiva do chefe se apresentou. Estava preso no teto muito bem elaborado, fazia desse lugar completamente louco. A pista central nada mais era que uma passarela, aquelas passarelas simples de modelo. –Uau. Isso tudo é lindo. –Murmurei. Alguns seguranças estavam me olhando, e o barman também. Eles deviam estar se perguntando o que alguém como eu fazia num lugar como esse. O bar nesse salão era maior e mais bonito, bancos de ferro acolchoados, bancada de vidro e uma grande quantidade de bebidas. Do lado direito uma porta que devia ser onde as dançarinas se trocavam, do lado oposto era o banheiro feminino e masculino. Nos fundos havia uma escadaria, a passagem era bloqueada por dois seguranças. Voltando a olhar a parte principal, havia o grande corredor que leva até o andar de cima. Olhei para a janela de vidro bem no alto, não entendia por que um corredor tão grande assim. Me aproximei e vi portas de ambos os lados do corredor, não fazia a menor ideia do que era. –Olá? –Alguém disse atrás de mim. Virei para a direção oposta do corredor, um rapaz jovem sorriu pra mim. –Oi. –Eu sorri, um pouco exagerada para parecer normal. –Posso ajudar? –Eu estou esperando os donos saírem da reunião, vim para a vaga de dançarina. –Ah, entendo. Eu sou Lucca. –Ele estendeu a mão, eu apertei e sorri. –Eu me chamo Lauren. O segurança me pediu para esperar aqui dentro. –Não tem problema, você pode se sentar e esperar. –Ele apontou para uma mesa mais a frente, assenti. Depois de me sentar olhei pra ele. Ele olhou o celular, e bufou. –Merda... Desculpe, eu tenho que subir. –Sem problema. Ele acenou e correu para o corredor, em poucos segundos desapareceu. Seu rosto me lembrava alguém, mas não era nenhum dos homens que estavam no meu apartamento naquele dia, disso eu tinha certeza. Meia hora depois já estava me doendo a bunda e com fome, levantei e fui até o bar. Não havia nada o que comer, comprei um refrigerante e me sentei ali. O rapaz também era jovem, voltou a fazer suas coisas e me deu privacidade. Peguei meu celular, havia mensagem do Dylan. ‘’Como estão indo as coisas? Me ligue assim que sair dai, to com impressão de que você vai estragar tudo.’’ Cretino. Bufei e digitei bem rápido. ‘’Vá a merda, Dylan. Eu ainda estou esperando para falar com alguém.’’ ‘’Você sempre tão meiga. Grr! Eu estou preocupado apenas.’’ Eu ri, ele era fofo quando queria. ‘’Meiga? Tá, agora me deixe voltar ao personagem.’’ Uma mão fria tocou meu braço, alarguei meus olhos pronta para gritar. A sensação que sentia era a mesma daquela noite, o medo quando ele me obrigou a ficar no chão. Não, eu teria que ser muito azarada para ter que ser ele a me atender. Lentamente virei-me, lá estavam aqueles olhos assustadores. Essa era a primeira vez que me sentia pequena, tão pequena que estava apavorada. –Oi, eu sou Mason um dos donos. AI MEU DEUS!Perspectiva Lauren Eu me tremi toda por um breve momento, ou talvez mais. –O-oi… E-u-s-o-u… –Fechei meus olhos e respirei fundo, não era assim que eu queria ser vista. Por que tinha que me comportar desse jeito? Por que estava tremendo igual a uma criança com medo do bicho papão… Ele é apenas um idiota prestes a morrer. –Tudo bem com você? –S-sim. –Abri os olhos ainda tremendo. –Eu… Eu vim ver uma vaga para...Dançar. –É sério? –Ele riu e olhou minhas roupas. –Eu estava pensando em garçonete, mas nunca uma dançarina. Você tem quantos anos? –Dezenove. Mason coçou o queixo e franziu a testa. Isso não era nada bom. Sorri e ajeitei os óculos, era bom parecer natural. –Me fale um pouco sobre você? –Bom, eu morava com meus pais até então. Sai de casa para viver por minha conta, consegui uns trabalhos que pagavam quase nada. Eu realmente preciso tentar algo novo, se não for dançarina eu aceito qualquer coisa até faxineira. –Como chegou aqui? –Eu estive aqui ontem com
Perspectiva Lauren Cheguei no horário combinado, dessa vez o segurança abriu caminho para mim antes mesmo que terminasse o meu boa noite. As luzes estavam acesas e havia muita gente no primeiro salão, fiquei surpresa. Não esperava que a essa hora já fosse estar assim. Já o segundo salão não estava tão cheio. Fui até o balcão onde Lucca estava. –Chefinho, por favor me dê mais trabalho. –Disse uma ruiva. –Samantha, você já pegou todos os extras do mês. Eu não posso mais oferecer seus serviços e atrapalhar suas colegas. –A Lara não está dançando… –Ela também não está mais no catálogo. –Lucca respirou fundo. –Não tenho de onde tirar para te ajudar. –Droga. –Ela me olhou e finalmente se retirou. –Boa noite. –Ah, oi. –Ele se virou pra mim. –Eu não lembro seu nome. –Lauren. –Então, Lauren. Temos um pequeno problema com seus documentos. Oh Droga. –O que? –Você não trouxe o diagnóstico médico. Precisamos disso para que você tenha relações sexuais com os… –Rel
Perspectiva Lauren Quando desci da cabine tive que me apoiar para não cair, minhas pernas estavam bambas e não queriam me obedecer. Um dos seguranças impediu alguém de me tocar, eu agradeci por isso. Mason e Ryder estavam no bar e ambos estavam me olhando, e trocando algumas palavras. –Você foi perfeita. –Lara disse, parando ao meu lado. –Ah, obrigada. Eu to morrendo aqui. –Quer uma ajudinha? –Eu seria eternamente grata. –Sorri, ela me deu o braço e juntas fomos para o camarim. Hannah estava lá e terminando de se vestir. –Oi, vai dançar no tecido? –Ah sim, eu estou estressada e preciso me aliviar. –Ela sentou e nos encarou. –Como foi? –Uma tortura, meu corpo todo está doendo agora. –Nossa. –Lara alargou os olhos para o tablet em sua mão. –Você recebeu mais de cinquenta convites para a cabine privada. –Cabine privada? –Me arrastei para o banco onde Hannah estava e me sentei. –Onde rola toda a diversão. –Lara riu. –Sexo? –Franzi, elas acenaram com a cabeça em
Perspectiva Lauren Estacionei em frente ao grande hotel, o manobrista se apressou para abrir a porta pra mim. Sorri e desci do carro, entreguei a chave pra ele e acenei. Entrei no hotel como de costume, peguei o elevador para o vigésimo andar. Abri minha bolsa e peguei o cartão, parei na última porta a direita. Ao entrar na suíte fui até o closet, havia muitas roupas luxuosas ali. Nos fundos havia uma grande porta disfarçada de espelho, coloquei meu dedo no sensor e a porta abriu. Entrei no que era um elevador, a porta fechou, e o elevador desceu sete andares. A porta abriu, o lugar estava cheio como sempre. –Lauren, você não morre tão cedo. –Sophie riu, e acenou para a sala do chefe. –Ele quer você na sala dele imediatamente. –Droga. –Respirei fundo, virei-me e segui até a sala. –Chefe? –Entre. Ben Shelder é um homem gentil e protetor, ele estava sempre cuidando dos seus agentes, e infelizmente ele tinha um apego comigo desde que me mudei para Nova York. Ele também
Perspectiva Mason Havia algo estranho em Lauren, mas eu não sabia o que era. Nunca a vi antes, mas pra mim era muito familiar. Olhei para a tela do meu celular, era da clínica de reabilitação. Liam estava com problemas, mas isso ate que demorou para acontecer. Enquanto subia mandei mensagem para meus irmãos. Alguns minutos depois Kalel e Ryder entraram rindo, olhei para eles e respirei fundo. Odiava ser eu quem estragaria a noite deles. –É melhor isso ser sério, eu estava me dando bem. –Ryder sorriu, sentou no sofá e me encarou. –Você traiu a Lara seu… –Claro que não! Eu estava me dando bem com a minha garota. –Eu pensei que ela não descesse. –Ela está disfarçada. –Ryder riu. –Por hoje eu serei o menino malvado. –Por favor, eu não pedi para me explicar. –Mas você perguntou. –Ryder riu. –Com licença, podemos voltar ao que é importante? –Kalel nos encarou. –Liam atacou um dos funcionários, mas não foi nada grave. Nós temos que estar lá pela manhã. –Merda. –Ka
Perspectiva Hannah Minhas mãos estavam geladas, eu tinha medo da reação de Liam quando visse o anel de noivado. Quando Mason abriu a porta, ele entrou primeiro e em seguida Kalel. Respirei fundo, e depois de hesitar entrei no quarto. –Filho da puta! –Liam disse, estava furioso, mas parou, seus lindos olhos encontraram os meus e eu não tive mais medo, corri até meu lindo cunhado e o abracei. –Meu amor. Nos perdoe por te deixar aqui. –Cunhadinha. Eu senti sua falta. –Eu também. –Fechei os olhos e deixei as lágrimas escorrerem. –Ei, não chore. –Ele se afastou. –Você não é culpada por minhas escolhas… Ninguém é. Ele olhou por cima dos meus ombros, eu sabia que essas palavras eram para seus irmãos. –Liam… –Suspirei, levantei minha mão e esperei que ele visse o anel. Seus olhos ficaram surpresos, e ele olhou para Kalel. –Vocês estão noivos… ? –Não fique com raiva, não estamos te excluindo… –Eu não estou com raiva. –Ele me olhou e sorriu. –Meus sinceros pêsames p
Perspectiva Lauren Cheguei cedo no clube, tinha que ensaiar e melhorar minha performance se queria que meu plano desse certo. Lara me instruiu no que fazer, quando estávamos saindo do camarim vi Hannah correndo para o andar de cima. Lara olhou para a entrada, onde Kalel e Mason estavam. O clima parecia pesado entre eles. –Vá se adiantando, eu vou ver o que aconteceu com ela. –Tudo bem. –Assenti. Essa era a minha chance de pôr escuta no camarim. Dei meia volta e peguei minha bolsa no armário. Peguei as micros câmeras, procurei um lugar perfeito para esconder. Depois dali fui para o salão, eles estavam distraídos e não viram nada. Me aproximei do balcão onde Lucca estava. –Oi, Lauren. –Ele sorriu. –Como está indo sua adaptação? –Bem. É que eu queria conversar sobre… –Sobre? –Ele fechou o livro em suas mãos. –As… –Pensa rápido. –As cabines privadas. –Mudou de ideia então? –Ele riu, mas ficou sério quando olhou para o outro salão. –Só um minuto. –Ta. –Sorri. Ele
Perspectiva Lauren Abri a porta de casa, não estranhei ao ver Dylan no meu computador. Fui até a cozinha e abri uma garrafa de vinho e me juntei a ele. Havia papeis espalhados por todo lugar, em todos eu via informação sobre a máfia. –O que é tudo isso? –Possíveis casos de assassinato envolvendo a máfia. –Hannah? –Peguei uma folha riscada de vermelho. –Mataram o pai dela para parecer que foi ela. –Dylan se virou para mim. –É óbvio que ela foi inocentada. Vi um nome familiar nas anotações sobre a Hannah, isso não era nada bom. –Lincoln Chase? –Hm, ele fez um contrato com o pai dela. –Dylan pegou o mesmo e me entregou. Eu li, a cada palavra ficava horrorizada. –Os Ottore querem a cabeça de Lincoln, e Lincoln quer a Hannah. –Dylan riu. –Bom…Eu deveria colocá-los em uma sala e deixar que se matem. –Não sei, Lauren. Veja isso. –Dylan girou na cadeira, os olhos fixos na tela do computador. As imagens daquela noite, gravadas pelas câmeras de segurança da boate, se d